Fanfic: até as últimas consequências | Tema: Rebelde [MyM]

até as últimas consequências

capítulo 17 – when the music starts

 Música do capítulo: Music (Madonna).

Naquela noite, Vicki esperou até Celina estar ferrada no sono para pular para a cama de Mia e, depois de muita pressão e de prometer que não repetiria uma palavra do que ouviria a ninguém, ouviu as confidências da amiga sobre o que tinha acontecido naquela tarde com Miguel. E, pela primeira vez, Vicki sentiu que sua melhor amiga estava apaixonada – ou a caminho de se apaixonar – por Miguel.

“Quer dizer então que foi bom”, disse Vicki, cuidadosa. “Ele não te forçou a nada?”

Mia fez um sinal negativo com a cabeça, de pernas cruzadas e agarrada ao travesseiro. “Eu que pulei em cima dele quando ele parou de tocar”, admitiu a moça, com um pouco de vergonha.

Vicki achou graça. “Isso é normal, amiga. Que o Diego não me escute, e você me desculpe, mas o seu namorado é um gatinho. Qualquer menina na sua posição teria feito a mesma coisa ou até mais. Não é pra ficar com vergonha”.

“Ah, não sei, Vicki. Eu nunca tive vontade de...” Ela se calou, sem graça. “De...”

“Transar?” Sugeriu a outra, sorrindo.

“É...” Mia fez, mexendo na colcha da cama. “Com ninguém. Aí chega o Miguel, e com uma semana ele me beija, a gente começa a namorar, e ele me desperta essas vontades... Eu fico com medo!”

“É normal...” A loira confortou a amiga. “Olha, a melhor coisa que você faz é ir ao médico. Não que eu ache que você vá transar com ele amanhã, ou depois, mas ele pode te orientar melhor, te passar um anticoncepcional e tirar as suas dúvidas!”

A filha de Franco olhou para a namorada de Diego. “Você fez isso?”

Vicki acenou afirmativamente. “Fiz e faço a cada seis meses. Vou te contar um segredo: eu ainda não fiz nada com o Diego, não por falta de vontade, mas porque a gente ainda não tá nesse nível, sabe? Ele nunca transou com ninguém e fica nervoso, e eu já, isso o deixa mais nervoso ainda. Mas eu já tomo anticoncepcional, porque quando acontecer, eu não quero ser pega de surpresa”.

Mia pensou no que a amiga disse. “Mas eu não preciso ir logo, né? Porque por mais que eu tenha gostado dos amassos mais fortes com o Miguel... eu não tô pronta pra ir mais além”.

“Não, não precisa. Mas quando você se sentir pronta, vá”, aconselhou Vicki, que bocejou. “Agora eu vou pra minha cama que tô caindo de sono”.

“Eu também”. Mia abraçou a amiga com força. “Obrigada por me ouvir”.

“De nada, Mia. Você também sempre me ouve muito, só estou retribuindo”. Vicki sorriu e saiu da cama de Mia, indo para a própria cama. Alguns minutos depois, as duas dormiam profundamente.

. . . .

A quinta-feira demorou a chegar, mas por fim chegou, e a banda e suas primeiras-damas (Raquel e Vicki) estavam morrendo de curiosidade para ouvir a música de Miguel e Mia. Na quarta-feira, Miguel preparou partituras para a bateria de Diego e o piano de Lupita, e Mia copiou a letra da música para Giovanni e Roberta, quase incapaz de se conter de tanta empolgação.

Quando chegou o horário do ensaio, a banda, Nico, Celina, Vicki e Raquel foram para o depósito. Josy e Téo ficaram na escola, servindo como distração caso alguém chegasse perguntando por um deles (Mia, Vicki, Raquel e Celina serviriam como álibis umas das outras – a história era que tinham ido ao shopping. As famílias serviam como álibi para Lupita, Nico e Roberta – a morena teria ido visitar a irmã mais nova, o judeu os pais, e Roberta saído com a mãe. Já Leon era o álibi de Diego e Giovanni, e Miguel supostamente estava dormindo no quarto).

No depósito, Mia quase ricocheteava nas paredes de tanta empolgação enquanto Miguel distribuía as partituras para Lupita e Diego e depois entregava a letra copiada a Roberta e Giovanni. A filha de Alma olhou para a cópia que tinha na mão e ergueu uma sobrancelha. “Sólo Quédate Em Silencio?”

Mia fez um sinal afirmativo com a cabeça, sorrindo orgulhosa. “Modéstia à parte, ficou demais”.

Raquel espiou a letra por cima do ombro de Giovanni e sorriu. “Gostei”.

Vicki fez o mesmo com Diego. “Agora fiquei mais curiosa pra ouvir, se é que é possível”, admitiu.

“Bom, eu pensei em começar tocando na guitarra e depois entra o Diego com a bateria e a Lupita com o piano”, orientou Miguel. Tendo dito isso, começou a tocar os primeiros acordes, e Diego entrou em seguida, com Lupita logo depois.

O primeiro ensaio foi meio atropelado. Como nenhum deles estava acostumado a tocar e a cantar juntos, teve alguns tropeços, com Mia e Roberta não conseguindo harmonizar suas vozes, Diego errando algumas batidas e Lupita pisando na bola em algumas cifras. Mas, depois de duas horas, quando conseguiram fazer o primeiro ensaio completo da música, ficou evidente que tinham um tremendo potencial positivo. Mesmo assim, Nico ainda estava insatisfeito com o lado instrumental, e deixou isso claro a seus protegidos:

“Olha, o seu Jacó disse que vai ter banda lá, então se vocês não conseguirem tocar a música, só cantar, tá de boa”.

“A gente vai conseguir se sair bem, Nico, relaxa”, assegurou Diego, confiante. “A música em si não é difícil e o fato de ser lenta ajuda. Qualquer coisa, se realmente eu e a Lupe não aprendermos a tocá-la até amanhã, a gente canta só com o Miguel no violão e vai ficar ótimo do mesmo jeito”.

Nico parou, pensou e assentiu. “Tem razão. Vocês já sabem cantar a letra, não sabem?”

Revirando os olhos, o grupo começou a cantar a música a capella mesmo, sem acompanhamento. Quando terminaram, Vicki, Raquel e Celina aplaudiram com o maior entusiasmo, enquanto o grupo fazia pequenas mesuras, sorrindo e agradecendo aos aplausos das amigas.

O sinal do fim das aulas tocou, e em grupos os adolescentes deixaram o galpão com todo o cuidado para não serem vistos. Mais tarde, quando se esbarravam nos corredores, era para trocarem sorrisinhos cúmplices, cheios daquele segredo excitante que partilhavam.

Music makes the people come together, yeah.