Fanfic: Aconteceu em Paris (adaptada) | Tema: Vondy
CAPÍTULO 28
O COMEÇO DO OUTONO em Paris é uma visão mais confortável que a do verão. Para começar, não é úmido e quente como um deserto, e há apenas algumas centenas, e não milhares, de ônibus com turistas. Rob e eu estávamos tomando café au lait ao ar livre, enquanto Carla passeava com o grupo em Notre Dame. Estávamos sentados com nossas cabeças próximas, com o laptop entre nós. Eu estava fazendo um rascunho, calculando as diárias que ele deveria cobrar para cobrir o financiamento dos novos veículos.
— Parece bom. — Ele encostou na cadeira, relaxado, e colocou as mãos atrás da nuca. — Sua fórmula é maravilhosa. É fácil de entender. Você é brilhante! — Ele se inclinou ainda mais para trás, até quase deitar. — É claro que chegaria às mesmas conclusões, mas teria dado uma volta imensa antes de conseguir isso.
— Oh, não é nada! Você me conhece: piranha no quarto e chef na cozinha.
Ele inclinou a cabeça, divertido. Sentou-se direito e me abraçou, esfregando delicadamente o seu queixo na minha bochecha.
— Você é a minha vida — ele sussurrou.
Meu coração se comprimiu dentro do peito.
— E você é a minha — disse para ele.
— Os ônibus novos ficarão prontos na próxima semana — ele falou, objetivamente. — Três motoristas da minha empresa e eu voaremos até Bruxelas para trazê-los e então... — ele cruzou os dedos, para mostrar que estava esperançoso — eles estarão na estrada dois dias depois da entrega.
Eu segurei seu rosto. Nós nos olhamos em silêncio.
— Fantástico!
— Vamos pedir a conta? — ele perguntou.
Eu concordei e lhe dei um beijo.
Ele se levantou, ajeitou a gravata, deu-me uma piscadela atrevida e entrou no café. Terminei meu café, peguei minha bolsa e ziguezagueei pelas mesas, para esperar Chris na calçada. Abracei o laptop ao peito, ergui meu rosto para o céu sem nuvens e me recostei na coluna da entrada do café. “Paris é divina!”, pensei, fechando os olhos contra o sol, “é tão vibrante e agitada e...”.
Senti um forte puxão no braço, que me pegou totalmente desprevenida. Instintivamente, recuei. Uma motocicleta parou fazendo um forte ruído. O motor roncou e eu gritei, agoniada, quando uma explosão violenta vinda do cano de descarga queimou minha perna. Uma mão forte prendeu meus braços enquanto outra rasgava a minha bolsa, puxando-me para a frente. O passageiro de trás lutou para arrancar o laptop de meus braços e esmagou minha têmpora com brutalidade, com o capacete de segurança. Minha cabeça voou para trás, batendo na pilastra de concreto do café. Minha visão ficou branca e minhas mãos e pés adormeceram. Eu caí na calçada. A moto saiu em disparada e eu ouvi alguém gritar. Um caleidoscópio de sapatos e sandálias coloridas entrava e saía do meu foco. Deitei-me de costas. A última coisa que vi foi o rosto pálido e atormentado de Chris, enquanto se ajoelhava sobre mim. Eu segurei seu pulso.
— Querida... — ele murmurou e tudo escureceu.
ACORDEI QUANDO estava sendo carregada numa maca, pelo corredor do hospital, com Chris andando rapidamente a meu lado, segurando minha mão. Ele parecia aterrorizado.
— Tudo vai ficar bem, querida — ele retirou o cabelo de minha face com delicadeza. — Você está com dor? — perguntou, ansioso.
— Não — consegui falar, e não estava mesmo. O choque é obviamente uma grande armadura contra a dor.
Em algum momento durante a noite, acordei de novo. Minha cabeça latejava na altura da têmpora e na base do crânio, e a dor em meu ombro direito e pulso era quase insuportável. Eu gemi. Houve um farfalhar de roupa de cama e a voz confortadora de Chris apareceu. Sua respiração morna tocava minha face.
— Estou aqui — ele me consolou, dando um tapinha em minha mão. — Você vai ficar bem — ele disse, com uma voz tensa e cansada.
