Fanfic: ALTA FREQÜÊNCIA (Terminada)

Será que ela estava percebendo sua
relutância em largá-la? Se pudesse arranjar um jeito de desfrutar quando
ninguém estivesse olhando... mas com todas as câmeras...

Ela olhou para cima, na direção da esfera
plástica. Teria alguém espiando naquele momento? Pôs a língua para fora, por
estragarem sua diversão. Será que dava para cobrir...?

- O que você está olhando?

- Estou pensando em como deve ser tedioso ficar
monitorando todas essas câmeras - disse ela.

- Deve ser mais divertido do que ficar olhando os
móveis o dia todo.

Ela riu.

- Até agora está divertido.

Os olhos dele se fixaram nos dela.

- É, está.

Pouco depois das nove a equipe juntou tudo para
partir. Trouxeram uma pizza para os dois e todos foram embora. Estavam
finalmente sozinhos. Depois do movimento do dia, o silêncio era inquietante.

- Não sei quanto a você, mas não quero sujar os
lençóis com pizza. - Alfonso foi para uma poltrona reclinável.

- Certo. - Ela puxou uma cadeira ao lado dele e
pegou uma fatia de pizza. - Estou faminta.

- Amanhã pedimos mais lanches. - disse ele. -
Afinal, temos que ficar fortes.

- Sim, é um trabalho estressante. - Talvez não
fisicamente, mas ela admitia que era exaustivo. - Foi ótimo. - Mas ainda tinham
a primeira noite pela frente. Como ela lidaria com ele na mesma cama?

- Como será que está o Derrick? - perguntou Alfonso.

- Provavelmente, não tão bem. - Ela o imaginou com
roupa de hospital. - Lamento que tenha se ferido, mas fico. feliz que você
tenha feito a promoção no lugar dele.

- Ah, Derrick é legal. É mais a fama que faz parte
da encenação. - Ele olhou para ela. - Tenho certeza de que seria um cavalheiro.

E você, vai ser um cavalheiro? Começava
a se preocupar que não sentisse atração por ela. Não que fosse bombástica como Berlinda,
mas nunca tivera motivo para se preocupar com seu visual.

Ela bocejou.

- Estou acabada.

- É. - Ele pôs a caixa de pizza de lado. - Está
ficando tarde e temos que acordar cedo.

- Pelo menos não temos que dirigir para o
trabalho. - Ela levantou e começou a pegar os pratos de papel.

- Eu faço isso. - Ele pegou o lixo, encostando em
sua mão, causando uma onda de calor. - Pode usar o banheiro primeiro.

- Obrigada. - Ela pegou sua nécessaire e seguiu
pela loja escura, rumo ao banheiro. Sem a música e a aglomeração, essa parte da
loja era de arrepiar. Ela escovou os dentes, lavou o rosto e voltou correndo
para a -. cama, grata pela presença de Alfonso.

Quando ele foi para o banheiro, ela se aninhou
embaixo das cobertas. As luminárias nos criados-mudos iluminavam a cama, em meio
à escuridão.

Ela se recostou nos travesseiros e olhou o escuro,
deixando que o silêncio a tragasse. Que estranho estar ali, numa situação tão
inusitada. Mas também era maravilhoso. Não trocaria de lugar com ninguém.

Então ouviu Alfonso voltando. Ele adentrou a luz,
parecendo maior do que antes, cheirando a sabonete. O coração acelerou, mas ela
forçou um sorriso e afagou as cobertas ao seu lado.

- Venha, está muito aconchegante.

Ele evitou olhá-la, mas levantou a coberta e
deitou, apagando o abajur ao seu lado. Ela também apagou o dela, ouvindo o
barulho do colchão enquanto ele se acomodava.

- Espero que você não ronque - disse ela, em tom
provocador.

- Acho que não - disse ele. - Ninguém nunca
reclamou.

- Houve muitos ninguém? - A escuridão a
deixara atrevida.

O silêncio se alongou e ela receou ter ido longe
demais. Ele limpou a garganta.

- Não muitos. E você?

Ela balançou a cabeça, lembrando que ele não podia
vê-la.

- Não muitos.

- É... só para que saiba... Ela ficou na
expectativa, aguardando pelo fim da frase. Parecia sério, importante. - Deixa
para lá. Não é importante. Boa noite. - Ele se virou de costas para ela.

Ela o olhou, querendo dar com o travesseiro em sua
cabeça. Mas suspirou e virou de costas para ele. Não achava que conseguiria
descansar, mas logo se rendeu ao cansaço do dia.

Alfonso estava sonhando, um daqueles sonhos
eróticos do qual não se quer acordar. Claro que estava com uma mulher, morna,
macia. Ela tinha cheiro de flores e cabelos sedosos. Não sabia quem era, mas
não importava.

O fato de assimilar isso era prova de que ele
sonhava profundamente. Na verdade, sentia a chegada da manhã, mas resistia,
segurando a mulher. Lidava com seu subconsciente, e estava com uma mulher
fabulosa. Ela deu um pequeno gemido e se aconchegou junto a ele, aumentando sua
excitação. Ele sentiu seu mamilo arrepiar dentro de sua mão, e mergulhou o
rosto em seu pescoço. Depois encostou os lábios em sua pele macia, enquanto se
aproximava dela. Queria que ela se virasse. O problema com sonhos é que nem
sempre é fácil se mexer, principalmente quando se está próximo do despertar.

Ele levou a mão à sua cintura e ela se virou de
frente. Os braços dela estavam ao redor dele, que percebeu que ela estava
vestida.

Ainda de olhos fechados, ele franziu o rosto.
Desde quando fantasias surgiam vestidas? E de pijama. Essa mulher não devia
estar vestida.                                    

Obviamente, seu subconsciente queria tornar essa fantasia
mais desafiadora. Agora ela o beijava, passando a língua por seu maxilar. Ele
gemeu, tentando evitar acordar. Só mais um pouquinho. Ao menos até tirar sua
roupa e estar dentro dela...

Ruídos interromperam sua concentração... passos,
barulho de metal, vozes ao longe. Ele gemeu diante do clarão em seus olhos.
Ainda não.

A mulher do sonho deu um gritinho e o empurrou.

- Alfonso, que diabos acha que está fazendo?

As palavras o despertaram com mais violência que
um balde de água gelada. Ele abriu os olhos e se deparou com o rosto franzido
de Christian.

- Que diabos acha que está fazendo? - Christian
perguntou novamente.

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