Fanfic: O Nascer dos Monstros | Tema: Gótico, fantasia sombria, drama
Ao chegarem a sua casa, Nivian, juntamente de Wes, contam o que aconteceu para o avô dela, um homem de uns setenta anos, com um jeito que lhe transparece de um típico bom senhor. Ele possui cabelos grisalhos e curtos, com a testa bem a mostra, ganhando um pouco mais de volume nos cantos da cabeça. Junto ao cabelo, seu rosto era mais coberto pela sua barba igualmente grisalha, que com seu bigode cobriam seu rosto abaixo do nariz.
Por conta do cansaço e do toque de recolher severo, Wes acaba dormindo na casa de Nivian, tendo o avô dela preparado o quarto de visitas ali para o receber. Dormindo, Wes se lembra dos cadáveres vistos no templo abandonado no dia anterior, o conteúdo daquele livro misterioso e, mais assustadoramente, o encontro com aquele monstro horrendo do Durham, qual ele matou de noite. Algo que lhe chama a atenção durante o sonho é se perguntar sobre aqueles símbolos que Nivian fez, e que brilharam e de uma forma inexplicável imobilizaram provisoriamente Durham, lembrando dele dizer para ela “Garota ... sinto rastro de magia em você”. Wes também lembra que, um pouco antes de matar Durham, ele disse para Nivian que “Talvez eu vá ter que pedir ajuda a outro mago”. Outro mago? Então insinuou que Nivian seja uma, e aqueles símbolos que ela fez no chão só corroboram com Wes afirmar isso.
Wes acordava com a luz da manhã passando pela janela daquele quarto de visitas em que estava. Como a cortina estava semiaberta, a luz passava pelo vidro e batia em seu rosto, esquentando até que a sensação do calor em seu rosto o imbuísse a acordar.
Wes: Mas, ué... – Dizia ainda sonolento, pondo a mão em frente ao rosto – Aonde que estou?
Capítulo 2 – Visitas Saudosas
Ao acordar, Nivian o leva para comer junto ao seu avô, um senhor chamado Gaston. Ele serviu a mesa com uns pães, grãos e umas frutas servidas sobre a mesa de madeira totalmente descoberta. Afinal, trata-se de um lar modesto, não de uma casa de nobres ou burgueses, de onde se esperam mesas mais decoradas e comida mais suntuosa. A comida é simples.
Gaston: Bom dia, Nivian, e bom dia, Wes.
Ele dizia enquanto com uma mão segura o jornal que lê, e com a outra, mordia uma maçã. Nivian e Wes sentavam um ao lado do outro, porque o acento era uma única tábua de madeira, na qual não havia divisa para cada um se assentar individualmente. Nivian pega um cacho de uvas e vai se servindo, levando uma a uma em sua boca. Wes pega um dos pães que estava numa travessa de cerâmica, mas fica o olhando, quieto.
Nivian: Wes, está tudo bem com você?
Wes: Sim, estou...
Gaston: Nivian, não gostaria de falarmos sobre ontem?
Nivian: Sim... Sim... eu quero, eu acho!
Ela falava de uma forma acanhada, mas percebia que seu avô queria conversar sobre ontem: depois de Wes foi dormir, ela e seu avô conversaram sobre o fato dela usar magia para imobilizar o monstro, o que ele a princípio se mostrou contente por salvar a vida do amigo tão querido, mas preocupado por outra série de fatores. Ele estava disposto a por as cartas na mesa sobre essa questão agora no café da manhã, e ela sabia disso.
Wes: Aquilo que eu vi ontem foi real, Nivian? – Pergunta virando o seu rosto para ela – Ou foi alguma espécie de estresse pela situação, ou eu vi e ouvi coisas?
Ao lançar as perguntas, Wes vira seu rosto para olhar Nivian, e descendo mais o seu olhar para olhá-la, percebe seu dedo machucado, com um corte já enrolado com um pano.
Nivian: (largava o seu cacho de uvas junto às outras frutas) Sim, eu não posso esconder isso de você. Quando eu fiz aquilo no chão, eu mordi meu dedo para fazer aqueles sigilos com meu sangue. Eu sei que é ilegal...