Uma porção de luz vinda do corredor lançou uma sombra sobre sua face. Ele parecia tenso e perturbado, a fronte, enrugada, e os olhos azuis, cansados e úmidos. Uma enfermeira apareceu e me aplicou uma injeção.
— Minha bolsa? — murmurei.
Seus olhos procuraram os meus.
— Segura como o Banco da Inglaterra.
— O laptop?
Ele segurou meu rosto.
— Também. Você deveria ter largado ele.
Adormeci.
PASSEI TRÊS DIAS no hospital. Chris nunca saiu do meu lado. Ele parecia um homem das cavernas, com a face peluda e faminto. Levei onze pontos acima do olho direito, onde o capacete bateu, meu pulso foi quebrado e estava com uma queimadura feia na perna, um ombro deslocado e dezoito pontos atrás da orelha direita, cortada quando caí contra o pilar de concreto. Estava num hospital particular bem luxuoso, cortesia da Insignia Tours. Em diferentes circunstâncias, acho que teria gostado de minha estada aqui.
Sentei na cama, examinando meu reflexo num espelho de mão. Uma faixa larga de gaze branca estava presa à minha têmpora, manchas amarelas de iodo se espalhavam pela minha bochecha e eu tinha um adorável olho roxo. Outra faixa de gaze estava presa na base de meu crânio, atrás da orelha direita. Virei o pescoço lentamente para a esquerda e inclinei o espelho para a direita, delicadamente ajustei a bandagem para ver quanto cabelo havia sido cortado. Era um pedaço do tamanho de uma bolacha de cerveja grande. Meu coração afundou. Movi o espelho para o lado, para ampliar o que via, e me contraí quando vi o quanto estava feia. Arremessei o espelho em direção ao pé da cama.
Tina, do escritório de Londres, veio me visitar. Ela voou para Paris com um motorista da agência para tomar conta do grupo.
— Você receberá seu salário integral até ficar boa. — Ela colocou uma prancheta na minha frente e uma caneta em minha mão esquerda. — Assine aqui. — Ela acenou com a cabeça na direção de Chris. — Esse gato trabalha para nós? — ela suspirou, empolgada. — Nunca tenho tempo de conhecer os motoristas. Imagino que você esteja transando com ele?
Minha mãe e meu pai ligaram. Será que eles deveriam voltar da Austrália, onde estavam visitando tia Ruth? Definitivamente, não. Fui firme. Eles pouparam durante dois anos para fazer essa viagem e só deveriam voltar em fevereiro. E indo direto ao ponto: minha mãe é uma verdadeira hipocondríaca. Só Deus sabe que tipo de doenças desenvolveria só de olhar para mim. Não estava com disposição para isso.
Lexy e Graeme chegaram. Lexy entrou no quarto de supetão, com os braços estendidos, segurando um lenço de papel e vestindo meu terninho novo da All Saints.
— Parece que você fez um filme de terror — ela soluçou, num tom estrangulado. — Olhe para a sua cabeça. Eles rasparam seus cabelos — ela mordeu a mão, ansiosa. — Você acha que vai precisar de um transplante de cabelo? — Sua fronte se contraiu com a dúvida. — Como o Elton John?
Suspirei. “Ah, Lexy e sua franja vulcana”, pensei.
Anahí chegou um pouco depois, entrando pelo quarto como se fosse a primeira da fila da liquidação da Harrods. Estava animada. E usando minha sandália nova da Hobbs.
— Da, da, da, da... Chegueeeiiii — cantarolou. Abriu os braços, fez uma reverência e jogou os cabelos loiros sobre os ombros. — Fantástico! Viagem de graça, hotel de graça e comida de graça — ela falou. — Dulce, retiro toda a merda que falei sobre a companhia em que você trabalha. Espero que não se importe, mas insinuei que era sua parceira, deve ser por isso que resolveram pagar tudo. — Cambaleou até parar ao lado da cama. Seu queixo caiu e ela começou a chorar. Passou-me um buquê murcho de rosas. — Cirurgia plástica é sempre uma opção. — Ela soluçou.
