Fanfic: Evans, uma história | Tema: Harry Potter
Dias de verão como aqueles não devem ser desperdiçados á toa, muito menos em países tão frios e chuvosos como a Inglaterra. Não aguentava mais ficar dentro de casa, então fui ao jardim aproveitar o calor do sol. Somente de pisar para fora eu já me sentia melhor; adoro a sensação de grama entre meus dedos dos pés, é uma das melhores sensações. Sai correndo em direção á maior amoreira que eu já havia visto, subi pelo tronco e comecei a me empanturrar de milhares de amoras. Nunca vi minhas mãos ficarem tão rosas e minha roupa já estava toda manchada. Tenho muita sorte de ter uma gostosura destas no meu jardim.
- O que está fazendo ai, baixinha?
- O que você acha que eu estou fazendo? Comendo amoras! Pare de ser tão chata e suba aqui para comer algumas, se não acabo com todas e não vou guardar nenhuma para você – respondi com a boca cheia.
Sei o que vocês devem estar pensando. Que grossa, não? Mas acredite, ela só entendia neste nível de linguagem. Petúnia, minha irmã mais velha era tão amarga quanto vinagre. Acho que exagerei, mas ela quase chegava a este ponto. Não tinha nada haver comigo em absolutamente nada, começando pela aparência. Enquanto Petúnia era morena e magra, com uma carinha de cavalo, e eu ruiva e relativamente baixinha.
- Você já pensou que pode se machucar ai em cima? Como sempre consegue subir nesta árvore tão alta? Não importa, seja uma menina educada e desça já daí. Nunca vi criança de 11 anos mais travessa que você.
Ela falava num tom tão autoritário, porém eu quase nunca obedecia. Em vez disso, eu ri alto.
- Túnia, eu não sou travessa coisa nenhuma, estou apenas aproveitando. Se você quer ficar ai sem fazer nada o problema é seu, mas me deixe brincar um pouco! – gritei. Coitada, só porque as férias dela eram sempre entediantes não precisava tornar as minhas também!
Minha irmã ainda esbravejou algumas coisas que não dei muita importância. Contrariada, Petúnia deu meia volta e saiu emburrada.
- Estava brincando, volte! – chamei, mas Petúnia me ignorou e continuou andando batendo os pés de volta para casa.
Continuei colhendo e comendo amoras. Fiquei muito tempo lá, até que reparei numa movimentação estranha entre os arbustos perto da árvore que eu estava. Mesmo com muito medo de altura, debrucei-me um pouco nos galhos para melhor observar quando de repente um deles se partiu e cai. Cobri rapidamente meus olhos com os braços para me proteger do impacto eminente, que não veio. Quando abri meus olhos novamente estava flutuando a centímetros do chão.
- AAAH MAS O QUE É ISSO? – exclamei assustada. Não parava de me mexer, porém eu não saia do lugar – SOCORRO! SOCORRO! - Ouvia passos se aproximando rapidamente.
- Viu sabia que iria cair, o que foi o que eu te dis... O QUE ESTÁ HAVENDO? O que você fez? – disse minha irmã desesperada.
- Eu não fiz nada de mais, eu juro! Quando cai comecei a flutuar, ou sei lá o que seja! Me ajude! – minha irmã me puxava com força e nada.
- Só pode fazer isto parar se você se acalmar – ouvi uma voz estranha. Minha irmã se apavorou e soltou meu braço. Um menino de cabelos negros compridos com roupas pretas largas demais, calça desbotada e tênis velho apareceu na nossa frente saindo daqueles arbustos que se mexiam.
- Quem é você? – disse Petúnia com desprezo.
- Sou alguém que pode ajudar. Agora garotas acalmem-se vocês duas – pediu o menino calmamente.
- Como posso me acalmar? Não é você que está flutuando! – protestei e lágrimas involuntárias de medo insistiam em cair. Quem ele pensava que era? Ficou me espionando e veio me pedindo que eu me acalmasse? Não conseguia.
- Não sou eu que estou ai, mas por incrível que pareça algo parecido já aconteceu comigo – admitiu o estranho de cabeça baixa.
- MÃE! MÃE! – gritava com todas as forças que minhas cordas vocais forneciam.
- Primeiro pare de gritar, sua mãe não poderá fazer nada, ela só irá deixar você ainda mais nervosa. Segundo pare de se mexer deste jeito, só intensifica o feitiço – respondeu o garoto. Senti um tom de superioridade em sua voz. Aquela situação não o afetou em nada, sua expressão era calma e ao mesmo tempo fria.
- Intensifica o feitiço? Só pode estar brincando! Você que fez isso, DESFAÇA AGORA MESMO! – vociferou Petúnia. Eu não estava entendendo mais nada, a única coisa que queria era sair dali.
- Eu? Trouxa estúpida, você não sabe o que fala e ainda me culpa. Já disse que foi sua irmã quem fez isso. Agora Lílian pare, respire e veja você mesma. Só lembre-se quanto mais medo tiver, mais tempo vai ficar ai.