Sem conseguir terminar de falar, ela segura a mão de Wes com força, e tanto seu modo de falar quanto a expressão tensa de seu rosto mostram um medo muito maior do que eles sentiram na noite anterior com Durham.
Wes: Eu não me importo que a prática da magia seja ilegal em Albiônia. – Vendo o estado emocional dela, a abraça de lado – Você salvou minha vida. Eu não iria aguentar muito tempo lutando contra ele...
Gaston: Porém você precisa manter segredo. Não conte a ninguém.
Wes: Sobre ela? Claro, senhor Gaston... – Dizia desconcertado – Eu não falarei nada sobre a Nivian ser uma maga.
Gaston: Não apenas sobre ela, mas sobre nós.
Nivian: (de cabeça baixa, encostada no braço de Wes) Desde que a prática da magia foi proibida há quinze anos, as pessoas mudaram seu tratamento com a magia. Mesmo quando usamos para o bem, elas nos denunciam, e a lei não tem a menor piedade em nos punir.
Sem dizer mais nada, Nivian só começava a chorar. Como as mangas da camisa vermelha de Wes eram curtas, mal cobrindo seus bíceps, ele sentia Nivian virar seu rosto avermelhado de tanto chorar, e sentia as lágrimas terem contato com sua pele. Ver aquilo cortava seu coração. Seu treinamento de cavaleiro o ensinou a ser vigilante quanto as leis e fazer com que se cumpram, mas os valores da cavalaria de protegerem os mais fracos se fazia mais alto. Ele sabe o quanto Nivian é uma boa pessoa, e seu avô também, e confia em sua promessa de não denunciá-los.
Wes: Por favor, não chore, Nivian... – Ele leva sua mão na nuca dela.
Gentilmente ele coça a cabeça dele com a ponta de seus dedos, para que seu cafuné a traga algum conforto.
Gaston: Terminem de comer. – Ele se levanta, retirando-se da mesa – E quando terminar, Wes, vou querer conversar com você.
Tentam aliviar aquele momento triste comendo. Nivian até tentava comer alguma coisa, mas Wes praticamente perdeu a fome. Ele estava ansioso para saber o que Gaston queria conversar com ele. Sente-se culpado por fazer Nivian chorar daquele jeito, pois por mais que ela tenha usado magia para o salvar, mas sabe que isso poderia coloca-la em problemas.
Essas inquietações fazem com que Wes se levante, e dirige-se até o cômodo ao lado, aonde estava uma mesa de estudo e uma biblioteca grande. Ele já sabia que Gaston possuía uma biblioteca em casa. Para alguém da plebe, ele possuía até que livros demais, embora quase todos fossem bastante velhos. Um deles estava diante da mesa, na qual ele estava sentado.
Wes: Eu me sinto muito culpado de criar esse clima aqui. – Dizia de cabeça baixa.
Gaston: Não se sinta, Nivian teria o feito ainda que fosse presa. Ela não deixaria alguém com que se importe morrer diante dos olhos dela...
Wes: Mas você parece bravo com ela.
Gaston: Bravo eu não estou, porque o que ela sabe eu ensinei justamente para que ela salve vidas. Só estava preocupado de você poder falar alguma coisa, ou talvez alguém ter visto ela usar magia, se bem o local aonde você e o monstro lutaram, ao que me parece, era um lugar aonde de noite não há muitos moradores. A maioria das casas só abrem de dia como estabelecimentos comerciais.
Wes: Eu não faria isso, e se não sabe, agora está sabendo.
Gaston: Tem um motivo para ela estar chorando daquele jeito, é por causa dos pais dela.
Wes: Ela me contou sobre os pais dela.
Gaston: Sim, a mãe dela, que era minha filha, foi descoberta, isso quando morávamos em Wridges. O pai dela e o irmão dela foi também levado acusado de esconder um mago, e como ele era um arqueiro, foi acusado também de traição à pátria. Você como é um aprendiz de cavaleiro sabe os juramentos que vocês fazem, e o dos arqueiros é o mesmo.
Wridges é uma cidade no litoral de Albiônia. Fica mais ou menos uns 154 quilômetros de Dermouth. É, por sinal, a cidade natal de Nivian e o seu irmão.