Chris, Graeme, Lexy, Anahí e meu médico, que mais parecia o Jack Nicholson e m O iluminado, circulavam confusos pelo quarto. Começou uma longa e embaraçosa discussão com o médico, interrompida por Anahí a cada dez segundos. Finalmente, o médico conseguiu falar uma frase sem ser interrompido. Ele disse que eu me recuperaria, mas que precisaria de ajuda por muitas semanas.
Lexy repetiu as palavras do médico como um papagaio.
— Você vai se recuperar. — Ela meneou a cabeça, solenemente, e se abaixou para beijar minha testa.
Anahí estava de pé ao lado da cama, passando a mão na minha perna.
— Odeio ver você desse jeito — falou, aflita.
— Anahí odeia vê-la assim — Lexy se sentiu obrigada a repetir, como se o inglês não fosse minha primeira língua.
Anahí levantou os olhos e olhou em volta do quarto com apreciação.
— De qualquer maneira, você arrumou um bom lar aqui. É como se fosse uma suíte de hotel — acrescentou. Algo lhe chamou a atenção e ela foi até a mesinha de cabeceira. — Deus do céu! — ela exclamou, pegando um cartão branco apoiado contra o abajur.
— Anahí disse que parece uma suíte de hotel — Lexy repetiu, mais uma vez, dando um tapinha na minha mão boa.
— Um cardápio e uma lista de vinhos! — Anahí anunciou.
Lexy desviou os olhos solidários de mim e correu ao redor da cama.
— Parece que Dulce tirou umas pequenas férias. — Ela tirou o cartão das mãos da Anahí. — É sim — ela disse, com os olhos arregalados.
As cabeças se juntaram e desapareceram atrás do cardápio.
— Acho que a gente poderia pedir alguma coisa — Anahí disse, estalando a língua.
— A comida do avião era muito ruim — Lexy resmungou.
Anahí mordeu os lábios, pensativa:
— Sim, vamos escolher algum aperitivo para começar.
— Eles mostram quantas calorias tem cada prato? — Lexy perguntou.
Anahí lançou um olhar incrédulo.
— Dane-se! Nós estamos de férias.
E quinze minutos depois, chegou um banquete.
Chris estava na porta do banheiro da suíte. Aproveitou o fato de que eu tinha companhia para se barbear, tomar um longo banho e trocar de roupa. Ele vestiu jeans e uma camisa branca, e secou o cabelo com a toalha. Anahí e Lexy sentaram, uma em cada lado da cama, com os cotovelos apoiados, segurando os queixos e tamborilando com os dedos. Elas estavam bêbadas. Chris olhou para as duas, com cautela.
— Eles vendem viiiinho nos hozpintais na Inglaterra? — Lexy falou, com voz pastosa.
Chris afundou o rosto na toalha e balançou a cabeça.
— Eu acho que izzo não acontece — Anahí respondeu. Suas sobrancelhas enrugadas formavam vincos. — Ah, sim, sim, ashvezes — ela disse, mostrando um dedo para reforçar.
Graeme, que passara a última meia hora marchando pelo corredor para cima e para baixo, rosnando em seu BlackBerry, voltou para o quarto. Anahí e Lexy olharam para ele meio zonzas.
— Então... — Graeme começou, seguro de si. — Quando Dulce for liberada, vamos levá-la para nossa casa. Como o médico falou, ela não vai conseguir se cuidar sozinha. — Seu celular tocou. — Com licença — ele se desculpou e saiu pela porta, gritando: “Olá, meu chapa!” ao telefone.
Anahí levantou a mão. — Licença... mas eu zou enfermeira e também moro com Dulce — ela proclamou em voz alta. — Ela deveria ir para casa comigo.
Permaneci imóvel. Preferia ser cuidada pelo doutor Crippen.
Lexy ficou de pé, brandindo seu copo de Prosecco. — Zou zua irmã e vou tomar conta dela — ela insistiu.
Chris pendurou a toalha no pé da cama, passou uma mão irritada pelos cabelos molhados e se endireitou. De pés afastados e punhos fechados apoiados nos quadris, limpou a garganta.
— É claro que, com o ombro atado e o pulso quebrado, ela não será capaz de pegar nada — ele ponderou, preocupado.
