Fanfic: até as últimas consequências | Tema: Rebelde [MyM]

Título: até as últimas consequências.

Fandom: Rebelde (novela mexicana).

Casal principal: Miguel/Mia.

Personagens deste capítulo: Miguel Arango, Mia Colucci, Raquel Byron, Giovanni Mendez.

Timeline: Universo alternativo. Uma versão diferente da novela.

Sinopse: Para se vingar de Franco, Miguel decide atingi-lo em seu ponto fraco – sua única filha, Mia.

Disclaimer: ‘Rebelde’ e seus personagens pertencem a Televisa, Pedro Damian e Pedro Armando Rodríguez com base em material original de Cris Morena.

até as últimas consequências.

Capítulo 4.

A preocupação noturna de Miguel com Giovanni e Mia não durou muito. Na manhã seguinte, a resposta a seus problemas apareceu à sua frente em forma de mulher.

Logo no início da manhã, na hora do café, Miguel estava sentado no gramado do colégio quando um par de pernas longas e bonitas em botas de salto fino pararam à sua frente. Ergueu o rosto: a moça dona das pernas era alta, magra, usando o uniforme preto da escola, com cabelos negros presos em um rabo de cavalo e um enorme par de óculos escuros no rosto.

“Eu e você temos um objetivo em comum”, disse a garota.

Miguel limitou-se a erguer uma sobrancelha. “Temos?”

“Temos”, respondeu ela. “Você quer ficar com a Mia, e eu quero o Giovanni”.

Miguel sentiu seus olhos arregalarem-se por trás dos óculos escuros. Ora, ora... muito interessante. “Quem lhe disse que quero ficar com ela?”

A moça fez um gesto de descaso e impaciência com a mão. “Todo mundo sabe disso. Você olha pra ela como se ela fosse o último copo d’água do deserto”.

Miguel ficou calado por algum tempo. “Como é o seu nome?”

“Raquel”, respondeu a garota, altiva. “Raquel Byron”.

“Não acredito que Mia queira Giovanni-”, começou Miguel, e Raquel o interrompeu.

“-mas não é bom pra você que os dois andem sempre tão grudados”. A garota disse, olhando em uma direção a certa distância de onde eles estavam. Miguel olhou na mesma direção e sufocou a vontade de soltar um palavrão.

Mia estava sentada em uma mesa, como sempre acompanhada. Dessa vez, Celina não estava presente, mas Vicki sim, com Diego a seu lado, e...

...Giovanni.

Giovanni estava sentado numa cadeira ao lado da de Mia, com o braço por cima do encosto da cadeira dela e a mão fazendo carinho no ombro dela. Mia, por vezes, olhava para o amigo (?) com um largo sorriso, e em outros momentos apoiava a mão na coxa dele e usava como apoio quando se inclinava para conversar com os outros amigos.

Eles tinham intimidade, isso era evidente, mas, embora Mia agisse normalmente com Giovanni, ele olhava para ela com escancarada adoração. Aquela cena dava ainda mais informações a Miguel sobre a realidade daquele relacionamento: Giovanni estava mais interessado em Mia, do que ela nele.

O que era, se Miguel pudesse ser sincero, um alívio. Uma coisa era ocupar uma vaga que estava disponível. Outra era magoar outras pessoas além do planejado para alcançar seus objetivos.

E Miguel não queria atingir mais pessoas do que o estritamente necessário em seus planos.

“Bom”, ele disse, enfim, calmo. “Se você se encarregar de distrair o Giovanni, eu... cuido da Mia”.

Raquel observou-o fixamente por alguns segundos, depois acenou discretamente. Mas, antes de se afastar, ela disse com fingida casualidade. “Posso não ser muito amiga da Mia, mas também não quero vê-la magoada. Olha lá o que você vai fazer”.

A reação do rapaz foi automática. “O que eu vou fazer não é da sua conta. Você já sabe o que fazer pra atingir os seus objetivos, me deixe em paz pra atingir os meus”.

Raquel assustou-se com o comentário do novato, mas não disse mais nada. Não era próxima a Mia, embora tentasse muito, porque a garota não baixava a guarda de jeito nenhum: mesmo sendo relativamente simpática com todos, a loira dava intimidade a apenas quatro pessoas – Vicki, Celina, Diego e Giovanni. E o fato de Giovanni ter verdadeira veneração por Mia irritava Raquel, que era apaixonada por ele. Mas isso não queria dizer que Raquel queria ver Mia ferida por um garoto esquisito, que ninguém sabia de onde tinha saído e que parecia estranhamente interessado nela.

Por fim, decidiu deixar essa história de lado. O que queria com o garoto era ajuda para afastar Mia e Giovanni, e isso ele já havia deixado claro que ia fazer – desde que ela se aproximasse de Giovanni, o que não devia ser difícil de tornar realidade.

. . . .

