Fanfic: Deliciosa Sensação - Vondy | Tema: Dulce Maria, Christopher Uckermann, RBD, Romance erótico

DULCE MARIA

Merda. Merda. Merda.

Eu estava muito ferrada. Fodidamente ferrada.

Olho por cima do ombro enquanto continuo a correr e vejo dois caras me seguindo. Porra! Eu sabia que isso só poderia acabar em problema, mas fazer o quê ? Não tenho culpa, são os problemas que vêm até mim.

Olho novamente para frente, tentando correr mais do que meus saltos permitiam até chegar ao meu Aston Martin DB9 que eu havia abandonado nessa rua escura mais cedo, caso eu precisasse fugir.

Bem pensado, Saviñón!

Destravo o alarme, fazendo o carro apitar chamando a atenção daqueles idiotas. Entro dentro do carro e não espero para afundar meu salto no acelerador. Minha máquina potente ruge sobre mim, me enviando a um estado de excitação. Dobro a esquina, saindo de uma rua parada para uma movimentada. Dirijo sem rumo, apenas fujo.

Não tiro os pés do acelerador até ter certeza que não estou sendo seguida. Dou uma olhada no retrovisor e não vejo nenhum carro na minha cola.

Eu os despistei. Eu sou a fodida Dulce Maria.

Relaxo no banco macio do carro, tentando descansar minha mente, o que não dá muito certo. Minha cabeça só pensa em uma coisa desde que eu saí correndo daquela mansão.

Fugir do país e me esconder em algum lugar onde Lorenzo não vá me achar.

Lorenzo.

Um dos homens mais bonitos que eu já vi na vida. Seu rostinho perfeitinho arranca suspiros de admiração por onde passa, assim como seu nome causa reações nas pessoas, mas completamente diferente. Elas fogem dele como se ele fosse o diabo em forma de pessoa, elas o temem. Com razão.

Lorenzo Tossini não é um homem bom. Ele faz coisas más, que me causam arrepios. Quando eu o vi pela primeira vez à anos atrás, eu me apaixonei perdidamente por ele. Bom, isso era o que Lorenzo achava. Eu me deixei levar por sua voz provocadora e suas palavras gentis. Ele me tornou essa pessoa sensual e provocadora. Ele me ensinou a sobreviver, ele me ensinou a mentir como ninguém. Eu apenas tinha que jogar o jogo dele. Mas então eu cansei e passei a ditar eu mesma o jogo.

Foi então que eu passei a jogar com todos os homens ricos. Tirei tudo deles, os deixei sem nada. Eu lhes dava prazer, eles me davam presentes. Eu mentia, eles acreditavam. Eu fingia ser quem eles quisessem que eu fosse. Eu amava ver como eles caiam no meu papo.

Mas isso durou apenas alguns anos, porque Lorenzo não conseguiu aceitar que eu havia ido embora. Lorenzo me queria de volta, eu fui com ele. Não porque eu retribuía aos seus sentimentos de amor e paixão, mas sim porque eu queria fazer com ele o que eu fazia com os outros. Eu queria o dinheiro dele.

Já deu para ver que isso não deu muito certo, porque agora eu vou ter que sair do país como uma fugitiva.

Eu, uma mulher de vinte e seis anos, de altura mediana e corpo curvilíneo com cabelos vermelhos provocantes poderia facilmente fazer qualquer um se apaixonar por mim, mas eu nunca poderia retribuir.

Eu não acredito no amor. Essa merda nunca será para mim. Sofrer por homens, sonhar com uma família linda, cuidar de filhos é apenas para mulheres tolas que pensam que não podem viver sem um macho, que não podem ser independentes. No entanto, eu as respeito. Eu já fui uma dessas mulheres que querem uma vidinha perfeita. Foi de um jeito doloroso que eu entendi que isso não existe.

Eu preciso ligar para Pablo, ele vai me ajudar.

Conecto meu celular no carro e disco o número dele. Chama uma, duas, três, quatro, cinco, seis vezes até ele atender.

