Fanfic: A Segunda Mulher - Adaptada - Finalizada | Tema: Vondy

O sol erguia-se no horizonte, numa exibição esplendorosa de luz e cor. Chicago transformara-se numa silhueta indistinta contra o céu luminoso, quando Christopher desviou a pequena carruagem de dois lugares para a beira da estrada e parou. Dulce parará de chorar e aceitara a situação. Na verdade, percorrendo a cidade, pensara que cada quarteirão vencido a distanciava dos perigos que David Stern e seu desejo de vingança representavam para ela. Começara a sentir-se aliviada.

 — Agora eu quero a verdade — Christopher declarou de repente. Ela olhou para o lado do sol nascente, evitando o olhar de Christopher.

— A verdade? — ecoou.

Sentia os olhos verdes em seu rosto, mas recusava-se a fitá-los. O ar fresco da manhã começava a esquentar, e ela subitamente percebeu que o calor que sentia na perna esquerda vinha da coxa de Christopher, comprimida contra a sua no espaço estreito do assento. O silêncio estendeu-se até se tornar desconfortável.

— Sim, Dulce, a verdade — ele repetiu então.

— Acho que não entendo.

 Novo silêncio. Preparando-se para o pior, ela virou-se e encarou-o.

— Você apareceu em meu quarto, ontem, vestida probremente. Tive a impressão de que vinha de gente honesta, mas pobre, e que apenas circunstâncias desfavoráveis ao extremo a forçaram a procurar um marido através de um anúncio de jornal. Queria fugir de um padrasto violento e não podia ser um peso para parentes que também lutavam pela vida.

 Aquela história que ele sugeria era bem aceitável e ela meneou a cabeça de leve, concordando. Mas Christopher não se convenceu, pois continuou a estudá-la e passou um dedo pelo acabamento de pele da manga do vestido.

 — Essas roupas não são as de uma moça pobre — comentou. Então esperou, achando que seu olhar fixo a intimidaria e a faria contar a história verdadeira. Dulce continuou calada. — Muito bem — ele disse, depois de algum tempo. — Não só fiquei surpreso com suas roupas, hoje, mas com sua família também. Sua tia e o neto dela não ficaram satisfeitos com nosso arranjo. Tive a impressão de que a entregaram a mim com relutância, apenas por não terem outra alternativa. E sua irmãzinha? Era óbvio que não queria separar-se de você. Por que não saiu da casa de seu padrasto e foi viver com Mary em casa de sua tia? Não seria mais lógico? Pois bem, não iremos em frente até que me conte toda a verdade, Dulce.

 — Ilda James não é minha tia verdadeira — ela alegou. — É uma amiga muito antiga de minha família.

 — Mas poderia morar com ela, não? Sua irmã ficou lá.

Dulce tornou a olhar para o horizonte, todo púrpura, rosa e ouro.

— Derick sustenta a avó com seu magro salário de contador de banco. Agora tem Mary para cuidar. Eu seria um peso insuportável para eles.

— Você poderia trabalhar para ajudar. De que está fugindo, srta. Savinon?