Fanfic: até as últimas consequências | Tema: Rebelde [MyM]

Título: até as últimas consequências.

Fandom: Rebelde (novela mexicana).

Casal principal: Miguel/Mia.

Personagens deste capítulo: Miguel Arango, Mia Colucci, Vicki Paz, Celina Ferreira, Roberta Pardo. Menções a Franco Colucci, Giovanni Mendez, Antônio Arango, Nico Huber.

Timeline: Universo alternativo. Uma versão diferente da primeira temporada da novela.

Sinopse: Para se vingar de Franco, Miguel decide atingi-lo em seu ponto fraco – sua única filha, Mia.

Disclaimer: ‘Rebelde’ e seus personagens pertencem a Televisa, Pedro Damian e Pedro Armando Rodríguez com base em material original de Cris Morena.

 até as últimas consequências

Capítulo 2.

Duas aulas depois, tocou o sinal para o almoço e todos os alunos saíram de suas salas para a área do pátio, onde poderiam ficar pelos próximos 45 minutos entre as aulas de manhã e as aulas da tarde. Como sempre acontece em todas as escolas em todos os cantos do mundo desde que o mundo é mundo, os jovens se dividiram em grupinhos específicos. Mia afastou-se com as amigas de sempre, Vicki e Celina, e as três se sentaram em uma mesa redonda a certa distância da cantina.

“Oh Mia”, perguntou Vicki enquanto fazia um alongamento para os ombros – o professor de geografia, aquele tirano, não havia imitado o professor da primeira aula e já tinha começado a dar matéria de cara – “você reparou que o novato não tira os olhos de você?”

Mia arregalou os olhos azuis antes de dar uma risadinha nervosa. “Tá maluca, Vicki? Acho que você tá precisando ir ao médico, amiga. Porque você tá cega”.

“É verdade!” Argumentou Vicki com veemência, e virou-se para a terceira amiga. “Não é, Celina?”

Mas a voz que respondeu à pergunta de Vicki nada tinha a ver com a de Celina. Era rouca, grave, aveludada e muito sensual. “É, é verdade sim”.

As três garotas olharam então na direção daquela voz, e, como se a pergunta de Vicki o tivesse invocado por magia, o novato estava de pé a pouca distância delas. Celina olhava dele para Mia, Vicki estava vermelha como uma pimenta, e Mia parecia sem reação. Até que pareceu retomar o controle e deu um sorriso simpático.

“Ah, é, lindo? E por quê?” Perguntou, olhando fixamente para o rapaz.

“Já lhe falei antes. Porque você é linda, e vai ser minha”, respondeu Miguel, com uma casualidade que não sentia de verdade.

Mia estreitou os olhos e ergueu o queixo em um gesto de desafio que Vicki e Celina conheciam muito bem. “Ah, é? E quem disse isso?”

“Eu”, respondeu Miguel com simplicidade. “Te vejo na próxima aula”. Deu novamente aquele sorriso breve, luminoso, para Mia, antes de acenar para as duas outras garotas e se afastar em direção a uma árvore próxima ao enorme gramado.

“Como eu disse”, Mia falou às amigas assim que ele se afastou. “Que garoto abusado!”

“Ah, Mia!” Celina deu um suspiro; sua natureza romântica estava ficando agitada com essa determinação do novato em conquistar sua amiga. Parecia aquelas comédias românticas de Hollywood! “Vai dizer que você não ficou nem um pouquinho balançada com isso?”

“Acho que quem tá louca agora é a Celina”, respondeu Vicki, rindo. “A Mia pode ter qualquer garoto dessa escola que ela quiser. O Giovanni por exemplo só falta lamber o chão que ela pisa! Não vai ser um novato cínico – lindo, admito, mas muito cínico – que vai levar o coração dela com três ou quatro frases”.

Celina deu uma olhada na direção que Miguel tomou, ainda suspirando. “Bem que eu queria que alguém me dissesse umas três ou quatro frases dessas”, disse em tom de lamento.