Lexy se afundou ainda mais na cadeira e concordou. Anahí relaxou, cruzou os braços com exagerada precisão e inclinou a cabeça, com ar de entendida.
— Então, vai precisar que sua comida seja preparada e cortada, e de ajuda para se vestir e tirar a roupa — ele acrescentou.
Lexy e Anahí trocaram um olhar silencioso de avaliação.
— Tomar banho sozinha também está completamente fora de questão — Chris declarou solenemente.
Houve uma pausa reflexiva.
— E é claro que alguém terá de lavar seus cabelos.
Graeme voltou apressado para o quarto.
— Desculpe, mana — ele disse, apertando de leve meu pé.
Houve um minuto de silêncio. Lexy perscrutava Graeme sobre a borda de sua taça. Anahí estudava as unhas.
— Estava pensando em me mudar para o apartamento dela. Em tempo integral. — Chris anunciou, com sensatez. — E vou ficar por aqui até ela receber alta.
Anahí cruzou uma perna sobre a outra, sorriu com um ar abobado e ergueu os dois polegares para Chris.
— Ideia brilhaaante! — Lexy se contorceu sobre o assento. — Então, tá tudo arranchado.
Meu ombro latejava, uma forte pontada atingia periodicamente a têmpora até o olho, e uma dor aguda martelava minha nuca. Cataventos vermelhos apareceram na minha frente.
— Chris, estou me sentindo mal — eu disse, grogue.
Ele correu para a cama, colocou uma bacia de metal embaixo de meu queixo e o braço com firmeza em minhas costas.
— Vamos lá, querida! — Ele me consolou.
Lexy pôs a mão sobre a boca, ficou em pé e correu para abrir a janela. Seu torso desapareceu e suas pernas ficaram no ar enquanto ela se pendurava no umbral, engolindo enormes golpes de ar.
— Uhhh, não vomiiite! Você me conhece.
Eu vomitei violentamente, enchendo a bacia pela quarta vez nesse dia com uma bílis verde e pegajosa.
— Melhorou? — Chris perguntou, quando enterrei o rosto em seus ombros.
Anahí agitou o braço a esmo.
— Vochê shabe que vômito não me incomoda — ela disse num tom de desprezo. — Vezzo izzo o tempo todo. — Ela se mexeu para a beira da cadeira e se sentou, ereta.
Chris colocou um copo de água entre meus lábios.
Graeme esfregou as mãos com firmeza.
— Bem, então já vamos. Temos que voltar para casa, para cuidar das crianças. Elas estão com minha mãe, em nossa casa. As meninas deixam minha mãe louca! Na última vez, Becky prendeu a toalha da mesa na barra da saia dela com uma máquina de costura. — Ele se contraiu. — Uma terrível confusão.
Anahí e Lexy arremeteram em minha direção como um par de cisnes levantando voo, beijando dramaticamente a parte ilesa de meu rosto.
— Nossas passagens são abertas, mas quero marcá-las para hoje à noite — Graeme disse, pressionando a mão de Chris e dando um tapa em seu braço, de um jeito masculino. — Vejo que você já tem tudo sob controle.
Chris concordou.
— Espero levar Dulce para casa na quarta-feira — ele respondeu, devolvendo o tapa.
— Pocho pegar vochê no aeroporto — Anahí ofereceu, cambaleando perigosamente.
Lexy deu uma topada, perdendo o equilíbrio.
— Deixa que eu pego ela. Zou zua irmã.
Anahí enfiou o dedo na cara de Lexy.
— Não, vochê não vai. Eu moooro com ela.
— Não, eu vou.
Anahí bateu no peito com o punho fechado.
— Eu vou.
Graeme as empurrou em direção à porta.
— Vamos todos pegar você — Lexy gritou, virando-se para olhar sobre o ombro de Graeme. — Vamosss chuntos. Vai ser ótimo.
A porta se fechou atrás deles.
