Fanfic: O valor de um perdão. | Tema: Vondy

Não gosto de lembrar daquela viagem. Foi um momento tão doloroso da minha vida, acredito que nunca me aconteceu algo tão forte. No entanto, foi esta mesma viagem que me permitiu conhecer pessoas incríveis, pessoas que hoje não consigo viver sem. Então sim, tudo tem sua parte boa... Mesmo que a ruim seja por muitas vezes, bem mais forte.

A casa onde estávamos hospedados era de frente para a praia. Literalmente. Tanto que quando descíamos os degraus da porta da frente, sentíamos a areia detre nossos dedos. O sol era forte, do jeitinho que estávamos planejando e os funcionários locais eram uns amores.

Christopher havia dito na noite anterior que iria sair cedo para pescar com um outro hóspede do hotel. Ha princípio fiquei com um pouco de ciúme desse tal hóspede: eu queria meu marido só para mim.

Amanda e Diego, nossos filhos, ficaram em seus quartos enquanto eu, dormia profundamente.

Não lembro com o que estava sonhando. Só lembro de sentir aquela paz interior me invadindo, a maciez dos lençóis acariciando minha pele de um modo suave e encantador... até que eu senti um beijo.

Começou subindo pelas minhas pernas nuas, pois eu estava de vestido para dormir. Depois passou para minha barriga até chegar nos ombros.

- Chris... - eu disse, preguiçosa. - Você não ia sair, amor?

Ele não respondeu. Trouxe sua boca até a minha e me beijou de um modo selvagem, como se fosse a primeira vez que me beijava em anos. Por um momento pensei não ser a boca do meu Chris, mas depois relevei, pois tinha acabado de acordar. Não estava cem por cento ativa e isso incluía também a minha mente.

Christopher desceu seus beijos até o meu pescoço, indo para os ombros e abaixando a alça fina do meu vestido.

- Amor, as crianças... - ele tapou minha boca com mais um beijo.

Meus olhos estavam cobertos pela venda de dormir que eu usava. Quando tentei tira-la, as mãos grossas de Christopher me impediram.

- Oras, Chris, deixe de ser bobo - falei, dando uma risadinha enquanto sentia minha roupa ir toda embora.

Ele não respondeu.

Senti seu hálito percorrendo cada parte de minha pele até nós dois nos entregarmos para valer.

Não sei se era eu, mas algo estava errado. A todo momento pensamentos sobre este ato ser estranho permaneceu na minha cabeça, contra minha vontade, claro. Eu nunca iria querer pensar algo assim enquanto estivesse com Christopher.

Enquanto ele me beijava outra vez, prensando sua mão contra a minha venda, ouvi passos do lado de fora. Até que...

- DULCE! - eu dei um salto, assim como o homem em cima de mim.

Quando tirei a venda, estavam Christopher e nossos filhos boquiabertos na porta arreganhada. Christopher porém, com os olhos faiscando de raiva e... decepção.

- Como pôde fazer isso comigo? Como pôde ficar com outro na cama onde eu durmo, onde nós... - sua voz falhou.

Ele olhou para mim, com seus olhos enchendo de água e eu, olhei para o estranho ao meu lado.

Não o conhecia. Não sabia como ele tinha chegado ali. Sabia apenas que tinha se passado pelo meu Chris e...

- Oh meu Deus - minha mão foi até minha boca, enquanto eu sentia as lágrimas queimarem ao descer por minhas bochechas.

Olhei para os meus filhos. Eles pareciam decepcionados. A vergonha que me atingiu foi tanta que nem consegui olhar em seus olhos.

- Chris eu posso explicar - falei, enrolando-me nos lençóis. - Eu não sei de onde esse homem saiu, eu estava dormindo e de repende ele...

- COMO TEM CORAGEM DE MENTIR NA MINHA CARA? COMO? - ele gritou, furioso.

Senti cada parte do meu corpo se estremecer.

- Eu vi! - ele disse, fungando duro, tentando parar de chorar. - Eu já devia saber quando minha mãe me alertou... você não vale o prato que come.

Uma facada teria doido menos.

- Não é bem assim, Chris - neste momento, as lagrimas vinham a todo vapor. - Amor, me escuta, eu...

- Não me chama de amor! - disse ele, duro. - Diego, leve sua irmã para quarto e não saem de lá até eu deixar. - ele disse, sem tirar os olhos frios de mim.

Observei meu filho... Ele me olhavacom uma expressão triste, que me desabou a chorar outra vez.

- Amor, olha... - eu dizia, mas fui interrompida.

- Não fale comigo, Dulce Maria. - disse ele. - Depois de tudo que você fez, é a única coisa que te peço.

E então, saiu em passos largos, me deixando assós com o estranho, que segundos depois, saiu pulando pela janela.

Minha vida havia acabado.