Fanfics Brasil - CAPITULO 2 - A PRIMEIRA SEXTA ROSELA

Fanfic: ROSELA | Tema: EBA, Escola de Belas Artes, UFRJ, Reitoria


Capítulo: CAPITULO 2 - A PRIMEIRA SEXTA

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     Naquele dia eu já acordei pulando da cama, me arrumando, e fazendo o que eu tinha que fazer em menos de 10 minutos. O despertador não havia tocado - ou eu que não escutei, não sei exatamente. No dia anterior fiquei até tarde organizando as últimas coisas para a sexta. Era o dia de descontração dos calouros e precisava ser ótimo. Já que não valeria nenhum ponto - e possivelmente eu teria que consolar alguns. Desci correndo as escadas quase tropeçando, com um pedaço de sanduiche na mão, procurando as chaves do carro enquanto meu cachorro corria atrás de mim. Finalmente encontrei-a, estava na minha mão - puts - e quase meu cachorro foi pro Fundão comigo. Ia ser hilário. 


     Quando cheguei na EBA naquele dia, Isaac estava conversando com alguém no telefone. Creio eu que era o contato das bebidas. Havia tido um problema. 


     - Mas a entrega das bebidas tava marcada pra 14h da tarde, o senhor agora vem me dizer que não tava marcada pra hoje e sim pra semana que vem? Sendo que eu mesmo falei com o senhor que a entrega era pra ser na sexta, no caso nessa semana, e você mesmo confirmou... - Fiz um gesto pra ele, que retribuiu com um revirar de olhos. - Esta bem, eu quero cancelar a entrega no caso. Sim... Passar bem! Agora você vê Brígida, o cara marcou comigo e agora faltando 1h 30m pra festa ele vai e desmarca. - Eu logo compreendi a tensão do Isaac, ele na maioria das ocasiões toma frente na compra das bebidas, mas não sabia que nesse período estariam mandando entregar. 


     - Esse contato que Igor conseguiu é muito barato, mas claro que tudo que é bom demais a gente tem que desconfiar ne? Logo vi que ele não dava retorno durante a semana, e logo hoje consegui falar com ele, surtou de vez. Mas ainda bem que você existe né Brígida! - Eu bem sabia que ele ia pedir pra eu comprar. E ele tinha razão, ainda bem que eu existo!


     - Sim é verdade, ainda bem que eu existo! Hahaha! Não se preocupa, eu vou na CADEG comprar as bebidas, só preciso que alguém vá comigo pra me explicar o caminho. 


     - Amiga eu até iria, mas tem gummy pra fazer ainda e eu fiquei de receber o rapaz, sorte que são contatos diferentes. - Ele tinha razão. Gummy é a marca registrada da Primeira Sexta. Se não tivesse, eu nem sei como ia acontecer. Me apressei dali com a companhia da Tati e do Luiz, por sorte o transito não estava tão ruim e conseguimos fazer o trajeto bem rápido.


     Na volta, o problema era outro. A piscina não estava montada.  Na verdade estava em processo de montar. Só que tinham 5 pessoas praticamente se atrapalhando com os ferros. Enfiando os cabos nas entradas erradas, colocando os suportes de maneira totalmente equivocada. Se tem uma coisa que me irrita, é desorganização e alvoroço.  Já cheguei lá colocando moral em tudo, em menos de 5 minutos a piscina ja estava montada e pronta pra receber o gelo. Eu até entendo, é realmente complicado ter tanta coisa pra resolver num dia, e algumas pessoas acabam surtando. Felizmente eu era a mais sã de todos. 


     O fato de você não beber, não fumar, não fazer as coisas que a maioria das pessoas da minha faculdade faziam, te dava uma característica quase intrínseca. A mãe do rolê. Sim! Na maioria das vezes eu acabava cuidando dos calouros mais do que deveria, é claro! Não me arrependo! Só que as vezes acabo perdendo grande parte da festa cuidando de alguém que eu mal conheço, que mal sei se tem alguém que pode levar pra casa, ou que pode ir pra casa no estado que está. Já levei uma caloura pra casa de carro. Repito: não me arrependo. Mas que é chato, é. E não foi diferente naquela sexta. 


