Fanfic: Aconteceu em Paris (adaptada) | Tema: Vondy
Chris beijou a palma de minha mão.
— Desculpe, querida! Sei que não lhe dei a devida atenção, mas fazia tempo que não via Ralph.
— Zuzzzo bem — disse, soltando o ar ruidosamente.
A conversa telefônica de Helen acabou com um apaixonado “Ciao, ciao, querido”. Ela perscrutou a sala:
— O que temos aqui? — ela perguntou, descansando o olhar sobre as senhoras do tricô. — Uma mesa de drag queens?
Realmente, ela era uma companhia insuportável.
— Com licença — eu disse, impaciente. — Acho que vou ver meu grupo. — Levantei-me, puxando a cadeira.
Helen batucou suas garras laranjas sobre a mesa e levantou os olhos para o céu.
— Por quê? — perguntou, com frieza. — Você vai apenas ouvir reclamações.
Comecei a caminhar até onde as pessoas estavam, mas Delia me emboscou. Ela cruzou seu braço no meu e me puxou para detrás do bar.
— Terrível, não? — ela sussurrou, num tom de intriga, olhando para Helen. — Cochon.
— Só um pouco — concordei, pegando uma taça de vinho da bandeja de um garçom que passava.
Delia segurou meus ombros e me puxou ainda mais para dentro. Seus olhos se arregalaram ainda mais.
— Um tempo atrás, Helen ficou com Chris. Oui, oui, ela me contou — ela me confidenciou, fazendo sim com a cabeça, sem parar. — Ela foi para a cama com ele.
Lancei um olhar venenoso para a mesa da tripulação. Helen e Chris conversavam animadamente, com as cabeças tão próximas que os cabelos quase se tocavam.
— É mesmo? — respondi, distante, mas confesso que senti um verme de olhos verdes circular pelo meu estômago. Então balancei a cabeça, querendo ser justa. Tudo mundo tem um passado e eu não sou uma mulher ciumenta. Nunca fui. Homens vêm e vão, só os amigos permanecem. Além disso, o cabelo de Helen é desarrumado, ela não tem seios, portanto, não há razão para sentir ciúme. “Ela também é muito magra”, decidi, olhando para seu quadril ossudo.
Delia concordou com a cabeça, como se tivesse lido meu pensamento, e foi embora, equilibrando a bandeja de bebidas nas pontas dos dedos e balançando os cabelos escuros atrás de si. Não estava muito entusiasmada com a perspectiva de me juntar aos colegas, então decidi continuar em direção às senhoras do tricô. Pelo caminho, topei com Arthur, um cara esbelto e esperto de uns oitenta anos. Arthur tinha se comportado mal por todo o dia, paquerando-me sem dó. Até me perseguiu pelo corredor do ônibus quando paramos em um posto de gasolina. Ele apontou um dedo ossudo para meus seios.
— Se eu fosse dez anos mais jovem... — sorriu maliciosamente.
— Dez!? — exclamei. — Não seriam 55?
Ele gargalhou e espremeu meu ombro.
— Ok, talvez vinte anos mais jovem — cedeu, abrindo um grande sorriso. — Que noite maravilhosa, minha querida! A comida deliciosa, os vinhos fabulosos, o local elegante e o serviço perfeito.
“Ah”, pensei, culpada, “ele é um cara legal, não um velho safado e lascivo. Devo tê-lo julgado mal.” Sorri.
— Quanto às tricotadeiras... — ele se entusiasmou quase sem ar, olhando para o grupo de senhoras.
Meu sorriso desapareceu.
— Que visão ofuscante! — ele sorriu desdenhosamente, mostrando os dentes. Andou todo pomposo em direção ao banheiro, parou, deu meia-volta, inclinou-se e beliscou meu traseiro. Gritei, mas deixei-o ir embora. “É meu último gesto de caridade”, pensei.
Para onde eu estava indo? Ah, sim, as tricotadeiras. Procurei pela multidão. Elas estavam convenientemente sentadas perto da porta e na direção certa, já que logo iríamos embora.
O cantor, com o acordeão preso ao peito, caminhava entre as mesas, cantando com vigor. Ele dançou para trás quando me avistou e me obrigou a ouvir uma pequena serenata. Eu saracoteava e balançava ao mesmo tempo, para manter a forma. “Pensando bem, acho que vou aprender a tocar acordeão. Estava querendo estudar algum instrumento musical e, pelo que posso ver, é uma simples questão de espremer a caixa para dentro e para fora. Vai ser ótimo para o meu peitoral.”
— Sente-se! — Meg gritou ao me avistar.
