Fanfics Brasil - Capítulo 1 - A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça O Nascer dos Monstros

Fanfic: O Nascer dos Monstros | Tema: Gótico, fantasia sombria, drama


Capítulo: Capítulo 1 - A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça

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"O homem é ambicioso por natureza. Toda espécie de prazeres, bens, poderes, tudo o que puder lhe trazer alguma satisfação ele irá querer. Uns se dispõe mais do que outros, não respeitando limites ou rompendo censuras dos meios para se chegar ao fim desejado. Estes em particular são seres espiritualmente desfigurados pela ganância. Eis os verdadeiros monstros."


Era de noite quando dois caçadores voltavam para a sua cidade após uma caçada. Eles trilhavam pela floresta em uma carroça, e um deles conduzia o cavalo. Dentro da carroça havia um cervo morto, coberto por um manto velho e maltrapido, avermelhado por manchas velhas de sangue.


A floresta pela qual eles passavam era silenciosa, no máximo dando para ouvir o barulho de alguns animais noturnos, a exemplo do farfalhar dos morcegos ou os zumbidos de insetos noturnos. O fato de estar de noite deixava aquele silêncio ainda mais tenebroso, mas aqueles são caçadores experientes. Não é a primeira vez que seguem pela estrada de noite, e mesmo que algum saqueador apareça ambos possuem bestas por eles usadas nas caças, portanto podem muito bem se defender.


Contudo, aquele típico sossego noturno é rompido por um trotar pesado. Dava para ouvir que é de longe, o que a princípio não é problema. Outra pessoa poderia estar passando por ali. O pior que poderia acontecer é este tratar-se de um saqueador. A incerteza aparece quando junto ao som do trote.


Caçador 1: Melhor irmos para a estrada.


Caçador 2: Deve ser algum animal fugindo, ou alguém deve estar o caçando a noite.


Caçador 1: Preste atenção ao som – Ele puxa mais o cavalo para que trote mais rápido. – que cavalo andaria tão rápido assim¿


O outro caçador ouvia com mais atenção enquanto seu amigo guiava a carroça para fora da floresta até a estrada, na qual a terra arada para pessoas se locomoverem deixam o céu mais aberto, permitindo que a luz da Lua e dos astros tornem o caminho menos embreado. Os caçadores, por terem experiência em andar a cavalo, notam que aquele trote emite um som potente demais para ser de um cavalo comum, e o intervalo entre os passos era pequeno demais.


Caçador 1: Talvez seja um bando de saqueadores, ou alguns mercenários em viagem. Em todo caso estamos em minoria. É bom evitar encontrar com eles.


Caçador 2: O som parece ser de uma pessoa só, isso é estranho.


Eles ouvem mais o barulho, e quando se dão conta, algo salta da floresta para a estrada de terra, parando na frente deles. A cena que se segue é indescritivelmente apavorante: Trata de algo com mais ou menos três metros de altura, com o corpo todo encouraçado, parecendo uma armadura de cavaleiro, com adornos fortes e proporcionais ao tamanho do corpo, mas não é tudo. Quando essa coisa se aproxima, eles notam que no lugar das pernas há patas de cavalo, de fato grossas demais, mas ainda sim como se fosse um centauro. Empunha em uma das mãos um machado do tamanho de um ser humano adulto, com a lâmina retangular parecendo um cutelo. Nada se compara, porém, ao fato daquela coisa não ter cabeça.


Eles realmente não tinham reação para aquilo, e mesmo que tentassem fugir, aquela coisa estava próxima demais. Seria tarde demais para fugir, afinal, a coisa já se provou suficientemente capaz de alcança-los. O caçador que acompanhava o guia do cavalo sai da carroça, e com, sua besta posiciona uma flecha para acertar a criatura. Infelizmente aquilo nem adianta, pois ao acertar a lâmina simplesmente cai pelo corpo da coisa, nem sequer tendo feito um arranhão em seu corpo. Não demorou para a coisa esbarrar com seu braço naquele caçador, com tanta força que ele caía no chão, e com seu machado corta a sua cabeça.


A coisa se abaixa para pegar a cabeça, e na hora o cavalo se ergue como se fosse correr ou atacar, fazendo com a carroça vire, e o outro caçador vire com ela, atirado ao chão junto do cervo morto. Mesmo que o impacto tenha doído, dando uma dificuldade tamanha de andar – talvez tenha quebrado uma de suas pernas com a queda. Mesmo assim ele tenta se levantar, mas vê o cavalo que o locomovia ser atravessado por aquela arma colossal. Ele nota a coisa tentar colocar a cabeça do seu amigo no lugar, mas por algum motivo ele logo em seguida atira a cabeça novamente ao chão.


Coisa: Minha cabeça! – Sua voz era imperativa, e ao mesmo tempo em que clamava por algo revela indignação.


Mesmo antes que o caçador pudesse pensar em alguma coisa, com as duas patas da frente o monstro pisa na carroça, partindo-a em pedaços. Naquela mesma hora ele caía, não por algum pedaço da carroça ricochetear seu corpo, mas pela situação com a qual se encontra. Não precisou se preocupar com mais nada depois daquilo. O monstro simplesmente o matou da mesma forma que o seu compadre: decapitado.


Capítulo 1 – A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça


Pela manhã em Dermouth, uma cidade não muito grande e nem muito pequena não obstante da grande Rhuddlan, capital de Albiônia, dois jovens de armadura andavam pelo centro comercial da cidade, aonde havia feirantes ocupando as ruas tomadas de casas de dois andares, a maioria delas preservando traços arquitetônicos tão velhos quanto a própria cidade.