 


 


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     Naquele dia eu tinha brigado com o Pablo de novo pelo telefone, era de manhã e eu estava me arrumando pra ir pro último dia de trote. Não tinha conseguido dormir a noite toda, e acordar com uma briga é sem dúvida muito maravilhoso. De manhã cedo mandando alguém tomar no cu era um ótimo café da manhã, só não tão bom quanto cigarro (brincadeira). Subitamente acabei deitando na cama de novo e apagando. Consequência: Perdi o início de sexta. Mas ainda bem que a tarde ia ter uma confraternizaçãozinha - que na verdade eu não sabia o que era até o momento. Então de alguma forma eu ia poder relaxar. Vasculhei meu armário todo em busca de algo que não fosse tão desarrumado - o que representa 70% do meu guarda roupa, o restante é  20% de roupas manchadas e 10%  de roupas perdidas em entulhos de outras roupas. Eu definitivamente tenho que renovar meu guarda roupa. 


     Antes de ir, passei no mercado em frente ao BRT e comprei uma Catuaba pra levar, naquele dia eu tava realmente querendo encher meu cu de cachaça porquê eu tava realmente merecendo.  Era uma tarde linda e eu não estava tão desarrumado. Só um tanto desanimado ainda, eu não tinha falado com Pablo desde de manhã e provavelmente não falaria com ele o resto do dia.  Então fiquei naquela leve bad até o alcool fazer efeito. O BRT estava vazio. Sentei na janela como de costume e fiquei observando todo aquele caminho - que provavelmente faria por um longo tempo - nunca pensei que um dia fosse capaz de cursar uma faculdade federal, ainda mais uma faculdade de artes. Sempre pensei que não fosse merecedor disso, ainda mais porquê nunca fui um aluno muito interessado. Pensar nisso me faz refletir sobre o quão privilegiado eu sou, e o quanto eu não posso perder essa oportunidade. 


      No meio do caminho enquanto o circular girava a rotatória, senti aquele leve frio na que subia a espinha. Sempre fico assim quando estou ansioso pra alguma coisa. E dessa vez eu veria todos os outros calouros arrumados e sem tinta. Confesso que tinha uns crushs em alguns, mas claro, eu namorava e jamais trairia meu namorado. Falando nele. Ao por os pés no pilotis senti um dedo magro cutucar o meu ombro. Era ele. Com um sorriso muito estranho no rosto. 


     - Oi amor, tudo bem contigo?! - Era Pablo, com a cara mais lavada do mundo, me abraçando e fingindo que nada tivesse acontecido. Aquela raiva logo subiu a minha cabeça e fez ferver o meu sangue, mas de um segundo pro outro, tentei ao máximo me acalmar. Não queria que aquele dia estragasse. Embora, eu ja estivesse um tanto desconfortável com a presença dele ali. Nosso relacionamento não ia muito bem. Eram brigas o tempo inteiro, agressões verbais, desprezo, e aquele sentimento de indiferença - que tomava conta de mim cada vez mais.  Eu via o som sendo ligado, o povo se concentrando ali perto do Bacanas, sentia que precisava estar ali, mas não queria estar preso a ninguém. Por isso dei muitos perdidos nele, muitos perdidos mesmo. E cada um com uma dose de Curaçau Blue misturado com um treco verde que não me lembro. Assim foi durante quase a tarde inteira. Após uns 5 copos eu ja estava um tanto quanto risonho. Ri muito quando vi um disco voador vindo em minha direção, mas infelizmente era apenas a menina do brisadeiro. Na mesma hora puxei 5 reais do bolso e comprei 2 pra mim. Pelo menos era o que queria no início. Virei pro lado, uma pinça em formato de dedos puxou um da palma da minha mão. Pablo de novo. Dessa vez não tinha como dar perdido. Ele já havia percebido. Pois dessa vez deixou o sorriso forçado de lado e apenas apresentou um rosto apático. 


      Eu sinceramente não sei o que aconteceu desde então, só me lembro de ter perdido a completa noção do tempo, ouvia umas pessoas procurando por um nome. Acho que era Myrella o nome. E uma caloura que havia entrado comigo, estava chorando muito preocupado com ela.  Não lembrava o nome, só sabia que ela tinha pego muito, mas muito dinheiro no trote. Me dei conta minutos depois que eu estava na parte de trás do bacanas, olhando pra cara do meu namorado. E ele gritava comigo.


     - DARLAN EU QUERO TERMINAR! ASSIM NÃO ESTÁ DANDO! - Minha cabeça rodava, me equilibrava com a mão esquerda na árvore, e alternava os pés em algumas raizes no chão. Eu logo me dei conta, quando meu cérebro decidiu acompanhar a conversa. Ou melhor: a gritaria.


