Fanfic: Minha vida depois de você - AyA | Tema: AyA

Capitulo 7

A Vic começou a rir, mas a Dulce, a Clara e as outras pessoas que estavam em volta bateram palmas, me olhando. Eu simplesmente fiquei sem reação. Como ele podia ter feito uma coisa tão linda como me dedicar uma música? Mas ao mesmo tempo fiquei nervosa demais.

Quando ele terminou a música – e sinceramente eu nem tinha prestado atenção na letra – ele sorriu e me deu uma piscadinha. As meninas só faltaram gritar. Sorri de volta meio sem graça, ele tocou outras músicas e, ao final do show, eu já estava um pouco mais tranquila.

As pessoas começaram a sair de perto do palco, e eu senti que precisava beber alguma coisa, pois minha boca estava completamente seca. Tinha um barzinho em um dos cantos do salão, e eu chamei minha prima pra ir lá comigo. Pedi duas bebidas, mas, no minuto em que me virei para entregar o da Vic, só faltei deixar o copo cair no chão. O Joaquim estava bem atrás de mim.

Joaquim: Oi gata! Você esta me seguindo? – ele perguntou me deixando até sem ar de tão nervosa. Comecei a gaguejar qualquer coisa, mas ele continuou a falar em tom de brincadeira.

Joaquim: É que agora eu te encontro em todos os lugares aonde vou... no clube, no shopping, nessa festa e até aqui no bar

Eu simplesmente não conseguia abrir a boca. Na minha cabeça, eu tinha milhões de frases ensaiadas, se fosse qualquer outro garoto eu teria dito que sim, que eu o estava seguindo, que ele tinha até demorado bastante tempo pra reparar, ou que não, que eu que achava que ele estava na minha cola... mas eu realmente congelei. Fiquei muda e parada, como uma estátua, atrapalhando inclusive a fila! Juntei forças pra olhar pro lado pra procurar a Vic, mas ela tinha evaporado. Ele então se aproximou e falou no meu ouvido.

Joaquim: Está meio tumultuado aqui, anima de ir tomar um ar ali fora que está mais vazio? 

Eu só fiz que sim com a cabeça, e ele pediu que eu esperasse um pouquinho enquanto pegava uma cerveja e logo depois foi me guiando para fora do salão, com uma mão sobre o meu ombro. Eu estava morrendo de medo de que ele percebesse o quanto que eu estava tremendo. Assim que chegamos ao lado de fora. Ele perguntou qual era o meu nome.

Annie: Anahí – eu respondi com um leve sorriso, tentando disfarçar o nervosismo. E pra não dar na cara que eu já sabia tudo da vida dele, perguntei – E o seu?

Ele respondeu que era Joaquim e logo perguntou de onde eu era, pois reparou que eu tinha um sotaque diferente. Eu expliquei que era de São Paulo, que tinha acabado de me mudar, e ele então começou a imitar o meu jeito de falar. Aquilo me aborreceu um pouco. Até então ninguém tinha caçoado de mim em BH, todo mundo dizia inclusive que meu sotaque era bonitinho...

Em seguida ele perguntou quem eu conhecia na festa, e eu respondi que era a Dulce, que por sua vez era amiga da irmã do Alberto, o dono da festa, ele então disse

Joaquim: Espera. Você é amiga da irmã do Alberto? Então quantos anos você tem?

Eu pensei em mentir. Pensei em aumentar uns dois anos, eu sabia que ele cairia, já que todo mundo pensava mesmo que eu tinha 17 anos. Mas e se depois ele descobrisse? Ele ia me achar a maior mentirosa. Olhei para o chão e falei:

Annie: Quinze.

Ele começou a rir.

Eu fiquei meio irritada com aquilo. Poxa, primeiro ele tinha zombado do meu sotaque e agora ria da minha cara?

Annie: O que tem de tão engraçado nisso?

Joaquim: Nada... – ele respondeu tomando um gole de cerveja – É só que achei que você fosse mais velha.

Nesse momento, um amigo do Joaquim passou e veio cumprimenta-lo pelo show. Aproveitei pra mandar uma mensagem a jato pra Vic.

“Vic, onde você está???? Apareça, por favor!

Me salva! Annie”

Eu realmente não sabia se estava mais com vontade de ficar ali com ele sozinha. Assim que guardei o celular, percebi que o Joaquim tinha se despedido do menino e vinha de novo em minha direção.

Ele sorriu, tirou o copo da minha mão e pegou a minha cintura, me fazendo chegar mais perto. Eu comecei a ficar nervosa de novo mais dessa vez era diferente. Não era mais um frio na barriga gostoso, e eu comecei a ficar na dúvida se deixava rolar ou se fugia dali. Mas parecia que eu não ia ter tempo pra resolver. Ele se curvou no ouvido e disse:

Joaquim: Já tem um tempão que eu estou com vontade de te beijar... desde que eu te vi lá no clube... mas você me deixou um pouco confuso... No começo, pensei que você estivesse interessada, mas de repente você passou a nem olhar mais pra minha cara... você me deixou doido sabia? Mas você acertou em cheio, eu adoro uma provocação... só que agora eu estou vendo que é reciproco, você também está louca por mim, não é? Está até tremendo...

