Fanfic: Romance com o Duque- FINALIZADA | Tema: Vondy

 Blaylock gaguejou.

 “Como? Vinte mil...”

 “Sua administração negligente fez com que ela herdasse este castelo do padrinho dela e, ao chegar aqui, o encontrasse em um estado vergonhoso de abandono. O mínimo que nós podemos fazer é lhe fornecer os fundos para restaurá-lo.”

 “Alteza, nós não podemos autorizar...”

 “Trata-se do meu dinheiro. Eu sou o duque. Até uma corte decidir o contrário, eu autorizo.” Ele enfiou os papéis na mão do advogado. “Eu irei assinar, vocês serão testemunhas. Então, e somente então, eu estarei à sua disposição. Se vocês se recusarem...? Eu juro uma coisa: vou lutar com vocês em todas as instâncias e irei processá-los por fraude.”

 Os advogados confabularam.

 O braço de Dul apertou o dele.

 “O que você está fazendo?”, ela murmurou.

 “Estou garantindo seu futuro aqui neste castelo. Todo o resto é secundário.”

 “O seu destino não é secundário”, ela sussurrou. “Não para mim.”

 Christopher retribuiu as palavras doces dela com um aperto dos dedos. Mas ele não retirou sua exigência. Vinte mil libras era uma soma significativa, mas seria uma pequena porção do que os advogados controlariam caso tivessem sucesso em tirar a fortuna dele. Christopher contava com a ganância deles para vencer.

 “Bem?”, ele insistiu. “Talvez eu deva retirar a oferta e prosseguir com a acusação de fraude.”

 “Isso não será necessário”, disse Blaylock. “No interesse da Srta. Saviñon, nós iremos assinar.”

 “Ótimo.” Depois que ele assinou os papéis e os advogados fizeram o mesmo, Christopher conseguiu respirar com mais facilidade. Dul estava em segurança.

 Agora, ele iria fazê-la uma duquesa.

 O médico se aproximou.

 “Essas acusações de fraude me interessam. Você sempre vê conspirações ao seu redor, Alteza?”

 Começou o interrogatório.

 Christopher sentou no sofá e se ajeitou. Ele respondeu pergunta após pergunta. Que ano era, o monarca atual, a cor do céu. Eles fizeram perguntas sobre seu ferimento e cutucaram a cicatriz.

 Ele utilizou cada reserva de paciência que possuía. Christopher podia dizer que eles estavam prontos para atacar ao menor erro ou irregularidade. Com tantas testemunhas, eles não podiam inventar uma acusação de loucura. Se aquilo evoluísse para um julgamento formal, Christopher sabia que ganharia. Mas seria muito mais fácil terminar com aquilo nesse dia.

 Depois de cerca de uma hora de interrogatório, ele não aguentava mais ser paciente. Uma dor de cabeça ameaçava a base do seu crânio.

 “Alguém, me sirva uma bebida. Uísque.”

 O médico fez uma anotação.

 “Apegado... a uísque.”

 “Isso não é nenhuma novidade”, disse Christopher.

 “Eu tenho que admitir”, observou o Sr. Havers, “que acho o uniforme dos seus criados... fascinante.”

 “Ah, isso é um capricho meu”, disse Dul, adotando aquela voz melosa e infantil que Christopher detestava. “Vocês sabem como as maravilhosas histórias do meu pai são importantes para mim. E agora, com este magnífico castelo como cenário, não consegui resistir a dar vida a Os Contos de Saviñon. Tenho tanta sorte de poder contar com os cavaleiros e as donzelas ao meu lado. Vocês têm algum doce?”

 O médico se inclinou à frente.

 “O que acha dessa atmosfera, Alteza? Também gosta de viver em um conto de fadas?”

 Um dos cavaleiros – Sir Alfred, pelo que Christopher se lembrava – rangeu e estalou ao se aproximar. Ele colocou um copo de uísque na mão de Christopher. O vidro balançou ao trocar de mão e o líquido molhou os dois.

 “Perdão, meu irmão”, disse Alfred.

 “Irmão?”

 Droga. Christopher entendeu a pergunta. Era o início de uma ofensiva.

 “Aquele criado acabou de chamar você de irmão?”, Blaylock perguntou, a voz incisiva.

 “Você está testando minha audição, agora?” Christopher tentou parecer entediado. “Eu acredito que sim.”

 “Certamente você não permite que criados se dirijam a você com tanta intimidade, Alteza. Ou se esqueceu de sua posição?”

 “Eu não me esqueci.”

 “Você aí.” Riggett chamou o jovem cavaleiro, que voltava estalando para seu lugar na lateral do salão. “Por que você acabou de chamar sua graça de ‘irmão’?”

 “P-porque nós somos membros da mesma irmandade”, o jovem respondeu. “A Ordem da Papoula.”

 Quando Christopher ouviu a gargalhada resultante, sua visão não continha mais cinza. Só vermelho.

 “Ordem da Papoula?” Blaylock parecia um garotinho guloso com uma tigela de pudim e duas colheres. “Conte-nos mais.”

 “É a ordem morangliana de cavalaria, meu senhor. Nós temos estandartes, torneios, distintivos e um juramento.”

 “E o duque participa disso com entusiasmo?”

 “Eu... eu não sei.” Alfred hesitou.

 É claro que ele hesitou. Christopher reconhecia a voz daquele jovem. Ele foi um dos cavaleiros que argumentou contra a inclusão de Christopher. E talvez por uma boa razão. Alfred sabia que aquele momento chegaria, ainda que não soubesse que seria tão cedo.

 Ele sabia que Christopher seria testado.

 Então, lá estava. Ele poderia ter sua fortuna, seu título e sua autoridade restaurados naquele dia – mas apenas se rejeitasse o trabalho duro de Dul e tivera tudo que os amigos dela representavam.

 No dia anterior ele não tinha tido nenhuma dificuldade em fazer isso. Ele debochou e menosprezou cada pessoa que agora rodeava o salão.