Wes: Agora entendo o porquê de ela ser tão fechada.
Gaston: Tem isso e mais o irmão dela.
Wes: Aconteceu algo com o irmão dela também? – Pergunta com bastante preocupação.
Gaston: Não, ele está bem... – Buscava em seu raciocínio as palavras certas – Mas a morte dos seus pais o deixou ainda mais fechado. Meu neto tornou-se uma pessoa afastada das outras, um tanto agressivo.
Wes: Entendo. Ele também sabe magia? Tipo, sabe... assim como você ensinou a Nivian.
Gaston: Sabe, e muito bem. Ele é um prodígio, aprendeu tudo o que pôde comigo com mais facilidade e eficácia do que a Nivian e a mãe deles junto.
Wes: Eu entendo... – Tirava um livro de sua bolsa na coxa – Senhor Gaston, eu só poderia pedir um favor? Achei esse livro ontem, e pelo visto foi escrito pelo mago que havia selado o Durham, sabe... antes de eu matar ele ontem.
Gaston: Traga-me ele – Estendia a mão para que Wes o fizesse – Nivian me falou deste livro, deixe eu analisar.
Wes tirava aquele livro velho que achou ontem no altar abandonado, trazendo-o para que Gaston possa folhear as páginas bem amareladas e desgastadas.
Gaston: O mago que fez isso pelo visto era bem amador. Qualquer mago amador mal intencionado poderia o libertar.
Wes: Mas ele o colocou em uma estatueta de argila, mas quando eu e o Jarin fomos ao altar ela estava toda quebrada.
Gaston: Isso é mais grave ainda. Ele deveria ter se preocupado em colocá-lo em algo mais resistente, ainda que tivesse que usar mais magia para reforça-lo. Mas não culpo quem fez isso, deve ter se preocupado em se livrar do monstro logo... – Parava de virar as páginas para ficar olhando uma mais tempo. – O que é compreensível, afinal, até os monstros como ele mais fracos causam problemas para os seres humanos que não usam magia.
Ao ouvir isso, Wes se lembra que mesmo que ele estivesse lutando de igual contra Durham, conseguindo contra-atacar, sentia que ele era muito mais forte, e se não fosse pela intervenção de Nivian, certamente eles dois estariam mortos agora. Lembra também de Durham se referindo a Nivian, chamando a atenção para sua magia.
Wes: Gaston, eu lembro do Durham conversando com Nivian ontem a respeito dela ser uma maga. Ele disse que sentia um “rastro de magia nela”. Você poderia me dizer o que isso significa?
Gaston: (fechado o livro) Nós magos, conforme usamos magia, deixamos como se fosse... como posso dizer... vestígios de energia sobre a gente que sempre ficam quando usamos magia. Isso pode ser bom para nós, pois podemos detectar outros magos, mas é ruim para os monstros como Durham, que podem nos identificar, muitas vezes há quilômetros de distância.
Wes: Entendo...
Gaston: Estou indo trabalhar agora. – Se levanta da cadeira – Quer que o deixe na sua casa ou na Escola de Cavaleiros?
Wes: Não, obrigado – E já vira-se para sair daquele cômodo – Vou andando mesmo.
Gaston: Se não for pedir demais, gostaria que você passasse aqui amanhã.
Wes: (parava para ouvi-lo) Tudo bem, eu venho amanhã aqui.
Gaston: Esteja aqui em torno das nove horas da manhã.
Wes confirma sua presença programada para amanhã na casa de Gaston e Nivian. Ele retira-se pegando sua espada e vestindo o seu colete por cima da camisa. Wes iria para a Escola de Cavaleiros, mas primeiro passava em sua casa para ver sua tia e seus irmãos. Como ele não morava tão longe da casa da Nivian – moram, na verdade, no mesmo bairro – ele não demorava a chegar em sua casa, surpreendendo-se ao ver Caradoc na porta de sua casa, conversando com sua tia, uma mulher de corpo largo e inchada pela idade, tenho uns 40 ou 50 anos.
