Fanfic: A Segunda Mulher - Adaptada - Finalizada | Tema: Vondy

— Só estou curiosa — ela declarou, deixando que seu olhar descesse para o peito largo, coberto de pêlos loiro-escuros. Constrangida, olhou rapidamente para cima, encontrando os olhos verdes e sarcásticos.

 — O coração de um homem ama somente uma vez, Dulce. Pelo menos este homem aqui, Christopher Uckermann. Nosso casamento tem outros motivos.

— Uma canga para dividir o fardo — ela acrescentou ironicamente.

— Certo. Por isso, se estiver nutrindo ilusões românticas, esqueça-as. Eu estaria mentindo se dissesse que voltarei a amar, um dia.

Desafivelou o cinto e ia baixar as calças, mas pensou melhor e apagou o lampião pendurado ao lado da cama. A única claridade era a da luz da lua, entrando pela janela. Dulce olhou através das cortinas finas enquanto ele acabava de se despir. Escapara de David Stern, saíra de Chicago, mas mesmo assim seu caminho continuava espinhoso. Ali estava, em sua noite de núpcias, falando de casamento sem amor com o próprio marido, e sem saber o que faria quando chegasse o momento de ir para a cama.

— Não vamos dormir na mesma cama! — comunicou em tom decidido, mas presa de sentimentos contraditórios.

Alívio e desapontamento. Indiferença e tristeza. Ele riu alto, achando o aviso muito engraçado.

 — É claro que vamos! Por enquanto, porque está ferida, ocuparemos a mesma cama apenas para dormir. Mas depois...

Havia algo profundamente irritante naquela voz masculina zombando dela no escuro.

— De jeito nenhum! — ela explodiu.

 — De jeito nenhum, o quê? — ele provocou, gostando de embaraçá-la.

— Não haverá "depois" coisa nenhuma. — Limpou a garganta, confusa. — Sem amor não haverá... — Titubeou, sem encontrar um nome para algo que jamais discutira com outra pessoa.

 — Isso é direito?

— É, sim. Você quer uma mulher para cuidar de sua casa e de seu filho. Concordei com isso. O resto não faz parte do nosso trato.

Houve um instante de silêncio, e na luz fraca do luar ela o viu erguer os ombros, num gesto de descaso.

— Como queira — disse, com um bocejo. — Está mesmo com os nervos à flor da pele, não é?

O mais exasperante era a calma que ele demonstrava, como se não tivesse sentimentos. Antes que ela pudesse responder à provocação, ele suspirou e estendeu-se na cama.

— Bobagem continuar discutindo, Dulce. Venha dormir. Você deve estar exausta. — Não estou, não. — Se eu estiver ocupando muito espaço, quando decidir se deitar, empurre-me para o lado.

Ela ouviu o farfalhar suave dos lençóis, quando ele se cobriu. Na obscuridade, ela distinguia o vulto grande deitado num dos lados da cama. Só não podia ver se ele estava virado para ela ou se lhe dera as costas. Estaria observando sua reação? Impossível dizer.

 Permaneceu sentada na cadeira dura, por algum tempo, mas logo a languidez do sono a envolveu. O corpo doído pedia repouso e os olhos ardiam. Sem olhar para a cama, ela foi para a poltrona. Apoiou a cabeça num dos braços e as pernas no outro. Foi lá que passou a noite de núpcias, demorando a dormir porque estava furiosa com o marido.

Sem saber exatamente por quê.