Fanfic: Minha vida depois de você - AyA | Tema: AyA

Capitulo 15

Quando a minha mãe chegou em casa, a primeira coisa que falei foi que eu tinha arrumado o telefone de uma professora de canto. Coloquei a mão no bolso, pra tirar o papel, que naquelas alturas já estava amassado, mas me surpreendi ao ver que o que estava escrito não era só um telefone.

“Oi Anahí, ai vai o número de uma ótima professora de canto: Dona Lúcia – 9091 2992

Depois eu queria conversar com você um outro assunto, ok? Beijos, Poncho.”

Droga. Que assunto seria aquele? Por que, em vez de enfiar no bolso, eu não li assim que ele me entregou? Eu sabia essa resposta. Simplesmente porque eu estava perdida nos olhos dele, esse era o motivo! Deus, será que eu não ia aprender nunca? Mas dessa vez eu iria manter o controle da situação, afinal, se a personalidade do Poncho também fosse minimamente parecida com a do Joaquim, eu devia até pedir pra mudar de sala. O melhor que eu tinha a fazer era fingir que nem tinha notado essa outra parte do bilhete e me concentrar apenas no que me interessava: a aula de canto.

O segundo dia de aula foi bem melhor que o primeiro. Entrei na sala me lembrando do que as meninas tinham dito que nós no sentaríamos no mesmo lugar durante todo o ano, então fui direto para a minha carteira. Como ainda faltavam 15 minutos para o primeiro horário começar e a sala estava vazia, resolvi escrever uma carta para a Luísa, para passar o tempo.

O sinal bateu, e todos os alunos começaram a entrar na sala ao mesmo tempo. Muitos me cumprimentaram sorrindo, e eu fiquei surpresa ao constatar que eu já estava me sentindo familiarizada.

O professor entrou, conversou com alguns alunos e quando ele começou a chamada, percebi que o Poncho chegou, com o rosto vermelho, provavelmente por ter subido as escadas correndo para não perder a primeira aula. Ele estava usando uma blusa de manga comprida embaixo do uniforme. Eu achava tão fofo meninos que se vestiam assim... dava um ar meio desleixado e rebelde. Sem perceber, o segui com o olhar até que ele sumisse no fundo da sala, e só então voltei pra minha carta.

Dul: Annie? – a Dulce virou pra trás – No intervalo entre essa aula e a próxima, eu e as meninas vamos ao terceiro andar que é onde ficam as salas do terceiro ano. Quer ir junto? Vamos olhar os gatinhos que tem por lá, mas assim que o sinal bater a gente tem que correr!

Eu concordei depressa. Eu queria muito ver os meninos mais velhos e, especialmente, queria verificar se o Joaquim não estava entre eles. Voltei para minha carta, e escrevi para a Luísa que estava prestes a descobrir se tinha gatinhos no colégio.

Antes que eu terminasse de escrever a frase, o professor que eu nem percebi que tinha se levantado e estava ao lado da minha carteira, perguntou.

Mário: Você é Anahí Portilla?

Coloquei o braço depressa em cima da carta e respondi que sim, vendo que ele estava com a lista de chamada na mão. Ele me deu boas-vindas e disse que era o professor Mário, de Biologia. Em seguida, puxou devagarinho a carta que eu estava tentando esconder e falou que iria ficar com aquilo até o final da aula.

Tive vontade de sumir! Que colégio mais chato que não deixava que nós escrevêssemos nada! No dia anterior a professora Gloria tinha implicado com meus bilhetes. E agora esse Mario tomava a minha carta! Não era como se a aula tivesse começado ou algo do tipo.

No final da aula, tive que ir a mesa dele pedir minha carta de volta e, com isso, acabei perdendo a chance de ir com as meninas ao terceiro andar.

Ele pegou a minha carta, que tinha guardado dentro da lista de chamada e antes de me entregar, falou

Mário: Normalmente, se eu confisco papeis com anotações que não sejam da minha aula, eu leio pra sala inteira ouvir – tremi só de imaginar se ele tivesse lido a minha carta em voz alta – Como você é novata e ainda não me conhece, deixei passar dessa vez. Mas espero que não se repita.

Ele terminou o discurso me entregando finalmente a carta. Eu peguei depressa, mas ele continuou segurando a outra ponta. E então um pouco mais baixo ele falou

Mário: E afinal, pelo que percebi no começo da aula, parece que você já descobriu gatinhos aqui na sala mesmo...

Nesse momento, senti o meu rosto ficar roxo de vergonha por dois motivos simultaneamente. Primeiro por constatar que ele não só tinha lido a minha carta como também reparado que eu havia olhado pro Poncho quando ele entrou na sala. E segundo, porque notei que quando ele falou a palavra gatinhos, ele estava olhando pra alguém atrás de mim... e ao virar bem devagar pra ver quem, descobri quem era o gatinho em questão, que pela proximidade, o Poncho poderia perfeitamente ter escutado o que o professor tinha dito!