Como ele sabia meu nome? Isso não importava. Fechei meus olhos, esvaziei minha mente, consegui me acalmar e finalmente cai na grama. Assim que cai apoiei-me na árvore e fiquei presa em meus pensamentos.
- VOCÊ É MALUCO, VOU CHAMAR MEUS PAIS AGORA MESMO! – urrou Petúnia na cara do garoto. Então ela saiu correndo novamente me deixando lá sozinha com o estranho. Não conseguia me mexer.
Depois que ela se foi, o estranho se apresentou.
- Não tenha medo de mim, meu nome é Snape, Severo Snape. E o seu é Lílian não é? – ele ofereceu sua mão para cumprimentar.
Não respondi e nem correspondi. Não conseguia pensar em mais nada, só pensava tentando entender tudo aquilo.
- Vamos não tenha medo. Estava te observando para ter certeza de minhas suposições de que você era igual a mim estavam certas.
- Não somos iguais em nada. E quem é você e como se atreve a ficar me espionando? – eu perguntei rabugenta. Era um menino realmente muito estranho.
- Vou precisar te contar de um jeito fácil – resmungou ele baixinho, ignorando minha pergunta. Pareceu que estava falando consigo mesmo, um comportamento digamos que curioso. Segundos depois, aquele garoto esquisito chamado Severo me olha com seus olhos negros e diz tranquilamente – Você é uma bruxa.
Bruxa. Só podia ser um xingamento e daqueles de muito mau gosto. Eu estava lá morrendo de medo e aquele menino atrevido vem e me diz que eu era uma bruxa.
- Está me xingando de bruxa?
- Onde eu estou te xingando garota?! Estou falando sério você é uma bruxa de verdade – ele insistiu.
- O que você quer dizer com isso?
- Garota você nunca ouviu falar de histórias de contos de fadas? Com bruxas que possuem poderes mágicos, usam uma varinha, caldeirões e tudo mais? – perguntou, agora olhando para os próprios joelhos. Já percebi que ele é muito tímido. Que isso Lílian tendo pena do estranho? Ele era a melhor definição de esquisito, agora de louco também.
- Claro que já ouvi, sou criança, mas não burra – respondi de mau-humor.
- Então, tudo isso é quase verdade. Existe outra realidade, outro mundo além deste. Um mundo da magia, o nosso mundo, onde têm escolas onde ensinam jovens como você e eu a controlar e dominar seus poderes. Tudo isso é governado pelo Ministério da Magia, pelo menos aqui na Inglaterra, onde possuem departamentos que controla desde a gestão de criaturas mágicas até a execução das leis da magia... – enquanto ele contava, em minha cabeça eu tinha tantos pensamentos e perguntas diversas que até parecia uma chuva de fogos de artifício.
Aquilo não podia ser verdade, não poderia de maneira alguma. Um mundo mágico, escondido do mundo normal? Não imaginava isso nem nos meus sonhos mais loucos. E se eu sou uma bruxa será que meus pais são também? E minha irmã? Eu sempre gostei destes tipos de história de bruxas e tudo mais, mas nunca imaginei que poderiam ser reais. Eram tantas perguntas. Tudo aquilo era loucura, não podia ser verdade. Coisas como essas só aconteciam nos meus livros de ficção.
- Lílian? Lílian? - Eu ouvia uma voz bem no fundo da minha cabeça me chamando – Lílian?
- O que foi? Estou prestando atenção! – me defendi rapidamente.
- Prestou nada, não ouviu nem metade do que eu disse – protestou Snape de cara amarrada.
- Na verdade eu cansei de ouvir estas baboseiras de magia. Se você diz que você é um bruxo tudo bem, mas eu não sou nada disso que você está falando. Isso é tudo sua imaginação. Magia de verdade não existe – protestei me levantando.
- Você está falando como a trouxa da sua irmã... – pensou alto o menino, já entediado.
- E você é um maluco de primeira categoria! Não vou ficar aqui enquanto você fica insultando todo mundo. É melhor você sair daqui, passar bem!
- Espera Lílian, você não vai embora agora! Tudo isso que estou te contando é verdade – guinchou Snape de repente, me impedindo de passar. Fitei-o zangada, prestes a correr.
- Filha, quem é esse? – perguntou uma voz leve e suave atrás de mim. O susto foi tanto que eu tropecei para trás e cai na grama novamente. Nem percebi ela se aproximando.
- Ele não é meu amigo, é somente nosso vizinho Severo – respondi insatisfeita para minha mãe.
Minha mãe, Elizabeth era uma mulher maravilhosa e incrivelmente calma. Era meio difícil não se acalmar com aqueles olhos verdes tranquilizantes. Foi assim que me senti com a presença dela.
- É verdade, você mudou bastante desde que eu te vi pela última vez. Cresceu! Conheço-o desde que nós nos mudamos para cá. Como está sua mãe Eileen? – perguntou minha mãe sorrindo para Snape e me ajudando a levantar. Como ela conhecia este garoto estranho o tal Snape e nunca se quer comentara comigo?