— Que merda cara! A vadia que está aí com você fode melhor que eu pelo menos ? — Esbravejo irritada. Odeio que me façam esperar.

— A única vadia que tenho é você, infelizmente. No que você se meteu agora, Dulce ?

— Não te interessa! Eu só preciso que você consiga para mim documentos novos e passaporte novo. Dinheiro eu tenho de sobra. Eu quero isso para amanhã à noite, vou na sua casa amanhã cedo.

— E porque eu te ajudaria ? Você só vem até mim quando precisa de ajuda ou se aliviar. Eu tô cansado disso.

— Pablo, agora não. Não estou com cabeça para aguentar seus dramas agora. — Reviro os olhos. — Faça isso por mim e depois a gente resolve.

Sorrio maliciosamente, mesmo que ele não possa ver. Não há nada melhor do que agradecer trepando. Não espero resposta e simplesmente desligo.

Não posso ir para o meu apartamento agora, eles vão me procurar por lá. Não posso ir para Pablo também porque não quero atrapalha-lo, ele vai estar muito ocupado arrumando documentos novos para mim.

Essa não é a primeira vez que eu fujo. Os homens ricos com quem eu me envolvia eram traficantes, homens perigosos. Porém não eram nada comparado a Lorenzo.

Estados Unidos é grande, então nunca precisei fugir para outro país. Tenho vários apartamentos espalhados por aqui e há apenas um lugar em Nova Iorque para onde eu posso ir que Tossini não sabe que existe. E é pra lá que eu vou até eu conseguir sair desse país.

--

Ando até a janela com o celular na mão, indecisa se eu ligava ou não para Cecília. Uma amiga de anos atrás que morava no México, exatamente para onde eu estava indo. Eu queria um lugar para ficar sem que eu precisasse anunciar meu nome por aí.

— É melhor você ligar, Dulce. Está ficando sem tempo. — Pablo apenas disse o que eu já sabia e eu me irritei. Odiava me sentir pressionada.

Quando eu bati na porta de Pablo às sete da matina, eu pouco me importei se era cedo demais. Eu estava correndo perigo, não posso nem ficar mais um dia aqui.

Por sorte, o número de Cecília estava gravado nos meus contatos no celular. Quantas vezes eu já liguei para esse número. Tomara que ela não tenha mudado de número. Ela seria minha salva vida.

Dou uma olhada para Pablo e me dou conta de que ele ainda estava deitado pelado na cama. Sorrio, me lembrando da nossa foda selvagem de horas atrás. Eu tinha que agradecer de alguma forma por ele ter me ajudado. Volto a olhar pro celular e finalmente aperto na foto dela, iniciando a chamada.

— Alô ?

— Cecília Garcês ?

— Ela mesmo, quem fala ? — A voz doce e calma de minha velha amiga fez-me querer vomitar, mas ao mesmo tempo me tranquilizou. Ela não iria me deixar na mão.

Cecília é de origem mexicana, porém viveu muito tempo em Nova Iorque comigo. Então ela sabia falar inglês e eu entendia bastante da língua espanhola que se falava no México.

Fazia um tempo que eu não falava com ela. Havíamos nos afastado um pouco, eu estava envolvida com um cara por aí e Cecília estava seguindo seu sonho de ser aeromoça. Seria uma surpresa me ouvir no telefone. No entanto, minha amiga tem um coração bom. O que eu admiro muito nela. Ela é tudo o que eu não sou.

— Eu preciso de sua ajuda, Cece. — Eu digo em espanhol, com um tom de voz desesperado. Eu não estava fingindo.

*

— Você sabe que eu poderia te proteger, Dulce. Não precisaria fugir.— Pablo disse enquanto observava eu arrumar minha mala. Tento não revirar os olhos, porém é quase impossível.

Eu odiava esses dois tipos de cara. Esses que pensavam que uma mulher precisa da proteção de um macho e os que eram melosos pra car/alho. Só faltava Pablo mijar açúcar.

