Fanfic: até as últimas consequências | Tema: Rebelde [MyM]

até as últimas consequências

capítulo 10 -- mi vida cambiaria nun segundo 

Música do capítulo: Start of Something New (Disney)

Quando desceram do palco, Mia, Miguel, Giovanni, Lupita, Roberta e Diego estavam empolgadíssimos. Foram abordados por uma multidão alvoroçada, vários rapazes se atirando para cima das meninas (o que fez Mia praticamente grudar-se às costas de Miguel na tentativa de afastar os mais afoitos) e moças tentando arrancar as roupas dos meninos (Mia ficou com vontade de dar bolsadas em uma ou duas ou vinte). Para que pudessem chegar à sua mesa, foi preciso que Vicki e Raquel fossem resgatar seus namorados, e Nico agisse um pouco como segurança de Lupita.

Por fim, chegaram à mesa, os meninos com os bolsos cheios de guardanapos com números de telefone. Vicki, nervosinha, pegou a pilha que tinha saído dos bolsos de Diego e jogou todos na lata de lixo mais próxima. Raquel ergueu de leve os ombros da camisa de Giovanni e sacudiu-os, fazendo guardanapos caírem de dentro da roupa do namorado. Miguel estava com vários arranhões no pescoço e pegou uns guardanapos limpos na mesa para colocar em cima e ver se estava saindo sangue, enquanto Celina estava ocupada tentando acalmar Roberta.

“Acho que aquele grandão ali com cara de tarado passou a mão na minha bund-a!” Bradou a filha de Alma Rey, furiosa. “Me solta, Celina! Quero ir meter a mão na cara dele pra ele ver se é bom!”

“Nem fale em mãos bobas”, reclamou Mia. “Eu senti tanta mão na minha que não posso nem dizer quem passou e quem deixou de passar”.

Miguel alertou-se na hora, soltando o guardanapo e virando para ela. “Passaram a mão em você também?” Perguntou ele com um olhar incisivo a Mia. “Quem?”

“Não sei! Acabei de dizer que foram tantas que não posso identificar uma só!” Respondeu a loira, irritada.

“Bando de gente abusada”, Raquel torceu o nariz. “Parece que nunca viram um grupo de gente bonita que, aliás, canta bem pra caramba!” Ela tirou dos cabelos de Giovanni o último guardanapo com o número de uma tal L. Viviana, antes de dar um selinho, sorrindo, no oxigenado. “Prontinho! Livre de impurezas!” Falou, brincando.

Nico, que estava distraído confirmando que Lupita estava mesmo inteira (e que nenhum abusado tinha passado a mão nela) voltou à conversa com aquele comentário de Raquel e disse, “É mesmo, não é?” A expressão dele era pensativa.

Mais calma, Roberta sorriu para os companheiros com os quais tinha dividido o palco. “Mas também, convenhamos. A gente mandou muito bem lá em cima!”

“Foi mesmo, não foi?” Mia sorriu para ela. “Aliás, Roberta, a sua voz é linda! Adorei a música que você cantou antes!”

“Qual?” Perguntou Roberta, fazendo sinal a um garçom para se aproximar.

Mia, sem olhar para Miguel, cantarolou a melodia da música. Lupita, que estava pedindo ao garçom que se aproximava uma água sem gás, cantarolou, “Por besarte, mi vida cambiaria num segundo...”

“Ah!” Roberta disse, recordando. “É linda mesmo, não é? É de uma amiga da minha mãe, ela começou a carreira há algum tempo, mas ainda não estourou”.

“Você me passa o nome dela depois?” Pediu Mia a Roberta, que fez um gesto de positivo com a mão e pediu uma água com gás.

Cansados, os jovens resolveram ficar apenas conversando após a última apresentação. Miguel e Mia ficaram lado a lado, ela com os ombros tensos e sem se atrever sequer a olhar na direção dele, ele batendo papo com Nico distraidamente.

Mia estava olhando para o palco, onde uma loira gorducha de minissaia de vinil roxo e um top de paetê prateado acabava com a versão do grupo Cake para ‘I Will Survive’, quando sentiu uma mão quente e levemente calejada tomar a sua por baixo do tampo da mesa. Pega de surpresa, ela olhou ao redor antes de olhar para baixo.

Subindo os olhos pelo braço onde estava a mão que segurava a sua, ela reconheceu a manga verde-água que o cobria. Miguel, ainda conversando com Nico, parecia não registrar que estava de mãos dadas com Mia. Mas, em determinado momento, ela sentiu a mão dele apertar a sua, e baixou o rosto, escondendo um sorriso tímido.

. . . .

A farra foi tão boa que o grupo só saiu do karaokê quando o mesmo fechou. Por isso, no dia seguinte, um domingo, os baladeiros aproveitaram para dormir até tarde e descansar. Mas Mia não conseguiu dormir até o horário planejado, pois estava elétrica, com a cabeça cheia das lembranças do que tinha acontecido na véspera, e das sensações provocadas por esse acontecimento.