Tia do Wes: Aí está você, garoto? – Ela estava enérgica – Aonde estava ontem a noite que você não voltava?! Deixou a mim e seus irmãos preocupados. Só não te dou uma surra porque isso você já leva todo dia na Escola, e depois dessa é bom que leve muitas!
Wes (sorria meio sem jeito, e pensa: Mesmo se eu for para uma guerra jamais vou ver alguém me por tanto medo quanto a minha tia Hilda)
Caradoc: E esses machucados, Wes? Andou treinando demais ou por um acaso se meteu em alguma briga?
Wes: Para ser sincero fui eu quem matei o monstro ontem.
Caradoc: Você? Uau, meus parabéns. – Aparentemente ele acreditava, aplaudindo-o – Bem que os guardas noturnos que entrevistamos disseram ver um garoto lutando contra aquele monstro horrível, mas precisará contar mais detalhes.
Wes: Por mim tudo bem. – Vira-se para ver sua tia – E me desculpe pela preocupação que te dei. Saindo de lá eu irei direto para casa.
Hilda (Tia do Wes): Bom mesmo, se não quando eu te ver vai ficar tão quebrado que terá que dizer adeus à sua carreira de cavaleiro.
Wes: Calma tia – Dava um sorrisinho pra tentar acalmá-la – Voltarei sim.
Como já estava por ali, Caradoc aproveita para voltar juntamente de Wes para a Escola de Cavaleiros, para que lá ele possa contar melhor sobre sua luta com o monstro.
Caradoc: A sua tia ficou muito preocupada com você.
Wes: Eu já pedi desculpas!
Caradoc: Não estou te dando sermão, apenas fico feliz de ver ela dando duro para cuidar de vocês e seus irmãos... Para ser sincero, ainda me lembro de você quando se matriculou aos sete anos de idade. Era uma criança determinada, desde sempre valente. Hiperativo também, preguiçoso muitas vezes, mas também estava aflito com a perda de seus pais, e também preocupado com os seus irmãos.
Wes: Isso é verdade. Isso foi não muito tempo depois da minha mãe morrer, no parto do meu irmão caçula ainda por cima. Eu tinha sete anos, e meu irmão do meio apenas quatro.
Junto a Wes, sua tia Hilda cuida de seus dois irmãos mais novos: o do meio tem em torno de 15 anos de idade, já o mais novo apenas 12 anos.
Caradoc: Sei como é ter alguém para te acolher. Perdi meu pai quando ainda era criança. Talvez nem tão criança, já tinha uns 10 anos. Minha mãe viveu até meus 25 anos, levada por uma doença que os médicos não conseguiram curar.
Wes: E quem te acolheu?
Caradoc: Primeiramente, Albion, o senhor desta nação. Depois disso, meus amigos e irmãos de batalha, como também muitas dessas pessoas queridas para mim nesta cidade.
Wes: E no meu caso, minha família, e claro, meus amigos. – Passa em sua mente uma imagem de todos eles – E claro, você me ajudou muito. Devo muito do que sou ao que você, como outros cavaleiros, mas principalmente você, me ensinaram.
Caradoc dava um sorriso largo em seu rosto, comovido de certa forma com o que Wes dizia.
Caradoc: Não foi nada. Lembro de alguém me dizer que um escultor certa vez diz que o trabalho dele é fruto do quão ele sabe trabalhar lapidando a pedra, mas tem pedras que são melhor lapidáveis do que outras.
Wes: Tá, e o que quer dizer com isso?
Caradoc: Apenas te incentivamos a se aprimorar. Sua vontade de fazer algo pela sua família, bem como os laços com os amigos que fez ao longo do tempo. Por isso acabei me identificando com você.
Ao chegarem na Escola, Wes contava como que foi a luta, tendo, claro, de omitir a ajuda de Nivian. Ou melhor, ele sequer citou que Nivian estava com ele. Disse apenas que a acompanhou até a casa dela, e contou que a luta contra Durham aconteceu na volta.
Feito isso, ele vai para o pátio de treinamento, aonde ele conversando com Jarin e Sadon, juntamente de outros aprendizes, ele mostra sua espada suja de sangue. Conservam sobre, mas logo começavam a falar sobre trivialidades. Eles riam por um tempo de suas conversas, mas ao olharem para o céu e verem que estava ficando tarde, concordavam em voltar a treinar ao menos um pouco. O quanto pudessem.
