Fanfic: até as últimas consequências | Tema: Rebelde [MyM]

até as últimas consequências

capítulo 11 – since you came along

Música do capítulo: Deep in My Heart (Britney Spears)

Mia e Miguel soltaram-se de seu beijo com as respirações ofegantes. Ficaram com os rostos próximos um do outro, de olhos fechados, de mãos dadas e cheios de tantas emoções simultâneas que não tinham como expressar em palavras tudo o que estavam sentindo. Os lábios de Mia estavam curvados num leve, e ela apoiou uma mão no rosto de Miguel, acariciando-o de leve, arrepiando com a pele quente e levemente áspera nas áreas onde ele tinha se barbeado.

Pela primeira vez desde a morte de seu pai, Miguel estava com os pensamentos completamente em paz. Para ele, era como se tivesse voltado à época em que seu pai ainda era vivo, quando sua única preocupação era viver e cuidar da própria vida, porque seu pai cuidava de todo o resto. Sem saber, Mia agia como um bálsamo para suas emoções tumultuadas, permitindo-lhe simplesmente respirar.

A filha de Colucci abriu lentamente os olhos, com um sorriso doce nos lábios ao ver o namorado (sufocou a vontade de dar um gritinho radiante ao pensar naquilo) de olhos fechados, com um leve sorriso no rosto. Inclinando-se, começou a encher o rosto dele de beijos, passando os braços em torno do pescoço de Miguel e sorrindo. “Você é lindo”, disse ela, em voz baixa, entre os beijos.

Miguel sorriu e passou os braços em torno da cintura dela, puxando-a para seu colo. Mia foi de boa vontade, e ficaram trocando selinhos e carinhos, unidos por um sentimento que nenhum dos dois conhecia e nem tinha sentido antes.

Depois de algum tempo, Mia afastou-se um pouco do namorado para encará-lo fixamente nos olhos.  “Bebê”, disse, e o apelidinho meloso saiu tão espontaneamente que ela nem parou para pensar, “você não acha que a gente tá indo rápido demais?”

Miguel olhou-a com cautela. “Quer mudar de ideia?”

“Não, não!” Mia apressou-se a responder, e deu um beijo estalado na boca dele. “Bobo, claro que não! Mas é que a gente não se conhece nem uma semana, ficamos pela primeira vez ontem e hoje já estamos namorando”.

Miguel sorriu com ar de criança sapeca. “Eu falei a você quando te conheci que você seria minha, não falei?”

“Falou, mas...”

“Mas nada, bebê”. Como foi com ela, o apelidinho carinhoso passou despercebido pelo rapaz, devido à espontaneidade com que foi dito. “Eu sempre soube quem eu queria, e o que eu queria. Para os outros pode até parecer rápido, mas o que importa a opinião dos outros, se eu gosto de você e quero ficar com você, e se você gosta de mim – você gosta de mim, não gosta?”

A loirinha deu um sorriso travesso e fez um gesto indicando com o polegar e o indicador um espaço minúsculo. “Gosto só um pouquinho assim”.

“Tão pouquinho assim?” Miguel fez um bico manhoso, e Mia riu, roubou um selinho dele. “Enfim. Você gosta de mim e quer ficar comigo. É isso que importa, Mia. O que a gente sente, o que a gente quer”.

O sorriso que Mia deu em resposta a isso foi tão radioso, tão feliz, que Miguel sentiu o coração aquecer-se diante daquilo. Beijou-a ternamente na boca, deitando-se no sofá e puxando-a consigo de modo que ficaram aninhados no móvel, Mia deitada de lado, apoiada no peito dele, e Miguel com os braços em torno da sua cintura dela e o queixo apoiado em seus cabelos.

Ficaram assim agarradinhos, num silêncio confortável, Mia ouvindo o bater forte e estável do coração de Miguel, quando seu “casulo” foi rompido pelo toque estridente do celular do moreno. Movendo a mão com dificuldade, ele conseguiu tirar o aparelho do bolso da bermuda e franziu a testa ao ver Nico no identificador de chamadas. “O que será que o Nico quer?” Perguntou em voz alta.

“Atende, ué!” Respondeu a namorada, também ela curiosa. “Aí você descobre”.

