Fanfic: ALTA FREQÜÊNCIA (Terminada)

Ele fazia parecer tão simples, como mudar de
canal.

- Não sei se me sinto magoada por me dispensar com
tanta facilidade ou estarrecida com a forma que sua mente funciona - disse ela.

- Não fique triste. E não pense que isso é fácil
para mim. Mas é pelo melhor, você vai ver. - Ele se levantou. - Preciso me
aprontar para o programa. Você vem?

- Claro, num minuto. - Assim que tivesse tempo
para se acalmar. Agora, tudo que queria era incutir algum bom senso nele.

Como ela deveria fingir que o sexo mais incrível
de sua vida não acontecera? Como poderia tratar Alfonso como um mero colega de
trabalho se agora ele significava tanto para ela?

Tinha de haver um meio de ter seu emprego
conquistado e o homem de seus sonhos ao mesmo tempo. Ela certamente era esperta
o bastante para descobrir a forma.

Naquela noite, ao chegar em casa, Berlinda havia
ficado enfurecida na KROK. Doug esperava por ela deitado no sofá, assistindo
TV, como se nada no mundo estivesse errado.

- Desligue esse barulho. Não quero ouvir - Berlinda
vociferou, jogando a bolsa, que quase derrubou sua lata de cerveja sobre a mesa
de centro.

Ele apertou o botão do controle remoto e salvou a
lata.

- Dia difícil?

- Foi um dia terrível. - Ela se virou para ele,
com as mãos nos quadris. - Você nem imagina o que fizeram agora.

Ele deu um gole na cerveja.

- Então me conte.

- Colocaram aquela, aquela ninguém, aquela Anahí,
com o Alfonso Herrera no programa da tarde.

- Entendo - disse ele, intrigado. - E isso é ruim
por quê?

- Porque eu que deveria ter essa posição. Cheguei
para fazer o informativo do trânsito e lá estava ela, sentada em meu lugar. Na
cadeira que sempre uso. Não pude acreditar.

Anahí sequer fora esperta o bastante para sair do
caminho. Berlinda devia saber que algo acontecera.

- Hoje você vai ter que ficar em pé - Alfonso
disse, sem se dar ao trabalho de se desculpar. - Tentaremos conseguir outra
cadeira para você amanhã.

- O que ela está fazendo aqui? - Berlinda nem
olhou para Anahí.

- Agora Alfonso e eu estamos fazendo o programa da
tarde - disse Anahí, calmamente, como se estivesse informando a hora.

- Ah, estão? - Berlinda quase murmurou. Ela não
era boba de deixar que soubessem como realmente se sentia. O quanto estava
furiosa com as novidades. Até sorriu para Alfonso.

- Você que sugeriu a posição? - perguntou ela.

- Foi idéia de Christian. - Anahí voltou a se
intrometer.

- Ele achou que os ouvintes estavam prontos para
uma mudança.

- Se os ouvintes querem uma mudança, Christian
deveria me oferecer a eles - Berlinda disse agora, a Doug. - Christian
obviamente me odeia. Descarta todo meu Trabalho duro e dá um programa a uma
criança amadora.

- Se ele é contra você, deveria arranjar um
emprego em outro lugar. - Doug pegou uma maçã na fruteira.

- Não quero trabalhar em outro lugar. A KROK é a
rádio número um em Denver. Ir para outro lugar seria como um rebaixamento.

Doug deu uma mordida na maçã.

- Talvez você possa processar.

- Acredite, pensei nisso. Mas por que eu deveria
pagar um advogado para ter o que mereço? Não, eu preciso abrir os olhos de Christian
para o meu valor na rádio.

- Como vai fazer isso?

- Não sei. Mas estou sempre pensando. Sempre em
busca de minha chance. E quando a encontrar todos eles vão lamentar ter me
subestimado.

- Não vejo como alguém possa subestimá-la, meu
bem.

Doug sempre falava a coisa certa, essa era uma das
razões por gostar de tê-lo por perto. Mas nem sempre as palavras eram o
bastante.

Ela queria seu próprio programa. Estava farta de
gente no caminho. Se tivesse que derrotá-los para ter o que queria, era hora de
começar.