O resto do dia foi um dia normal na vida de Wes. Como ele ficou lá a tarde toda, nem viu mais a Nivian desde o café da manhã na casa dela, e portanto hoje ele não a acompanhou como de costume. Foi, ao invés disso, direto para casa, recebendo sua tia e seus irmãos com um abraço bem forte, e com eles jantando. Como aquela noite estava fria, Wes tirava sua camisa para se sentir mais a vontade em casa, algo que por sinal ele faz quase que instintivamente.
Hilda: O que é isso no seu braço?!
Wes: (olhava seu braço) Ah, isso? Foi lutando contra o monstro ontem. Ele me puxou com força pelo braço. Afinal, foi por isso que o pessoal na Escola hoje acabou se convencendo que de fato eu lutei contra ele e não estava querendo atenção.
Irmão mais novo de Wes: Mas poderia ser alguém fazendo isso em você.
Wes: E por um acaso existe pessoa com uma mão desse tamanho?
Teve uma noite normal com sua família. Sua tia falava do trabalho de vendedora o dia todo para os seus sobrinhos, falando dos clientes e fofocando sobre o que conversava com os colegas de trabalho e os vendedores por perto. Wes, por sua vez, tinha uma conversa mais assistencialista e recreativa com seus irmãos: falava sobre amigos, garotas, lidar com broncas a serem aceitas ou lidar com pessoas que estejam ou não os provocando. Claro, ele fazia isso sem perder o bom humor, afinal, era como o homem da casa.
Ficava tarde, e todos iam dormir. Wes e seus irmãos dividiam o quarto, cada um dormindo em uma cama, cada uma do lado da outra, sendo a do Wes a mais próxima da janela. Diante das camas estava o armário, na mesma parede aonde se situa, ao lado dele, a porta. Wes estava coberto e com uma camisa de manga comprida cor marrom, meio aberta no peito, mas com fios quais elas possam alargar ou não a gola. Ele está com as mãos debaixo da cabeça, olhando pensativo para o teto.
Ele pensa nas palavras que teve com Caradoc mais cedo, quando ele chamou a atenção para “sua vontade de fazer algo pela sua família, bem como os laços com os amigos que fez ao longo do tempo”. Lembra, associando a isso, à Nivian chorando mais cedo. Deixava-o mal ver aquela garota sempre tão meiga e contente ficar daquele jeito. Até contra Durham ela parecia ser mais corajosa, mas o fato dela ser descoberta como praticante de magia junto ao seu avô a fazia implorar pela vida. Wes viu isso naqueles olhos embargados de tristeza, e por isso, promete para si mesmo guardar o segredo deles.
Acaba finalmente dormindo. Acaba acordando quando está amanhecendo, com a alvorada dando seus primeiros sinais, transformando aquele negrume do céu noturno em um azul meio desbotado, que aos poucos vai se tornando mais vivo, e que faz as estrelas e astros do céu noturno sumirem como se sua luz fosse apagada pelo dia que está por vir. Só de olhar ele sabia que estava amanhecendo, e decidia se levantar do mesmo jeito, preparando-se para se arrumar. Ele ia ao banheiro apenas passar uma água no corpo, e minutos depois volta ao seu quarto para se arrumar.
Irmão do meio: (acordando) O que está fazendo já em pé uma hora dessas, Wes?
Wes: Prometi passar na casa do senhor Gaston, vou pegar uma coisa lá.
Terminando de se arrumar, ele vai ao quarto de sua tia Hilda se despedir com um beijo no rosto dela, e ela acaba acordando com aquilo, e aproveita para fazer o café da manha dos seus irmãos, enquanto que Wes vai para a casa do senhor Gaston. Como naquele dia não haveria treino, Wes estava sem seu colete armadura, mas como de costume andava com suas espada.
Não devorava muito para que andando a pé chegasse finalmente na casa da Nivian, batendo a porta aguardando ser atendido. O azul do céu já prevaleceu no alvorecer, logo já era de dia. Gaston o olhava, e dava um sorriso carismático.
