Fanfic: A Segunda Mulher - Adaptada - Finalizada | Tema: Vondy

Christopher acabou de barbear-se e lavou o rosto com água morna. Abriu a outra torneira e aplicou água fria à pele, sentindo-se mais revigorado. Fora difícil levantar-se às quatro da manhã. Secou o rosto com uma toalha, pensativo.

 Estava satisfeito em ir embora de Chicago. Com alguma sorte, talvez nunca mais fosse obrigado a colocar os pés naquela cidade. Estivera lá apenas duas vezes, antes. Dez anos atrás, com Jack para receberem uma pequena herança que o amigo herdou, e depois numa viagem entre amigos, onde conheceu sua primeira esposa

Encontrara Bel numa festa inocente, dada por um primo distante de Jack. Ela era uma convidada, entre muitas, mas captara o olhar de todos os jovens presentes.

 Christopher se apaixonara, passando a amá-la com uma intensidade até então desconhecida. Cedendo a um impulso irresistível, casou-se com ela e levou-a para o Kansas.

 Christopher olhou-se no espelho, enquanto passava a escova pelo cabelo. Bel se fora há mais de um ano e ele tivera bastante tempo para aprender que as lembranças do passado só lhe faziam mal.

A vida continuava. Tudo muito simples. Simples? Nada mais complicado que arrumar uma nova esposa. Como da primeira vez que fora a Chicago, não pensara em voltar para casa com uma mulher, mas não havia outra solução. Um homem sozinho cuidava do gado, mas só uma mulher poderia criar um bebê. Ele conseguira encontrar uma mãe para seu filho, além de outras coisas. Um novo par de botas, um terno para os domingos, um rifle de repetição e uma esposa. Nessa ordem exata.

Tinha dúvidas a respeito da mulher. Por que não podia parar de pensar como a srta. Savinon ficaria, vestida em roupas que lhe assentassem bem e sem todas as manchas roxas, pretas e azuladas? Era o diabo, más até sonhara com ela durante a noite.

Preferia que não fosse bonita. Já tivera uma. Bonita? Não. Bel fora linda.

 Com uma das botas meio calçada, parou e olhou para o vazio, pensando. Com raiva de si mesmo, enxotou os pensamentos importunos e acabou de se calçar.

 Pouco lhe interessava a aparência que Dulce Maria Savinon  pudesse ter depois de desaparecidos os sinais da surra. O menino precisava de mãe e ia tê-la. Nada mais que isso.

Também não queria admitir que gostara dos modos orgulhosos da mulher, de sua altivez e teimosia. Que diferença poderia fazer o fato de ela ter pele de porcelana, ombros eretos e cabelos que pareciam chamas, escorrendo pela nuca bem feita e pelas costas eretas, até a cintura? Nenhuma diferença absolutamente. Seria sua esposa, mas na realidade fora contratada para um emprego, da mesma forma que ele contratava vaqueiros para ajudar no trabalho do rancho. Ia ser sua cozinheira, sua costureira, uma governanta, enfim, que também criaria seu filho. Nada mais e nada menos.

Pegou á maleta e saiu do quarto a passos rápidos, quase colidindo com uma arrumadeira que estava carregando uma pilha de toalhas limpas. Encostou-se na porta para deixá-la passar, não devolvendo o sorriso tímido que ela lhe lançou em agradecimento. Mas examinou-a por trás, com o olhar preso ao laço de fita que lhe atava os cabelos na nuca. Cor de águas profundas, entre o azul e o verde, como os olhos de Dulce Maria Savinon.