Um desses jovens é Wes, um garoto de 19 anos, notável pelo seu cabelo castanho claro e cacheado, retocado com uma sutil e elegante bagunça, como também pelos seus olhos de íris cinza. Sua armadura não cobria muito e não era das melhores por conta de sua condição financeira, usando uma proteção para o peito que mais lembra um colete, bem como braçadeiras e caneleiras, algo muito típico daqueles cavaleiros vindos de famílias com baixa renda. O amigo de Wes, por sua vez, além de estar andando a cavalo do seu lado possui uma armadura um pouco melhor, mais completa e mais eficiente em proteger seu corpo comparada com a sua. Diferente de Wes, seu amigo Sadon vem de uma família burguesa. Isso explica o porquê dele ter condições de uma armadura melhor.


Wes: Quando chegaremos à galeria de seus pais, Sadon?


Sadon: Estamos quase lá. – Disse ele – Lembro do meu irmão falar que estaria retratando uma das amigas dele hoje. Se conheço bem ele, não vai se sentir em paz consigo mesmo enquanto não fizer algo bem feito.


Wes: (dava um suspiro) Ai ai, seu irmão faz um sucesso enorme com as garotas. Acho que passou o tempo dos cavaleiros fazerem sucesso. Bem que o nosso instrutor disse hoje no intervalo que as garotas de hoje só querem ir atrás dos artistas e poetas.


Sadon: Fique tranquilo, a Nivian não liga para isso.


Ao ouvir aquilo Wes fica totalmente sem graça, e Sadon apercebe-se disso ao virar o rosto para ver a expressão de seu amigo. Falar daquele jeito sobre aquele assunto calhava como um soco no estômago de Wes.


Wes: Ah cala a boca, Sadon! Mania que você tem de insistir que tenho alguma queda pela Nivian.


Sadon: Até um cego notaria o jeito diferente com o qual você a olha, sem dizer que você é sempre solícito com ela.


Wes: Não é nada demais. Eu e ela somos amigos, apenas gosto da amizade ela.


O papo entre os dois amigos continua até que chegam a um belo ateliê, com estátuas em sua entrada, que melhor ambientam o jardim que separa o prédio do ateliê da portaria na qual estava um guarda, que cumprimenta saudosamente Wes e sobretudo Sadon. Afinal, é prudente a um funcionário ser reverente aos filhos dos seus patrões tanto quanto aos próprios patrões. Os pais de Sadon são mecenas importantes em Dermouth, comprometidos com a vida cultural naquela cidade.


Eles adentram ao prédio do ateliê, e passam por um corredor cheio de quadros, muitos deles retratando a cidade, e quando abrem um portão em formato de arco eles olham uma grande sala, cheia de molduras montadas no chão e esculturas coberta. Ali no meio estava um rapaz jovem e belo retratando uma jovem e aprazível garota aparentemente da mesma idade. Haviam mais duas garotas naquela sala, uma conversando com a outra mais em pontos diferentes, a primeira atrás do artista, vendo o retrato ser feito, e a outra uns metros distante da garota retratada, que olha Wes e Sadon chegarem


Wes: Joan, como está ficando o retrato?


Joan é a garota que está há poucos metros da modelo para o retrato.


Joan: Não sei, eu a Nivian estamos conversando tanto, até esqueci que a gente está aqui. Afinal, estamos a manhã inteira aqui pelo visto.


Catrain: Mas o Olivier é muito rígido comigo – dizia com um jeito doce e manhoso, mantendo o belo sorriso que marca as covinhas em seu rosto – Nem posso conversar .


Nivian: Verdade Olivier, deixa ela conversar. Ela está tão empolgada com nosso assunto.


Olivier, o irmão de Sadon, pintava concentradíssimo, sem sequer ter prestado atenção em qualquer interrupção. O retrato que ele faz de Catrain é preciso, uma cópia fotograficamente fidedigna de Catrain, na qual seu belo rosto e as feições de seu rosto se adequando ao sorriso imortalizado naquele quadro pintado com tinta a óleo.


Olivier: Perdoe-me te privar de sua conversa com suas amigas, senhorita Catrain – curva-se para olhá-la enquanto se desculpa humildemente – O quadro já está ficando pronto, pode falar. Só estou dando uns retoques no fundo.


Sadon e Wes olham Olivier voltar centrado. De fato ele nem se tocou que eles chegaram, e para chamar a atenção, Wes eleva sua voz e estende o braço, acenando para que possa ser notado.


Wes: Ei, dormiu comigo por um acaso? – Sua voz ecoa na sala – Não vai dizer oi para mim e seu irmão?


Todos ali riam com o jeito enérgico de Wes se comunicar. É aí que Olivier finalmente se toca da chegada deles, e decide cumprimenta-los verbalmente.


Nivian: Wes, você não tem jeito! – Falava entre os seus risos graciosos.


Olivier: (dizia ainda rindo) Desculpe-me, Wes. Fico feliz em rever você e meu irmão. Mas digam, e o Jarin? Ele não viria com vocês?


Sadon: Como sempre ele vai ter que se atrasar.


Nivian: Já está ficando pronto, não é? – referia-se à Olivier.


Olivier: Sim, está. Podem vir ver se quiserem.


