Fanfic: ALTA FREQÜÊNCIA (Terminada)

- Toda essa chuva é ruim para os negócios. - Christian
estava na janela, olhando a chuva da manhã de domingo.;

- Só maluco sai nesse tempo.

- Acho que isso nos torna loucos - disse Alfonso. Christian
se virou para ele.

- Você está horrível, o que houve? Não está
dormindo à noite?

- É... não tão bem. - Ele deu um gole no café
olhando pela janela, lembranças da noite com Anahí passando pela cabeça. Não
acreditava que numa das experiências mais incríveis de sua vida eles usaram
apenas as mãos.

A experiência o balançou. Quanto tempo fazia que
ele não se sentia assim tão... próximo de alguém? Isso já seria motivo para pôr
fim naquilo.

Mas só conseguia pensar no quanto queria mais. Se
a noite anterior havia sido tão intensa, o que aconteceria quando realmente
acontecesse?

- Está me ouvindo?

- Desculpe, me distraí. O que dizia?

- Eu disse que você e Anahí fizeram um ótimo
trabalho. Agradeço por você ensinar a ela.

- Ela é ótima. Realmente natural. - Os olhos dele
desviaram para Anahí, ainda de lingerie preta, rindo, conversando com dois
empregados da loja. Ela jogou a cabeça para trás, expondo o pescoço branco.
Como seria colocar os lábios ali? - Os ouvintes parecem realmente gostar dela.

- E vocês dois? Estão se dando bem?

- Claro. - Mais do que bem. Era tão bom ficar
perto dela que ele acabara baixando a guarda. Isso era pedir encrenca.

- Vamos achar um jeito de usá-la com mais
freqüência - disse Christian.

A porta principal do showroom se abriu bruscamente e um homem de terno xadrez entrou
como um raio. Os dois funcionários que falavam com Anahí se dispersaram, quando
Max passou voando.

- Ânimo, pessoal! - ele gritou. - Esse lugar vai
estar cheio de clientes na próxima hora. Vamos nos preparar para vender.

Ele seguiu na direção de Christian e Alfonso, de
mão esticada.

- Salve! O que acham da minha idéia de promoção?
Sou um gênio, ou não?

- Foi uma idéia ótima - disse Christian. Ele se
voltou para Alfonso. - Já conhece Alfonso Herrera? É um dos participantes na
arrecadação de fundos.

Max apertou a mão dele.

- Você não deveria estar na cama, filho?

- Só estou dando um intervalo. - Alfonso deixou o
café de lado e olhou para Christian. - Estamos prontos para entrar no ar?

- Espere aí - protestou Max. - Quero ver a outra
metade da equipe. Onde está ela?

- Anahí, venha até aqui cumprimentar Max. - Christian
gesticulou chamando Anahí.

A conversa parou enquanto os três a viam se
aproximar. Que cintura fina e quadris redondinhos. Como ele, não notara? Tudo
que ele conseguia pensar era a forma^: como ela o segurara na noite
anterior.

- Minha Nossa Senhora, mas que cara de sorte, sr. Poncho.

A voz de Max era baixa, mas Alfonso sabia que
todos ouviram o comentário. Ele olhou o homem, resistindo ao impulso de lhe dar
uma cotovelada nas costelas.

Christian pareceu não notar.

- Anahí, Max quer lhe dar um oi.

Ela sorriu e estendeu a mão.

- Prazer em revê-lo.

- O prazer é meu. - Max ficou segurando sua mão e
exibiu um sorriso cheio de dentes. - Aquele Terapêutico 9000 está confortável
para você?

- Ah, sim, é ótimo. Eu gostaria de ter um daqueles
em casa.

- Tenho certeza de que podemos lhe arranjar um bom
desconto. - O sorriso de Max se alargou.

Alfonso nem queria pensar no que seria pedido em
troca. Ele pegou Anahí pela mão e a puxou na direção da cama.

- Desculpe interromper, mas temos que voltar ao
trabalho.