Houve um ligeiro arrastar e arranhar de madeira enquanto lutávamos para fazer caber nove cadeiras em volta de uma mesa de oito lugares. As tricotadeiras estavam rugindo, e sua mesa estava coberta de garrafas de champanhe vazias, um bom sinal de que eu poderia ser feliz por aqui.
Nós nos divertimos pra valer. Fiquei quase histérica. Champanhe eleva meu humor. Tudo que eu quero é falar, falar e falar mais um pouco. Quando Chris veio me dizer que era hora de ir embora, estava exausta de tanto rir. Nós cacarejamos sem parar. Estava abraçando minha barriga, assim como Meg. Freya estava ofegante e enxugando os olhos com a ponta da toalha de mesa. Kitty e Amy uivavam histericamente. Chris estava de pé, à cabeceira da mesa, sorrindo com paciência forçada.
— O que é tão engraçado? — Ele parecia confuso.
Todas as cabeças se viraram em sua direção e imediatamente os berros estridentes triplicaram de volume. Meus olhos pareciam travessas de vidro molhadas. Sem ar, batia repetidamente minha mão sobre a mesa. Chris segurou meu braço e me levantou. Oscilei e me dobrei de tanto rir, preocupada em não derramar minha bebida.
— Elas, elas... — arfei — não acreditaram em mim.
Seus olhos percorreram a mesa.
— Mas agora acreditam — arquejei, acenando com a cabeça exageradamente.
As sobrancelhas dele se encontraram e depois se levantaram.
— Acreditaram no quê?
— Que nós transamos dentro do bagageiro, em cima de seus casacos e malas. — Morri de rir de novo. Nossa, muito engraçado!
Oito rostos se enrijeceram quando Chris, morto de vergonha, agarrou meu braço e levantou meu cotovelo na altura da orelha. Ele girou os calcanhares e me dirigiu para a porta de saída.
— Chris, seu diabinho sexy! — Alguém gritou, e eu pensei que explodiria de novo. Cá entre nós, isso não era hilário?
— Oh... Oh... muito rápido. Muito rápido. Mais devagar! — pedi, enquanto saíamos para a rua.
Ele colocou um dedo debaixo de meu queixo e levantou meu rosto.
— A KGB não precisaria torturá-la em busca de informação, não é mesmo? Bastariam alguns drinques e você falaria tudo o que ela quisesse saber.
Ele deu um suspiro exasperado.
— Reúna o grupo e me encontre no ônibus — disse com rispidez.
Na volta para o hotel, as tricotadeiras eram a alma da festa.
— Vamos cantar? — Meg sugeriu.
“Todo mundo está alegre, inclusive eu. Por que não?”, pensei.
— Dulce — Chris falou entredentes —, não acho que cantar na sua condição seja uma boa ideia.
Olhei para ele. Na minha condição? Que condição seria essa? “Que ele se dane!”
— O que vamos cantar? — Elise perguntou.
— Dwiwa — Freya gemeu de maneira ininteligível.
Houve um murmúrio confuso. Elise atacou, com um grampo, seu coque desarrumado, sem conseguir acertar o alvo.
— O quê? — ela perguntou.
— Dewiwa — Freya repetiu, oscilando de um lado para outro.
— Delilah — traduzi, depois de um lampejo de compreensão.
— Um, doooiis, três — Dora contou.
Mas ninguém conseguiu se lembrar de como a canção começava. Ainda bem que eu sabia um pedaço: “My, my, my Delilah, why, why why, Delilah, my, my...”.
E todos cantaram juntos. Bem, todos, exceto Chris. E nós gritamos, gritamos durante todo o caminho de volta, o que é normal acontecer numa excursão.
PROCUREI O ABAJUR na cabeceira da cama e caí dela, morrendo de sede. Liguei a luz do banheiro e me olhei no espelho. Um fantasma maquiado, de 74 anos de idade, olhou de volta para mim. Fui atrás de um pedaço de algodão e do removedor de maquiagem. Ouvia a batida de um bongô em algum lugar perto de mim. Não merecia me sentir tão mal. Nem tinha bebido muito. Chris entrou no banheiro, levantou o assento do vaso e começou a fazer xixi.
— Você não acha que tem muitas luzes acesas? Você se deu conta de que são só três horas da manhã?
— Estou doente — crocitei, esfregando o rosto.
— De jeito nenhum. Você acha que está com sarampo ou algo do tipo? — Ele lavou as mãos, pegou a nécessaire da prateleira e mergulhou duas pastilhas num copo, encheu-o com água e o passou para mim.
— O que é isso?
— Aspirina.
Olhei com cautela para o copo de água borbulhante.
— Aqui tem quantas calorias?
— Por quê?