Ao ouvirem, os demais ali naquela sala, com exceção da Nivian, iam até perto de Olivier para verem o resultado daquela manhã. Embora nem todos ali tivessem a sensibilidade artística apurada de Olivier, todos eram capazes de vislumbrar aquele belo retrato. Todos ficam perplexos com as cores vivas do retrato e os efeitos de iluminação no quatro. Se colocassem Catrain diante de uma parede amarronzada em uma ambiente tão iluminado pelos raios solares entrando pela janela como naquele ateliê, todos poderiam facilmente confundir a Catrain e o retrato. Isso não é exagero, porque Olivier é um exímio pintor.


Catrain: Eu me casava com esse retrato.


Wes: Você e a maioria dos caras de Dermounth.


Novamente Wes fazia todos rirem com suas graças.


Catrain: Eu amei o seu trabalho, Olivier. Vou querer ele o quanto antes no meu quarto.


Olivier: Só espere o retrato secar.


Catrain: Tudo bem, mas ele secando pedirei para um dos empregados de meus pais virem aqui buscar, só me diga o quanto mais ou menos precisarei esperar.


Todos são surpreendidos com outro jovem, com uma armadura parecida com a de Wes, correndo até o portão de acesso para aquela sala. Ele já parecia estar correndo antes, o que o faz repousar as mãos na vedação daquela porta que ajudava ela a cobrir aquele arco formado na parede.


Sadon: Chegou meio atrasado, Jarin, mas ao menos chegou quando o quadro acabou de ser concluído. Venha ver.


Jarin: (dizia fatigante) Não posso agora. Você e o Wes precisam vir comigo.


Wes: O que aconteceu?


Numa das mãos, Jarin estava com um jornal, o de hoje para ser mais exato. Ao invés de explicar o motivo, ele antes mostra a notícia no jornal que os interessa: trata-se de dois homens que foram encontrados ao amanhecer mortos numa estrada em uma cidade próxima. Os estágios de decomposição indica que morreram um dia antes. Ambos foram encontrados decapitados, e um deles foi dividido em dois com um corte diagonal do ombro até o tórax. Além do mais, uma carroça destruída foi encontrada junto, e um cavalo e cervo mortos também.


Jarin: O mestre disse para irmos numa expedição ver a investigação.


Wes: Certo – Dizia olhando seu amigo – Bem, vamos então.


Sadon: Jarin, Wes, vamos. – Dizia tomando frente, retirando-se do ateliê.


Jarin seguia Sadon bem em seguida, restando apenas Wes, que olha seus demais amigos ficando para trás no ateliê. Em especial, ele olha para Nivian, cuja feição dócil transmitia o ar de uma pessoa benévola e pura, como se fosse um anjo deixado na Terra. Ele poderia olhar o dia todo, se tivesse tempo. No momento, ele reconhece que tem o que fazer, e segue junto de seus amigos para a Escola de Cavaleiros, de onde eles haviam saído antes de irem ao ateliê, e portanto era só fazerem o mesmo caminho no sentido contrário.


Ao chegarem lá, eles são encaminhados para um salão junto de outros aprendizes, que se enfileiram diante três cavaleiros que devem ter entre um 30 ou 40 e poucos anos. Entre eles se destaca o do meio, que usa uma armadura de um tom metálico reluzente que cobre todo o seu corpo, com exceção do elmo que ele não estava usado, revelando sua barba por favor, cabelos negros e ondulados que chegam até o nível do ombro porém presos em rabo de cavalo, seus olhos pequenos e negros e uma pele levemente bronzeada.


Um dos cavaleiros ao seu lado conversa com ele.


Um cavaleiro: Caradoc, já fazem cinco dias que pessoas assim são encontradas por toda a região do condado. Três deles foram na estrada e dois dentro das cidades, precisamos nos mobilizar.


Caradoc é o cavaleiro ao centro, acima descrito.


Caradoc: Eu sei, e iremos investigar agora. – Ele volta em seguida seu rosto para olhar os aprendizes. – Saudações, aprendizes de cavaleiros.


Assim que ele diz isso, tanto os cavaleiros quanto os aprendizes fazem uma saudação militar, na qual eles juntam as pernas e endireitam a coluna. O mais típico dessa saudação é o fato que todos colocam a mão esquerda sobre o peito, em direção ao coração, e esticam o braço direito em noventa graus, com a respectiva mão aberta. Os aprendizes olhavam dois objetos pregados na parede de fundo aos cavaleiros superiores: o brasão de armas de Albiônia e um retrato de um homem com um olhar sereno e o rosto inchado, que é o Primeiro-Ministro do país. Ao fazerem isso, todos desfazem a saudação para ouvir instruções.


Caradoc: Vocês foram chamados aqui por serem os melhores aprendizes que esta Escola possui o orgulho em instruir, por isso os chamaremos, como sinal de provação do merecimento de vocês, a colaborarem com a busca pela floreta e buscar alguma pista a respeito do autor desses delitos.


A notícia pelo visto empolgou a muitos, principalmente Wes, que além de ser um dos melhores alunos – do contrário não seria convocado para essa missão – também é empenhado para mostrar seu valor.


Caradoc: Os dividiremos em grupos, e cada um seguirá as instruções de um cavaleiro.


Ao dizer isso, Caradoc e seus dois colegas dividem as equipes. Haviam vinte e cinco aprendizes ali, e para auxiliar mais dois cavaleiros aparecem, para que possam ser divididas cinco equipes de cinco integrantes cada um, sem contar os cavaleiros que vão orientar as equipes. Para a alegria de Wes, ele é posto na mesma equipe de Jarin e Sadon, sob a liderança de Caradoc, que com mais dois os guiará até a estrada aonde o ataque mais recente aconteceu, no qual os dois caçadores e sua carroça foram destruídos, e todos vão seguindo até lá montados a cavalos.


