Fanfic: ALTA FREQÜÊNCIA (Terminada)

- Aqui é a Berlinda Bombástica, na KROK, sua rádio
rock de Denver. -Alfonso desligou o rádio. Não dava para ouvir outra pessoa
fazendo seu trabalho. Ele estava triste, olhando a jaqueta azul-clara
contrastando com o sofá preto. Anahí esquecera lá, e ele nem havia tirado do
lugar.

Mesmo sem lembretes como esse, não conseguia parar
de pensar nela. No jeito que ria, na forma como o enlaçava com as pernas ao
fazerem amor.

Na sensação horrível que tivera quando Berlinda
dissera que Anahí fizera a fita para se promover.

Sua mente se recusava a acreditar que ela faria
algo para magoá-lo.

A campainha tocou e quase o matou de susto. Ele
ficou olhando a porta sem saber se atendia. Mas e se fosse Christian? Ou Anahí?
Ao olhar pelo olho mágico ele viu Derrick James, fazendo um gesto obsceno.

Alfonso escancarou a porta.

- Derrick! O que faz aqui?

- Vim ver se você estava brigando com suas fãs.
Vim entrar na parada. -Derrick entrou mancando na sala, carregando uma bengala.

- Que fãs? - Por mais que Derrick o irritasse, Alfonso
se sensibilizou por ele ter vindo visitá-lo.

Derrick sentou no sofá de frente para Alfonso.

- Agora que você é a fofoca da cidade, o garanhão
nas ondas do rádio, imaginei que tivesse mulheres caindo em cima.

Alfonso despencou numa poltrona.

- Pode parar, Derrick, não tem graça.

-A vida é engraçada, amigo. Aprenda isso e vai
passar por qualquer coisa.

- Foi para isso que veio? Para me dar esses
conselhos cafonas?

Derrick ignorou a pergunta.

- Como vai Anahí?

- Bem, eu acho.

- Acha? - Derrick o observou depois olhou em
volta. - Achei que estaria aqui, contigo.

- Não. Achamos melhor irmos devagar, por causa dos
jornalistas. - Alfonso achou que seu nariz fosse começar a crescer depois
dessa. - Acabo de perder meu emprego, fui constrangido diante de uma cidade
inteira. Minha ex-namorada diz que minha atual namorada fez isso de propósito e
eu não sei no quê acreditar. Estou me divertindo muito.

- Eu ouvi a história que a Berlinda está
espalhando. Pareceu bem surreal.

- Tudo é surreal. Não posso crer que metade da
cidade me ouviu fazendo sexo no ar.

Um sorriso surgiu nos lábios de Derrick.

- Para mim pareceu que você estava se divertindo.

- Ele colocou a bengala no colo. - Posso estar
errado, mas a Anahí não parece do tipo que gravaria isso para a posteridade. Já
a Berlinda... - Ele riu. - Provavelmente faz filmes domésticos. E se eu os
achasse podia ficar rico.

- Aprendi que nunca se pode julgar as pessoas -
disse Alfonso. - Quem diria que você tem algum resquício de decência?

- Você me parece um cara inteligente. - disse Derrick.

- Conhece a Anahí melhor que eu. O que seu
instinto diz sobre ela?

Dizia que ele a amava. O que não significava que
ela não o magoaria.

- Olhe, sua vida voltou aos trilhos depois das
pequenas férias no xadrez. Você pode superar essa bobagem e dar a volta por
cima. - Derrick se levantou, dessa vez se apoiando com força na bengala. - As
coisas nem sempre são o que parecem.

E, às vezes são piores. Mas Alfonso não disse. Ele
agradeceu Derrick por ter vindo e o levou até a porta. Talvez devesse buscar
fatos que o ajudassem a chegar a uma conclusão.

Foi até a cozinha e pegou a lista telefônica.
Começaria a ligar e fazer algumas perguntas, começando pelos guardas de
segurança em serviço naquela noite.

Berlinda estava de calças pretas de couro, top de
couro e jaqueta de couro. Ela se olhava no espelho do quarto.

- Você está ótima. - disse Doug.

- Eu queria ter um revólver - disse ela. Doug
pareceu alarmado.

- Quem você vai matar?

- Ninguém. Mas uma arma iria botar esse
chantagista na linha.

- Quer que eu vá com você? - Doug esfregou as
mãos. - Vou manter seu chantagista na linha.

Ela o olhou. Pretendia ir sozinha, afinal, foi uma
mulher que ligou e ela certamente podia lidar com qualquer outra mulher. Mas e
se levasse reforço?

- Pode vir comigo - disse ela. - Mas é só para
olhar, em tom ameaçador.

- Você que manda.

- Não se esqueça. Vamos, senão iremos nos atrasar.
Quero chegar cedo para dar uma olhada.

- Obrigado, Pat. Eu lhe devo essa. - Alfonso
enfiou o envelope na jaqueta e acenou se despedindo do guarda de segurança do
prédio da KROK. Ele olhou o relógio. Tinha tempo suficiente para encontrar Anahí
na Deli. Não podia esperar para lhe mostrar o que havia encontrado.

- Alfonso! Espere!

Ele se virou e viu Christian vindo em sua direção.
Ótimo. A última coisa que queria era dar de cara com Christian.

- O que faz aqui? - perguntou Christian.

- Vim falar com Pat. Ele tinha algo que eu
precisava. - Era mais ou menos a verdade. Ainda não queria contar o resto.

- Você está bem? - perguntou Christian.

- Preferia estar trabalhando.

- Para dizer a verdade, eu também. Pensei que Berlinda
fosse dar certo, mas não cessam os pedidos. "Christian, preciso de uma
cadeira mais confortável", "Christian, quero um outdoor anunciando o
programa". - Ele pôs as duas mãos na cabeça.

- Então, me deixe voltar - disse Alfonso. - Anahí
também. Pagamos a multa da FCC. Até nos desculpamos, se precisar.

Christian sacudiu a cabeça.

- Está além do meu alcance. A diretoria está
indignada e não quer vocês nem perto dos microfones até que a FCC termine a
investigação.

- E depois?

Ele franziu o rosto e evitou os olhos de Alfonso.

- Depois veremos.

- Está certo, bem, nos vemos por aí. - ele se
afastou.

- Estou indo para a Side Street Deli. Por que não
vem comigo?

Alfonso olhou para Christian.

- Vai para a Deli?

- Na verdade, Anahí me convidou. Alguma idéia do
que se trata?

Alfonso balançou a cabeça.

- Ela também me pediu que a encontrasse lá. Às
sete e meia. Mas não disse o que era.

- Para mim também. - Christian deu um tapinha nas
costas de Alfonso.

- Melhor irmos ver do que se trata.