Fanfics Brasil - Jantar Cross Roads

Fanfic: Cross Roads | Tema: Yuri on ice


Capítulo: Jantar

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           O menino com a camiseta de tigre estava reclamando sobre ser chamado de gatinho e sobre como ele não precisava, "com todo respeito, mas na verdade não", "da merda de um tutor", mas  também sentou-se e logo que começou a devorar a comida em seu prato Otabek pode perceber como sua expressão suavizara-se. Depois de alguns minutos todos estavam comendo e a maior parte da conversa era realizada pelo casal, pontuada por alguns comentários do menino e poucos "sim", "não", "obrigado", de Otabek.


            _Huum, Otabek sim? - Viktor começou a falar ainda com a boca cheia, mas depois de uma leve cotovelada e de um guardanapo oferecido por seu marido, terminou de mastigar antes de continuar. - Obrigado por vir aqui hoje. Você quase não falou ao telefone, então estávamos com medo de não ter entendido algo ou não estar interessado na proposta...


            Otabek pousou a colher que usava para tomar o caldo de seu prato e acenou com a cabeça, indicando para que o outro terminasse sua fala.


            _Portanto ficamos felizes por você ter vindo. - foi a vez de seu marido continuar "eles completam as frases um do outro, interessante" Otabek pensou, ainda observando em silêncio. Ele viu quando o menino loiro revirou os olhos, sabendo que ele devia ter pensado em algo semelhante, mas com certeza havia chamada esse gesto de algo pior do que apenas "interessante".


            Eles terminaram o jantar e enquanto comiam sobremesa definiram que Otabek iria vir até a casa do menino para que o ajudasse com os estudos. O pequeno, mas bravo, loiro não ficou feliz com essa decisão, mas como já havia feito esse acordo com o casal não voltou atrás com sua palavra.


            Após retirar os pratos de sobremesa Katsuki pediu para que Viktor servisse chá aos dois meninos e logo após os dois sumiram na cozinha. O menino continuou dizendo, agora um pouco mais alto para que o escutassem da cozinha, que podia ser muitas coisas, mas só covardes não cumpriam com o que prometiam. Essas palavras, aliadas ao olhar forte estampado no rosto do garoto fizeram com que Otabek sentisse algo estranho. Um súbito desejo de sorrir. Mas assim que viu como o outro garoto olhava para ele, fechou novamente a expressão.


            _Pode rir, você pensa que eu sou uma criança não é, idiota? Você pode até ser meu "professor", mas não esqueça que você não manda em mim. - o menino fuzilava Otabek com o olhar. O copo de chá em sua mão quase derrubando seu conteúdo.


            _Ah, n-nã...


            Otabek ficou chocado, não era a primeira vez que o menino dirigia-se a ele, mas o peso negativo de suas palavras o pegou de surpresa novamente. Contudo, desta vez se recompôs rapidamente e foi capaz de responder antes que o menino o atacasse novamente.


            _ De qualquer modo, tenho certeza que você não permite simplesmente que mandem em você. A força que vejo em seus olhos não me deixa pensar o contrario.


            Isso fez com que o outro parasse antes de concluir o que quer que seja que estivesse prestes a falar. Sua expressão ficou em branco por alguns segundos. Os dois apenas se encarando. Otabek podia praticamente ver o cérebro do outro menino trabalhando, pesando o que ele acabara de falar. Subitamente o outro menino desviou o olhar e com um leve subor falou, já mais calmo.


            _OK, talvez você não seja uma perda de tempo completa. Está em 80% de perda de tempo. - O menino terminou sua bebia em um gole só.


             Antes que pudesse continuar sua frase Viktor entrou novamente na sala, a camiseta um pouco fora do lugar e novamente com o cabelo em desalinho.


            _Que bom que vocês já se entenderam. Eu não tinha percebido que você havia gostado tanto do professor que consegui para você, filhote.


            O homem retirou o copo dos meninos ainda sentados a mesa, Otabek não havia terminado sua bebida mas apenas agradeceu enquanto assistia Viktor dar as costas e caminhar para a cozinha, ignorando o pequeno grito e espasmo de raiva que vieram do loiro.


            - Pode não parecer um elogio, mas pelo padrão do nosso Yurio a maioria das pessoas está em "130% de perda de tempo". -Viktor tentou imitar o modo como o menino falava, e realmente conseguiu certa semelhança.


            Nesse momento ele desapareceu pela porta da cozinha cantarolando algo como "Voltei meu amor, sentiu minha falta? Senti a sua.", seguido de pequenos risinhos vindos de seu marido. O menino em frente a Otabek parecia prestes a vomitar ou roubar um carro e atropelar alguém.


            _Eu poderia atropelar esses dois. Depois voltar de ré por cima de Viktor até me sentir cansado ou com fome. Então eu pararia, faria um lanche e voltaria para terminar com eles. - Ele fala alto, e os dois sabiam que o casal poderia ouvi-lo da cozinha. Mas ambos duvidavam que eles fossem prestar atenção ou ficar realmente bravos com as palavras do menino.


            Otabek podia ver os pontos onde o rosto e pescoço do outro menino estavam vermelhos. Ele só não sabia se por vergonha ou raiva do que o homem mais velho havia dito. Provavelmente raiva.


            _Hey, a menos que você espere que eu te chame de Yurio...


             Otabek sabia que era uma aproximação arriscada, e pelos seus próprios padrões era quase inacreditável que ele estivesse falando com tanta confiança com alguém praticamente desconhecido. Os olhos do menino estreitaram-se e ele abriu a boca para, provavelmente, proferir algum xingamento. Mas Otabek não se deixou interromper.