Wes chega com a sua equipe até o local, olhado uma carroça toda destruída no local junto a um cervo e um cavalo despejados mortos, entrego aos abutres que os devoram em plena luz do dia. Todos eles começam a descer dos cavalos para periciarem o lugar, notando que haviam no chão marcas grandes de pisadas.


Wes: Eu posso perguntar uma coisa, Caradoc?


Caradoc: Claro que pode, Wes. O que gostaria de saber?


Wes: Por que não mandaram os corpos para Dermouth?


Caradoc: As vítimas ao serem encontradas por um sacerdote que passava pela estrada avisou às autoridades de uma cidade próxima, e ao comunicarem descobriram que os dois eram de Cherstonbury, uma cidade não muito distante daqui.


Wes: Eu entendo...


Wes não prestava muito atenção aos detalhes, pois junto a Jarin observava as marcas deixadas pelas rodas da carroça até o local qual ela foi destruída, e notam em certo momento, enquanto reconstituem o caminho, que ela não trilhava um caminho perpendicular, como se esperaria de quem anda na estrada, mas um caminho diagonal, que cada vez mais leva os rastros para a floresta.


Jarin: Caradoc, acho que descobrimos uma coisa.


Wes: Reparem no caminho das marcas.


Ao ouvir isso, Caradoc e os demais aprendizes que estavam com ele vão até perto de Jarin e Wes. Como este advertiu, todos chegam até eles reparando as marcas de rodas em algum momento se aproximarem cada vez mais da floresta.


Aprendiz 1: Então eles estavam na floresta antes de seguirem viagem pela estrada!


Aprendiz 2: A pergunta é... essa pessoa que matou eles apareceu só quando eles se deslocaram para a estrada ou eles o encontraram na floresta e foram para a estrada fugir?


Caradoc: A pergunta é boa, inclusive, bem, vamos nos dividir. – E começa a apontar para os seus aprendizes. – Vamos nos dividir em duplas. Fendrel e Sadon seguirão em frente, Wes e Jarin à direita, e eu e Quinn à esquerda. Tentem voltar em no máximo três horas neste exato local.


Frendel (Aprendiz 2): E se acharmos essa pessoa?


Quinn: Se for uma pessoa!


Frendel: Albion nos guarde, Quinn! Vire essa boca para lá.


Caradoc: Se acharem algo suspeito tente imobilizar e o tragam até aqui. Caso em algum momento a coisa se agrave, terão permissão para matar.


Dadas às instruções, as duplas seguem investigando floresta adentro, atentos ao caminho tanto no intuito de perceber alguma coisa, quanto para não se perderem na floresta. Passado um tempo, Wes e Jarin já haviam dado uma boa trilhada, e não viam nada de demais.


Jarin: Só eu acho que é perda de tempo procurarmos pela floresta?


Wes: Caradoc comentou que, com exceção dos casos que aconteceram dentro de cidades, todos os demais casos aconteceram em estradas nessa região. Seja quem for, possivelmente deve usar a floresta como entreposto para surpreender suas vítimas.


Jarin: Uau! Bela dedução. Não é atoa que é um dos melhores aprendizes.


Wes: Não foi nada de demais, aposto que os cavaleiros que estão investigando o caso já deduziram isso. Mas concordo contigo, estou achando uma perda de tempo andarmos por aqui.


Jarin: Queria estar em Dermouth, certo? Aposto que gostaria de estar conversando com as garotas, principalmente a Nivian.


Wes embasbaca-se com aquela colocação. Jarin o deixando completamente desconsertado com aquela insinuação.


Wes: Por que vocês insistem que eu tenho uma queda pela Nivian?


Jarin: Wes, até um cego notaria o jeito que você a olha. Você sempre se oferece para acompanha-la até a casa dela, conversa bastante com ela.


Wes: Somos só bons amigos.


Jarin: Mas você sempre faz de tudo para ela se sentir bem à vontade, sabe... com sua companhia.


Wes: Ela é tímida, você sabe disso.


Jarin: É, você tem razão. Ela era bem fechada quando a conhecemos.


Wes: Não a culpo. Ela mora com o avô e o irmão dela está estudando em Narbon.


Jarin: E os pais dela?


Wes: Eles morreram, ela me disse.


Jarin: Como?


Wes: Isso ela nunca me contou.


Ouvindo aquilo, Jarin abaixa a cabeça por um momento, ficando quieto. Wes vira o rosto para o olhar, não achando comum.


Wes: O que foi? Por que dessa cara?!


Jarin: Acho que agora sei porque tem tanta afinidade... Sabe... desculpa tocar nesse assunto.


Wes: Sim, eu também perdi meus pais. Sorte que tive minha tia para cuidar de mim e meus irmãos, mas eu não gostaria de sair de Dermouth, não até eles crescerem. A Nivian só tem o avô dela... Não sei o que deu no irmão dela de seguir deixando a família de lado.


Enquanto eles falam, eles notam algo chamar a atenção deles após andarem por uma hora e meia pela floresta. Eles estranham ver uma construção bem no meio, e conforme se aproximam certificam-se do que veem é real. Trata-se de um templo pequeno e velho, ruído e caindo aos pedaços. Lianas e trepadeiras cresciam pelas paredes de madeira do templo, que algumas partes já pareciam se deteriorado.


