DULCE
Christopher não diz um ai enquanto conto o que aconteceu entre mim e seu pai. Estamos no meu quarto, porque a arena fica mais perto dos alojamentos do que da sua casa, e ele estava com pressa demais para ter essa conversa. Mas tudo o que fez até agora foi ouvir atentamente, os braços cruzados e a testa franzida, à medida que praticamente vomito a confissão.
Não consigo parar de falar. Recito as ameaças do pai dele palavra por palavra. Explico por que o obedeci. Peço que entenda que fiz isso porque o amo e quero que seja bem-sucedido.
E, durante todo esse tempo, Christopher não diz nada. Nem sequer pisca.
“Fala alguma coisa, pelo amor de Deus!”, murmuro, ao terminar de contar tudo e ainda encontrar o seu silêncio.
Seus olhos cinzentos estão fixos no meu rosto. Não sei se está com raiva ou irritado, se está decepcionado ou chateado. Todas essas emoções fariam sentido para mim.
Mas o que vem a seguir?
Não faz o menor sentido.
Christopher começa a rir. Risadas profundas e roucas que me fazem franzir os lábios. Sua testa relaxa, e ele deixa os braços caírem para os lados e senta na cama ao meu lado, os ombros imensos tremendo de contentamento.
“Você acha isso divertido?”, indago, genuinamente ofendida.
Passei um mês inteiro definhando de tanta tristeza, e ele acha graça?
“Não, acho que é uma pena”, responde, entre as risadas.
“O que é uma pena?”
“Isso.” Gesticula de mim para ele. “Você e eu. Perdemos a merda de um mês inteiro.” E solta um suspiro pesado. “Por que não me contou?”
Minha garganta se fecha. “Porque sei o que você diria.”
Outra risada salta de sua boca. “Duvido muito, mas tudo bem, vamos ver. O que eu diria?”
Não entendo a estranha reação petulante, e isso está me deixando inquieta. “Você falaria que não está nem aí que seu pai corte o seu dinheiro, porque não iria deixá-lo controlar você ou nós dois.”
Christopher assente. “Sim, está no caminho certo, por enquanto. E o que mais?”
“Aí teria dito que se preocupa mais comigo do que com a porcaria do dinheiro dele.”
“Aham.”
“E teria deixado que ele cortasse o dinheiro.”
“Certo de novo.”
Meu estômago dá uma guinada. “Ele disse que você não pode pedir bolsa e que não conseguiria um empréstimo bancário.”
Christopher faz que “sim” com a cabeça mais uma vez. “As duas coisas são verdade.”
“Você ia ter que limpar a poupança para pagar a matrícula do ano que vem e… e aí? Nós dois sabemos que não pode bancar o aluguel, as suas despesas e o carro sem trabalhar, o que significa que precisaria arrumar um emprego e…”
“Vou interromper você aí, gata.” O sorriso que me oferece é de uma ternura infinita. “Certo… vamos voltar um pouco. Eu deixo meu pai cortar o dinheiro. Pergunte o que eu diria em seguida.”
Mordo a bochecha por dentro. Um pouco forte demais, então alivio a dor com a língua. “O quê?”
Christopher se aproxima e corre os dedos por meu rosto. “Eu teria dito: ‘Não se preocupe, gata, em poucas semanas completo vinte e um anos, e meus avós me deixaram uma herança à qual tenho acesso desde o dia 2 de janeiro’.”
Inspiro fundo, espantada. “Espera aí… o quê?”
Ele belisca de leve meu lábio inferior, balançando a cabeça, frustrado. “Meus avós me deixaram uma herança, Dulce. Meu pai não sabia, porque minha mãe assinou tudo às escondidas. Minha avó e meu avô odiavam o filho da puta — odiavam mesmo — e perceberam como ele podia ser controlador quando o assunto era eu e o hóquei. Ficaram com medo de que ele pudesse tentar usar o dinheiro como bem entendesse, por isso se certificaram de que iriam cuidar de mim. Deixaram dinheiro suficiente para eu pagar ao meu pai de volta tudo o que ele gastou comigo. O suficiente para bancar o restante da minha educação, todas as minhas despesas e, provavelmente, me sustentar por alguns anos depois de me formar.”
Minha mente dá voltas. Tenho dificuldade de processar a informação. “Sério?”
“Sério”, confirma.
À medida que vou assimilando a importância do que acabou de me explicar, sou invadida por uma onda de puro horror. Minha Nossa Senhora. Christopher está mesmo falando que terminei com ele à toa?
Ele vê a expressão em meu rosto e ri. “Aposto que está se sentindo muito burra, não é?”
Fico boquiaberta, mas não consigo encontrar as palavras. Não acredito… Eu… Nossa, ele tem razão. Que burra que eu sou.