Alfonso começava a sentir uma dor de cabeça.

- Não notou a forma como ele olhou para você?
Estava quase ofegante.

- Ofegante? - Ela riu. -Alfonso, ele tem idade
para ser meu pai.

- Desde quando isso detém um homem?

Ele estava enciumado. Pegou a prancheta e ajustou
o microfone.

- Bom dia, e bem-vindos à nossa maratona do showroom da Colchões Max. Eu e minha
parceira de crime, a adorável Anahí, estamos aqui numa cama king size desde sexta-feira de manhã.

- Estamos arrecadando fundos para o novo abrigo do
Exército da Salvação - prosseguiu Anahí. - Até agora alcançamos doze mil,
oitocentos e seis dólares. Mas queremos mais. Berlinda Bombástica vai dar a
previsão meteorológica em alguns minutos. - Anahí leu na prancheta.

- E temos um convidado muito especial essa manhã -
disse Alfonso. - Derrick Travesso irá nos contar como está a sua recuperação.

Ele pôs a música e começaram a tocar os primeiros
acordes de "A Flood Down in Texas", de Stevie Ray Vaughn. Ele tirou o
fone de ouvido e olhou o relógio.

- Viu Berlinda? - ele perguntou a Anahí.

- Ela entra agora. Anahí balançou a cabeça.

- Talvez esteja presa no trânsito. Eu não sabia
que o Derrick ia entrar. Ele deve estar bem melhor.

- Deixem-me passar, tenho um programa para fazer.
A aglomeração se abriu para Berlinda, que chegou pingando água de sua capa de
vinil branco. Seu namorado atual era um louro musculoso chamado Doug que vinha
em seu rastro.

- Onde está meu microfone? Alguém pode me
conseguir um café?

Doug a ajudou a tirar a capa e um assistente
trouxe uma xícara de café. Ela ajustou o fone e deu um gole. Depois se virou
para a cama.

- Nossa, não é que vocês dois parecem
aconchegados. O sorriso dela era tudo, menos meigo. Alfonso engoliu

o comentário sarcástico.

- Oi, Berlinda - disse Anahí.

Berlinda ignorou o cumprimento e lançou um olhar
frio a Alfonso.

- Vamos acabar logo com isso.

A música acabou e ele percebeu que perdera sua
entrada. Mas Anahí pegou no ato.

- Berlinda Bombástica está aqui conosco, com o
clima e o trânsito. Como estão as coisas essa manhã, Berlinda?

- O clima e o trânsito estão terríveis. - Ela deu
as costas para a cama, atuando para seu público particular, os empregados da
loja e os compradores. - Dirijam com cuidado, é muita água e não parece que irá
melhorar tão cedo. Está um ótimo clima para ficar em casa coladinho em alguém
especial.

- Ou venha até a Colchões Max e faça uma doação
para o Exército da Salvação - Alfonso prosseguiu. - Ao chegar aqui, dê uma
conferida nos colchões ortopédicos.

- Afinal, por que não fazer seu ninho de amor bem
aconchegante? - completou Anahí.

Eles cortaram para o comercial.

- Essa fala era minha - Berlinda bufou, assim que
os microfones foram desligados.

- O quê? - Anahí pareceu confusa.

- A fala do colchão aconchegante. Era minha. - Ela
apontou o dedo para a prancheta.

- Desculpe, Berlinda, eu não vi o pequeno `B` na
margem.

- Essa inocência pode enganar os outros, mas não
funciona comigo, - Berlinda deu um passo na direção de Anahí.

- Eu pedi desculpas. - Anahí endireitou a postura
e encarou Berlinda. - Se não há nada que eu possa fazer, então esqueça.

- Quem é você para me dizer para esquecer?
Lembre-se de que eu sou a estrela aqui, você é apenas uma estagiária...

- Chega, Berlinda. - Alfonso levantou da cama e se
pôs entre as duas. - A Anahí não fez por mal.