“Pois pode ficar com ele pra você, amiga”, respondeu Mia. Por mais que ele fosse realmente um gato, aquela autoconfiança toda a deixava um pouco inquieta. “Ele não faz o meu estilo”.

“E quem tá cega agora é você, Mia”, devolveu Celina, agora também rindo. “O garoto faz o estilo de todas as meninas dessa escola!”

“Não faz o meu!” Desdenhou Mia.

“Ah, é?” Pontuou Vicki, curiosa. “E quem faz? O Giovanni que não é!”

“O Giovanni não faz mesmo”, admitiu Mia, rindo. “Eu o conheço desde criança, não tem nada entre a gente por mais que ele ache que tenha. Mas...” Olhou ao redor, disfarçando o nervosismo, e seus olhos caíram sobre um grupo de meninos. “... o Nico faz e muito!”

Vicki e Celina se entreolharam, sem acreditar nas palavras de Mia, mas não disseram mais nada.

“Ah, gente, vamos mudar de assunto, vamos?” Pediu Mia, sorrindo. “O que vocês acham de a gente ir ao shopping depois da aula? Meu pai disse que as lojas estão começando a receber as coleções de outono/inverno”.

. . . .

Ao se afastar de seu alvo e das amigas dela, Miguel disfarçou um sorriso. A cada interação com a filha de Franco Colucci, ela se tornava um objetivo cada vez mais interessante. A fagulha de atrevimento que viu nos olhos dela quando ela o questionou mostrava que ela não era como as outras adolescentes normais, que se derretiam diante do primeiro cara bonito que demonstrava interesse.

Ah, havia interesse ali. E curiosidade. Mas também havia cautela.

E essa mistura toda resultava em uma situação que era muito palatável a Miguel.

Sua vingança não teria o mesmo sabor se Mia fosse uma garota boba que caísse em seus braços diante de três ou quatro frases prontas e não fosse um desafio. Seu pai não tinha sido tolo de aceitar de cara a oferta de Franco que acabou por levá-lo à morte; não, o empresário precisara de quatro a cinco meses de conversas quase diárias para convencer Antônio Arango a investir todo o seu dinheiro em uma empreitada que se provou desastrosa... para Antônio.

Miguel queria essa ‘caçada’, queria que Mia fosse um desafio. Queria que ela confiasse completamente nele, que lhe baixasse a guarda por completo, e então...

... então ele a trataria como o lixo que o pai dela tratou seu pai.

“Você parece muito sério”, disse uma voz de mulher atrás dele. “E, claro, já tá babando aos pés da patricinha-mor dessa escola”, acrescentou a voz, com desgosto, olhando na mesma direção que ele.

Miguel voltou a si e olhou para trás de si, acompanhando com os olhos a menina com cabelos mechados de vermelho e olhos bem maquiados da sala. “Quem te disse que tô babando aos pés dela?” Perguntou, com um divertimento leve na voz. Se todos pensassem o mesmo que aquela garota, era um bom sinal.

“Eu tô vendo com os próprios olhos”, respondeu ela. Encarou-o por um momento e estendeu a mão. “Roberta Pardo”.

Ele aceitou a mão dela e apertou-a com delicadeza. “Miguel Arango. E seus olhos estão te enganando”.

“Prazer”. Roberta sentou-se ao lado dele na grama debaixo de uma árvore. “Será que estão mesmo? Desde que você a viu que não tira os olhos dela”.

“Tenho meus motivos”, respondeu ele, enigmático, “mas nenhum deles envolve a minha baba nos pés dela”. Ele encostou-se no tronco da árvore, parecendo muito relaxado. Na verdade, pensou em silêncio, é justamente o contrário.

Roberta não disse mais nada, mas limitou-se a examiná-lo com expressão pensativa. Havia algo naquele garoto que não era normal, algo que lhe dizia para agir com cuidado em torno dela. Olhou mais uma vez na direção da mesa onde a Barbie do Elite estava com suas amigas, conversando e rindo, e pela primeira vez perguntou-se se devia dar um alerta a ela.

Que bem isso faria? Pensou a filha de Alma Rey, com um muxoxo. Ela nunca ia acreditar mesmo.