Wes: Será que alguém vive aí?


Jarin: Duvido. – Afirma com convicção – Deve estar abandonada faz um bom tempo.


Curioso, Wes decide entrar, e Jarin o segue. Ao entrarem, se surpreender em ver parte do teto destruído, com os estilhaços de madeira no chão. Havia cadeiras de oração formando duas fileiras nas laterais, abrindo caminho ao meio para levar até o altar. O surpreendente era que as cadeiras estavam todas desorganizadas, como se um vento forte tivesse as empurrado para poder passar, e diante do altar estavam gravados símbolos estranhos. O mais assustador é ver, por trás da mesa situada no altar, que existem dois corpos, de um homem e de uma mulher, já em estado avançado de decomposição, pesteando o templo com seu cheiro pútrido.


Jarin: Isso está ficando assustador!


Wes: Mas que porra é essa?!


Eles olham o altar totalmente destruído. A mesa que deveria estar ali está toda destruída, dividida ao meio tão justamente como se algo tivesse o cortado, porém o tamanho da fissura era grosso demais para alguém ter feito isso, seja com que arma fosse. Aquela mesa estava com diversos símbolos gravados, alguns dando para serem melhor lidos que outros.


Wes e Jarin se aproximam para ver melhor aquilo, dando para perceber na superfície do altar que haviam velas vermelhas usadas, cuja cera derretida impregnou-se sob a madeira do altar e estilhaços de argila, alguns sobre o chão, que embora aos pedaços davam a entender que antes formava uma escultura de argila. Jarin se abaixa ao chão para pegar um dos pedaços, e nota que ele se parece com um braço mal feito empunhando uma lança, com desenhos gravados para que lembrem uma armadura. Wes pega o pequeno livro que havia ali, que já estava aberto dando para notar suas páginas roídas e amareladas, com suas letras escritas a mão com tinta.


Jarin: Acho que alguém não vai gostar de ver seu trabalho quebrado, mas seja quem fez é péssimo mexendo com argila.


Wes: Talvez o Olivier possa o ensinar a esculpir melhor. – Dizia totalmente centrado em tentar ler aquele livro, folheando umas duas ou três páginas.


Por trás do altar, os corpos em putrefação estavam deitados, e ao olhar que os dois estavam com as cabeças amputadas lançadas uns dois metros de distância dos corpos, Jarin toma um susto que o faz pular para trás, deixando escapar pelos lábios um grunhido de espanto.


Wes: (virando-se para o amigo) O que foi?


Jarin: (apontando para o altar, tremendo os lábios) Olha... olha ali atrás do altar.


Seguindo a direção para qual Jarin apontava, Wes olha por trás do altar os dois cadáveres decapitados, que usavam roupas maltrapidas.


Wes: (grita assustado) Que isso!


Jarin: Seja quem for, estava aqui, ou talvez não esteja tão longe.


Wes: Vamos embora daqui, agora.


Os dois saem correndo daquele templo o mais rápido que podiam, porém preparados para caso aparecesse algum lunático querendo ataca-los. Como os dois possuem espadas, cada um empunha a sua ao correr, precavidos a se defenderem caso esbarrem com a ameaça. Contudo, Wes ainda teve tempo de pegar aquele livro que estava sob o altar. No meio do caminho, porém, a fadiga os faz se curvarem cansados, precisando repor o fôlego.


Wes: O que aquelas duas pessoas faziam ali?


Jarin: Pelas roupas eu diria que eram sem teto, muitos fazem isso, se abrigam nas florestas. – Vira-se para olhar o amigo – E esse livro, Wes?! É aquele do altar?


Wes: Sim, é. – Ainda respirando pela boca, ele lia o que estava nele.


Jarin: Por que pegou isso? Joga essa merda fora!


Wes: Vi alguns daqueles sinais gravados no altar aqui nas páginas, e mais, parece estar meio que contando uma história.


Jarin: História? Que história?


Wes: Fala de um cavaleiro que viveu aqui na região. Pela data isso foi há um pouco mais de trezentos anos atrás. Aqui está escrito que esse cavaleiro era honrado e respeitado por todos, mas que transformou-se em um monstro após oferecer todos de seu palácio em um ritual.


Jarin: Os servos dele...


Wes: Antes fosse... – Vira mais uma página. – Aqui conta que ele também ofereceu sua esposa e sua filha no ritual. Ele foi descoberto e condenado à decapitação, mas quando ele perdeu a cabeça, ao invés de morrer se transformou em um monstro meio homem e meio cavalo, que ficava durante a noite procurando vítimas para cortar suas cabeças. Segundo este livro, o motivo dele fazer isso era buscar uma cabeça que possa servir à sua.


Jarin: E eu achando que o templo era assustador. Essa semelhança com esses casos é ainda mais assustadora. Mas o que esse livro estava fazendo naquele templo?


Wes: Seja quem escreveu, está contando isso em primeira pessoa. Pelo o que consta, foi a pessoa que selou esse monstro em uma estatueta de argila feita à mão. Ele a guardou naquele templo e gravou aqueles símbolos para colocar a estatueta dentro, impedindo que o monstro pudesse tentar sair por conta própria de sua prisão.


Jarin: E como isso aconteceu?


Wes: (Pula algumas páginas) Vejamos... Segundo está aqui, se por algum motivo a estatueta for quebrada, o monstro desperta e se libertará.