Gaston: Pelo visto eu não sou o único quem gosta de acordar cedo.
Wes: (boceja) Acredite, eu meio que não queria dormir hoje.
Gaston: Pelo visto ficou sem sono. – Dava espaço – Entre, por favor. Me fale por que não conseguiu dormir.
Ouvindo o pedido solícito de Gaston, Wes entra em sua casa, vendo uma mesa de café da manhã já mais ou menos posta, porém, havia apenas uma tigela de cerâmica com um pedaço de pão imerso em grãos. Gaston, fechando a porta, conduz Wes para que se sente com ele.
Wes: Foi justamente pelo clima de ontem de manhã. Não quero que me olhe com desconfiança, e menos ainda a Nivian. Afinal, não quero nem perder a amizade dela...
Conversava com Gaston com as mãos apoiadas na mesa, uma segurando a outra. Dava para notar em sua expressão corporal o quão estava remoído por guardar aquela sensação desconfortante o dia inteiro. Ele apertava suas mãos como se fosse esmagar uma com a outra. Vendo aquilo, Gaston leva sua mão em cima da dele, e sorri.
Gaston: Eu confio em você, Wes. Com os anos a gente aprende a identificar as pessoas, e você ama demais seus amigos para colocar um deles em perigo.
Wes: E se não for pedir muito eu gostaria de te pedir um favor.
Gaston: E qual seria?
Wes: Me ensine o que souber de magia. Não precisa ser muita coisa, mas o que achar que eu deva saber, ou o que...
Gaston: Wes – Seu tom agora era mais sério – Magia não é uma coisa que se aprende do dia para noite, e requer anos de estudo, como também de prática.
Wes: Sei muito bem, mas ainda sim quero fazer algo por quem eu possa me importar, tipo evitar que monstros causem problemas.
Gaston: Não é tão fácil...
Wes: Você disse que os monstros como o Durham podem identificar magos há quilômetros de distância, certo? Por ser que outros possam aparecer aqui por causa sua e da Nivian, se é que o Durham não veio até Dermouth por causa disso. Não precisa me ensinar a usar direito, apenas peço para que sei lá, me ensine a fazer uma barreira para manter a cidade segura, ou uma armadilha para pegar qualquer mostro que possa aparecer...
Gaston: Tudo bem, eu irei te ensinar. – Cortava o pão com sua mão, para pegar o pedaço e o levar até sua boca para comer – Afinal, vai precisar saber algumas coisas, ao menos teóricas. Te chamei hoje para me ajudar com umas visitas.
Wes: Que ajuda? Visitas? Me fale melhor sobre isso!
Gaston: Eles são netos de um amigo que eu tenho de muito tempo. Estão vindo passar um tempo aqui comigo, e eu os instruirei a se aprofundarem em seus estudos. Eles sabem lutar, poderia ensiná-los a treinar.
Wes: Lutar contra magos? Já pressinto que vou sair machucado. Só peçam para que não me transformem em nada.
Gaston segura o riso ao ouvir aquilo.
Gaston: Fique tranquilo, ninguém transforma assim as coisas do nada. Só magos poderosíssimos fazem isso, e não é só com um estalar de dedos ou recitar palavrinhas mágicas como muitos pensam.
Wes: E como os magos fazem... sabe, magia?
Gaston: Sabe aqueles símbolos que você disse ter visto naquele templo no meio da floresta?
Wes: Sei, a Nivian fez alguns para imobilizar o Durham durante nossa luta.
Gaston: Então, os magos precisam usá-los. Os símbolos individualmente possuem fins próprios, mas usados com outros símbolos, seu poder se amplia segundo o que eles em conjunto podem permitir ao mago fazer.
Wes: Isso é muito confuso para mim. Explique devagar, por favor.
Gaston: Pense como se fossem as letras do alfabeto. Sozinhas elas não possuem tanto uso, mas todas em potencial permitem que todas as palavras de um idioma possam ser escritas. Com os símbolos, quais nós chamamos de caracteres, é a mesma coisa.
Wes: Então os símbolos que vi no altar...
Gaston: Cada um deles tinha um propósito.
