Fanfic: ALTA FREQÜÊNCIA (Terminada)

A caminho de sua baia, ela parou para falar com
sua melhor amiga, Dulce.

- Há quanto tempo trabalha aqui, Dulce? -
perguntou.

- Catorze meses, vinte e dois dias e seis horas.
Por quê?

- Estava pensando. Sabe se Alfonso Herrera saiu
com alguém depois de Berlinda?

- O bonitão não sai muito desde que a Bombástica
explodiu - disse ela. - Claro que com a imposição de Christian para que não
haja namoros aqui ele deve estar procurando uma namorada fora. - Ela riu. - Mas
estou por dentro das fofocas.

- Interessante.

- Vi vocês conversando agora. Não o vejo conversar
tanto há meses.

- Levou semanas para que ele falasse comigo. - Um
homem que guarda as emoções, só esperando a mulher certa, pensou Anahí.

- Está interessada nele? - perguntou Dulce. Ela
olhou em volta.

- Digamos que poderia estar.

- Ora, então, boa sorte. Ele é bem interessante.
Quero dizer, sabemos que não é gay, parece estar disponível, mas por que
estaria disponível?

- Talvez Berlinda o tenha magoado. Dulce suspirou
alto.

- Eu estava lá, no dia. Foi ele quem quis
terminar.

- Então, eu diria que é hora de uma nova mulher em
sua vida.

- Mas como é que você vai passar por Christian?

- Não sou permanente no ar, lembra? Essa promoção
é temporária.

- Não a invejo por estar na cama com o polvo.

- Eu estava pensando em arranjar um revólver de
brinquedo. O que acha?

- Eu também levaria uns plugs de ouvido. Nunca vi um cara que gosta tanto de falar de si
próprio.

- Farei isso. - Ela aproveitaria o máximo dessa
chance e Derrick Travesso teria de ficar quieto.

Berlinda olhou para o outdoor na estação de luz de
Englewood. Nos cinco anos que trabalhava na KROK seu rosto jamais aparecera num
outdoor. Ela deu um chute no meio-fio. Tempo de casa não significava nada.

Tinha certeza de estar no caminho, ao cruzar com Alfonso
Herrera. Ele não era somente o mais bonito a surgir na KROK, mas era realmente
um cara legal. Achou que logo estaria fazendo o programa com ele. Mas ele se
recusou a misturar trabalho e prazer.

Não queria dividir as atenções com ninguém, esse
foi o problema. Ela achou que ele pudesse mudar de idéia, mas teve a ousadia de
dispensá-la. E logo antes do programa!

E Christian teve que vir apartar. Ele exagerou e
até a chamou de antiprofissional. Alfonso saiu ileso. Era de se esperar.

Christian era tão burro, às vezes. Ela deu uma
última olhada no outdoor e entrou no carro. Todos na KROK eram burros, se
achavam que ela se entregaria com tanta facilidade.

- Está chovendo muito hoje. Uma frente fria vinda
das montanhas também congestionou o trânsito na cidade. Acidentes na C-470 com
a Broadway, na Rua Seis com a Sheridan, e na 1-225 com a Parker. A expectativa
é que o tempo não mude no resto da semana.

Alfonso manobrou seu jipe na C-470, rumo à sua
casa, em Morrison, a sudeste de Denver. Graças a Deus não estava fazendo o
trabalho no Pepsi Center. O trailer seria um pesadelo com esse clima.

Mais adiante parou em frente a um outdoor da KROK.
Anahí sorria para ele, posando ao lado de Derrick.

Pela milésima vez, desejou que ela não trabalhasse
na rádio. Por que não podia ser professora, secretária, ou qualquer coisa,
menos colega de trabalho? Se não trabalhassem juntos, poderia arriscar
convidá-la para sair. Mas o negócio da idade o fazia se sentir um velho
sujo. 

Além disso, não cometeria o mesmo erro que cometera
com Berlinda.

Anahí era jovem. Não tinha se metido em confusões
como ele. Ultimamente, fazia o máximo para que ele notasse seu interesse.
Ficava lisonjeado e pensou em explicar o que acontecera com Berlinda, como
quase perdeu o emprego. Queria que entendesse que não a estava rejeitando, só
precisava evitar problemas.

E agora ela estaria dividindo aquela cama com Derrick,
pelos próximos três dias. Claro que não fariam nada, havia câmeras e guardas
por toda parte, mas era inquietante.

Ele torcia por uma inundação na galeria, tornando
o programa inviável.

- Aqui é o Derrick Travesso, lembrando a vocês que
a partir de amanhã estaremos transmitindo ao vivo, do showroom da Colchões Max. Passem por lá para me ver ao lado da
minha adorável assistente, Anahí, ao começarmos nossa maratona, angariando
fundos para o abrigo do Exército da Salvação. Tragam sua doação pessoalmente. E
dêem algumas sugestões do que devo fazer com a minha colega sexy ao longo
dessas 75 horas.