Jarin: Só que não daria para fazer mais nada. Magia hoje em dia é proibida em Albiônia. (olhando para cima) Vem, daqui umas duas horas vai anoitecer, se a gente não voltar logo o Caradoc e os outros vão ficar preocupados.


Os dois seguem o caminho de volta para o ponto da estrada aonde todos marcaram de se reencontrar, para que Caradoc e todos os demais aprendizes possam voltar para Dermouth. Ele pergunta para todos se acharam alguma coisa.


Jarin: Caradoc, eu e o Wes...


Wes apenas olha feio para Jarin, como quem pedisse para não falar nada.


Caradoc: Você e o Wes o quê, Jarin?


Jarin: Nós achamos um templo velho e nele tinha uns dois moradores de rua também com as cabeças cortadas.


Caradoc: Então seja quem estiver por trás disso se encontra por ali.


Durante a volta para Dermouth, Wes ficava quieto. Ele fica na cabeça sobre o que aquele livro dizia. Logo que chegam, todos eles são dispensados para suas casas, e juntos de Sadon, Wes e Jarin voltam para o ateliê, para rever seus amigos. Por serem irmãos, Sadon dá carona para Olivier, o ajudando a subir em seu cavalo para irem embora. Jarin e Wes como pegaram cavalos emprestados na Escola de Cavaleiros terão de ir a pé, mas como de costume, Wes acompanha Nivian até a casa dela, que fica um pouco longe dali. Por ser nobre, Catrain não precisava se preocupar em como voltar, porque um dos servos da sua família veio de carruagem busca-la.


Nivian: E como foi hoje, Wes?


Wes: (andava com os braços cruzados na cabeça, apoiando-a sobre as mãos) Sabe, nada de demais. Apenas andamos pelo mato e, bem, a gente apenas se certificou que o louco a solta se encontra naquela floresta.


Nivian: Mas como sabem disso?


Wes: Eu e o Jarin achamos em um templo velho e abandonado duas pessoas também decepadas. Pelas roupas eu diria que eram sem tetos.


Nivian: Será que vão ficar mais interessados em ir atrás ou vão ignorar por serem moradores de rua?


Wes: Não fale uma coisa dessas, Nivian. Os cavaleiros não são como no passado, que privilegiavam os nobres. A vida de um morador de rua vale tanto quanto a de um nobre.


Nivian: É que eu me lembrei do meu irmão, sabe?


Wes: Entendo. A maioria dos letrados de fato preferem ficar do lado dos burgueses, portanto, creio que ele não seja muito fã dos condes ou reis. E também creio que ele não possa ser muito nosso fã.


Nivian: Bem... me fale mais como foi lá. Mas em todo caso credo, acho que eu vomitaria se visse duas pessoas encontradas mortas desse jeito.


Ao dizer isso, Nivian dava um riso tão gracioso quanto sua voz reconfortante e fofa. Era impossível não admirar, Wes tinha razão para ter aquele encanto sobrenatural por Nivian, uma bela jovem com longos e lisos cabelos negros, íris castanhas, magra porém com um busto atrativo e seios razoavelmente grandes. Mas seu encanto sobre Wes não devia-se tão somente por ser atraente, mas antes de tudo uma pessoa de uma gentileza, seu jeito puro e também frágil que a tornam tão adorável e digna de ser cuidada.


Wes: E ah, em cima do altar que eles estavam tinha isso aqui. – Checa em sua mochila, que é como se fosse um recipiente que lembre uma bolsa anexada ao seu cinto, na coxa esquerda. – Aqui está. Este livro.


Nivian: Credo, teve coragem de pegar isso vendo uma cena daquela?


Wes: Tem nada de demais... – Dizia enquanto o abre e mostra para Nivian. – Conta a história de um cara que aprisionou um monstro, e tem uns símbolos estranhos iguais, alguns gravados no próprio altar...


A mão de Wes virava-se levemente para que Nivian pudesse vê-lo passar as páginas. Seus olhos se abrem totalmente, como quem se surpreendesse por ver alguma coisa. Ela parecia nem mais estar prestando atenção em seu acompanhante falar.


Wes: É... Nivian, está tudo bem?


Nivian: Na... Nada não. – Tenta formar uma frase – Estou surpresa, só isso.


Wes: Com o quê?


Nivian: É... Com essa letra feia, claro.


Wes: Bem, talvez esteja assim por conta do tempo.


Deixava passar aquela expressão estranha que Nivian fez. Wes notou que ela ficou estranha ao ver aquelas páginas com um monte de símbolos em seus cantos, e mais ainda pela reação dela. É como se ela estivesse lhe escondendo alguma coisa.


Como era de noite, havia em um canto ou outro os guardas responsáveis pela ronda noturna, que supervisionavam as ruas a fim de evitar delinquentes e para que o toque de recolher fosse respeitado. Os estabelecimentos comerciais estavam fechados, e as pessoas reclusas em suas casas, dando-se para ver por algumas janelas clarões de intensidades variadas nas casas por conta das velas que as pessoas acendem. As ruas ajudavam, porque havia postes altos nos quais a parte superior era um recipiente em formato de cubo, no qual se inseriam velas grossas e fechavam-nos com tampas para que o vento forte não os apague. Para que o fogo seja sempre alimentado, haviam furos na tampa que permitiam oxigenar o recipiente, para que o fogo não apagasse logo pela supressão de oxigênio ali dentro.


Eles passam por uma praça, e de repente, se dão conta de um barulho forte de trote. Aquelas cavalgadas rápidas e fortes eram acompanhadas de um repentino relinchar, mas este relinchar não parecia ser de um cavalo comum, pois era um relinchar agressivo, como se ele e o seu cavaleiro estivessem numa guerra.