Tinha beijado pela primeira vez, e esse beijo fora trocado com Miguel.

Quando fechava os olhos, podia quase reviver a sensação da boca dele na sua, a pressão de seus lábios, o calor de suas mãos nas costas dela. Como toda menina, também ela tinha imaginado como seria passar por essa experiência, e, embora o local não fosse dos mais adequados (um karaokê lotado, com todos os seus amigos podendo ver – graças a Raquel Giovanni não tinha visto, sabia que os socos iam rolar soltos se não tivesse sido assim), não podia negar que o garoto com quem tinha vivido essa primeira vez era pelo menos fisicamente perfeito.

Mia tinha passado a noite toda acordada, revivendo a experiência e analisando seus próprios sentimentos. Não podia negar que estava muito atraída pelo novato – atração essa que era evidentemente recíproca, pois Miguel desde que havia chegado ao Elite cercava-a de atenções, e na noite anterior tinha tomado a iniciativa de chamá-la para dançar e depois de beijá-la.

Suspirou, sonhadora, e olhou para o relógio no celular a fim de verificar as horas. Eram onze horas e, embora tivesse conseguido cochilar quase às seis, não sentia mais sono. Sentou-se na cama e depois de algum tempo decidiu sair para procurar algo para comer. Com sorte, a responsável pela cantina ainda teria algo disponível para ela. Com essa decisão tomada, levantou-se, tomou um banho, escovou os dentes, trocou de roupa e saiu.

. . . .

O beijo em Mia despertou emoções conflituosas em Miguel. Se por um lado estava satisfeitíssimo pelos largos passos que tinha dado rumo a seu objetivo final, por outro estava extremamente abalado pela própria reação àquela carícia. Mia o afetava como nenhuma outra antes, e isso o deixava confuso e inseguro. Não sabia o que fazer, nem como agir.

Só sabia que queria beijar Mia de novo, beijá-la várias e várias vezes, até gravar na mente a sensação dos lábios dela contra os seus, do corpo dela em seus braços. Queria sentir o cheiro de seu perfume e a maciez de sua pele, ver seu sorriso lindo e olhar para seus misteriosos olhos azuis.

Dominado por esses pensamentos de vingança e de desejo, só conseguiu dormir quando o dia já estava nascendo, mas seu sono foi turbulento, cheio de pesadelos com seu pai; por isso, acordou menos de seis horas depois, com um sobressalto. Irritado com a noite mal dormida e com as próprias emoções incompreensíveis, ele levantou e foi direto para o banheiro a fim de dar início ao novo dia.

A água gelada ajudou a acalmar seus pensamentos tumultuados: como ele mesmo tinha dito a si mesmo durante o planejamento de sua vingança, seus planos não o impediam de desfrutar da companhia de Mia. E o que estava sentindo era consequência natural de estar sempre com ela e de tê-la beijado. Aliviado com a própria racionalização, permitiu-se relaxar pela primeira vez desde a véspera e saiu assobiando do chuveiro.

Chegou na área da cantina algum tempo depois, vestido e pronto para o dia à frente, e deu um pequeno sorriso ao ver Mia sozinha, tomando seu café. Ela usava um shortinho jeans branco com uma blusa rosa de alcinha, estava de cabelo solto e molhado e sem maquiagem, com a mesa cheia de guloseimas à sua frente e atacando com vontade uma fatia de bolo de chocolate.

Aproximando-se discretamente sem fazer ruído, ele abaixou-se com a boca perto do ouvido dela e sussurrou, “Caiu da cama?”

Mia levou um susto com aquela voz inesperada em seu ouvido e deu um grito tão alto que possivelmente acordou o internato inteiro. Com a mão no peito sobre o coração disparado, virou-se e viu Miguel com um largo sorriso, dando gostosas risadas. “Ai, Miguel!” Disse ela, queixosa. “Não faz mais isso, okay?”

“Desculpa, Mia, foi mais forte do que eu”, disse o rapaz, sentando-se na frente dela de olho comprido no que tinha exposto na mesa. “Posso tomar café com você?”

“Pode. Eu acordei morrendo de fome, mas isso tudo é demais pra mim, não dou conta”, respondeu ela. Para sua surpresa, o silêncio que se seguiu foi confortável, como se aquele momento já tivesse sido vivido por eles há tempos.

Depois de matarem o que os matava, Miguel levantou-se e estendeu a mão para Mia. “Vamos dar uma volta por aí?”

“Claro”, respondeu ela, colocando a mão na dele. Saíram andando sem rumo, de mãos dadas, no mesmo silêncio tranquilo e gostoso do café da manhã. Quando por fim chegaram à sala de estar de alunos, Miguel puxou Mia para um sofá, deixou que ela se sentasse e sentou-se ao lado dela, mas virado de um jeito que ficava de frente para a loira.

“Mia”, ele falou, respirando fundo. Por motivos inexplicáveis, estava se sentindo nervoso. “A gente precisa conversar”.