     - Eu também acho melhor a gente terminar. Na verdade eu estou querendo isso faz muito tempo! E acho melhor que isso aconteça agora. - Nesse exato momento, me vi cada vez mais longe daquela árvore e me vi sendo abduzido pela música, era Madonna. Por um momento senti um peso muito grande saindo das minhas costas, mas ao mesmo tempo, um sentimento de culpa e arrependimento caiu sobre mim, quando me virei e não vi mais meu ex ali. Pensei que tinha feito a coisa mais estúpida do mundo, quando me dei conta de novo, estava no chão aos prantos e algumas pessoas me consolando. 


 


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      - Olha ali aquela bixa ridícula Miguel. - O Darlan tava deitado no chão chorando, geral foi correndo lá pra dar biscoito pra essa bixa, eu só ignorei. 


      - Ele é meu amigo, rs. - Miguel fez aquela risadinha caracteristica dele, eu ri também, um tanto sem graça. Apesar de eu não ligar caso ele saiba que falei isso dele. 


 


     A festa tava suave. Não tava tão cheia e ainda tinha bebida pra caramba. Eu tinha dado uma pausa porquê já tava bem bebado e chapado. Só tava sentado numa cadeira com Marcus, que falava sobre fofocas de celebridades, e eu não conseguia parar de rir com essa bixa. Deu um tempinho, Jolive chegou perguntando se alguém tinha visto uma tal de Myrella. Eu não tava conseguindo lembrar quem era. 


     - Essa não é aquela caloura que pegaram o copo de dinheiro da mão dela? -  Marcus me fez lembrar quem era. Algo tinha acontecido, parece que ela tinha sumido. E nesse momento chegou a bixa do Darlan cambaleando de um lado para o outro. Se apaiou na minha cadeira, que deu um solavanco. Achei que fosse cair. Do nada começou a falar em inglês e por um estante a Jolive esqueceu que estava procurando alguém e começou a ir no embalo com ele. Tive que lembrar do que tinha acontecido.


     - É essa mesmo. Foi mal, eu me distrai. Ela sumiu, a gente ta procurando ela em tudo que é lugar, e parece que ela é do interior do Rio né? Então ja viu! A caloura Vitória tava com ela em num estante. Disse que deixou ela sentada por um momento enquanto ia pegar água. Quando ela voltou, não tava mais lá. Olhou em volta e percebeu que ela não tava por ali perto. 


     - Ela tava muito mal mesmo? - Perguntou Marcus com uma cara de preocupação.


    - Sim! - Respondeu Jolive enquanto tentava ao mesmo tempo responder Ana que havia feito a mesmoa pergunta que ela. 


     - Vocês querem ajuda pra procurar? - Perguntou Marcus. Elas fizeram que sim com a cabeça. Eu disse que ficaria esperando ali mesmo, caso a visse, eu chamaria alguém. Darlan ficou lá sentado na cadeira, olhando pro chão. Parecia estar dormindo. Fiquei lá observando a festa. Lekita saltitava de um lado para o outro com uma caloura que não lembrava o nome. Chegaram duas pessoas pra falar com o Darlan. Aparentavam ser amigos dele. 


     - Darlan. Acorda viado! - Era um baixinho de cabelo liso e olhos verdes, era uma graça. 


    - Que foi?! EDUARDO!!! - Ele pulou em cima dele e o abraçou.  - Você não sabe o que aconteceu, eu... eu termin... terminei com o Pablo. - E começou a chorar de novo. 


     - Eu sei que você terminou, acabei de ver o Pablo beijando todo mundo na Letras. - As lágrimas praticamente voltaram pelo mesmo caminho. Uma expressão de raiva estampou o rosto dele. Do nada ele levantou procurando alguma coisa. Igual um bixo, ele voou em cima do Igor e beijou ele. Todos ficaram olhando sem entender nada.


     - Esse viado é maluco! - Disse em voz alta. 


     - É verdade. - Respondeu o tal de Eduardo. 


 


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    Eu tava meio bêbada, mas não tão bêbada a ponto de fazer coisas que eu não queria fazer. Mas ao mesmo tempo eu fiquei pensando se não fiz por pressão dos outros. Mas o engraçado é que eu acabei gostando. Só que eu nunca pensei nisso antes. Quer dizer... Não era algo que ficava vagando na minha cabeça e que me deixava sem dormir a noite. Jamais pensei que fosse ficar com mulher antes. Será que agora eu sou bi? Mas não queria me rotular nada. Enfim, fiquei muito confusa naquela festa - que por sinal adorei - Só que o chato é que eu tinha que ir no bosque fazer xixi toda hora. E pelo tempo, já não dava mais, tava de noitaça. A vontade bateu muito forte naquela hora, não tinha ninguém perto que não estivesse ocupado. Eu digo, dançando muito ou bebendo. Eu me sinto muito mal em interromper beijos ou danças. Então eu pensei comigo mesma: "vai Juliana, é só você ir naquela árvore ali".  Fiquei o tempo inteiro tentando bolar um plano que não deixasse na cara que eu estivesse fazendo xixi em uma árvore. Apesar de todo mundo ali saber que eu estava indo lá para fazer xixi. Se eu tivesse acompanhada, seria transar. No caso. Então eu fui andando bem de fininho, como quem não quer nada até lá. 