Nivian: Que barulho foi esse?


Wes: Talvez seja algum viajante com bastante pressa.


Aquele silêncio da noite é irrompido por um grito dilacerante de pavor, do qual logo dava para se ouvir alguém correndo, e os trotes se acelerando. Eles viam logo chegar um dos guardas da ronda noturna correndo desesperado, mas o que vinha atrás dele era ainda mais assustador: Um monstro enorme que lembre um centauro, porém com os braços e o torso encouraçados como se estas partes fossem uma armadura, um nariz bufante como o de um bisão em sua virilha e uma boca não muito abaixo deste nariz. O mais assustador é o fato desse monstro não ter cabeça, e empunhar um machado enorme que lembre mais um cutelo.


Wes: Nivian, vamos! – Pega-a pelo braço e começa a correr.


De tão horrorizada com a cena, Nivian estava em um estado de pavor em tal grau que nem conseguia se mexer. Precisou Wes a puxar para que corresse com ele. Não corriam muito até ouvir um grito ainda mais intenso, e o barulho pesado de um movimento de lâmina, qual Wes sabia bem identificar. Mesmo que já soubessem o que aconteceu, Wes e Nivian voltam seus rostos para a cena do guarda agora morto atirado ao chão. O monstro havia cortado sua cabeça, e tenta a colocar aonde deveria a sua, mas ao ver que não servia, a joga para longe.


Wes e Nivian sabiam que não poderiam ser mais rápidos que o monstro, e Wes se coloca à frente de Nivian, empunhando sua espada.


Nivian: Wes...


Wes: Não podemos correr mais rápido do que ele. – Segura firme sua espada – Eu vou ganhar tempo o distraindo. Por favor, corra o mais longe possível.


Nivian viu que Wes deixou o livro que pegou no templo abandonado cair. Ao abaixar-se, vê um desenho mal feito de uma coisa parecida com esse monstro. Já o monstro parecia estar olhando Wes e Nivian ali parado, não agindo daquela forma animalesca como pensaram que ia agir em atacar direto.


Wes: Sabe que a gente está aqui, né, coisa feia? – Encara o mesmo – Eu achei naquele altar que você estava um livro, ele diz muito sobre você. Parece que alguém fez questão de fazer seu diário, mas em todo caso, seu nome é Durham, certo?


Durham (Coisa): Sim, é meu nome. – Dizia com uma voz rouca e áspera, falando sempre pausadamente.


Logo em seguida, Durham galga com tudo em direção aos dois. Mesmo que Nivian tentasse o puxar para correr, Wes reluta e segue indo ao encontro do monstro, preparado para atacá-lo, mas sem saber se está preparado para morrer.


Ao se aproximarem, Durham segura seu machado e prepara-se para dar um ataque de cima para baixo, visando a cabeça de Wes. Contudo, Wes saca a tempo e coloca a espada a frente de sua cabeça, e com muita dificuldade defende-se daquela arma monstruosamente grande, tendo que apoiar sua outra mão na lâmina de sua espada para suportar o peso.


Durham: Primeira vez em muito tempo que conseguem bloquear um golpe meu. – Com uma de suas patas surpreende Wes com um chute que o ricocheteia para longe.


Wes é jogado metros de distância ao ser chutado no peito, deixando sua espada no meio do caminho, e ele deitado ao chão, tentando se levantar ainda que seu corpo doa por ter rolado diversas vezes. Nivian corre solicitamente para o ajudar.


Wes: Nivian... Eu falei para você correr!


Nivian: Nem pensar que eu faria isso! Vamos, levanta, vamos embora!


Durham: (dava um breve riso sarcástico) Garota – Fala, como sempre, pausadamente entre as palavras – Sinto rastro de magia em você.


Nivian: Por favor, nos deixe em paz. Eu te ofereço o que for preciso, encantamentos, livros, tudo. Só não machuque meu amigo, por favor!


Durham: Vocês não sabem o que é renascer como um monstro e ver sua antiga cabeça sem vida, aos poucos apodrecer. Eu preciso de uma cabeça nova, e esse moleque pela valentia merece a tentativa de ser minha nova cabeça. Se você quer sair viva, garota, me ajude a ter uma cabeça fixa.


Wes estava mal, mas conseguia ouvir brevemente o diálogo entre Nivian e o monstro. Ao se levantar, cuspindo o próprio sangue, ele volta a olhar o monstro com um olhar sério, mas agora desejando o sangue dele.


Durham: (ria) Vai tentar de novo?


Saindo em disparada para acertar o monstro, Wes vai muito mais atento aos movimentos de Durham, e também preparado para o vier, pois afinal não sabia do que ele pode ser capaz. Durham gira com uma mão só o seu machado e o faz ir com tudo. Wes a tempo pula para o lado, e o machado vinha com tanta violência que ele fica cravado no chão. Wes aproveita a oportunidade para subir no machado e andar pelo seu cabo para atacar Durham.


Durham: (vendo Wes subir pelo machado) Mas o que...


Quando menos se dá conta, Wes pulou do cabo do machado para surpreender Durham com um soco dado com tudo em seu peito. Como a pele dele era muito dura naquela parte, a mão de Wes doía, mas mesmo já contando com isso ele deu um soco de mão cheia, que mesmo sem causar dor, Durham sentia naquele soco a obstinação de Wes.