Wes: Parece ser complexo de entender.
Gaston: Com o tempo pega o jeito. – Se levanta – Vamos, vou te mostrar alguns livros bem introdutórios que eu tenho. Tenta dar uma estudada até meus visitantes chegarem.
Como Gaston havia pedido, Wes se levanta para ir até a sua biblioteca, e aos poucos Gaston coloca alguns livros sobre sua mesa para que Wes vá os consultando, procurando absorver algumas noções básicas da magia passadas por Gaston. Ele quebra a cabeça tentando fazer alguns conceitos mais complexos entrarem em sua cabeça, mas sorvia aqueles mais simples com mais eficácia.
Passavam-se as horas, já era de tarde. Gaston estava fazendo o almoço para ele e Nivian, e inclusive os chama para comerem. Nivian estava em seu quarto, lendo uma estória. Provavelmente era um romance ou uma poesia. Por sua vez, Wes estava prendado em seus estudos introdutórios em magia. Seu cérebro fervilha de tanto ficar detidamente aderindo aos conteúdos e a linguagem nova, como se seu cérebro ficasse farto de conteúdo. Seu corpo também precisava se alimentar, dando-se conta disso com seu estômago roncando. Nessa hora, o chamado de Gaston para o almoço é como o atender de uma prece.
Wes: (levanta-se aliviado) Finalmente!
É então que ele ia junto de Nivian para a cozinha. Ambos sentavam-se juntos naquela mesa bem servida com uma costela bovina bem assada na brasa, junto de legumes cozidos e uma travessa grande com salada.
Nivian: Vô, você caprichou hoje.
Wes: Que isso, o Gaston tem a melhor comida que eu conheço. Minha tia que não escute isso, claro.
É então que batem a porta de Gaston. Ele ouvia uma voz juvenil de uma garota, que dizia “Gaston, está aí? Somos nós, já chegamos”. E então que ele se levanta, pedindo para que sua neta e o Wes esperassem-no por uns instantes, pois chamaria os recém-chegados visitantes para se sentarem junto deles. E então ele vai até a porta receber os visitantes que tanto esperava.
Abre a porta, e vê três jovens, com algumas semelhanças no rosto que expunham o seu indiscutível parentesco. Eram bem vestidos, aparentemente burgueses, e atrás deles estava uma carroça com dois cavalos. Mais próximo da porta estava uma bela garota um pouco mais velha do que Wes e Nivian, com um longo e liso cabelo negro até um pouco abaixo da cintura, com um corpo magro porém com seios e busto médios, nariz e lábios finos, mas que formavam um apreciável sorriso em seu rosto. Junto ao seu sorriso, percebia-se suas íris castanhas claras. Seu nome é Cecilia, a filha do meio.
Junto dela estavam dois rapazes. Um era mais alto, com o cabelo castanho claro bem aparado e curto, revelando bem sua testa e as orelhas. Possui ombros largos e braços fortes. Com certeza ele possui treinamento em combate, e Wes ao vê-lo pela porta nota que nem mesmo alguns cavaleiros possuem aquele preparo físico. Seu nome é Hadrian, e é o irmão mais velho.
Por fim o filho mais novo, que estava ao lado do Hadrian. Ele possui cabelos lisos e castanhos claros, formando um pouco de volume na parte de cima da cabeça por serem espetados. Suas íris são praticamente da cor do cabelo, castanhas claras. Possui um corpo magro como o da irmã, mas em compensação os traços fortes no rosto com os do irmão. Seu nome é Gavin, o irmão caçula dos três.
Gaston: Entrem, por favor. – E saía de casa, indo até a carroça – Vou levar os seus cavalos para descansarem nos fundos.
Com o pedido de Gaston, os três jovens entravam na casa, e ficam em pé, olhando Wes e Nivian. Gavin lança um olhar admirado em direção de Nivian, e com seu jeito bastante charmoso – porém, atirado – se aproxima dela, cumprimentando-a com um aperto de mão e um beijo no dorso dela em seguida.
Gavin: Olá, prazer. Você deve ser a neta do senhor Gaston, certo? – Usava de seu charme – Eu sou Gavin Ashgates, e você, bela senhorita, como se chama?
