Fanfic: Minha vida depois de você - AyA | Tema: AyA

Capitulo 16

Mario: Diga, Sr. Alfonso! Posso te ajudar em alguma coisa? – ele falou largando finalmente a minha carta.

Sem esperar nem meio segundo, segui em direção à porta da sala. Eu precisava ir ao bebedouro que ficava no corredor, minha garganta estava completamente seca de tanto embaraço. Porém, eu ainda não tinha dado dois passos, quando ouvi a resposta que o Poncho deu ao professor

Poncho: Não, eu queria falar com a Anahí, mas pode ser depois...

Eu juro que pensei em parar. Aquela parte extremamente curiosa do meu ser ficava me mandando dar meia volta e ir lá perguntar o que ele queria, que por sinal devia ser a mesma coisa que ele tinha escrito no bilhete no dia anterior, o que por falar nisso, tinha me deixado até tarde da noite sem conseguir dormir só imaginando o que seria. Mas uma outra parte de mim, que pelo visto era maior, chamada prudência, me mandou continuar marchando pra fora da sala, em ritmo constante, sem sequer olhar pra trás, pois até que eu descobrisse se ele tinha alguma ligação com o Joaquim, eu deveria ficar o mais longe possível. E, além do mais, tinha esse professor engraçadinho que eu sabia que não perdoaria uma observação maldosa, caso eu voltasse toda derretida pra conversar com meu colega.

Os horários começaram, terminaram. Percebi que o Poncho ficou me olhando algumas vezes no pátio na hora do recreio, como se procurasse uma abertura pra se aproximar, mas em todas elas, eu olhei rápido pro lado, pra não dar chance.

Quando a aula terminou, guardei depressa meu material, me lembrando que minha mãe havia contratado um ônibus escolar pra me levar pra casa, e que eu teria que chegar rápido ao local para não perde-lo.

Quando eu estava começando a descer as escadas, quatro garotos de aproximadamente 13 anos, que deviam estar com mais pressa que eu, ou simplesmente resolveram apostar uma corrida bem naquele local, e passaram como se eu nem estivesse ali, simplesmente me atropelando. Eu me desequilibrei nos degraus e vi o chão chegar cada vez mais perto. Porém, bem na hora em que eu achei que eu ia, no mínimo, quebrar outro pulso, uma mão forte me segurou.

Annie: Nossa, você salvou a minha vida! – eu coloquei a mão no coração que estava acelerado pela quase queda. Mas foi quando olhei pra ver quem era o meu herói que eu realmente fiquei sem ar.

Poncho: Você está bem? – ele perguntou parecendo muito preocupado – Tem umas crianças muito sem noção nesse colégio, eles poderiam ter te machucado!
Annie: Ah, oi, Poncho. Eu... obrigada mesmo! Eu teria levado o maior tombo se você não tivesse aparecido!

Poncho: Mas você não se machucou, né?

Eu fiz que não com a cabeça, e vi que várias pessoas que estavam saindo da sala, começaram a descer as escadas e lembrei que, se eu demorasse mais, acabaria perdendo o ônibus.

Annie: Tenho que ir – eu disse depressa – Desculpa, eu vi o que você escreveu no bilhete, mas agora eu estou mesmo atrasada! Amanhã a gente conversa, tá?

Ele falou que não tinha pressa, pois não era nada sério. Mas quando eu olhei uma última vez aqueles olhos lindos que ele tinha, me peguei com a maior vontade de ficar ali, de perder o ônibus, de dizer que eu tinha me enganado, que na verdade eu tinha todo o tempo do mundo e que ele podia me falar tudo o que quisesse.

Mas ficou só na vontade, porque as minhas pernas continuaram descendo os degraus, e quando dei por mim, já tinha chegado no tal ônibus.

Só quando me sentei no primeiro assento é que fui pensar novamente no Poncho. O que será que ele queria me falar? Ele nem me conhecia!

O ônibus começou a se encher de gente e depois de um tempo o motor ligou. No minuto em que o ônibus começou a se deslocar, ouvi uma batidinha na lataria. A motorista parou imediatamente e abriu a porta. Ela começou a dizer que aquele ano não toleraria atrasos e depois de muito papo, os dois meninos que estavam lá em baixo a convenceram a deixar que subissem. Então eles finalmente apareceram na minha frente. No momento em que coloquei os olhos neles, porém, não consegui descobrir se gostei ou não do que, ou melhor de quem eu estava vendo: Ucker e Poncho.