Com um braço ainda em torno de Mia, Miguel deslizou o dedo pela tela do celular, apoiando-o na orelha. “Fala aí, Nico. Bom dia”.

“Ei, Miguel, bom dia!” A voz de Nico parecia apressada. “Onde você está?”

“Aqui na sala de alunos, no térreo”, respondeu o novato, curioso. “Por quê? Tá tudo bem?”

“Tá sim. Olha, me espera aí que eu tô chegando, viu? Vou só arrancar o Diego, o Giovanni, a Roberta, a Lupita e a Mia da cama deles e já chego aí. Preciso conversar uma coisa importante com vocês”.

Miguel olhou para a cabeça loira apoiada em seu peito e sorriu. “A Mia já tá aqui comigo, então só acorda os outros”.

Nico deu uma risada. “Agiu rápido, hein, garanhão? Já tô descendo aí. Me esperem”.

“Beleza, a gente espera sim. Até depois”. Miguel desligou o celular e guardou-o no bolso, dando um beijo na cabeça de Mia, que ergueu o rosto para olhá-lo com curiosidade.

“E aí?”

“Ele quer falar com a gente, com o Diego, o Giovanni, a Roberta e a Lupita. Pediu pra gente esperar aqui enquanto ele arranca os outros da cama”, explicou ele à namorada.

Mia franziu a testa, estranhando. “O que será que ele quer?”

Miguel fez um gesto com os ombros de desinteresse. “Vamos esperar, né?”

. . . . .

Nico precisou de duas horas para arrancar os quatro cantores restantes de suas camas. Lupita, por uma bênção divina, já estava mais ou menos acordada e ajudou-o a acelerar o processo acordando Roberta (que exigiu tempo para pentear os cabelos, escovar os dentes e botar um short), mas o resto do tempo acabou sendo gasto acordando Diego e Giovanni. E mesmo Giovanni vinha se arrastando atrás dos outros, de olhos ainda meio fechados, parecendo mais dormindo do que acordado.

Os cinco desceram para a sala de alunos no térreo, e lá encontraram Miguel e Mia, que haviam se desvencilhado de seu abraço agarrado no sofá ante a perspectiva da chegada de Giovanni (como Mia explicou a Miguel para justificar tal atitude, Giovanni merecia consideração na hora de descobrir que não tinha mais chances de convencer Mia a lhe dar uma chance, afinal, eles eram amigos há muitos anos) e estavam sentados lado a lado, conversando sobre que tipo de música preferiam.

Ao ver o novo casal, Diego ergueu a sobrancelha, disfarçando um sorrisinho malicioso, e Nico sufocou uma risadinha. Roberta e Lupita se entreolharam, sorriram, mas não disseram nada. Giovanni jogou-se numa poltrona com os pés pendurados num braço, parecendo ainda mais morto para o mundo do que desperto, enquanto os outros se espalharam nos poucos assentos disponíveis.

“Bom, agora que estamos aqui, eu tenho uma proposta a fazer a vocês”, disse Nico, sem muitos rodeios. “Diego, cutuca o Giovanni aí porque ele precisa estar relativamente coerente pra ouvir o que eu tenho a falar”, pediu o judeu, apoiado numa mesinha.

Mia, Miguel, Lupita e Roberta se entreolharam com curiosidade, sem entender nada, enquanto Diego deu um tapa forte na testa de Giovanni. “Acorda, cabeção!”

“AI!” Giovanni assustou-se e virou-se na poltrona, caindo de cara no chão. “Quê? Onde eu tô?” Ele ergueu o rosto e franziu a testa ao olhar ao redor e se ver na sala de alunos. “Como que eu vim parar aqui?”

“Tá acordado?” Nico perguntou. Giovanni fez um aceno afirmativo, massageando a testa dolorida pela queda, e o judeu continuou, “Bom, um amigo do meu pai me ligou agora de manhã. A sobrinha dele estava no karaokê ontem, viu vocês cantando e rasgou a maior seda de vocês pra ele”.

Os seis acenaram, lentamente, e Roberta fez um gesto com a mão para Nico continuar com a história.

“Como ela me viu com vocês e ele me conhece, ele me procurou para fazer uma proposta”.

Com isso, os seis se aprumaram, olhando atentamente para o judeu. “Que proposta, Nico?” Incentivou Miguel.