— Bem, se tiver mais de 200 calorias, prefiro permanecer doente.
Ele se aproximou, todo saudável, e descansou uma mão na parede.
— Se eu fosse você, não me preocuparia com isso — falou, balançando a cabeça. — Se eu estivesse como você está agora, aceitaria toda a ajuda possível.
De repente, lembrei-me do que Delia tinha dito sobre Helen e Chris. Fiz uma careta e engoli o líquido efervescente. “Acho que não tem problema”, pensei. “Ele está comigo agora e isso é tudo que importa. Conquistas anteriores são irrelevantes. Não é como se eu mesma não tivesse um passado. Deus do céu, nunca fui santa e ele tem direito à privacidade. Nem pensaria em perguntar para ele. Não quero que ele pense que sou obcecada, ou possessiva, ou ciumenta. Tenho meu orgulho. Não perguntaria para ele sobre ela nem que a sobrevivência da raça humana dependesse disso!” Bati com força o copo na pia e arremessei o algodão na privada. “Verdade seja dita, não estou nem aí.”
Acertei-o no peito usando o pote do removedor de maquiagem.
— Você transou com aquela pi... garota, a Helen? — gritei, hesitante. Consegui consertar e falar “garota”, quando, na verdade, queria dizer “piranha”.
— Quando? Hoje? — ele perguntou, com sarcasmo.
Passei por ele. Ele agarrou meus ombros, jogou-me na cama e puxou o cobertor sobre nós.
— Sim — ele admitiu. — Transei cinco anos atrás. Trabalhávamos juntos na Itália por uma semana, nós...
Dei um tapa em sua boca para silenciá-lo.
— Não é da minha conta. A Delia me contou e eu estava curiosa, mas é claro que você não precisa me contar nada — disse, desembaraçada. — Nós dois temos um passado. É claro que sim, e francamente não estou nem um pouco interessada. Pra falar a verdade, nem sei por que perguntei — me pavoneei, soquei o travesseiro e me contorci até a beirada da cama, para ficar o mais longe possível dele. Virei-me para encará-lo. — Uma semana na Itália! Uma semana inteira na Itália! Seu vagabundo! — gritei.
Ele explodiu numa grande risada e suas mãos fortes me deitaram de costas. Subiu em cima de mim e nossos olhares se cruzaram.
— Você está me esmagando — ofeguei.
Ele colocou o peso sobre os cotovelos.
— Fazia três anos que eu não a via — contou, inocente. — Bem, que tal agora discutir sobre os homens com quem você transou nos últimos cinco anos?
Limpei a garganta.
— Apague a luz — disse para ele.
Autor(a): gabyy
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CAPÍTULO 20 DEVO DIZER A MEU FAVOR que consegui levantar da cama no sábado de manhã. Para simular uma saúde perfeita, dei um grande show cantando Like a virgin enquanto secava os cabelos. Mas para ser honesta, me sentia horrível. Culpei as tricotadeiras. “Nunca mais vou beber de novo. Eu não combino com champanhe, e, pensando ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 20
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AnazinhaCandyS2 Postado em 24/04/2017 - 19:02:58
Mds quem é que faz promoção dando paracetamol??? kkkkkk. Coitada fico doente :( Annie sobe um nivel de loucura a cada capitulo kkkk. Christopher é um fofo cuidando da Dul *-* Mds que loucura esse apartamento do Pablo kkkkkkkk. Uau um pulseira de ouro branco, Christopher ta podendo *O* Huum Dul safadinha narrando oq ia faze, e o Christopher pula fora mas ele so n quer machuca ela *-* Continuaaaaaaaaaa
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AnazinhaCandyS2 Postado em 22/04/2017 - 18:45:44
Christian é muito estranho, ele tem que se mais gentil com a Mai kkkk. Christopher é tão fofo, 3 semanas é uma vida já *-* Vdd se tem hora pra palita os dentes kkkkk. Dulce tentando da uma de medica é perigo. Tadinha da Ena :( Christopher é uma comedia tbm, se essa excursão existisse eu pagava quanto me pedissem só pra ir!! Christopher seu lindo, é claro que vc vai consegui, Dul n é boba kkk. Huuum eles se amam <3 Dul cantando o hino parecia eu cantando o hino do RS na escola, nunca decorei ele kkkkk. Caramba Christopher se transforma quando ve jogo na TV, deu ate um medinho dele, n to acreditando que ele amarrou ela pra ve o jogo kkkkkkk. Mds ela levanto pra corta as unhas dele, vc vai me mata um dia pq eu rio tanto que fico sem ar kkkk. Continua!!
gabyy Postado em 24/04/2017 - 16:52:13
Acho que não é só a Dulce que é meia louca!rs O chris tem seus momentos fofos mas ele também não gosta muito de ser perturbado na hora de seu futebol! Aqui todo mundo é louco, mas todos se amam! bjoo, continuando
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AnazinhaCandyS2 Postado em 21/04/2017 - 18:31:39
A-M-E-I todos esses capítulos, uma leitura boa+feriado+frio=perfeito kkkkk. Que pessoas loucas kkkkkk. Continua!!
gabyy Postado em 22/04/2017 - 18:13:02
Continuando flor!
