Fanfic: até as últimas consequências | Tema: Rebelde [MyM]

até as últimas consequências

capítulo 6.

Se houve algo que Miguel aprendeu naquele dia, foi que, para poder se aproximar de Mia, também tinha de se aproximar dos amigos dela. Assim, foi de boa vontade que passou o dia junto ao inevitável quarteto que sempre acompanhava Mia para cima e para baixo: Vicki, Celina, Diego e Giovanni. E com Giovanni, agora vinha Raquel.

Acabou sendo uma convivência proveitosa. Conhecendo Diego muito bem, e tendo passado pela experiência de uma sabatina de Mia quando começou a namorar com ele, Vicki relaxou de imediato depois da aula do prof. Mandariaga, ficando mais falante e simpática. Celina, vendo que Vicki estava à vontade, também relaxou – em partes. Volta e meia Miguel via Mia sendo discretamente puxada pela amiga para uns cochichos à parte, mas logo voltavam à conversa.

Diego também ficou mais receptivo após dar a Miguel o típico discurso ‘se-magoá-la-você-morre’. Vendo que por vezes o fato de as mulheres serem em maior número na mesa significava que eles ficavam de lado na hora do papo calcinha entre Mia, Vicki, Celina e Raquel, ele começou a puxar assunto com Miguel e, logo, engataram uma conversa animada sobre um assunto que ambos adoravam: música.

O assunto acabou chamando a atenção de Mia e de Celina, que se entrosaram também, e logo depois se alastrou. Raquel lamentou-se por não saber cantar e Vicki admitiu que às vezes acompanhava o que estava tocando no rádio quando estava dirigindo. Só Giovanni estava calado, quieto, observando a conversa geral.

“Tem um karaokê aqui perto, não tem?” Perguntou Raquel à mesa em determinado momento, exceto por Miguel que, sendo recém-chegado à capital e ao Elite Way, nada sabia sobre o que havia nos arredores.

“Tem, sim”, confirmou Mia. “Acho que fica há umas duas ou três quadras de distância”.

“Eu sei onde é”, interferiu Celina. “Eles abrem para menores, não abrem?”

“Abrem, sim”, respondeu Diego.

“A gente bem que podia ir lá um fim de semana desses!” Sugeriu Vicki, e todos se empolgaram.

A não ser por Mia, que estava calada, e Giovanni, que parecia azedo e estava mudo desde a aula de Mandariaga.

Miguel sorriu para a loira. “Você não fala nada?”

Ela deu um sorriso meio sem jeito. “Eu dependo da autorização do meu pai pra sair do colégio no fim de semana. E também não sei se ele tem planos pra gente, então não posso prometer nada”, admitiu.

“Tenho certeza que se eu pedir o sr. Colucci permite, Mia”, devolveu Diego.

“Nem vem que você também precisa do amém do seu pai, Dieguito!” Reagiu ela, sorrindo mais sinceramente.

Diego fez um gesto de pouco caso. “Ele sempre dá amém pras minhas saídas, Mia, cê sabe disso”.

Mia parou, pensou e acabou acenando afirmativamente com a cabeça. “É verdade”, disse, com uma ponta de inveja. “Eu queria que o meu pai fosse assim”.

“DEUS NOS LIVRE!” Disseram em coro Diego e Giovanni.

“Se ele não te obrigasse a pedir permissão pra todas as suas saídas, você vivia mais na rua que no colégio, Mia!” Acrescentou Diego.

“Na rua não”, corrigiu Giovanni. “No shopping. Ou no cabeleireiro!”

“Seus chatos!” Implicou Mia, mostrando a língua para os dois, enquanto Raquel, Vicki e Celina riam. “Ser eu é muito difícil, ok? Tenho de estar sempre bonita, nunca se sabe quando o amor da minha vida vai entrar pela porta do colégio e me arrebatar em seus braços!”

“Quem sabe ele já entrou?” Miguel disse, sorrindo misterioso, chamando a atenção de Mia para si. Ela ficou com o rosto um pouco vermelho, evidentemente perdeu o rebolado, mas logo refez-se e sorriu.

“Bom, eu não sei, então...” Disse, e logo mudou de assunto. “Mas, enfim! Karaokê esse fim de semana? Todos topam?”

“SIM!” Disse o grupo, em coro.

“Mas vamos só nós?” Reclamou Celina.

“Posso chamar o Nico”, sugeriu Miguel.

“Se o Nico for, ele vai chamar a Lupita com certeza!” Vicki disse, rindo. “Os dois estão numa paquera só desde ontem, não param de se olhar!”

