Fanfic: A Segunda Mulher - Adaptada - Finalizada | Tema: Vondy

A respiração profunda de Christopher era o único ruído no quarto, quando Dulce saiu de mansinho, antes do alvorecer, na manhã seguinte. Ouviu o bebê tossir e foi até o quarto dele, rezando para que não despertasse, acordando Christopher também. Dean sossegou alguns momentos depois, e ela começou a descer a escada devagarinho, temendo fazer barulho.

 Durante a longa noite insone decidira que não cruzaria os braços à espera de que selassem seu destino. Faria o que pudesse para salvar seu casamento e a si mesma, se ainda existia alguma possibilidade de salvação. Mas precisava tentar.

 Na cozinha, retirou o estojo de veludo da gaveta do armário. Apressada, esvaziou-o, pondo o conteúdo na bolsinha com boca de amarrar, que guardou no bolso da saia. Com um suspiro melancólico recolocou a caixa no lugar, pensando que era o único objeto da mãe que restara de recordação". Tirou o casaco pesado que usava para andar pelo rancho de onde o pendurava, num prego atrás da porta.

Vestiu-o, abotoando-o de cima a baixo, até o último botão, nos joelhos. Passou o cachecol que fora tricotado por Anahí ao redor do pescoço, cobrindo as orelhas. Procurou as luvas no bolso, descobrindo que só tinha uma, então pegou as de Christopher. Quando as retirava do bolso do casaco de couro, encontrou a dela, que julgara perdida.

Depois de refletir um pouco, concluiu que ele a levara ao joalheiro para dar-lhe uma idéia aproximada da medida da aliança. Olhou para o aro reluzente, algo que lhe dera tanta felicidade e logo caíra no esquecimento, no meio do tumulto. O carinho dele ficou patente no trabalho que tivera para comprar a aliança em segredo.

Poderia tê-la levado à joalheria e pronto. Mas não. Quisera lhe fazer uma surpresa. Dulce emocionou-se, mais convicta de que valia a pena lutar pelo sentimento que os unia.

Acabou calçando as luvas de Christopher, mais grossas, colocando as dela no bolso do casaco. Ninguém ainda se levantara quando ela saiu da casa pela porta dos fundos. O chão encontrava-se coberto por uma camada grossa de neve, prenunciando a nevasca já esperada e que seria a primeira das grandes tempestades do inverno. Sob o céu daquela hora que precedia o amanhecer, o branco da neve brilhava, clareando a paisagem. Dulce atravessou o pátio em direção ao celeiro.

Teria de acordar o velho empregado que dormia num quartinho dos fundos porque, embora estivesse segura de que poderia dirigir a charrete sozinha, precisava de alguém para atrelar os cavalos ao veículo.

Batendo na parede de madeira e chamando baixinho por Morty, conseguiu despertá-lo. O velho apareceu bocejando e ouviu seu pedido, olhando-a como se ela tivesse enlouquecido.

— Não devia sair com este tempo, madame — avisou.

— Fique tranquilo, Morty.