Após o café da manhã, Mia seguiu com Celina, Vicki e Diego para a sala de aula; Giovanni afastou-se com Raquel, que apareceu do nada pedindo a Giovanni que a ajudasse opinando sobre um presente que queria comprar para um amigo. Giovanni, que adorava coisas caras, aceitou prontamente e se afastou, prometendo aos amigos encontrá-los depois, na sala de aula.

“Guarde um lugar perto do seu para mim, princesa”, pediu ele a Mia com um sorriso antes de sumir com a morena. Mia sorriu e não respondeu.

Ao chegarem no laboratório de química, já estavam quase todos lá. Faltavam apenas Raquel, Giovanni, Mia, Vicki, Diego, Celina e... Miguel, que apareceu logo em seguida e, com extrema casualidade, ocupou o espaço vago na bancada onde Mia estava. A loira ergueu uma sobrancelha, numa pergunta muda, e o rapaz respondeu com um sorriso. “Essa é a única cadeira vazia”, explicou.

Os olhos azuis de Mia foram para as bancadas do fundo, e ela perguntou em tom irônico, “Então que fantasmas estão ocupando aquelas ali?”

Miguel riu (e o som daquela risada calorosa e sensual causou uma reação interessante na loira) e corrigiu-se, “Reformulando: essa é a única cadeira vazia aqui na frente. Sou péssimo em química, quanto mais perto eu ficar do professor melhor. Incomodo?”

“A mim? Jamais!” Mia deu um sorriso luminoso e levemente falso. “Mas preciso lhe dizer que também sou péssima em química. E nesta escola quem senta na mesma bancada na primeira aula fica obrigado a ser parceiro de laboratório pelo resto do ano”.

“Melhor ainda. Assim podemos nos conhecer melhor”, ele disse, sorrindo com charme.

Mia ficou sem reação. E essa inércia a irritou. Sempre sabia como agir, como responder a tudo, como escapar do assédio de conquistadores baratos que queriam incluí-la em suas ficadas. Por que não conseguia fazer o mesmo com aquele novato? O que havia nele que a abalava a ponto de não conseguir agir com normalidade quando interagia com ele?

“Você é sempre assim?” Perguntou, no exato momento em que o professor de química entrava na sala.

“Bom dia!” Disse o professor antes que ele pudesse responder. “Olhos aqui na frente, por favor!”

O leve burburinho de alunos acomodando-se tomou conta do ar na hora. Giovanni entrou no mesmo momento, com a camisa social do uniforme meio amassada, a gravata um pouco frouxa e a boca meio rosada demais, e Raquel logo atrás, com uma expressão satisfeita no rosto.

Mia, vendo-o, sufocou a vontade de rir. Mas a cara de Giovanni ao ver Miguel ao lado dela não foi nada boa.

“Poxa, bonequinha, achei que você ia guardar um lugar pra mim!” Disse ele, em tom de queixa. Mia deu um sorriso de desculpas, mas, antes que ela pudesse responder, Raquel passou por eles, pegando a mão de Giovanni e puxando-o atrás de si para uma bancada meio afastada da de Mia.

Quando a turma enfim se calou, Miguel discretamente empurrou um pedaço de papel dobrado na direção dela, sem ser visto pelo professor. Curiosa, a moça abriu o bilhete e se surpreendeu com o que ele continha.

Passa o dia todo comigo e descobre!

Miguel olhava para ela de canto de olho, evidentemente esperando uma resposta. Movida por aquela curiosidade infernal que ele despertava nela, Mia assentiu. Miguel sorriu em resposta, e os dois se concentraram na aula.

 . . . . .

A umas duas ou três bancadas atrás de Mia, Giovanni praticamente fumegava de raiva. Olhava sem piscar para Mia e Arango, enquanto Raquel, a seu lado, disfarçava uma discreta irritação.

“Giovanni? Giovanni”, chamou ela. “As respostas pro laboratório não estão nas costas nem no cabelo da Mia, sabe?” Disse em tom de ironia.

“Eu sei”, ele respondeu, meio azedo. “Não é isso. Tem algo nesse novato que não me cheira bem”.

“Deve ser o perfume dele, dá pra ver que ele não tem classe”, devolveu ela.

“Não é nada disso, Raquel”, reagiu o oxigenado. “Desde que ele chegou aqui, ele não reparou em nenhuma outra garota. Tem um monte de menina linda nessa escola, mas ele tá fixo na Mia desde ontem. É como se ele soubesse quem ela é e tivesse entrado aqui só por causa dela”.

Raquel hesitou. Como Giovanni sempre mostrava ao mundo um cara desmiolado, bem-humorado, superficial e meio galinha, era difícil lembrar que ele também era muito astuto e observador. Mas, em alguns momentos, essas características surgiam e surpreendiam a todos.

“Tenho certeza que não é isso”, ela falou, tentando acalmá-lo.

“Espero que não. Mas não custa também ficar de olho e evitar que aconteça algo de ruim à minha amiga”.