Aquela frase infeliz teve um efeito bombástico em Mia. Ela ficou gelada, branca como uma parede, e afastou-se de Miguel tão rápido que em 15 segundos tinha dado um jeito de estar com as costas pressionadas no braço do sofá e criar um espaço bem generoso entre ela e o moreno. “O que foi?”

Miguel estendeu a mão e pegou a de Mia. “Calma. Não é nada disso que você tá pensando-”

“Como que você sabe? Você não tá na minha cabeça!” Disparou ela, nervosa. “Você lê pensamentos, por acaso? Porque só assim-”

“Mia, calma!”  Miguel interrompeu-a, pegando a mão dela e sorrindo (ela ficava linda nervosa –foco, Arango!). “Não, eu não leio pensamentos. Só que eu sei que essa frase é prenúncio de confusão. Mas a gente realmente precisa conversar sobre o que aconteceu ontem”, disse ele, delicado, fazendo carinho no dorso da mão dela.

A loira foi da palidez mortal a um rubor fortíssimo, mas sua postura relaxou e ela se permitiu um sorriso tímido. “Concordo”, disse em voz baixa, ficando arrepiada com o carinho dele na sua mão.

Encorajado pela reação dela, ele puxou-a delicadamente para perto de si. Mia veio de boa vontade, mudando de posição de modo que se sentou de frente para ele, com as pernas em posição de lótus, seus joelhos ficando sobre os de Miguel no sofá. O moreno respirou fundo e tomou a outra mão de Mia na sua mão livre.

“Mia... quando eu te vi pela primeira vez eu soube que eu queria você. Não vou mentir pra você e te dizer que te amei, porque eu acho que já te disse que não acredito em amor à primeira vista, mas eu fiquei interessado em te conhecer, em descobrir os seus mistérios. E o que aconteceu ontem...” Ele parou, parecendo pensar no que ia dizer em seguida. “O que aconteceu ontem, o beijo entre a gente, só fez confirmar isso”.

Mia estava emocionada, lutando muito para não ficar com os olhos marejados. “Eu precisei de uma noite inteira pra descobrir que eu também tô muito interessada em você, Miguel”, admitiu ela em voz baixa, tímida.

Ele sorriu. “Mia...” parou de novo, respirou fundo e soltou uma das mãos das dela, apoiando-a em seu rosto sem pintura. “... você quer namorar comigo?”

A loira piscou, paralisada de surpresa, e ficou encarando Miguel por longos momentos, absorvendo aquele pedido surpresa. Aos poucos, seus lábios se abriram num largo sorriso, e ela acenou afirmativamente, inclinando-se com delicadeza para pressionar a testa na de Miguel. “Quero”, disse em voz baixa e doce. “Quero sim”.

Miguel fechou os olhos, sorriu de volta e, muito lentamente, aproximou a boca da de Mia num beijo terno e carinhoso, selando aquele começo de namoro.

. . . .

Nico foi arrancado de seu sono profundo pelo barulho e pela vibração de seu celular tocando debaixo do travesseiro. Irritado e ainda sonado, ele tateou o colchão em busca do aparelho, atendendo sem ver quem o chamava àquela hora da madrugada. “Alô!”

“Nico?” Uma voz de homem cumprimentou-o do outro lado da linha. “Bom dia! Aqui é Jacó. Desculpe por acordá-lo, mas queria conversar com você sobre negócios, pode ser?”

Nico acordou ainda mais. Jacó era amigo de seus pais, pai de Karen, e ele raramente (quase nunca, na verdade) lhe telefonava. O que ele queria telefonando às (Nico afastou o aparelho do rosto para confirmar o horário) onze e dez de uma manhã de domingo? “Bom dia, seu Jacó. Não tem problema”, enrolou, sentando-se na cama quando o resto do cumprimento de Jacó foi absorvido por seu cérebro. “Que negócios?”

“Uma sobrinha minha estava no karaokê próximo à sua escola ontem à noite e o viu conversando com um grupo de seis pessoas que se apresentaram cantando uma música do Maroon 5”, explicou Jacó, enquanto Nico, agora já bem desperto, sentava-se na cama, alarmado, e saía do quarto para não acordar Téo definitivamente. “Ela disse que a reação da plateia ao grupo foi excelente, que eles foram aplaudidos como se fossem músicos consagrados”.

“É verdade”, reconheceu Nico, lembrando-se de como Mia, Miguel, Giovanni, Lupita, Roberta e Diego haviam sido quase esmagados pelos adolescentes em turbilhão.

“Pois bem. Se você puder fazer contato com eles, diga-lhes que quero contratá-los para cantarem no meu café”, disse Jacó, direto ao ponto como todo homem de negócio de respeito.

“I never knew that it could happen, ‘till it happened to me. I didn’t know it before, but now it’s easy to see it’s the start of something new”.

Nota da Autora: A partir de agora, os capítulos desta história terão títulos, uma música que os inspirou e uma frase em especial que motivou o uso da música. Esta história também é postada no Spirit Fanfiction desde o dia 25.05, e no Wattpad a partir do dia 26.05. Críticas, comentários e sugestões, meu twitter é girlplayingames.