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AnazinhaCandyS2 Postado em 20/04/2017 - 18:23:20
Que bom que vc voltou!! Morro de ri com a Doris e a Ellen velhas safadas kkkkk. Que ideia otima essa do Christian adorei! Geeeente alguem me da ar pq eu to rindo muito kkkk. Ahhh agora aparece os sobrinhos da Dul. Annie sua loca kkkkk. Continua!!
gabyy Postado em 21/04/2017 - 15:54:54
Que bom que você se diverte lendo, a Dul realmente é meio louca! rs
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AnazinhaCandyS2 Postado em 13/04/2017 - 21:38:54
Obg, achei q vc ia me acha uma chata por pedi kkk. Mai ta certa Dul ta apaixonada <3 Mds todo mundo bebado kkkkkkkk. Huuum se mudou pro quarto dela!! Nossa que namoro rapido né. 'Ela parace uma doninha' melhor xingamento ever. Eu pensei que ele ia quere um banheiro pra dar uns pega mais violento kkkkk. Mds morta de ri com esse capitulos essas pessoas sao loucas. Continua!!
gabyy Postado em 20/04/2017 - 13:19:19
Este namoro foi muito rápido mesmo, mas o que que com a Dul não é rápido não é mesmo?! Ele foi um fofo cuidando dela né. estes dois são bem safadeeenhosss. Amore continuandoo.
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AnazinhaCandyS2 Postado em 04/04/2017 - 19:36:42
Huuum segundas intenções é, AMO kkkk
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AnazinhaCandyS2 Postado em 04/04/2017 - 19:35:51
Dulce é muito azarada, e o Christopher ta sendo muuuuitooo gentil com ela <3 Senhor George é um safadinho kkkk. Christian é muito mal humurado kkk. Ahhhhhhhhhhh teve beijo e coisinhas *-* Jurava que ia demora mais kkk. Queria te pedir uma coisa, mas n pense que eu sou uma chata kk, vc podia aumenta um pouco a letra?? Sou meio ceguinha kkk. Continua!!
gabyy Postado em 13/04/2017 - 20:55:48
Pois é, a Dulce não gosta muito de esperar. rsrs Bom dei uma aumentada na letra, mas qualquer coisa é só vc falar viu, tbm sou meia ceguinha. rsrs ;)
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AnazinhaCandyS2 Postado em 02/04/2017 - 13:56:21
Eu tbm tô sentindo pena das pessoas que a Dulce vai cuida kkkk. Annie me mata de ri, 'Diga que fui fazer uma cesariana' kkkk. Ahh eu to achando que sera mais cansativo sim kkk. Mds Christopher ta sendo muito gentil com a Dulce, e ela ta precisando de muiiiitaa ajuda. AMO ESSSA FANFIC <33 Continuaaaaaa
gabyy Postado em 04/04/2017 - 00:02:21
Christopher esta sendo um cavalheiro com a Dulce ner....mas vejo segundas intenções ai hein. Fico feliz em saber que vc esta se divertindo.
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AnazinhaCandyS2 Postado em 01/04/2017 - 20:25:19
Vou pegar essas dicas pra preenche um curriculo kkkk. Não acredito que elas vão comprar o aparelho kkkk. Annie tem uma mente fertil 'Vc poderá terminar sequestrada e vendida como escrava no Iêmen ou se prostituindo na rua' kkkkk. Mds morro de ri com essa fanfic :) Ehhh ela consguiu o emprego!! Dulce é tão espontanea kkkk. Continuaaaa
gabyy Postado em 02/04/2017 - 12:13:22
Continuando flor.... E como você pode perceber a Dulce é maluquinha e agora vai ficar ainda pior com a chegada do Christopher. Fico feliz em saber que esta gostando ;)
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AnazinhaCandyS2 Postado em 29/03/2017 - 20:19:40
Jurei que a Dulce ia da a loka pelo Pablo convida ela pra ir na academia kkkk. Minha disposição ta igual a da Dul pra faze exercicio, o tempo ñ passa!! Huum sei bem pq ela gostou daquele aparelho kkkk. Continuaaaaa