Fanfics Brasil - Capítulo 29 (PARTE 3) No Mundo da Dulce(adaptada)

Fanfic: No Mundo da Dulce(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 29 (PARTE 3)

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Uma vez, quando eu ainda era pequena, queria ter um gato, mas minha avó, muito sábia, me fez desistir da ideia. “Gatos não pertencem a ninguém, eles decidem ao lado de quem viver”, ela dissera. É da natureza felina ser autossuficiente, prezar a liberdade.


Às vezes penso que a mesma regra se aplica aos seres humanos.


Algumas pessoas não pertencem a ninguém além de si mesmas. E a beleza da coisa está aí. Elas nunca pertencerão, mas podem — e vão — escolher alguém para dividir as aventuras. A insegurança sempre nos faz querer, ter, precisar, possuir, colecionar coisas ou pessoas, mas não seria melhor, em vez de possuir alguém, ser escolhido por esse alguém e ter a escolha também? Como iguais, como os dois seres ímpares que são, mas com o mesmo desejo de se tornarem um par indivisível? Os sentimentos nascem em lugares inesperados, e essa é a forma mais pura e sincera, pois não se alardeia aos quatro cantos, se guarda no coração e apenas se sente, saboreando cada instante que o outro ofer...”


— Trabalhando?


— Ahhhhhhhhhh! — gritei, quase derrubando o computador quando a voz rouca soou ao meu lado. Christopher tinha os olhos na tela. Fechei a tampa num impulso, abandonando o notebook sobre o criado-mudo. — Só escrevendo bobagens. Como se sente? — Coloquei a mão em sua testa. Soltei um longo suspiro de alívio. Pequenas gotas de suor se formavam ali. Ele ainda estava quente, mas a febre finalmente começava a ceder.


— Bem belhor. Aquele seu chá horrível funciodou.


— Receita da minha avó. Você vai ter que tomar mais algumas xícaras para sarar de vez. Quer que eu pegue alguma coisa pra você?


— Eu... Seria buito abuso se eu pedisse algo gelado para beber?


— Não, nem um pouco! — Saltei da cama, feliz, mas me detive. — Só... não muito gelado assim, tá?


Ele assentiu, um leve sorriso satisfeito ergueu os cantos de sua boca seca. Corri para a cozinha e abri uma caixa de suco de laranja. Na pressa, derramei o líquido sobre a pia, enquanto colocava um prato de sopa dentro do micro-ondas.


Não encontrei nenhuma bandeja, então improvisei usando uma assadeira de bolo retangular. Acomodei o suco, o prato de sopa, fatias de pão e um copo de água.


Acendi a luz do quarto com o cotovelo quando voltei, e dessa vez Christopher não resmungou, o que achei um bom sinal. Ele se sentou, parecendo muito mais disposto, sua pele já não estava tão corada e o cabelo, mais despenteado do que nunca, começava a grudar em sua testa.


— Trouxe um pouco de canja. O médico disse que você precisa comer. Não tá muito quente.


— Tá com uba cara buito boa.


— Espero que o gosto também. Eu estava meio aflita enquanto cozinhava. Vai que usei açúcar em vez de sal...


— Assim você be assusta. — Ele sorria.


Coloquei a assadeira sobre suas pernas e me sentei de frente para ele.


— Vai, come. Você não vai ficar pior do que estava ainda agora.


Ele riu, e só então me dei conta de como tinha sentido falta daquele som.


Ele tomou um longo gole do suco e pegou a colher, hesitando por um instante, então levou o caldo à boca. Sua testa franziu.


— Beu paladar dão está lá essas coisas, bas parece buito boa. — Ele experimentou outra colherada. — Buito boa besbo.


— Que bom.


Ele mergulhou a colher no caldo, mas se deteve.


— Você jantou?


— Não tô doente.


— E por isso dão precisa cober? Se você dão be acompanhar, dão vou cober bais.


Revirando os olhos, fui até a cozinha e servi mais um prato. Voltei para junto dele e percebi que ele tinha razão. Agora que a tensão começava a ceder, me dei conta de que estava varada de fome. Comemos juntos ali na cama, em silêncio.


Christopher me observava com um sorrisinho besta na cara e, por duas vezes, deixei cair caldo em minha blusa. E ele comia com gosto, faminto, raspando o prato com nacos de pão.


Quando retornei ao quarto, depois de levar a louça para a cozinha, o encontrei de pé, abrindo o armário.— O que está fazendo?


— Preciso de um banho. Estou todo suado e grudento — explicou, jogando uma peça de roupa cinza no ombro.


— Ah! Banho morno — avisei.


— Tá bem, bãe.


Eu congelei.


