Fanfic: ALTA FREQÜÊNCIA (Terminada)

Anahí notava Alfonso deitado quieto ao seu lado.
Quieto demais. Estaria apreensivo, com medo de se encostar nela?

- Acha que a câmera consegue captar imagens no
escuro? - perguntou ela.

- Consegue. Provavelmente tem infravermelho.

- E ouvir? Acha que eles ouvem?

Ele não respondeu logo, como se estivesse pensando
na resposta.

- Pode ser.

- Acho que não. Provavelmente é ilegal gravar a
conversa de empregados e clientes.

Ele se abaixou mais sob as cobertas.

- Talvez esteja certa.

Ela deslizou uma mão até passá-la em sua coxa.
Seus músculos contraíram com o toque.

- Você tem que parar - disse ele, com a voz
contida -, não sou de pedra.

Ela o apertou na coxa.

- Obviamente não.

- Pensei que tivesse entendido que isso não é boa
idéia.

- Entendi que é o que você acha. Não concordo. -
Ela chegou mais perto e ele agarrou seu punho. - Você está esquecendo algo.

- O quê?

- Não trabalhamos juntos normalmente. Esse é um
caso especial. - Ela levou a outra mão até seu peito. - Você me quer, não é?

- Quero. - A palavra saiu com um chiado.

- E eu quero. - Ela o beijou no ombro.

- As câmeras. - As palavras saíram roucas.

- Podemos ir a outro lugar, talvez o banheiro.

- Lá também tem câmeras.

- Detesto quando a lógica atrapalha um bom plano.

- Sinto muito, nem sabe o quanto.

- Então vamos só conversar. Podemos, não?

- Claro. De que quer falar?

- Você disse que trabalhou em Carmel. É da
Califórnia?

- Sim.

Ela esperou, mas ele não se alongou.

- De onde? - perguntou ela. - Da costa, ou da
montanha?

- Da costa. Uma cidadezinha chamada La Conchita.

- Você surfava?

- Um pouco.

Ela o imaginou mais jovem e bronzeado, sobre uma
prancha de surfe.

- Está bem longe da praia para um surfista.

Ele riu, o som dissipando o resto de tensão entre
eles.

- Agora faço snowboard.
E você? Onde cresceu?

- Bem aqui, em Denver. Acredita? Sou nativa. Então
cresceu na Califórnia. E como veio parar em Denver?

Ele hesitou, depois disse:

- O trabalho me trouxe.

- E como se tornou um especialista em rock?

- Meu pai me deu um livro de Natal. Era algo que
ele gostava.

- Quantos anos tinha quando ganhou o livro?

- Onze. Ele morreu logo depois disso. - Ela sentiu
a dor nas palavras.

- Deve ter sido difícil perder seu pai tão
jovem...

- Alguns caras se prendem ao esporte, comigo foi
com a música.

Ela percebeu que essa era a conversa mais pessoal
que já tinham tido. A cama dava um senso de intimidade, mesmo sem se tocarem.

Ela olhou a câmera, que podia ver o que estava em
frente, mas não o que estava embaixo das cobertas.

A necessidade de tocá-lo era desesperadora. A
proximidade emocional a deixara ansiando para estar perto fisicamente também.
Cuidadosamente, ela passou a mão pelo espaço entre eles.

Ela o escutou respirar profundamente quando seus
dedos tocaram sua rigidez. Ela pôde sentir o calor através do pijama. Teria
passado o dia todo assim?

- O que está fazendo? Não pode...

- Por que não? - Ela o pegou, acariciando de leve.
Depois soltou, momentaneamente, e enfiou a mão por baixo do elástico da
cintura.

- Anahí, não...

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