“Mas ela não vai sozinha”, apontou Raquel. “Capaz de chamar a Roberta para ir com ela”.

Os olhos de Diego brilharam de interesse com essa proposta, e Mia registrou aquilo, fazendo uma nota mental de conversar com ele sobre aquilo assim que ficassem sozinhos.

“Então vamos fazer uma lista de quem provavelmente vai”, disse Raquel. “Eu, Giovanni, Mia, Miguel, Celina, Vicki, Diego, Nico, Lupita, Roberta. Mais alguém?”

“Acho que não”, disse Celina.

“Capaz da Roberta querer levar a Josy junto com ela”, apontou Vicki.

“Acho difícil”, respondeu Mia. “A Josy precisa de autorização pra sair do colégio”.

“Todos nós precisamos”, lembrou Raquel.

“Os pais do Giovanni sempre renovam a autorização automática dele a cada ano letivo”, respondeu Mia. “O pai do Diego, como ele mesmo disse, sempre dá amém pra quando ele pede pra sair. E se o Diego pedir, possível que o meu pai também deixe. Acho que ele ainda nutre esperanças que a gente se descubra loucamente apaixonado um pelo outro, Dieguito!” Falou a loira, piscando para o amigo, que riu.

“Bem capaz!” Respondeu Diego.

“Enfim, continuando. Eu sei que, se eu pedir, a mãe da Vicki e da Celina não vão se opor. Então só você, o Miguel, o Nico, a Lupita e a Roberta, se ela for, precisam pedir autorização pra sair, Raquel”, disse a loira.

“A tia da Lupita é responsável por mim também, ela e minha mãe são amigas”, respondeu Miguel. “Então não vai ser problema, ela é gente boa desde que a gente não arrume confusão”.

“Então só mesmo você e a Roberta precisam pedir autorização. Ai, agora me empolguei! Vamos mesmo?” Perguntou Mia. Os outros deram de ombros como se concordassem, e assim estava combinado. No fim de semana, iam para a balada.

. . . .

Ao fim daquele dia, Miguel estava satisfeitíssimo. A ideia do karaokê, abençoada Raquel, ia lhe permitir ainda mais proximidade com Mia. E o dia tinha sido muito produtivo. Estar em torno dos amigos deixou Mia mais relaxada e um pouco mais falante, permitindo que a conversa fluísse entre os dois e ele a conhecesse melhor.

Ao fazer seu plano, Miguel tinha imaginado uma patricinha fútil e desmiolada, sem assunto ou então com assuntos vazios. Mas o dia lhe mostrou uma Mia diferente: carinhosa, sensível, engraçada, inteligente, arguta. Claro, ela tinha uns arroubos de futilidade, em algumas horas fazia uns comentários sem pensar que magoavam as pessoas, mas nada grave a ponto de fazer dela uma antipática.

Era uma pena, lamentou-se Miguel, que ela fosse filha logo de Franco Colucci. Em outros tempos, em outra vida, poderia ter se apaixonado por ela.

Mas não, ela agora era só o fim para um meio. Mas isso não queria dizer que ele não podia se divertir até alcançar seu objetivo.

Sozinho no quarto, começou a fazer novos planos para a saída de sábado. Foi arrancado de seus pensamentos por Nico, que jogou o travesseiro em sua cabeça.

“Acorda, oh cabeça na lua!” Brincou o judeu, rindo.

“Palhaço”, respondeu o novato, também rindo e colocando o travesseiro do amigo em suas costas. “Escuta, estamos organizando uma saída em grupo no fim de semana, parece que tem um karaokê por aqui por perto?”

“Tem mesmo”, confirmou Nico. “Mas quem vai?”

“Diego, Giovanni, Raquel, Mia, Celina, Vicki, eu. Você, se quiser ir”.

“Eu quero”, aceitou Nico prontamente. “Hummmm, Mia, é?”

“É, oras!”

“Tá rolando alguma coisa entre você e ela, Arango?”

“Não!” Miguel fingiu surpresa. “Por que a pergunta?”

“Eu tenho olhos e os uso, por isso a pergunta. Você só repara nela desde ontem!”

“Ela é bonita, oras. Pode ser que surja algo daí”, desconversou Miguel. Com um sorriso cheio de malícia, acrescentou, “Pode chamar a Lupita também, se quiser”.

Nico perdeu o rebolado e ficou meio vermelho, mas logo sorriu. “Não é uma má ideia, olha...”