- Ela está ótima Sra. Evans, obrigada pela lembrança. Na verdade nem imaginava que a senhora ainda lembrava-se de mim - disse o garoto com aquele sorriso forçado.
- É claro que eu lembro, sua mãe é uma mulher encantadora, apesar de eu sempre estar com cara de preocupada. Deixe para lá. Vamos Severo não quer entrar e comer um lanchinho? Acabei de fazer! – convidou ela. Quando eu ouvi isso, fiz uma cara de espanto. Como é que é? Convidar esse garoto para entrar na minha casa? Nem pensar!
Percebendo minha reação, o tal garoto pareceu mudar de ideia.
- Agradeço o convite Sra. Evans, mas minha mãe deve estar me esperando em casa. Já faz algum tempo que sumi. E Lílian, mais cedo ou mais tarde você vai me entender. Espere e verá – despediu-se Snape me encarando fixamente. Ele me dava medo quando me encarava daquele jeito. Adentrou os arbustos e sumiu de vista.
Minha mãe me acompanhou até a cozinha sem fazer perguntas. Quando chegamos lá Petúnia esperava apreensiva.
- O que a senhora fez com aquele moleque? – perguntava minha irmã empolgada. Ela adorava uma boa briga.
- Eu não fiz nada filha. Do modo que você me contou pensei que era um completo desconhecido ou um delinquente, mas era somente o filho de Eileen Prince, nossa vizinha do 509 – explicou minha mãe me servindo um suco. Sentei-me tão desajeitada que quase cai da cadeira. Minha irmã quase engasgou com o suco de laranja de rir, eu não achei graça alguma.
- Você os conhece desde quando?
- Desde que nos mudamos. Pelo visto ele gostou da Lily – comentou minha mãe entre risinhos. Gostou de mim? Ele conseguiu me assustar isso sim! Foi a oportunidade para minha irmã rir alta e gostosamente da minha cara.
- Gostou de você Lilyzinha? Estou vendo um futuro namoro com o estranho que mais parece um vampiro? – Petúnia caçoou.
- ÓBVIO QUE NÃO! Se ele gostou de mim o problema é dele, eu não gostei nada dele – justifiquei emburrada. Tentei me concentrar no meu sanduíche de presunto e queijo.
- Não é educado dizer essas coisas sobre as pessoas. Sabem aquela história de não julgar o livro pela capa? Então, é a mesma situação, não julguem o menino sem conhecê-lo melhor. Eu sei que ele parece estranho na aparência, mas ele só quer arranjar amigos – disse minha mãe que gritava de outro cômodo.
- Mas todas convenhamos que ele é estranho – dissemos eu e Túnia ao mesmo tempo. Rimos juntas, porque além de ser engraçado era a mais pura verdade.
- Psiu, você contou a história da flutuação para a mamãe? – sussurrei baixinho para Petúnia.
Minha irmã olhou para os lados e respondeu discretamente.
- Óbvio que não, não quero matar a mamãe de susto como eu quase morri. Vamos deixar para lá.
Terminamos de comer e fomos para a sala de estar, onde Túnia foi ver um pouco de televisão e eu fui terminar meu livro. Na verdade terminar meu quarto livro das férias. Já disse o quanto eu sou apaixonada por livros? Enquanto estava deitada no sofá concentrada em minha leitura, meu estômago começou a ficar embrulhado. Era um enjoo que nunca tinha sentido antes, porque começou rápido e com uma dor terrível. Minha irmã parou de ver a TV e faz careta assim que me olhou.
- Você está bem?
- Acho que não, me sinto enjoada ou sei lá. Vou subir para meu quar... – não consegui terminar a frase. Minha temperatura corporal parecia ter subido. Além disso, me sentia tonta e minhas mãos suavam frio. O que estava acontecendo comigo?
Enquanto eu caminhava em direção as escadas, ouvia minha irmã me seguindo.
- Lily? Lily? Lily? É melhor você ir falar com a mamãe – ela me chamava uma, duas vezes, mas não queria responder. Não queria que ela me seguisse, não queria que ninguém me seguisse. Queria ficar sozinha.
- Não é não! Sai daqui Túnia, me deixe em paz – vociferei grosseiramente. Coloquei um pé no primeiro degrau da escada.
- Lily...?
- JÁ DISSE PARA ME DEIXAR EM PAZ – berrei alto e joguei meu livro no chão. Só consegui ouvir muitas portas se abrirem, porcelanas e vidros se quebrando. Senti o chão tremer e tudo ficou preto.
Autor(a): jully_potter
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Acordei com meu corpo formigando. Não podia distinguir a voz de ninguém, só ouvia apenas sussurros. Com o passar do tempo, o volume destas vozes iam aumentando gradativamente até eu conseguir entender o que diziam. - Ela está muito estranha hoje, desde quando acordou – não tinha como não diferenciar a voz de Petú ...
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