“É, fala logo, não enrola!” Pressionou Roberta.

Nico deu um sorriso. “Ele quer contratar vocês para cantarem no café dele”.

“O QUÊ?!” Roberta gritou, chocada, enquanto Diego arregalou os olhos, Mia ficou boquiaberta, Lupita e Miguel erguiam as sobrancelhas e Giovanni sentava-se direito no chão da sala, franzindo a testa.

“É sério isso?” Perguntou o oxigenado.

“Sim!” Ele é amigo dos meus pais há muitos anos, e não faria uma oferta dessas se não fosse muito séria”, alegou Nico.

Os seis se entreolharam, parecendo pesar os prós e os contras. Mia foi a primeira a se decidir. “Por mim, tudo bem. Vai ser legal”.

Miguel encolheu os ombros. “Por mim também. Uma graninha a mais seria uma boa”.

Giovanni revirou os olhos para o novato. “Tinha de ser um caipira mesmo”, zombou ele. “Eu tô pensando nas gatinhas! Tô dentro!”

Lupita pareceu vacilar. “Ai, gente, não sei... Será que não vai atrapalhar os estudos?”

“A gente pode negociar com ele pra só se apresentar nos fins de semana, sextas, sábados e domingos até as dez da noite”, argumentou Roberta. “Eu tô dentro também”, disse a filha de Alma Rey a Nico, e Lupita acenou afirmativamente.

Os cinco que já haviam se pronunciado olharam então para Diego, o único que não tinha dito nem uma palavra. “Só falta você, Diego”, Roberta impacientou-se.

“Não sei, não”, disse o filho de Leon. “Foi legal como uma balada, mas trabalhar com isso?”

“Grande trabalho”, zombou Roberta. “Cantar, dançar e ainda ganhar alguma coisa por isso. Acho que metade do país queria um trabalho desses”.

“É, Dieguito”, Mia virou para o amigo de infância com enormes e suplicantes olhos azuis e um biquinho. “Vai ser legal. Quero meus melhores amigos lá comigo”.

Diego olhou para todos os outros, suspirou e cedeu. “Não custa tentar, né?”

“ISSO!” Mia levantou-se de um pulo e jogou-se em cima de Diego, abraçando-o com força. Miguel olhou emburrado para os dois, Lupita percebeu e disfarçou uma risadinha, enquanto Roberta (que também tinha notado a cara de Miguel) sorria largamente. “Obrigada, Dieguito!” A loira voltou a se sentar ao lado de Miguel, e os seis olharam com expectativa para Nico, cujo sorriso era enorme.

“Então estão todos de acordo? Posso ligar para o seu Jacó e confirmar?”

“SIM!” Gritaram os seis, empolgados.

“Beleza!” Comemorou Nico, tirando o celular do bolso. Ligou prontamente para o amigo de seus pais e confirmou que a ‘banda’ estava interessada e aceitava a oferta dele.

Depois de confirmar alguns detalhes e das despedidas habituais, o judeu desligou o celular e virou-se para os outros, que o olhavam com expectativa. “Vocês fazem o primeiro show na sexta à noite, às 21h”, declarou ele, radiante.

Os seis explodiram em gritos felizes. Giovanni e Diego deram um high-five, Roberta abraçou Lupita pelos ombros e Mia encostou-se em Miguel com um sorriso especial, que aparecia só para o moreno. De repente, como se fossem um só, os seis se levantaram e correram para Nico, abraçando-o com força.

Lupita deu a sorte de ficar bem pertinho do rapaz e corou diante do sorriso doce que ele lhe deu. Atraídas pelo escarcéu, Vicki, Celina e Raquel apareceram, estranhando ao ver os sete jovens grudados num abraço só.

“O que tá acontecendo, gente?” Perguntou Celina, curiosa.

Mas, antes que um deles pudesse respondê-la, uma voz grossa de homem veio de trás das recém-chegadas. “É uma boa pergunta, Celina”.

Todos se viraram naquela direção, e o rosto de Mia iluminou-se. Ela levantou de um pulo e foi correndo na direção do homem, radiante, sem perceber que Miguel empalidecia.

“PAPAI!”

 Here we are with everything we’ve wished for; I’ve never felt such bliss.