TIVE UM SONO AGITADO essa noite e acordei com a cabeça latejando. Chris estava deitado desajeitadamente numa cama de armar, ao lado da janela. Suas costas esguias e musculosas se levantavam cada vez que ele respirava suavemente, enchendo o quarto com o som da sua respiração regular. Sentei-me na lateral da cama e me esforcei para ficar de pé; então caminhei silenciosamente até o banheiro. Abri a torneira e me sentei, desanimada, na beirada da banheira, encarando a água que corria. Uma sombra caiu sobre minha face. Chris, vestindo cuecas samba-canção e um grande sorriso, entrou no banheiro e se ajoelhou diante de mim. Ele apoiou a bochecha no alto de minha cabeça.
— Vou prender seus cabelos. O médico pediu para não lavá-los por uns dias.
— O quê? — Dei um puxão em meus cabelos. — Eles mais parecem rabo de rato. Tenho de lavá-los.
Ele balançou a cabeça, emburrado.
— E vão ter que ficar parecendo rabo de rato.
Chris me ajudou a entrar na banheira, devagar. Que visão elegante a minha, definhando entre bolhas de sabão! Na falta de uma presilha, Chris prendeu meus cabelos com uma de suas meias sujas. Eu sabia que estava suja porque podia sentir o cheiro. Estava com medo de apoiar minha perna direita na água, por causa da queimadura na panturrilha, então me equilibrei na nádega esquerda e coloquei a perna direita do lado de fora da banheira. Meu ombro direito estava preso a meu peito e meu pulso, engessado, e ambos tinham de permanecer secos, então, meu cotovelo direito (com uma habilidade engenhosa) seguiu minha perna direita sobre a borda. Como se já não parecesse ridícula o bastante, uma faixa de gaze, do tamanho de um papel higiênico estava presa em minha testa e outra, na nuca.
— Relaxe, querida! — Chris disse, me provocando. — Coloquei sua espuma de banho da Jo Malone na água para você desfrutar esse banho.
Suspirei. Eu duvidava.
RAPIDAMENTE ENTENDI que eu me sentia milhões de vezes melhor toda vez que a enfermeira me dava uma das que ela chamava de suas “pílulas da felicidade”. Suspeito que eram membros vitalícias da “dinastia morfina”. Elas me faziam sentir tonta e alegre. Faziam-me sonhar quando estava acordada e eu meio que podia escolher e controlar o sonho. Eram fabulosos. E admito que me comportava mal em alguns deles.
Nesse momento, estava pulando por um campo apinhado de flores silvestres. Meu viking apareceu, carregando uma bolsa da Topshop, e eu era magra, muito magra. Usava um traje esvoaçante, como se saída do Strictly Come Dancing, e meus cabelos haviam crescido miraculosamente, chegavam até a cintura. Eu admirava meu reflexo num lago quando uma voz me interrompeu rudemente, o que me aborreceu, no início, mas, enquanto continuava a escutar, percebi imediatamente que eu tinha que largar o sonho e me concentrar no que ela falava.
— Estou bem ciente disso. — Uma voz agitada disse de maneira brusca.
Houve uma pausa.
— Tão logo quanto puder!
Outra pausa.
— Eu sei, eu sei — a voz agitada acrescentou, num tom silencioso e apressado. — Olha, ninguém está mais ansioso do que eu para resolver isso, mas, como já expliquei, não vai acontecer nas próximas semanas... Você não precisa me lembrar do que está em jogo.
Eu forcei os olhos a se abrirem. Chris estava de costas, inclinado, olhando pela janela. Os músculos de suas costas largas estavam flexionados enquanto ele remexia na persiana. Estava ao telefone.
— Eu sei — ele perdeu a paciência. Olhou por cima dos ombros, capturou meu olhar e sorriu, cansado. — Te ligo de volta — sua voz falhou de maneira estranha. — Sim, logo. — Fechou o telefone e colocou no bolso da calça. — Bela Adormecida! — ele disse, caminhando na direção da cama.
— O que está acontecendo? — perguntei.
Seus olhos azuis se contraíram, formando triângulos, enquanto forçava um sorriso. Ele percorreu com o dedo indicador a minha bochecha e os meus lábios.
— Nada — disse, beijando a ponta de meu nariz.
Inclinei-me sobre meu cotovelo bom.
Ele me olhou, despreocupado.
— Chris, está claro que aconteceu alguma coisa.
Um músculo de sua mandíbula se mexeu de modo suspeito.
— Não era importante. Você está com fome, querida?
De repente me lembrei.