“Estava tentando fazer a coisa certa.” Solto um gemido desesperado. “Sei a importância que o hóquei tem para você. Não queria que perdesse isso.”
Christopher suspira de novo. “Eu sei, e confia em mim, esse é o único motivo que me faz não estar chateado com você agora. Quer dizer, tô com muita raiva que não tenha simplesmente falado comigo sobre isso, mas entendo por que não o fez.” Seus olhos adquirem um brilho intenso. “Aquele filho da mãe não tinha o direito de fazer isso. Juro que…” Ele para e solta o ar. “Na verdade, não vou fazer absolutamente nada. Não vale o meu tempo nem minha energia, lembra?”
“Ele já sabe da herança?”
Um lampejo de triunfo transparece em seus olhos. “Ah, ele sabe. O procurador dos meus avós mandou um cheque para ele ontem. Fiz a conta de quanto tava devendo e coloquei mais um dinheiro em cima. Ele ligou ontem à noite e gritou comigo por uns vinte minutos antes de eu bater o telefone.” O tom de Christopher fica mais sério. “Ah, e tem outra coisa que você precisa saber — Cindy deu um pé na bun/da dele.”
Espanto e alívio se misturam dentro de mim. “Sério?”
“Aham. Parece que fez as malas uma semana depois do feriado de Ação de Graças e saiu sem olhar para trás. Era outro motivo por que ele tava com tanta raiva no telefone. Acha que a gente disse alguma coisa para fazê-la ir embora.” Christopher chu/pa as bochechas de raiva. “O filho da puta ainda é incapaz de assumir a responsabilidade pelo que faz. Não consegue entender como pode ser culpa dele que ela tenha ido embora.”
Minha cabeça continua a girar. Estou feliz que Cindy tenha conseguido se desvencilhar do relacionamento abusivo, mas não estou feliz pelo mês que Christopher e eu passamos separados. Não estou feliz por ter permitido que Victor Uckermann tenha me assustado e me feito desistir do cara que amo.
“Desculpa”, digo, baixinho. “Sinto muito, Christopher. Por tudo.”
Ele segura a minha mão. “É, eu também.”
“Não se atreva a pedir desculpas. Você não tem nada do que se desculpar. Fui eu que tentei dar uma de heroína e terminei com você para o seu próprio bem.” Solto um gemido. “Deus, não consigo nem ser altruísta sem fazer besteira.”
Christopher deixa escapar um riso reprimido. “Tudo bem. Pelo menos você é gostosa. Sem falar nesses pei/tos de stripper.”
Solto um gritinho quando, de repente, ele segura meus seios por cima do suéter e dá um aperto com vontade.
Em seguida, ele faz um barulhinho contente ao esfregar as mãos sobre meus mamilos, que endurecem depressa. “Ah, que saudade senti disso. Você não tem ideia.”
Um riso me escapa. “Sério? Nem voltamos oficialmente e você já está com segundas intenções?”
Seus lábios se grudam ao meu pescoço, e sua língua se lança numa lambida provocante. “Até onde sei, nunca terminamos.”
Então mordisca minha orelha, provocando uma onda de arrepios.
“Por mim, a gente até pode se abraçar, se beijar e chorar, o que vai levar o quê, uns vinte minutos? Depois mais vinte minutos durante os quais eu perdoo você, e você me jura amor eterno. Talvez uns dez minutos de boquete para compensar o tempo perdido…”
Dou um soco em seu braço.
“Mas por que desperdiçar mais tempo quando podemos ir direto para a parte boa?”
Meus lábios tremem, divertidos. “E qual é, exatamente, a parte boa?”
Num piscar de olhos, estou de costas na cama com o corpo deliciosamente pesado de Christopher em cima de mim. Ele abre seu sorriso de sempre, aquele torto e sensual que nunca deixa de fazer meu coração disparar, e então sua boca cobre a minha num beijo faminto.
“Esta…”, ele chu/pa meu lábio inferior e gira os quadris de um jeito sedutor, “… é a parte boa.”
Passo os braços em volta dele e o aperto com força contra mim, e é tudo tão familiar, tão maravilhosamente perfeito, que o amor em meu coração transborda e arde em meus olhos. “Amo você, Christopher”, sussurro.
Sua voz rouca faz cócegas em meus lábios. “Também te amo, Dulce.”
Então ele me beija, e o meu mundo volta a ficar bem.
Oi amores, finalmente eles voltaram!!
Acho que a fic acaba amanhã mesmo, pois não sei se vou conseguir postar sexta.
Estou pensando em criar outra fic, é outra adaptação.
Não tenho criatividade para escrever uma história, por isso faço adaptações.
Então lindas quero muito comentários!!
Beijos♡