Fanfic: A Segunda Mulher - Adaptada - Finalizada | Tema: Vondy

— Então, vamos começar — convidou, besuntando as mãos. Juntos pegaram uma porção da massa de açúcar, que esfriava na travessa amanteigada.

Formaram uma bola, deixando que seus dedos escorregadios se encontrassem, enlaçando-se e soltando-se em movimentos contínuos e enérgicos.

 — Vão começar a puxar, ou ficarão brincando até amanhã? — Alfonso gritou, vingando-se de Christopher, que o espicaçara com a história da cobra.

Anahí empurrou-o com o cotovelo.

— Tia Dulce não sabe puxar — Annie declarou. — Eu quero ficar no lugar dela!

 — Fique quieta, menina — a mãe repreendeu.

Dulce finalmente conseguiu dar um formato oval à bola, segurando-a por baixo e por cima. Christopher colocou as mãos grandes sobre as dela, de modo íntimo. Apertaram a massa, que tornou-se comprida, ameaçando desabar pelos lados.

— Tio Christopher, eu quero ficar no lugar de tia Dulce — a garotinha insistiu. — Ela pode ficar olhando, para aprender.

— Vamos dar uma chance à tia Dulce — Christopher decretou, em tom sério.

Dulce fitou-o, notando que seus olhos procuravam os seus, íntimos e expressivos. Teve a súbita intuição de que as palavras dele tinham um significado muito mais profundo do que aparentavam.

 De repente ele puxou um dos lados da massa, afastando-se, obrigando-a a também recuar para que a longa tira de açúcar não tocasse o chão.

A família toda passou a acompanhar o processo, entre aplausos, conselhos e vaias, quando a massa afundava no meio ou se esticava tanto que ameaçava quebrar. Dulce continuava a trabalhar, imperturbável, como se toda a vida tivesse convivido com o barulhento e animado clã.

Quando Anahí declarou que a massa já estava bem esticada, Christopher e Dulce a estenderam sobre a mesa untada. Lavaram as mãos e sentaram-se para aplaudir e arreliar Annie e Peter, encarregados da segunda massa. O trabalho continuou, até que todos houvessem contribuído e toda a massa ficou pronta para a modelagem. Charity formou pequenos corações e Paul modelou bengalinhas, embora todos dissessem que elas eram tradicionais nas festas de Natal e não deviam ser feitas fora da época certa.

 Depois das balas prontas todos ajudaram a limpar a cozinha. As crianças menores foram mandadas para a cama e o resto da família reuniu-se na sala de visitas. Apenas um lampião estava aceso, deixando o aposento suavemente iluminado. Anahí sentou-se ao harmônio, Luke tirou a gaita do bolso e os dois começaram a tocar uma melodia doce e envolvente.

Dulce ocupou uma das extremidades do sofá, e Christopher ficou ao seu lado, de pé, a coxa roçando o ombro dela. Dulce sentia que ambos se encontravam envolvidos por uma atmosfera diferente, carregada de energia, que a deixava lânguida e sonhadora.

A noite prosseguiu, agradável, levando Dulce a pensar que poucas vezes na vida se sentira tão bem. Já gostava de todos os familiares de Christopher e a cada momento descobria novos motivos para ficar feliz por ter sido aceita por aquela gente maravilhosa. O único fato que a entristecia era estar longe de Mary. A menina adoraria as crianças dos Uckermanns.

Naquele momento, porém, enlevada pela música, não queria ter pensamentos tristes. Só queria pensar em Christopher, imaginando como seria maravilhoso ficar a sós com ele.