Fanfic: After - Vondy - HOT | Tema: Vondy

Capitulo 2

Eu queria podar dizer que a paisagem familiar me acalmou durante a viagem, ou que uma sensação de aventura foi tomando conta de mim a cada placa que indicava que estávamos chegando mais perto da Washington Central. Só que na verdade estava perdida em um mar de planos e obsessões. Nem sei bem o que Nico disse, mas acho que tentava me passar confiança, dizendo que estava contente por mim.

Alma: Chegamos – anuncia minha mãe com um gritinho agudo quando passamos pelos portões de entrada do campus.

O lugar é tão bonito ao vivo quanto nas fotos dos folhetos e na internet, e fico impressionada com a elegância daquelas construções de pedra. Entre pais se despedindo dos filhos, grupos de calouros vestidos dos pés à cabeça com roupas da Washington Central e um pessoal que não parece nem saber onde está, são centenas de pessoas reunidas ali. O tamanho do campus é intimidador, mas com um pouco de sorte em algumas semanas já estarei me sentindo em casa.

Alma: Quero ver seu quarto antes de ir embora. Preciso conferir se está tudo em ordem – ela examina o velho edifício com o olhar cheio de reprovação. Minha mãe tem o dom de encontrar defeito em tudo. Nico abre um sorriso para amenizar o clima, mas ela ainda fica exaltada.

Alma: Não acredito que você está na faculdade! Minha filha única, uma universitária, morando sozinha. Simplesmente não acredito – ela diz em meio ao choro, limpando as lagrimas com cuidado pra não borrar a maquiagem.

No final de um grande corredor, acho o meu quarto, enfio a chave na fechadura de uma velha porta de madeira que abre com um rangido. Minha mãe solta um suspiro alto. O quarto é pequeno, tem duas camas estreitas e duas escrivaninhas. Depois de um tempo, meus olhos veem o motivo da surpresa da minha mãe: Um dos lados do quarto está coberto de pôsteres de bandas que nunca ouvi falar com integrantes cheio de piercings e tatuagens. E há uma menina deitada em uma das camas, com cabelos loiros, tonelada de delineador nos olhos e os braços cobertos de tatuagens coloridas.

Annie: Oi – ela diz abrindo um sorriso que achei até bem cativante, para a minha própria surpresa – Sou a Annie – ela se apoia sobre os cotovelos exibindo o decote profundo da blusinha, e eu tenho que cutucar o pé de Nico para ele desviar os olhos dos peitos dela.

Dul: O-oi. Sou Dulce – respondo quase engasgando, esquecendo totalmente os bons modos.

Annie: Oi Dulce. É um prazer. Bem vinda a Washington Central, onde os quartos são pequenos e as festas, sensacionais – a loirinha abre um sorriso ainda mais largo, joga a cabeça pra trás e cai na risada quando vê as expressões incrédulas diante dela. Minha mãe está completamente de queixo caído, e Nico não para de remexer os pés, todo sem graça. Annie se levanta, vem até mim e envolve meu corpo com seus braços finos. Fico sem reação por um instante, surpresa pela demonstração de afeto, mas em seguida retribuo o gesto. Ouvimos uma batida na porta no momento em que Nico larga as minhas malas no chão, e eu não consigo acreditar no que está acontecendo bem diante dos olhos da minha mãe.

Annie: Entrem – grita minha nova colega de quarto.

A porta se abre e dois garotos entram antes mesmo que ela termine de falar.

Garotos no quarto das meninas logo no primeiro dia? Talvez a Washington Central não tenha sido uma boa ideia. Pela expressão da minha mãe, parece que ela vai desmaiar a qualquer momento.

Rocco: Oi, você é a colega de quarto da Annie? – um dos garotos pergunta. Seus braços são cobertos de tatuagens, e os brincos de sua orelha são do tamanho de moedas.

Dul: Hã... sou. Meu nome é Dulce – consigo dizer.

Rocco: Sou Rocco. Não precisa ficar tão assustada – ele diz com um sorrisinho estendendo a mão e tocando meu ombro – Você vai gostar muito daqui! – sua expressão é afetuosa e amigável apesar do visual agressivo.

Annie: Estou pronta meninos – anuncia ela, pegando uma bolsa preta da cama. Meus olhos se voltam para o outro garoto, apoiado contra a porta.

Seus cabelos castanhos, espessos e ondulados estão penteados para trás, e ele tem piercings na sobrancelha e na boca. Meu olhar vai descendo para sua camiseta preta e seus braços, que também são cobertos por tatuagens. Ao contrário das tatuagens de Annie e Rocco, as dele parecem ser todas em preto e branco. Ele é alto e forte, e sei que o estou encarando de uma forma nem um pouco educada, mas não consigo desviar os olhos.

Fico esperando que se apresente, assim como seus amigos fizeram, mas ele permanece em silencio, revirando os olhos com impaciência e mexendo no celular que tirou do bolso da calça jeans preta e justa. Ele definitivamente não é simpático como Annie ou Rocco. Mas, por outro lado, é mais interessante: alguma coisa nele torna difícil tirar meu olhar de seu rosto. Percebo que Nico está me observando e me viro, fingindo uma expressão de choque.

E era por isso mesmo que eu estava olhando, não era?

Rocco: A gente se vê Dulce – ele diz e os três saem do quarto. Respiro bem fundo. Constrangedor era pouco pra definir aquilo.

Alma: Você vai trocar de quarto – esbraveja minha mãe assim que a porta se fecha.

Dul: Não, não posso. Está tudo bem mãe – faço meu melhor pra esconder meu nervosismos. Mas não estou certa de que essa é a melhor opção, mas a última coisa que eu quero é ver minha mãe superprotetora dar um escândalo no meu primeiro dia

Dul: Ela nem deve ficar muito por aqui mesmo – digo tentando convencer minha mãe e a mim mesma.

Alma: De jeito nenhum, vamos trocar de quarto agora mesmo. Você não pode ficar no mesmo quarto de alguém que deixa garotos entrarem desse jeito... e ainda mais garotos como aqueles.

Dul: Mãe por favor, vamos pelo menos fazer um teste. Por favor – não consigo nem imaginar a confusão que ela ia causar tentando uma mudança de quarto àquela altura. Nem na humilhação que seria pra mim. Minha mãe solta um suspiro dramático.

Alma: Tudo bem – ela responde, para minha surpresa – Mas vamos ter uma boa conversa antes de eu ir embora.