Fanfic: Minha vida depois de você - AyA | Tema: AyA

Capitulo 2

Quando acordei, ou melhor, quando a minha gata me acordou pisoteando de leve a minha barriga, a primeira coisa que pensei foi que a minha cama era grande demais. Apesar da preguiça, me obriguei a me levantar e de repente entendi o motivo pelo qual eu estava tão cansada. Eu havia ficado assistindo o seriado que a Vic tinha me dado até de madrugada. Vi uns 6 episódios e só desliguei porque ouvi um barulho vindo do quarto da minha mãe. Fiquei com medo que ela realmente me colocasse de castigo se me encontrasse acordada às 5 da manhã!

Ao sair do quarto, percebi que ela já estava de pé, provavelmente há horas, arrumando caixas e mais caixas. Ao me ver ela avisou que a Vic já tinha ligado e dito que a minha tia iria nos levar ao clube às 11 horas. Eu disse a ela que queria ficar em casa, ajudando a arrumar as coisas, mas ela recusou a minha oferta, alegando que preferia que eu saísse e arrumasse alguns amigos. Minha mãe é tão iludida... como se “amigos” fosse uma coisa que se comprasse em qualquer esquina! Porém resolvi ir, pra que ela não ficasse o dia inteiro me olhando com aquela expressão de culpa.

A minha prima tocou o interfone exatamente quando eu tinha acabado de me arrumar. Ela já tinha ligado umas 3 vezes pra saber se eu estava pronta e dando instruções pra que eu levasse:


- Um biquíni pequeno, mas não pequeno demais

- Uma toalha que não tivesse estampa das princesas da Disney

- Óculos escuros

- Dinheiro. A gente iria almoçar lá



Chegando ao tal clube, que ficava praticamente no mesmo bairro que o meu prédio, me surpreendi. O lugar era enorme! Olhando da portaria dava pra ver que lá tinha umas três piscinas olímpicas, além de algumas redondas e várias infantis, quadras de peteca, de basquete, de futebol, de vôlei, lanchonetes e especialmente, muito lugar pra se bronzear. Então era isso. Já que eu não morava mais em um estado de praia, era ali que eu ia passar meus fins de semana ensolarados.

Eu fiquei tão entretida olhando pra todos os lados que nem vi quando a Vic tinha continuado a andar. Só quando ela me gritou é que eu vi que ela já estava com mais duas garotas, que pareciam ter mais ou menos a nossa idade.

Andei até elas, completamente sem graça. Normalmente eu não tenho problema nenhum pra me socializar, mas eu não sabia como eu seria recebida por aquelas meninas. E se elas gostassem que uma garota nova invadisse o território delas? E se elas implicassem comigo de cara? E se elas zoassem o meu sotaque? E se a minha prima ficasse conversando com elas o tempo todo e nem se lembrasse de mim? Respirei fundo, empinei o nariz e cheguei até elas, como se eu não tivesse nem um pouco apavorada.

Assim que cheguei perto, a Vic começou as apresentações:

Vic: Annie, essa é a Clara, minha melhor amiga.

A cumprimentei rapidamente.

Vic: E essa aqui é a Dulce, ela é um ano mais nova que a gente, ou seja da sua idade! E também é do nosso colégio!

Mentalmente eu calculei que, se ela era do mesmo colégio que a Vic, onde eu também iria estudar, e tinha um ano a menos, provavelmente eu seria da turma dela! Seria muito bom se eu já conhecesse alguém da sala no primeiro dia de aula. Porem antes que eu pudesse entrar nesse assunto, a Vic estava perguntando onde elas estavam sentadas e se os meninos já tinham chegado.

Comecei a prestar atenção no papo da minha prima com as amigas, e pelo que deu a entender, elas iam ali todo fim de semana pra ver uns garotos que jogavam futebol. Então ali, além de ser o lugar pra se bronzear, era também o ponto de paquera. Minha mãe teria que dar um jeito de comprar uma cota daquele clube.

Nós nos sentamos em uma das espreguiçadeiras em frente a uma grande piscina. Depois do que pareceram horas (mas que ao olhar no relógio eu percebi que tinham sido apenas 35 minutos) naquele sol escaldante, a clara perguntou se a gente não queria ir nadar. Topei de cara, eu já estava com vontade de pular na piscina desde o primeiro instante em que tinha pisado naquele clube, mas a Dulce e a Vic disseram que queriam esquentar mais. Oi? Eu estava a ponto de derreter e elas queriam esquentar ainda mais?

Resolvi não argumentar, apenas segui a Clara que apertou a minha mão de repente e disse

Clara: Anahí, não olha pra direita agora, não olha!

Eu fiquei louca pra olhar, mas consegui me conter. Perguntei o motivo e ela disse que dali a pouco me explicaria. Nós passamos pelo local tenso, chegamos a piscina, e, só quando nos sentamos na beirada ela disse meio que sussurrando

Clara: Agora pode olhar, com muita descrição. Atrás de mim, de bermuda vermelha e cabelo molhado, está o Pedro...

Eu olhei pro tal Pedro que estava em pé, perto da piscina conversando com mais quatro meninos. Ele era bem bonito, parecia ser um pouco mais velho e tinha cara de convencido.

Tornei a olhar pra Clara que estava com um olhar questionador pra mim. Percebi que ela esperava que eu dissesse alguma coisa e então falei que ele era bonitinho.

Clara: Bonitinho? – ela falou ainda sussurrando mais completamente indignada – Ele é um Deus!

Eu olhei novamente pra ver se a segunda vista encontrava algo de divino nele, mas meu olhar foi atraído para o garoto que estava ao lado, rindo muito, provavelmente de algo que o Pedro tinha falado. Sem perceber, fiquei encarando o menino que deve ter se sentido observado, já que de repente olhou de volta, em minha direção. Abaixei o olhar no mesmo instante, sentindo meu coração dar um pulo.
Annie: Quem é o de sunga preta?

A Clara olhou sutilmente pra trás, e se voltou pra mim sorrindo

Clara: Ah você tem bom gosto, hein? Aquele é o Joaquim. Ele tem 18 anos e é guitarrista. A Vic não te falou da festa de hoje? É a banda dele que vai tocar!

Com muito esforço me lembrei que na noite anterior a Vic tinha mesmo comentado sobre uma festa. Eu nem queria ir, mas agora...

Clara: Sua mãe vai deixar você ir, né?

Annie: Ah a minha mãe deixa sim... ela esta fazendo de tudo para que eu goste dessa cidade...

Clara: E você esta gostando?

Annie: Acho que estou. Na verdade, estou gostando muito...

Ela me deu uma piscadinha, e então mergulhamos novamente.