— Tô exagerando, não tô? Desculpa. É só que... você me deixou tão preocupada, Christopher — confessei, constrangida.


Ele sacudiu a cabeça, o rosto iluminado por algo que não consegui identificar.


— Você é tão bobinha, Dulce. — E beijou minha testa ao passar por mim a caminho do banheiro.


Sentei na cama. O lençol estava úmido de suor e decidi trocá-lo. Encontrei roupa de cama no guarda-roupa da Mai e a estiquei sobre o colchão, levando os lençóis usados para a lavanderia. Madona apenas ergueu a cabeça quando passei por ela antes de voltar ao quarto. Então me detive e prendi o fôlego. Christopher terminara seu banho. Ele vestia um shorts cinza surrado e tinha as costas viradas para mim. Esfregava a toalha nos cabelos, que, úmidos como estavam, eram quase negros, as asas tatuadas em sua pele pareciam ter ganhado vida, como se ele estivesse prestes a alçar voo.


Ele então se virou, e a visão de seu tórax era tão deliciosa quanto a de suas costas, digna de homenagem, como uma escultura renascentista que eu pudesse ficar admirando sem me sentir tão constrangida, pois era para isso que as esculturas existiam, certo?


Ele também me examinava, e sua boca se estreitou.


— Você veio direto do trabalho pra cá? — perguntou em tom reprovador.


— Vim. Eu... estava preocupada com você.


Ele assentiu e se dirigiu ao guarda-roupa, puxando uma mochila preta de viagem e revirando-a até encontrar uma camiseta marrom — outra com a cara do Chuck Norris na frente.


— Tobe um banho. Você deve estar exausta.


— Não se preocupe comigo. Eu...


— Por favor, Dulce, eu já estou be sentindo péssibo por você ter ficado acordada cobigo a noite toda, você bal cobeu, ainda está de sapatos.


Diante de sua expressão de súplica, eu cedi. Até pensei em ir em casa tomar um banho e voltar, mas não queria acordar Anahí. Nem queria ficar longe de Christopher.


Além da camiseta, ele me passou uma toalha limpa. Fui para o banheiro levando minha bolsa e me sentindo um tanto envergonhada pela invasão que impus a ele. Sobre a pia, espremidos em um cantinho, encontrei um desodorante, espuma de barbear, loção pós-barba e xampu. Era tudo de que Christopher precisava.


Todos os cacarecos de Maite e Nando se misturavam de forma organizada em uma prateleira sob o espelho.


Tomei um banho rápido e depois vesti a camiseta do Chuck, que chegava à metade das minhas coxas, e nada mais. Esticando a camiseta para que ela cobrisse o máximo possível de meu corpo e me sentindo muito sem graça, dei uma espiada no quarto, cuja luz ainda permanecia acessa. Christopher estava deitado, o lençol cobrindo parte dos quadris e uma das pernas.


Ele me olhou dos pés à cabeça e refez o caminho, se detendo em meus joelhos.


— Em todas as vezes que ibaginei você dentro dessa cabiseta, ela dão ficava tão comprida assim — confessou.


— Não sou tão alta quanto você imagina. E para de ficar imaginando coisas a meu respeito — hesitei, sem saber o que fazer. Então, emendei: — E eu... vou ficar ali no sofá. Se precisar de mim, é só chamar.


— Dão.


— Não, você não vai precisar de mim ou não, não vai me chamar? — perguntei.


— Dão, de jeito denhum você vai dorbir no sofá. Vai ficar aqui cobigo.


— Christopher... não acho que...


— Dulce, estou esgotado. Be sinto buito belhor, bas dão tão belhor a ponto de fazer qualquer coisa que dão seja dorbir. Eu quis que você ficasse longe de bim para dão ficar doente. Acho que é tarde pra pensar disso agora. Dão seja teibosa.


— Não tô sendo teimosa, só... não acho que eu devia me enfiar assim na sua cama. Já invadi a sua casa — expliquei em voz baixa, retorcendo as mãos atrás das costas.


— Estou convidando. — E ergueu o lençol.


Eu titubeei. Seria muito mais fácil monitorar a temperatura dele se eu ficasse ali. No entanto, qualquer possibilidade de sono seria banida. Não que eu não acreditasse nele. Mas como eu poderia dormir ao lado de Christopher? Dormir com alguém envolve um bocado de coisas, confiança, intimidade, companheirismo. Dormir com alguém é íntimo demais. Mais até do que sexo, que se pode fazer com um desconhecido. Para poder relaxar, se desligar do mundo e cair na inconsciência, é preciso algo muito mais profundo que química. É preciso mais, e eu sabia que esse mais não existia com Christopher.