— Você sabe como sou. Nada do que você fala importa para mim. — Termino de falar ao mesmo tempo em que fecho minha mala. Eu não queria levar muita coisa pra lá, mas o cara/lho que eu deixaria meus vestidos Dior e meus saltos da Chanel aqui. Olho em volta para ver se não estava esquecendo alguma coisa.

Estávamos no meu apartamento recolhendo minhas coisas. Faltava algumas horas para mim embarcar no avião que me levaria a milhas de distancia daqui. Cecília não poderá me pegar no desembarque por causa do trabalho, então terei que achar a casa dela sozinha.

Eu acho que ela mora sozinha.

— Por que você tem que ser assim, Dulce ? Tão insensível com o mundo a sua volta ? — Olho diretamente nos olhos de Pablo e vejo a mágoa estampada ali.

Por/ra.

Eu sabia que resultaria nisso. Eu deveria ter me afastado bem antes que tudo isso o consumisse. 

Antes que ele se apaixonasse por mim.

Desvio meus olhos dos deles e pego minha jaqueta marrom de cima da cadeira. O clima havia ficado frio aqui, eu não sabia como estaria o tempo em Guadalajara, mas mesmo assim me vesti com roupas de frio.

Visto a jaqueta e enrolo o cachecol branco em volta do meu pescoço. Me sento na cama, colocando minhas botas de cano alto e salto agulha.

— Estou falando com você, Dulce. Será que pode prestar atenção em mim uma vez na vida ? — Ignoro-o. A voz dele estava começando a me irritar.

Me levanto da cama e pego meu novos documentos. Eu iria atravessar o país como Mariana Ramalho. Como eu já mencionei, eu não posso ficar exibindo meu nome por aí. É muito fácil de rastrear. Eu saquei todos os meus dinheiros do banco antes do sol se pôr, não posso mais usar cartão. De agora em diante, vai ser tudo no dinheiro. Sei que é perigoso andar por aí com tanto dinheiro, mas é preciso.

Eu já estava dando meia volta para sair do quarto quando Pablo me agarrou pelo braço num movimento brusco. Olho novamente pra ele, prestes a explodir.

— É assim que você retribui minha generosidade ? Dando as costas para mim ?

— O que você quer eu que faça, merda ? Mais um boqu/ete ? Ou quer que eu bata uma punh/eta pra você ? Ah, já sei. Mais uma fo/da selvagem ? — Explodo, puxando meu braço do aperto dele com força.

— Você acha que tudo se resume a sexo ? — Ele grita perto de mim, fazendo meus ouvidos doerem. Minha vontade agora é de dar um murro na cara dele. Quem ele acha que é para falar assim comigo ? Com a voz mais calma, ele continua. — Eu gosto de você, Dul. Eu posso te proteger, te ajudar e fazer você mudar.

Fecho os olhos e conto até dez tentando controlar a raiva. Respiro fundo e abro os olhos novamente.

— Presta atenção no que vou dizer Lyle. Eu não preciso da sua proteção. E você não vai me mudar, porque aqui... — Gesticulo a mão apontando pro meu corpo. — ... Não tem nada para ser mudado. Eu não quero mudar, eu não preciso mudar. Sou feliz como sou. Aprecio muito o quanto você me ajudou, mas é só isso. Eu não gosto de você desse jeito. É melhor você me esquecer. Vai ser mais feliz assim.

Sem esperar mais nenhum minuto, pego minha única mala e minha bolsa e vou até a porta mas antes de sair eu digo:

— Entregue minhas chaves para o porteiro, ele já sabe o que fazer.

Então eu saio, sem olhar para trás.

Como eu sempre fiz. Saio sem arrependimentos, sem culpas e com meu coração intacto.

Nunca olhei para trás e não vai ser agora que eu irei fazer.

*****

PRIMEIRO CAPÍTULO ❤❤

Hoje conhecemos a nossa Dulce de Deliciosa Sensação.