— Os ônibus! Você deveria estar na Bélgica.
Ele balançou a cabeça.
— Olha só pra você. Como poderia?
— Chris, não estou morrendo. Levei uma pancada na cabeça e estou me sentindo imensamente desconfortável, e sim, preciso de ajuda, mas você sabe que vou dar um jeito. Esses quatro ônibus estão lhe custando dez mil por mês. Vá até lá buscá-los. Você tem de colocá-los para trabalhar.
Ele caiu, exausto, sobre a cadeira ao lado de minha cama e massageou as têmporas com a palma da mão. Suspirou.
— Vá, Chris! Você precisa — insisti.
Ele sacudiu a cabeça desesperadamente.
— De jeito nenhum. Não vou deixar você nesse estado.
— Como vai fazer os pagamentos se os ônibus não estiverem na estrada?
— Estou tentando pensar em alguma coisa, estou procurando...
— Vá!
— Não.
— Sim! Discutir com você está me dando dor de cabeça — falei, com impaciência.
Depois de muita discussão, estava decidido. Nós iríamos voar juntos para Londres. Lexy me apanharia no aeroporto e Chris pegaria uma conexão para Bruxelas. Ele ficaria fora por uma semana e, para pagar meus pecados, teria de ficar com Lexy, Graeme e as crianças até ele voltar. Anahí reservou férias de três semanas na África do Sul com o Vic, o clone de Papai Noel. Ela disse que meu acidente foi um choque terrível e que ela precisava muito de umas férias, um tempo para se recuperar. Sempre uma amiga atenciosa, ela arranjou para que Harry, o vizinho, tomasse conta de mim, se necessário. Bem, hello!!!!!!
Autor(a): gabyy
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CAPÍTULO 29 O SALÃO DE DESEMBARQUE do aeroporto Heathrow estava lotado. — Já estou com nossa bagagem. Vamos embora — Chris disse, levantando minha mala da esteira. Enlacei meu braço no dele e me arrastei a seu lado, enquanto caminhávamos lentamente pela alfândega. Bateu-me um desespero quando vi meu comitê ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 20
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AnazinhaCandyS2 Postado em 24/04/2017 - 19:02:58
Mds quem é que faz promoção dando paracetamol??? kkkkkk. Coitada fico doente :( Annie sobe um nivel de loucura a cada capitulo kkkk. Christopher é um fofo cuidando da Dul *-* Mds que loucura esse apartamento do Pablo kkkkkkkk. Uau um pulseira de ouro branco, Christopher ta podendo *O* Huum Dul safadinha narrando oq ia faze, e o Christopher pula fora mas ele so n quer machuca ela *-* Continuaaaaaaaaaa
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AnazinhaCandyS2 Postado em 22/04/2017 - 18:45:44
Christian é muito estranho, ele tem que se mais gentil com a Mai kkkk. Christopher é tão fofo, 3 semanas é uma vida já *-* Vdd se tem hora pra palita os dentes kkkkk. Dulce tentando da uma de medica é perigo. Tadinha da Ena :( Christopher é uma comedia tbm, se essa excursão existisse eu pagava quanto me pedissem só pra ir!! Christopher seu lindo, é claro que vc vai consegui, Dul n é boba kkk. Huuum eles se amam <3 Dul cantando o hino parecia eu cantando o hino do RS na escola, nunca decorei ele kkkkk. Caramba Christopher se transforma quando ve jogo na TV, deu ate um medinho dele, n to acreditando que ele amarrou ela pra ve o jogo kkkkkkk. Mds ela levanto pra corta as unhas dele, vc vai me mata um dia pq eu rio tanto que fico sem ar kkkk. Continua!!
gabyy Postado em 24/04/2017 - 16:52:13
Acho que não é só a Dulce que é meia louca!rs O chris tem seus momentos fofos mas ele também não gosta muito de ser perturbado na hora de seu futebol! Aqui todo mundo é louco, mas todos se amam! bjoo, continuando
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AnazinhaCandyS2 Postado em 21/04/2017 - 18:31:39
A-M-E-I todos esses capítulos, uma leitura boa+feriado+frio=perfeito kkkkk. Que pessoas loucas kkkkkk. Continua!!
gabyy Postado em 22/04/2017 - 18:13:02
Continuando flor!
