Fanfic: Minha vida depois de você - Vondy | Tema: Vondy

Capitulo 20

Ucker: Afinal, você ligou pra professora de canto que eu te indiquei?

Estava começando a escurecer, e da sacada do salão de festas do Poncho dava pra ver um pôr do sol deslumbrante. Era ali que eu tinha passado a última meia hora, conversando com o Ucker.

Dul: Liguei sim. Vou fazer a primeira aula com ela na semana que vem! Obrigada mais uma vez!

Ele sorriu, parecendo estar se divertindo com alguma coisa que só ele sabia. Resolvi nem perguntar, eu já tinha percebido que aquele jeito misterioso era típico do Ucker. Parecia que eu nunca descobriria o suficiente, ele sempre tinha algo novo pra me surpreender

Trinta minutos antes, no momento em que ele havia acabado de chegar ao churrasco e nós estávamos estáticos, olhando um pro outro, o Poncho apareceu bem no meio do caminho entre nós dois, quebrando todo o encantamento. No mesmo instante eu lembrei que devia procurar as meninas e percebi que o Ucker foi direto cumprimentar o amigo.

Porém, assim que eu me virei para o lado oposto, o Poncho me chamou. Olhei devagar, e ele fez sinal para que eu me aproximasse. Andei lentamente até lá, com o coração ainda meio aos pulos, totalmente ciente da presença do Ucker bem ao lado dele. O que estava acontecendo comigo? A única vez que eu tinha sentido algo parecido havia sido também em um salão de festas, e inclusive por causa de um garoto que parecia muito com aquele que estava ali! Mas agora era diferente... eu não deveria sentir aquilo. O Ucker era um garoto normal, da minha sala e que, pelo que eu vinha percebendo, gostava das mesmas coisas que eu. Acho que eu não deveria estar tão alterada (e feliz) por ele ter finalmente chegado. Não é?

Dul: Oi Ucker – eu falei, surpreendentemente tímida. Sim, algo de muito errado devia estar acontecendo dentro de mim.

Ucker: Oi Dulce – ele se aproximou e me deu um beijinho no rosto, que por sinal começou a queimar no momento em que o lábio dele o tocou.

O Poncho ficou olhando pra nós dois, que permanecemos calados depois do cumprimento, e de repente falou meio sem paciência:

Poncho: Qual é o problema de vocês? – eu queria saber a mesma coisa...

Ele então se virou pro Ucker e disse

Poncho: Conta pra Dulce porque você não foi à escola ontem... ela sentiu sua faltou.

Eu poderia ter matado o Poncho naquele momento. Rapidamente, falei:

Dul: Não é isso, é só que... eu levei a série que você me emprestou, pra devolver, ai notei que você não estava lá...

O Poncho deu um suspiro impaciente e então falou:

Poncho: Ucker, faz companhia pra Dulce, as amigas dela estão ocupadas, e eu preciso mudar a música, esse CD já deu.

Ele não tinha dado nem três passos, quando virou novamente.

Poncho: Mas vê se vai ali pra sacada onde não dá pra ouvir a cantoria, percebi que violão faz com que ela fique meio triste, com saudade do namorado de São Paulo...

Eu ia retrucar que não tinha namorado nenhum, mas ele já estava longe. O Ucker então me olhou meio sem graça e perguntou se eu estava bebendo alguma coisa. Eu respondi que estava tomando guaraná mas que tinha esquecido meu copo em algum lugar. Ele falou que ia pegar outro copo pra mim e se distanciou. Aproveitei pra rapidamente mandar uma mensagem pra minha mãe e guardei o celular na bolsa antes dele voltar.

Ao chegar, ele me entregou o copo e apontou em direção à sacada, pra onde nós fomos andando devagar.

Ucker: Então... – ele falou com aquela voz macia, que eu já conhecia bem – Está gostando do churrasco?

Eu só falei “aham”, e novamente o silencio tomou conta da nossa “conversa”. Quando estávamos quase chegando à sacada, meu celular apitou. Provavelmente era minha mãe respondendo a mensagem, fingi que não escutei e continuei a andar.

Ucker: Quer que eu saia, pra você ter mais privacidade pra atender? – o Ucker perguntou, apontando pra minha bolsa.

Dul: É só uma mensagem. E mesmo se não fosse, por que eu não poderia atender perto de você? – perguntei realmente sem entender.

Ele balançou os ombros, olhou primeiro pro chão, depois pros meus olhos e falou:

Ucker: Ah, não sei, talvez você quisesse conversar com seu namorado em particular...

Na mesma hora eu tirei o celular da bolsa e disse meio desesperara.

Dul: Não... Não é nada disso, não tem namorado nenhum. O Poncho inventou aquilo. Olha, pode ver. É uma mensagem da minha mãe!

E dizendo isso, mostrei a mensagem sem ao menos ler primeiro. Só quando notei uma leve surpresa no rosto dele é que resolvi verificar o conteúdo. E quase dei um chilique...

“Hmmm... já entendi! Ok, te busco mais tarde, mas quero saber tudo sobre esse gatinho novo que está balançando o coração da minha filhinha! Beijos! Mamãe.”

Eu fiquei sem saber o que fala, guardei depressa o celular, totalmente consciente de que o meu rosto devia estar pegando fogo.