Fanfics Brasil - Um dia Cinza Brutalmente Doce

Fanfic: Brutalmente Doce | Tema: Livre


Capítulo: Um dia Cinza

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 Eram 4 da manhã quando eu acordei assustada, chovia muito lá fora e da janela embaçada do meu quarto conseguia ver somente a luz do poste mais próximo e um carro preto estacionado em frente a residência dos Clavenfield; os meus vizinhos. Voltei para a cama, e quando estava prestes a dormir a minha gata começou a arranhar a porta do quarto e a miar desesperadamente do lado de fora. Melissa parecia muito assustada, como se tivesse fugido de um cão feroz pronto para fazer espetinho de gato, pois ela jamais tinha feito tanto escândalo antes.  A porta velha rangeu quando abri,e  Melissa correu apressada para de baixo da minha cama


- Hey, você quer acordar todo mundo ? Já viu que horas são ?


Ela miou. Me abaixei e a acaraciei


- Eu já volto, vou pegar sua ração, vê se não faz mais barulho


Peguei o celular que estava ao lado da minha cama e desci as escadas. Na cozinha tropecei em algo que deveria ser o pote de ração de Melissa, e agora ele estava todo espalhado no chão.


- Que droga ! Eu não vou recolher tudo isso agora...


Nesse mesmo instante um raio atingiu o poste em frente a minha casa, vi somente um clarão e em seguida um estrondo.


- Pelos deuses ! Sem energia ? Fala sério.


*Acendi a Lanterna do Celular, o mesmo apitou me avisando que eu tinha somente 3% de bateria*


Voltei para a sala e notei que havia algo estranho, a porta de entrada estava entreaberta, pela fresta deixada consegui ver a rua e a chuva ainda forte anunciava uma manhã nublada. Pensei : “talvez o papai tenha esquecido de trancar e o vento a abriu”. Tranquei a porta e me virei em direção a escada.


*Status da Bateria: 2%*


Fiquei paralisada em um dos últimos degraus. . Percebi que algo se moveu atrás de mim, e então me virei em direção à cozinha, me arrepiei toda, minhas pernas estremeceram, meu coração bateu forte, tapei a minha boca para não gritar. Um clarão de um relâmpago iluminou a casa toda, revelando a criatura horrenda aos pés da escada.


- O que foi tata ? Que cara é essa ? Aconteceu alguma coisa ?


- Lizzie Jones ! Você quer me matar do coração ? Está fazendo o que acordada ?


Me senti aliviada quando notei que era minha irmã mais nova. Lizzie havia completado 14 anos na última semana e eu era quase 3 anos mais velha que ela.


- Eu só fui beber água... E aquela bagunça na cozinha ? Eu é que não vou limpar.


- Vamos dormir, logo o dia amanhece.


- Tata, se importa se eu dormir com...


 Um barulho que vinha aparentemente do quarto dos meus pais interrompeu a fala da minha irmã.


- Ouviu isso ? – Perguntei.


- Será que eles ?


- Não, isso não pareceu... Hey ! Esse assunto é adulto demais para você garota.


Ela revirou os olhos e bufou um “aff” um tanto desmotivado.


- Vamos lá olhar... Pode ter entrado alguém aqui.


*Status da Bateria: 0%*


- Então é melhor ligar para a polícia, não acha ?


- É... eu não sei brigar nem contigo, quem dirá com um bandido. Você tem bateria ? A minha acabou. – Perguntei.


- Não... fiquei com medo de colocar para carregar e queimar por causa da chuva. Liga com o telefone fixo.


- Estamos sem energia, sua lerda. Vá para o quarto, qualquer coisa grite o mais alto que conseguir, e se precisar, corra até a casa dos vizinhos e peça ajuda.


Ela assentiu com a cabeça.


 Desci novamente as escadas e fui até o corredor que levava ao quarto deles, o clima estava tenso, o chuveiro no banheiro ao lado gotejava lentamente, suas gotas quando tocavam o chão provocavam um estalo, como em um filme de terror. Continuei em direção ao quarto pelo corredor, que agora parecia não ter fim. Parei em frente a porta. Girei a maçaneta lentamente e vi primeiro a cortina branca  que dançava no ar - a janela estava aberta - depois vi o chão molhado, não de água, mas de um líquido denso, e por fim... um clarão de um relâmpago iluminou o cômodo frio, terminei de abrir a porta, olhei para a cama e então eu gritei como nunca havia gritado antes, pôde-se ouvir meu grito a duas quadras dali.


 Minha irmã veio em minha direção correndo desesperada, a barrei antes que ela pudesse chegar no quarto.


- Não, não... n-não entre. – Eu mal podia falar, estava descontrolada e chorava sem parar.


Do lado de fora um carro deu a partida e saiu cantando pneu, cheguei na rua pouco antes dele cruzar a esquina, era o carro preto estacionado na casa dos meus vizinhos. A chuva me deixou ensopada em poucos minutos, mas eu não me importei, meus pais estavam mortos e eu nem ao menos pude me despedir.


 Lizzie estava sentada na escada da varanda chorando com Melissa no colo, e ao longe podia-se ouvir o barulho das sirenes se aproximando, provavelmente algum vizinho ligou para a emergência. Me sentei no meio da rua, coloquei as mãos sobre o rosto e chorei, como nunca havia feito.



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Autor(a): theking

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