            _Talvez você queira me dizer seu nome. Você já sabe o meu, minha idade e que eu provavelmente estudo mais do que deveria, para estar aceitando um emprego desse....


            A súbita coragem de Otabek chegou só até ai. Sua voz se manteve firme até o final, mas as últimas palavras foram ditas sem olhar nos olhos do outro menino. Onde ele estava com a cabeça quando veio até aqui? Conversar com estranhos, ainda mais jantar com eles, era extremamente desgastante e ele não devia ter ficado até agora. Depois de alguns segundo de um estranho silêncio, no qual Otabek ignorava os sons vindos da cozinha e pensava em apenas levantar-se e ir embora, o outro começou a falar.


            _PUUFT! Você realmente fala como um homem velho, HAHAHAH - o menino suavizou a expressão enquanto soltava uma gargalhada - Bom, já que você não foi tão repugnante e até toleravel, acho que posso te falar algumas coisas... Bom, meu nome é Yuri Plisetsky. Obviamente não Yurio. Se você decorar essa, acho que talvez possamos conversar.


            Os dois começaram então a trocar algumas frases rápidas, falando de si mesmos. Depois de alguns minutos Yuri estava tagarelando livremente, esperando apenas por algumas interjeições ou acenos de Otabek para se sentir incentivado a continuar. Ele Falou sobre seu avô, que era sua única família de sangue, deixando implícito para Otabek que ele possuía uma que não era. Falou como ele gostava de morar com seu avô, até o momento que ele começou a necessitar de cuidados diários e a única saída foi ser internado em um "hospital legal, que me deixa visitá-lo a praticamente qualquer hora e deixa que ele me ligue, também". Otabek ouviu sobre as aulas que o outro menino matava e sobre sua gata, muito sobre sua gata. Otabek falou também. Sobre sua moto, e a saudade que sentia de sua irmã mais nova, assim como Yuri sentia de seu avô.


            Enquanto os dois conversavam Otabek podia sentir as emoções que flutuavam pelo corpo do outro menino. Ele mostrava um olhar bravo, mas inconscientemente cheio de carinho, quando falava do casal com o qual morava. Um tom de voz doce ao se referir a seu avô e um sorriso animado enquanto gesticulava e falava sobre sua gata. Algo na facilidade com que Yuri mostrava como se sentia, e em como Otabek conseguia perceber isso o assustou. O menino mais velho falava pouco e tinha problemas se expressando, mas mesmo usando poucas palavras ele percebeu que Yuri entendia como ele se sentia e algumas vezes evitava comentários maldosos quando percebia que isso poderia desestimulá-lo de falar.


             Pouco antes das 23h o casal reapareceu na sala, apenas para encontrar Otabek sentado no sofá enquanto Yuri, de pernas cruzadas no chão, narrava sua última aventura ao tentar dar banho em Óreo, sua gata.


            _Bem, odeio atrapalhar. Mas está ficando tarde e um jovem de 16 anos precisa dormir cedo para ir pra escola. - Otabek percebeu que o homem de óculos já estava de pijamas e pode perceber o de cabelos prata forçar um bocejo enquanto falava - Você precisa dirigir até sua casa e nós velhos precisamos, bem... dormir.


            Ao seu lado Yuri revirava novamente os olhos enquanto Viktor forçava outro bocejo, apertando o bumbum de seu marido. Oque fez o homem de pijamas ficar subitamente vermelho. Com isso os dois deram boa noite e foram para seu quarto. Otabek sentiu novamente o impulso de rir, mas conteve-se.


            _Nojentos, "dormir" sei. Eles parecem não saber o quão fina as paredes são e o quão não pesado é meu sono... -Yuri disse levantando-se.


            Os dois foram até a porta, e depois de sair da casa de seu novo aluno, mas sem ir definitivamente embora, Otabek olhou para Yuri. O menino também não fechou a porta imediatamente. Otabek nunca pensou que gostaria de conversar por mais tempo com alguém.


            _Bom, presumo que você vá me falar para ir na primeira aula amanha e me dizer para dormir cedo. Já aviso que provavelmente não farei nenhum dos dois... Mas talvez eu estude um pouco de alguma matéria que eu não ache completamente inútil antes de você vir, semana que vem.


            Otabek apenas acenou com a cabeça como se realmente fosse dizer isso, em vez de pedir o número do menino. Mas é melhor assim, no que ele estava pensando? Claro que o outro não gostaria de trocar informações de contato. Ele mesmo não gostava de usar o próprio celular.


            A porta foi fechada e Otabek montou em sua moto. O caminho de volta para casa foi silencioso e rápido, apenas pontuado por partes da conversa de mais cedo que apareciam na mente de Otabek.


            Depois de tomar banho ele estava novamente com um livro nas mãos. Quando a tela de seu celular acendeu e ele pode ler a notificação, não percebeu o momento no qual fechou imediatamente o livro e pegou o celular.


            "@Plisetsky.Yuri Começou a seguir você"


            "@Plisetsky.Yuri Curtiu sua foto"


            "@Plisetsky.Yuri Curtiu sua foto"


            Otabek abriu pela primeira vez em meses o aplicativo do instagram e até o momento que realmente precisou dormir ficou navegando pelas postagens de Yuri, o menino tinha realmente muitas fotos. A maioria de Óreo ou Selfies onde pedia socorro por ter que aguentar as demonstrações públicas de afeto entre "@Nikiforov.Yuuri e @V1k.Katsuki"


            PLIM.


            PLIM.


            Seu celular apitou novamente e a última coisa que Otabek viu antes de bloquear a tela e dormir foi.


            "@Plisetsky.Yuri Curtiu sua foto"



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Autor(a): rupturas

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