Fanfic: Minha vida depois de você - Vondy | Tema: Vondy

Capitulo 1

Alma: Lembre-se de fazer um pedido antes de apagar as velas, Dulce!

Minha mãe estava maluca se achava que tinha alguma possibilidade de eu ter esquecido a melhor parte. Fechei os olhos pra me concentrar melhor e falei

Dul: Eu quero voltar para São Paulo!

Antes que eu soprasse as velas, a voz da minha prima que estava bem do meu lado, entrou no meio dos meus pensamentos.

Josy: Ai sua burra! Não pode fazer o desejo em voz alta, senão não acontece!

Eu já ia responder que o bolo, o pedido e o aniversario eram meus e que eu fazia deles o que bem entendesse, mas minha tia falou antes.

Sara: Josy! Será que nem na hora dos parabéns você para de implicar? – ela disse dando um leve beliscão na minha prima, coisa que eu mesma gostaria de ter feito. Eu adorava a Josy, mas tinha hora que ela perdia a oportunidade de ficar calada.

Alma: A Josy está certa – minha mãe entrou no meio – O pedido da Dulce não vai se realizar. Mas não porque ela disse em voz alta – e virando-se pra mim com uma expressão triste completou – Meu bem, já discutimos isso umas 50 vezes. Nossa vida agora é aqui...

Subitamente perdi o interesse pelo meu enorme bolo de brigadeiro que estava na minha frente. Sem me preocupar em nem apagar as velas, sai pisando duro em direção ao meu quarto. Antes de bater a porta com força gritei que se eu não podia voltar a São Paulo, então eu não queria nada, pois coisa nenhuma em Belo Horizonte tinha o poder de me fazer feliz!

Escutei ainda minha mãe dizer que o fato de ser o meu aniversario não me impedia de ficar de castigo, mas nem liguei. Eu já me sentia de castigo mesmo, presa naquela cidade sem graça.

Deitei-me na minha cama e comecei a me lembrar do meu aniversario anterior quando ouvi uma batida na porta e apenas mandei que a pessoa fosse embora. Porem dois segundos depois ouvi um ganido. Levantei-me depressa e abri. O Biscoito meu cachorro entrou balançando o rabinho, todo contente, mas infelizmente atrás dele, veio também minha prima enxerida. Ela entrou, fechou a porta atrás de si e se sentou na minha cama, sem nem pedir minha permissão. Peguei uma revista e comecei a folhear pra que ela percebesse que eu não queria conversa.

Josy: Dul, sua mãe ficou triste... ela esta quase chorando lá embaixo

Eu fingi que não ouvi e continuei a passar as páginas

Josy: Agora você já tem 15 anos, não pode continuar agindo assim se escondendo a cada contrariedade.

Isso fez com que eu fechasse a revista com força. Ela tinha conseguido me deixar ainda mais brava.

Dul: E você é muito adulta pra me dar conselhos, não é? – eu disse me levantando – Quantos anos você tem mesmo? 15 anos e 9 meses, se me lembro bem.

Ela pareceu meio desconcertada com aquilo, mas não se intimidou.

Josy: Dulce, na verdade a idade não importa, mas sim o fato de que você deveria apoiar a sua mãe! Você acha que não esta sendo difícil pra ela também? Ela acabou de se separar do seu pai! Deve estar sofrendo por causa disso! Não precisa também de uma filha mimada pra tornar as coisas ainda mais complicadas pra ela nesse momento!

Agora ela tinha tocado bem no meu ponto fraco. Eu sabia que minha mãe estava sofrendo. Eu queria muito aliviar o sofrimento dela, mas eu estava tão infeliz também, que nem conseguia fingir. E eu sabia que isso a deixava mais triste ainda.

Dul: Mas porque ela tinha que resolver se mudar? Porque ela tinha que mudar a nossa vida inteira? E porque ela não me deixou ficar lá com meu pai e o meu irmão?

Eu não consegui dizer mais nada, pois senti lagrimas inundarem meus olhos. Ok aquilo era constrangedor. Eu odiava chorar. Especialmente na frente de outras pessoas. Eu tinha pânico de que me achassem frágil e sentissem pena de mim. E parecia ser exatamente o que minha prima estava sentindo naquele momento.

