Fanfic: No Mundo da Dulce(adaptada) | Tema: Vondy

Acordei com o barulho de água correndo. Os raios de sol atravessavam a cortina diáfana, iluminando todo o ambiente. Estiquei-me na cama, as juntas estalaram, uma bolinha peluda saltou sobre minha barriga e se pôs a lamber meu rosto.

— Tudo bem, já acordei. — Fiz um afago na cabecinha da Madona.

O ruído de água cessou. Segundos depois, Christopher cruzava a porta com uma toalha branca enrolada na cintura estreita, os cabelos pingando. Madona, como a fêmea que era, exibia orgulhosa a nova tosa e, demostrando sua euforia ao ver Christopher, me deixou de lado e correu para os pés da cama, latindo e saltando, exigindo, e conseguindo, atenção. Cadelinha exibida!

— Oi — ele me disse, rodeando a cama. Christopher apertou a toalha na cintura e se inclinou para beijar minha boca com ternura. Surpresa, acabei correspondendo.

— Você tá bem? — resmunguei um pouco embaraçada, a voz ainda áspera de sono, erguendo a mão para tocar sua bochecha.

— Tô sim.

Christopher se sentou na cama e pegou minha mão, entrelaçando os dedos aos meus.

— Obrigado por cuidar de mim.

— Não me agradeça ainda. Você vai ter que tomar o chá de novo. Pelo menos hoje.

Ele fez uma careta.

— Você é uma mulher cruel. Muito cruel, sabia?

— É, você já disse uma ou duas vezes. — Joguei as pernas para fora da cama. — Vou preparar seu café da manhã, que inclui o delicioso chá de alho e dois comprimidos de vitamina C.

— De alho? — Ele me segurou pelo ombro, me impedindo de levantar. — Dulce, você realmente me detesta!

— Não mais — falei com sinceridade.

Ele pareceu contente ao ouvir minha confissão e me soltou, se erguendo e me dando espaço para sair da cama.

— Acho melhor você esquecer o café. Já passa da uma — avisou, indo até o armário.

— Da tarde?! — arregalei os olhos e saltei da cama. — Inferno! Eu devia estar na revista!

— Relaxa. Você está de folga hoje.

— Estou coisa nenhuma! — E, rapidamente, juntei minhas roupas que estavam dobradas sobre os braços da poltrona. — Preciso terminar o layout dos anunciantes e mandar pra você aprovar. Ainda tenho que responder uma centena de e-mails de leitores da Clara. Preciso...

— Eu te dei folga hoje — ele me interrompeu, revirando a mochila em busca do que vestir. — Fica tranquila.

Eu empaquei, horrorizada.

— Você fez o quê? — Eu não tinha a intenção de gritar, não mesmo. Mas algo saiu de controle dentro de mim. E não era uma coisa muito boa.

— Eu te dei o dia de folga. Também liguei para o Murilo e o deixei no controle das coisas — contou, jogando algumas peças de roupas na poltrona, alheio a meu estado de espírito.

— Por que você fez isso? — perguntei, em completo horror, abandonando minhas coisas sobre a cama.

— Porque alguém tem que ficar no comando da revista quando não estou lá.

— Tô falando da minha folga! Por que você faria algo tão horrível?

Ele finalmente se deu conta de que havia algo errado e voltou a atenção para mim, mas, pela expressão confusa, não conseguiu captar o conteúdo.

— Não fiquei aqui com você na noite passada para ganhar uma folguinha, Christopher! — explodi. — Como você pôde fazer uma coisa dessas? — Engoli em seco, cerrando os punhos e respirando rápido demais. — Com que direito você se mete assim na minha vida, no meu trabalho?

— Dulce, só achei que... — Surpreso, ele tentou me alcançar, mas me esquivei de seu toque.