Wes ao ver aquilo, lança um olhar sério para Gavin. Percebia-se um inocultável ciúme por parte de seu olhar. Pelo visto, mais uma gracinha daquela e ele apontaria sua espada no rosto de Gavin. Mas isso não se fez necessário: Cecilia se aproximou para puxar seu irmão caçula pelo ombro para que ele pare de se engraçar para cima da Nivian, e Hadrian em seguida se apresenta com o devido decoro, que é muito mais cavalheiresco que o seu irmão.
Hadrian: Perdoem nosso irmãozinho. – Cumprimentava Nivian com um aperto de mãos e depois faz o mesmo com Wes – Eu me chamo Hadrian.
Cecilia: (acenando para os dois) E eu me chamo Cecilia.
Gavin: E você, garoto? Como se chama?
Wes: Eu me chamo Wes.
Gavin: É o namorado dela?
Ambos ficam sem graça com a pergunta. Nivian cora o rosto e abaixa a cabeça, negando ao movimentá-la para os lados. Wes negava com as mãos e a cabeça indo de um lado para o outro.
Wes: Na-na-na-na-não... Somos só amigos... – Se explicava, ainda nervoso – E mais, Gaston está me ensinando magia.
Hadrian: Vejo que tem uma espada na sua cintura. Me diga, é cavaleiro?
Wes: Na verdade aprendiz.
Gaston entrava pelos fundos da casa, pois lá atrás, na parte de fora, havia um jardim aonde ele poderia deixar os cavalos e a carroça, perto de uma pequena plantação que ele possui no seu jardim.
Gaston: E com ele quem vocês irão treinar.
Wes: O quê? Eu contra eles? – Aponta para Hadrian, e depois Cecilia. – Olha o tamanho desse cara, no mano a mano ele me quebra. E mais, eu não vou lutar contra uma garota.
Cecilia: Deixa de ser machista, nem será para valer.
Gaston: Uma mão lavará a outra. – Dizia pausadamente para ser melhor ouvido – Wes, você quer aprender magia, certo? Poderá praticar com eles, e aprendendo aos poucos com eles. Já eles não possuem tanto treino em luta, você como aprendiz de cavaleiro poderá suprir a necessidade deles.
Nivian: E vovô, você me disse que eles são netos de seu amigo... qual amigo?
Gaston: Não sei o quanto eles se apresentaram, mas o Hadrian, Gavin e a Cecília são da família Ashgates. São netos de um amigo meu, o Caleb. São lá de Buckton.
Nivian: E como ele é? Sabe tanto quanto você? Como o conheceu?
Gaston: Sim, ele é tão habilidoso como eu. Bem, ele era. E nos conhecemos, bem... faz muito tempo. Éramos mais jovens do que vocês, tínhamos uns 16 ou 17 anos.
Hadrian: Não sei se já foi informado, senhor Gaston, mas nosso avô morreu já há uns anos.
Gaston: Sim, eu fui informado. O pai de vocês me escreveu uma carta avisando. Inclusive, quando puderem mandem lembranças para ele.
Gavin: Conhece nosso pai?
Gaston: O conheci quando criança, e depois disso o vi poucas vezes. Vocês em compensação é a primeira vez que os vejo. – E se aproxima da mesa para se sentar – Por favor, venham comer com a gente, devem estar precisando.
Atendendo ao pedido de seu anfitrião, os irmãos Ashgates juntam-se a eles na mesa, sentando-se junto de seu novo instrutor e com Nivian e Wes que ali já estavam. Aquele almoço serviu como confraternização, no qual Gaston recebia em sua casa os netos de seu estimado e falecido amigo, como também junto deles o seu novo pupilo, o já conhecido Wes.
Autor(a): d._w._chambler_
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Em uma floresta, durante a noite, uma carruagem passava enquanto chovia. A chuva não era tão forte, o que permitia melhor visibilidade ainda que fosse no escuro. Era uma bela carruagem, movida por um sadio e veloz cavalo que puxava aquela bastante suntuosa carruagem, com um cocheiro muito bem vestido puxando as rédeas que conduzem o cavalo. Com certeza & ...
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