Mesmo assim, acabei aceitando e apaguei a luz antes de me juntar a ele. Subi no colchão com cautela e deixei uma boa distância entre nós.


— Eu não bordo — ele sussurrou no escuro.


— Ah, morde sim. Fiquei com uma marca no pescoço por quase uma semana para provar isso.


Ele gargalhou, me fazendo sorrir na penumbra.


— Tudo bem, hoje eu não bordo. Vem cá, Dulce. — Christopher esticou o braço e, quando não me movi, ele se aproximou um pouco mais e, deliberadamente, me puxou até que eu ficasse grudada a ele, frente a frente, a cabeça descansando na curva de seu ombro.


Fiquei imóvel por um momento, sem saber o que fazer, onde colocar as mãos. Decidi que sua cintura era um local seguro e toquei a pele fria, na temperatura certa, afinal. Soltei um longo suspiro que o fez rir de leve.


— Pode relaxar agora. Estou bem, beu anjo. — Ele beijou o topo da minha cabeça, acariciou meu cabelo úmido por todo o comprimento, escolheu uma mecha e a enrolou nos dedos. — Adoro seu cabelo.


Não pude evitar curvar os lábios para cima, mas tentei disfarçar, esfregando o nariz em seu ombro, que cheirava a sabonete e Christopher. Ele continuou a afagar meus fios, mas passou o outro braço em minha cintura, se apertando contra mim de uma forma já tão familiar que chegava a ser revoltante e certa ao mesmo tempo.


— Você não devia me abraçar assim — falei, fechando os olhos. — Desse jeito vou acabar gostando de você mais do que devia.


— Quem dera eu tivesse tanta sorte — ele comentou, irreverente, mas me apertou ainda mais forte contra o peito, afundando o rosto em meus cabelos.


Permanecemos assim, agarrados um ao outro por um longo tempo, até que ele adormeceu. Encostei os lábios na pele de seu pescoço para me certificar de que a febre não voltara. Ele estava bem.


Contrariando tudo em que eu acreditava, comecei a me sentir mole, zonza, mas suas palavras ficaram girando em minha cabeça por um bom tempo. Quem dera eu tivesse tanta sorte.


— Você tem mais sorte do que pensa — murmurei, antes de me perder na inconsciência.



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Autor(a): leticialsvondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 76



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  • anne_mx Postado em 09/10/2022 - 23:32:35

    Eu amei! Apesar de não curtir isso de cigana pq eu nao acrdito, mas a história de amor foi lindaaaa <3

  • roro Postado em 26/05/2020 - 22:24:53

    Amei parabéns

  • candydm Postado em 10/09/2017 - 02:05:49

    Meu Deus, eu não sei o que exatamente falar/escrever. Primeiramente, obrigada por voltar a postar, senti muita falta mesmo, meus olhos brilharam ao ver o tanto de capítulos novos que tinha para ler. Me desculpem por estar ausente nos comentários e consequentemente fazer você desanimar com a fic. Tentarei ser mais ativa daqui pra frente. Por fim, por favor, eu tô em choque querendo saber o que aconteceu com a Dulce, já estou (literalmente) chorando e sofrendo por antecipação. Posta mais, eu te imploro!

  • Juju Uckermann_ Postado em 07/09/2017 - 15:48:18

    voltou a postar FINALMENTEEEE <3!!!!!!!!! Continuuuuaaaaaaaaa!!!

  • tati0905 Postado em 06/09/2017 - 21:10:02

    Ahhhhhhhhh que bom que vc voltou a postar.....amei amei

  • Lilly Perronita Postado em 13/07/2017 - 15:41:56

    essa fic é tão maravilhosa!!! cade vc???

  • tati0905 Postado em 30/06/2017 - 21:49:38

    Como assim????Vai nos abandonar e nos deixar curiosas??? Postado mais.... não para não

  • drysouza Postado em 22/06/2017 - 02:24:26

    como vc para logo nessa parte? estou surtando, posta logo...

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 04/06/2017 - 16:48:02

    Chocada que a Alexia terminou com o Christopher pq leu o horoscopo da Dul *0* Espero que a Alexia ñ tente volta com o Christopher!! O horoscopo funciona, Dul podia escrever no dela assim: 'Vc casara com um maluco por LEGO e vivera feliz sem nenhuma vara pau no caminho', perfeito gente!! Continua!!

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 01/06/2017 - 20:42:55

    Não acredito que o Poncho tava enganando a Annie, que safado e ainda tem noiva! Annie ñ devia fica braba com a Dul só pq ela escreveu aquilo do signo dela, ahh ñ quero as duas brigadas :( To vendo que essa historia do 'Na mira' vai trazer problemas pro casal vondy!! Afff la vem a vara pau da Alexia -_- Continua!!


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