No processo de separação dos meus pais, eles dividiram tudo... inclusive os filhos e os animais de estimação. Eu o Biscoito, a Snow, e o Biju viemos com a minha mãe para BH. O meu irmão, a Duna, o Chico e o Pavarotti ficaram com meu pai em São Paulo. Esse acordo maluco de dividir tudo podia muito bem funcionar para eles que quiseram parecer justos um com o outro, mas pra mim foi muito pior!

Abracei o Biscoito e comecei a chorar ainda mais, no meio das lagrimas disse

Dul: Agora além de não poder ver o meu pai todos os dias, eu também tenho que ficar sem o meu irmão, minha cachorra, meu furão e meu papagaio! Por que eles fizeram isso comigo?

Josy: Você sabe o motivo. Sua mãe precisava de apoio familiar nesse momento... vocês só moravam em São Paulo por causa do trabalho do seu pai, afinal nossa família é toda daqui. Quanto a seus bichinhos, em São Paulo você morava em uma casa, aqui nesse apartamento não caberiam todos. E alias, pelo que sei, seu irmão só ficou lá por causa da faculdade, e não esta nada feliz em ter que ficar longe de vocês!

Nesse momento minha mãe abriu a porta.

Alma: Josy, sua mãe já esta indo embora e pediu pra te chamar – olhando séria pra mim acrescentou – Dulce, vá se despedir dos seus familiares. É muita falta de educação largar os convidados no meio da festa e se trancar no quarto! Eu falei sério a respeito do castigo!

Ela saiu deixando a porta entreaberta. O Biscoito a seguiu, me deixando sozinha com a minha prima. A Josy deu um suspiro, analisando o meu rosto e em seguida olhou pra um canto da minha cama onde estavam os presentes que eu tinha ganhado.

Josy: Você nem abriu o que eu te trouxe ainda – ela pegou um embrulho no meio dos outros – Eu acho que você vai gostar...

Eu sabia que nada que ela me desse teria o poder de me alegrar, mas abri só pra ver se ela ia embora logo e me deixava em paz. Desembrulhei e dentro tinham 4 DVDs que tinha escrito “Gilmore Girls – Tal mãe, tal filha”

Dul: O que é isso?

Ela me olhou admirada

Josy: Nunca ouviu falar dessa série?

Balancei os ombros e respondi que não, enquanto lia o que estava escrito atrás. Antes que eu terminasse, ela tirou da minha mão e colocou no aparelho de DVD.

Josy: Você precisa ver agora. É uma série perfeita, que fala de uma mãe e uma filha que são muito amigas... Ah você vai ter que assistir! Eu imaginei que seria um presente ótimo, afinal agora você vai morar sozinha com a sua mãe...

Eu nem consegui protestar. Ela já tinha colocado o DVD pra rodar e aos poucos fui entrando naquele mundo que eu ainda não conhecia. Depois de uns 15 minutos, estávamos tão compenetradas no episodio que levamos o maior susto quando a minha tia apareceu.

Sara: Ah que bonecas! Vocês largam todo mundo esperando e ficam ai vendo televisão.

A Josy pausou o DVD depressa

Josy: Desculpa mãe. A Dulce não conhecia Gilmore Girls, e eu estava só mostrando pra ela! A gente já esta indo.

Minha tia deu uma olhada séria pra nós duas e se virou balançando a cabeça.

Josy: Você gostou! – A Josy disse assim que a mãe dela saiu de vista – Eu notei a sua expressão olhando pra tela! Você gostou muito. Vamos fazer uma maratona de episódios, mas tem que ser outro dia, porque amanhã tem uma festa que você precisa ir comigo! Eu já falei de você pra todas as minhas amigas e todo mundo quer te conhecer. E pra gente chegar arrasando, temos que ir ao clube de manhã pra pegar aquele bronze. Já consegui um convite pra você e não aceito um não como resposta!

Ela estava tão empolgada que eu nem consegui dizer que eu não tinha a menor intenção de ir a lugar nenhum. Ela continuou a conversar até ir embora. Não sei como minha prima conseguia falar tanto. E minha mãe dizia que erámos parecidas. Humpf. Ela devia saber que eu só falo coisas importantes. E certamente nada em BH tinha importância suficiente pra merecer meu vocabulário.

Eu não sabia como eu estava enganada. E começaria a perceber isso logo no dia seguinte...