Então era isso. Ele só queria me beijar porque me considerava uma espécie de desafio e queria provar pra si mesmo que podia ficar com quem quisesse. Eu já ia dizer que ele estava enganado, que o motivo da tremedeira era frio, mas ele já estava vindo em direção a minha boca. Porém agora eu não queria mais. Ele não era quem eu pensava. E não era assim que eu tinha sonhado. Eu queria romance! Eu queria palavras bonitas! Eu queria... conversar. Era isso que eu tinha planejado e era isso que eu ia fazer.

Desviei o meu rosto rápido, dei um sorriso amarelo e perguntei:

Annie: Você gosta de animais?

Ok, sei que aquilo foi ridículo, mas foi a primeira coisa que me veio a cabeça. Ele pareceu meio desconcertado, mas logo começou a rir, provavelmente achando que era algum tipo de piada. Então ele disse:

Joaquim: Gosto... especialmente de gatas... – e veio novamente me abraçando. Eu me esquivei de novo e falei:

Annie: Não, estou falando sério... tipo, eu amo animais, quero estudar veterinária. E você? Você é amigo do Alberto né? Fez vestibular também? – ele tirou o braço de cima de mim, colocou a mão na cintura e falou:

Joaquim: Não, eu não gosto de animais. Meu irmão tem um cachorro que só sabe latir e soltar pelos pela casa! Qual é garota? Está me entrevistando?

Eu fiquei toda sem graça e disse que não, que só estava querendo conhece-lo um pouco melhor... ele me encarou, pensou um pouquinho e em seguida sorriu, pegando as minhas duas mãos e passando por trás das minhas costas, me abraçando. Então ele se inclinou novamente em direção ao meu rosto e disse:

Joaquim: Eu também quero te conhecer melhor... especialmente essa sua boca linda... – e ao dizer isso, realmente encostou os lábios nos meus.

Foi como se eu tivesse levado um choque. Me soltei depressa das mãos dele e o empurrei, com toda força.

Ele me olhou meio espantado, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, eu saí correndo e só parei quando entrei no banheiro.

Lá dentro, peguei meu celular pra ligar pra minha mãe, eu queria que ela viesse me buscar o mais rápido possível, mas quando eu comecei a discar, a porta se abriu. Fiquei com esperança de que fosse a Vic, mas assim que a pessoa entrou, vi que era a amiga da Dulce e irmã do tal Alberto, a Paula. Dei um sorriso sem graça, torcendo pra que ela nem se lembrasse quem eu era, já que tínhamos nos cumprimentado no inicio da festa, mas pra minha surpresa, ela parou na minha frente e falou:

Paula: Está tudo bem? Eu estava lá no playground e vi o Joaquim tentar te agarrar... e depois você sair correndo...

Meu rosto ficou todo vermelho. Eu esperava que ninguém tivesse visto aquela cena. Comecei a dizer que não tinha sido nada daquilo, que ele não tinha me agarrado, mas ela me interrompeu.

Paula: Seu nome é Anahí né? Olha, Anahí, eu conheço muito bem os amigos do meu irmão. Nenhum presta. Eles só gostam de colecionar conquistas, de apostar uns com os outros quem “pega” mais e se acham os melhores do mundo. Eu já falei isso pra Dulce mas ela nunca me escuta. Ela devia ter falado isso pra você, antes de deixar você cair na lábia do Joaquim...

Eu guardei meu celular e fiquei olhando pra ela, sem saber direito o que dizer.

Paula: Você esta com uma carinha... quer que eu pegue uma água pra você? Quer que eu chame sua prima? Olha, não fique triste... acredite em mim, ter saído fora foi a melhor coisa que você fez...

Eu só concordei com a cabeça, e ficamos olhando uma pra outra sem dizer nada, e então ela falou

Paula: As suas amigas devem estar te procurando. Não se preocupe com o Joaquim, ele já deve ter arrumado outra pra encher o saco.

Ela estava certa. A primeira coisa que eu vi, ao sair do banheiro, é que ele estava agarrado com outra garota. Aquilo doeu. Apesar de tudo, pensei que ele estivesse me esperando, pra perguntar o que tinha acontecido, pra que a gente pudesse começar de novo, do jeito certo dessa vez... eu só queria que ele fosse quem eu havia sonhado.

Olhei para o outro lado depressa e, mais uma vez, me lembrei da minha mãe. Ela havia dito que o garoto certo estaria me esperando, que eu não precisava ter pressa. Ela podia ter certeza disso. Eu andaria bem devagar dali em diante, e só me apaixonaria de novo quando o encontrasse.