Sem que contasse, Wes é pego por um dos braços pela mão livre de Durham, que o segura pelo braço com tanta força como se fosse dilacera-lo esmagando os ossos e a carne do braço de Wes.


Durham: Bravo, jovem cavaleiro! Confesso que nem mesmo muitos dos meus antigos colegas de cavalaria eram tão corajosos como você. – Conseguia finalmente tirar o seu machado do chão, e estica o braço correspondente na horizontal – Por isso mesmo o acho digno de sua cabeça virar a minha.


Nivian olhava assustada, com medo da morte eminente de Wes, gritando pela vida do seu amigo. Por Durham não ter cabeça, sua expressão era notável em sua mão, cujos nervos superexcitados por segurar seu machado com força mostram o quão deseja a cabeça de Wes.


Durham: Agora torne-se minha cabeça!


Nivian: Não! – Gritava, a ponto de chorar.


Durham levava seu machado com tudo para golpear Wes. Vendo que o ataque era dado para o pegar com tudo, Wes jogava seu corpo para trás um pouco antes e acerta Durham com seus dois pés o chutando com tudo na boca do estômago. Wes não media forças ao afundar as solas dos seus pés em Durham, fazendo com que este interrompa o golpe para gemer de dor ao ser chutado com tanta força no estômago. Isso o faz soltar Wes no chão.


Wes: Não vou morrer dessa forma.


Ambos conseguem se recompor para novamente irem ao combate. Durham tentava atacar Wes, e o mesmo se defendia e também tentava o atacar. Ambas as armas se chocam diversas vezes, com ambos duelando tanto para atacar quanto para defender a si mesmo. O duelo entre os dois fica cada momento mais acirrado, pois ambos lutavam com igual desempenho, ao menos até Durham ficar imóvel, tentando se mexer para atacar Wes, mas este não consegue pois sente-se incapacitado de mexer-se, dando apenas leves tremidas enquanto reluta contra essa força misteriosa.


Wes: Mas o que que aconteceu?


Durham: Sua amiga está te salvando.


Wes: Mas... ? – Vira-se para trás.


Quando olha o chão, Wes se surpreende ao ver inscrições feitas em sangue aonde Nivian estava. Era como se um conjunto de símbolos formassem uma frase em um idioma qual não conhecesse. Alguns destes símbolos, inclusive, soavam familiares, como os daqueles do templo abandonado. Eles, porém, brilhavam com uma forte luz branca, e Nivian se apoiava sobre um círculo no qual todos eles estão contidos.


Wes: Nivian, o que é isso?


Nivian: Wes, agora não tenho tempo de explicar. Não vou aguentar muito tempo.


Wes: Que coisas são...


Nivian: Wes, vai logo! – Dizia acalorada pelo momento, interrompendo-o.


Durham já conseguia mexer levemente o braço, e sentia-se aos poucos mais livre para tentar se mexer.


Durham: Pelo jeito você não é muito forte, garota. Já estou até conseguindo me mexer. – Segura seu machado com mais vontade – Talvez eu vá ter que pedir ajuda a outro mago, pois uma tão fraca e inútil como você não vai me servir. MORRERÁ JUNTO DO SEU AMIGO!


Ao ouvir isso, Wes é levado pela fúria. Ninguém poderia, afinal, dirigir-se com tamanha falta de respeito para com Nivian na sua presença. Ameaçar a vida dela então, para ele foi demais. Aproveita que, ainda que relutante, Durham está imobilizado, e Wes aproveita sua guarda aberta para afundar sua espada um pouco abaixo do peito de Durham, passando pelo seu diafragma.


Wes: Ninguém ameaça meus amigos desse jeito na minha frente! – E pega a baixa de sua espada, dando um pulo com ela.


Com uma mão na espada e a outra se apoiando no corpo de Durham, Wes joga-se seu corpo com o salto que dá, fazendo a espada subir e rasgar o seu peito, passando pelo meio dos pulmões também, e antes de cair, o coração. Durham apenas cai no chão, perdendo a consciência, com seus músculos relaxando por completo, enfraquecidos, como se nada mais os animasse para que seu corpo pudesse se mover. Os símbolos de Nivian para de brilhar, e ela vai até Wes.


Nivian: Wes! – Corria para socorrer o amigo – Está tudo bem com você?


Wes: É... eu acho que sim. Meu braço direito ainda dói muito, e meu corpo também por conta daquela hora que rolei. Talvez tenha quebrado alguma costela, sei lá.


Notavam que o corpo de Durham não respondia a nenhum estímulo, o que deixa Wes confiante para tirar a espada dali do meio do peito dele. Durham agora estava morto, ali deitado com os braços estirados ao chão, e suas pernas encolhidas entre si, pois sua parte inferior era como a de um cavalo.


Vendo que seu amigo estava fisicamente desgastado pela luta, Nivian o abraça de lado.


Wes: O que está...


Nivian: Vamos para a minha casa. Meu vô poderá tratar de seus machucados.


Wes: Tudo bem, eu vou sim. – Sorria para ela, contente em terminarem bem.



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Autor(a): d._w._chambler_

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Ao chegarem a sua casa, Nivian, juntamente de Wes, contam o que aconteceu para o avô dela, um homem de uns setenta anos, com um jeito que lhe transparece de um típico bom senhor. Ele possui cabelos grisalhos e curtos, com a testa bem a mostra, ganhando um pouco mais de volume nos cantos da cabeça. Junto ao cabelo, seu rosto era mais coberto pela sua barba ...



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