Fanfic: A Segunda Mulher - Adaptada - Finalizada | Tema: Vondy

— Quanto convencimento! — respondeu, alegre. — Um dia ela me agradecerá por tê-la livrado de um homem que não conhece a modéstia.

— É isso o que pensa de mim? — Ele fingiu estar ofendido.

— É — ela respondeu com ar malicioso, divertindo-se com a troca de palavras. — E seu filho? — ela perguntou, achando estranho que ele não falasse da criança

 O sorriso de Christopher desapareceu.

— Tem quase um ano e meio, já anda e está começando a falar. Bem, isso é o que os outros acham, porque eu não entendo nada do que diz.

Dulce esperou que ele falasse mais sobre a criança e que demonstrasse o mesmo afeto de quando falava dos sobrinhos, mas Christopher calou-se.

 — Só isso? — ela admirou-se.

— O que mais posso dizer? É somente um bebê.

 — Como se chama? — Dulce perguntou, confusa.

— Dean. Quer comer mais alguma coisa?

— Não, obrigada — ela recusou o oferecimento e ele fechou a caixa. Era inegável que ele não desejava falar do filho, mas ela persistiu: — A criança deve achar que sua cunhada é a mãe dele, se sua esposa morreu ao dar a luz a ele.

— Acho que sim — ele concordou, não muito interessado. — Mas Charity cuida dele tanto quanto Anahí.

— O menino deve ser um consolo para você. Foi um pedaço de sua esposa que ficou — ela comentou, testando.

Christopher levantou-se e pôs a caixa na rede. Quando voltou a sentar, esticou as pernas até o banco de Dulce. Deitando a cabeça para trás, fechou os olhos e cruzou as mãos na cintura.

— Apague o lampião, quando quiser dormir novamente — recomendou.

Ela não ia receber nenhuma resposta. Dulce observou-o, descobrindo que o homem afetuoso, que gostava de falar sobre a família, desaparecera. Em seu lugar ressurgira o que conhecera em Chicago, arrogante e amargo.

Era de imaginar que ele guardasse ressentimento contra o garotinho, pois sua vinda ao mundo custara a vida de sua mãe. E Dulce era uma substituta da mulher que Christopher amara e que não quisera perder. Uma substituição indesejável, mas necessária.

A suposição apossou-se de sua mente como um peso desagradável. Ela não esperava amor daquele casamento de conveniência, mas vira uma faceta diferente da personalidade de Christopher quando ele descrevera a família do irmão. Ele podia ser amoroso, gentil e engraçado, quando queria. Uma faceta muito atraente. Ela gostaria de poder ter certeza de que assim que se ajustassem à vida de casados, esse lado bom de Christopher venceria o outro sarcástico, frio e distante, que tanto a feria. Se assim fosse, poderiam viver pacificamente como marido e mulher, cumprindo seus deveres e extraindo alguma alegria da vida em comum.

 Mas, mesmo depois de dezoito meses de viuvez, ele continuava a adorar a esposa morta e nem quisera falar do próprio filho. Como poderia ela, a substituta, ter esperança de receber algum afeto? Não esperaria nada. Christopher fora franco e declarara que não voltaria a amar outra mulher.

Por que isso deveria perturbá-la, afinal? Casara-se com ele apenas para salvar-se das garras do padrasto e para preparar um lar para Mary. Christopher  que passasse o resto da vida se lamentando, se quisesse.