     Tive que me equilibrar muito bem porquê naquele bosque as raizes das árvores quase me fizeram tropeçar duas vezes. E abaixar as calças é a pior coisa porquê você sente algo enconstando na sua bunda e você pensa "é uma grama ou um bixo". Mas foi muito louco porquê enquanto eu tava fazendo xixi comeceu a pensar em várias paradas nada a ver. Tipo como meu cabelo tava bonito, ou como eu tava muito, muito feliz e como eu tava muito, muito confusa.  Comecei a olhar para o nada e vi uma garota dentro de um matagal vomitando. Quando me dei por mim, eu tinha andado muito longe pra fazer xixi. Fiquei logo nervosa né? Desci tropeçando até onde ela tava. Parecia que era um lago desativado, ou algo do tipo. Eu só conseguia ver a silhueta dela. Me aproximei. 


     - Oi, você ta bem? Qual é o seu nome. - Numa tentativa frustrada de falar, ela soltou alguns fonemas que se assemelhavam a um Mi. Fiquei ali tentando advinhar o nome dela. Até que finalmente descobri. Era Myrella.  - Já acabou de vomitar? Se quiser eu espero. - Ela não respondeu de imediato, então fui obrigada a ficar ali esperando. Umas MEIA HORA. 


     - Vamo tentar levantar Myrella. - Agarrei nos braços dela e fiz impulso para levanta-la. Começamos a andar bem cambaleando mesmo. Piorando ainda a situação, com aquelas pedras e raizes enormes. Do nada eu ouvi alguém gemendo vindo da direção que a gente tava, mas pensei que era alguém transando ou algo do tipo. Olhei para trás. Vi a sombra de alguém que aparentava ser um homem. Virei meu rosto lentamente para frente e tentei afastar a paranoia de mim. Alguns segundos depois, voltei a olhar para trás e a sombra estava muito mais perto. 


    - Ta legal Myrella, vamos acelerar o passo. - Começaram os estágios da minha paranóia. Eu estava no terceiro. Virei de novo o cara tava muito mais perto. Pude ver que ela enorme, pensei até que tava olhando pra uma árvore. Não conseguia ver o rosto de quem era. Até que num momento, um carro ligou e iluminou a direção que a gente tava. Começou a buzinar. Quando pude perceber. Ele tava se masturbando. Não sei como isso tudo aconteceu, ou se eu carreguei a Myrella nos meu braços. Só sei que a gente fugiu dali tão rápido que eu tenho certeza que ela ficou sóbria na mesma hora. Chegamos ofegantes em frente ao Bacanas. Mateus e Marcus olharam pra gente espantados com a nossa cara.


    - Juliana você ta branca! O que aconteceu! - Eu tentava explicar, até que Brígida vindo em nossa direção, conseguiu completar a frase que eu estava demorando pra falar. 


     - Era o Jack Masturbador. - Ninguém entendeu nada, mas Ana, que estava ali perto, entrou na onda. 


    - O Jack de novo? 


    - Sim, o Jack de novo. - Todos permaneceram atentos.  - Jack Masturbador é o nome que a gente deu pra esse cara, que não sabemos quem é. Faz períodos que isso vem acontecendo. A gente não sabe se são mais de uma pessoa, porquê já deram duas características pra ele. Só que ninguém nunca viu o rosto. Só dizem que ele é um cara alto. Um dizem que é gordo e outros que é magro. Eu fui pegar algum treco no carro e acabei acendendo o farol, por mania minha mesmo, até que eu vi vocês lá. E buzinei pra tentar espantar ele. 


     - Ai Brígida brigada - Respondi com um abraço apertado nela. Tudo acabou ficando bem. Myrella estava apagada na cadeira, talvez nem tenha ouvido tudo isso. Mas que bom que eu a encontrei. Imagina se algo tivesse acontecido com ela? Vitória logo chegou e ficou ali com ela. Eu meti meu pé porquê ja tava cansada e também um pouco doida. 



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Autor(a): darlansz

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