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AnazinhaCandyS2 Postado em 20/04/2017 - 18:23:20
Que bom que vc voltou!! Morro de ri com a Doris e a Ellen velhas safadas kkkkk. Que ideia otima essa do Christian adorei! Geeeente alguem me da ar pq eu to rindo muito kkkk. Ahhh agora aparece os sobrinhos da Dul. Annie sua loca kkkkk. Continua!!
gabyy Postado em 21/04/2017 - 15:54:54
Que bom que você se diverte lendo, a Dul realmente é meio louca! rs
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AnazinhaCandyS2 Postado em 13/04/2017 - 21:38:54
Obg, achei q vc ia me acha uma chata por pedi kkk. Mai ta certa Dul ta apaixonada <3 Mds todo mundo bebado kkkkkkkk. Huuum se mudou pro quarto dela!! Nossa que namoro rapido né. 'Ela parace uma doninha' melhor xingamento ever. Eu pensei que ele ia quere um banheiro pra dar uns pega mais violento kkkkk. Mds morta de ri com esse capitulos essas pessoas sao loucas. Continua!!
gabyy Postado em 20/04/2017 - 13:19:19
Este namoro foi muito rápido mesmo, mas o que que com a Dul não é rápido não é mesmo?! Ele foi um fofo cuidando dela né. estes dois são bem safadeeenhosss. Amore continuandoo.
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AnazinhaCandyS2 Postado em 04/04/2017 - 19:36:42
Huuum segundas intenções é, AMO kkkk
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AnazinhaCandyS2 Postado em 04/04/2017 - 19:35:51
Dulce é muito azarada, e o Christopher ta sendo muuuuitooo gentil com ela <3 Senhor George é um safadinho kkkk. Christian é muito mal humurado kkk. Ahhhhhhhhhhh teve beijo e coisinhas *-* Jurava que ia demora mais kkk. Queria te pedir uma coisa, mas n pense que eu sou uma chata kk, vc podia aumenta um pouco a letra?? Sou meio ceguinha kkk. Continua!!
gabyy Postado em 13/04/2017 - 20:55:48
Pois é, a Dulce não gosta muito de esperar. rsrs Bom dei uma aumentada na letra, mas qualquer coisa é só vc falar viu, tbm sou meia ceguinha. rsrs ;)
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AnazinhaCandyS2 Postado em 02/04/2017 - 13:56:21
Eu tbm tô sentindo pena das pessoas que a Dulce vai cuida kkkk. Annie me mata de ri, 'Diga que fui fazer uma cesariana' kkkk. Ahh eu to achando que sera mais cansativo sim kkk. Mds Christopher ta sendo muito gentil com a Dulce, e ela ta precisando de muiiiitaa ajuda. AMO ESSSA FANFIC <33 Continuaaaaaa
gabyy Postado em 04/04/2017 - 00:02:21
Christopher esta sendo um cavalheiro com a Dulce ner....mas vejo segundas intenções ai hein. Fico feliz em saber que vc esta se divertindo.
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AnazinhaCandyS2 Postado em 01/04/2017 - 20:25:19
Vou pegar essas dicas pra preenche um curriculo kkkk. Não acredito que elas vão comprar o aparelho kkkk. Annie tem uma mente fertil 'Vc poderá terminar sequestrada e vendida como escrava no Iêmen ou se prostituindo na rua' kkkkk. Mds morro de ri com essa fanfic :) Ehhh ela consguiu o emprego!! Dulce é tão espontanea kkkk. Continuaaaa
gabyy Postado em 02/04/2017 - 12:13:22
Continuando flor.... E como você pode perceber a Dulce é maluquinha e agora vai ficar ainda pior com a chegada do Christopher. Fico feliz em saber que esta gostando ;)
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AnazinhaCandyS2 Postado em 29/03/2017 - 20:19:40
Jurei que a Dulce ia da a loka pelo Pablo convida ela pra ir na academia kkkk. Minha disposição ta igual a da Dul pra faze exercicio, o tempo ñ passa!! Huum sei bem pq ela gostou daquele aparelho kkkk. Continuaaaaa