Fanfic: À procura de alguém (Vondy) | Tema: Vondy
Dulce ficou parada, enquanto seu sonho de encontrar uma alma gêmea desaparecia tão rapidamente quanto a Bruxa Malvada do Leste, sem que ela sequer ganhasse um lindo par de sapatos vermelhos no processo. "Claro".
"Ótimo. Cartão ou dinheiro?"
Pôs a mão dentro da bolsa Coach e tirou de lá o Visa. "Cartão de crédito."
"Obrigado."
O garçom parou junto à mesa deles. "Já terminou, senhor?Senhorita?"
Bradley assentiu, com o olhar fico no peito largo e musculoso do jovem, que recheava o elegante uniforme vermelho e preto. Dulce sentiu um nó de pânico em sua barriga e percebeu o ar carregado ao seu redor. Não. Não era possível.
Mas ela precisava saber.
O garçom se esticou para pegar o prato, lançando um olhar enviesado e sedutor para o acompanhante dela. Dulce respirou fundo e esbarrou na mão dele com o braço, ao mesmo tempo que os dedos da outra mão tocaram em Bradley.
Um choque leve atravessou a pele dela e fez o corpo todo vibrar. Bradley sorriu para o garçom, o rosto marcado pelo desejo mais puro.
Ah, droga.
É, não tinha mais jeito.
Ela segurou um suspiro e desistiu do número cem. "Bradley, eu já volto. Preciso ir ao toalete."
"Claro."
Pegou a bolsa e se enfiou pelo corredor. Depois de alguns minutos o garçom passou, e ela tocou no braço dele. "Com licença?"
"Pois não, senhora."
Deu uma olhada no crachá dele. "Gabe, me desculpa, mas será que você poderia dar um recado ao meu acompanhante? Não estou me sentindo bem e preciso ir embora. Mas tenho certeza de que ele vai gostar de ficar, se puder. Você não quer convidá-lo pra tomar um drinque no seu intervalo?"
O rosto de Gabe ficou vermelho. "Vocês não estão juntos?"
Dulce sorriu. "Não , eu não faço o tipo dele. Tenho certeza de que ele vai se interessar, se você convidar."
Seus olhos escuros brilharam, e ele admitiu. "Eu também me interesso."
"Obrigado. Boa sorte. Vou sair discretamente pela porta lateral."
Foi embora do restaurante, dividida entre o desespero da situaçao e a felicidade de ter aproximado um casal. Caramba, o gaydar dela estava péssimo.
A noite de março estava fria em Verily. Ela respirou fundo, sem querer voltar tão cedo para casa. As lojas ficavam abertas no sábado à noite, e eram só oito e meia. Suas botas de salto alto faziam barulho na calçada conforme ela caminhava, apreciando a pequena cidade artística à beira do rio Hudson, repleta de lojas e cafés descolados. Pequenas lâmpadas brancas decoravam as árvores que ladeavam a calçada, e dava para ouvir a música que tocava no Mugs, um bar bastante popular que também fazia as vezes de boate. A lua cheia já estava alta sobre o rio, iluminando a ponte Tappan Zee, que brilhava longe. Ela ziguezagueou entre pedestres com cães em coleiras e grupos risonhos de universitários de depositou um dólar no estojo do violão de um jovem que cantava sobre corações partidos.
A solidão bateu. Ela estava tão cansada. Quando seria a sua vez? Quando é que finalmente encontraria uma conexão para si mesma? A não ser que ...
Talvez nunca encontrasse. Magoada pelas decepções constantes, imaginou que talvez fosse melhor desistir do sonho de encontrar a alma gêmea. Talvez, apenas talvez, não houvesse mesmo um homem ou uma mulher para cada pessoa. Talvez, apenas talvez, seu destino fosse ficar sozinha.
Segurou a vontade de chorar e de se entregar a um festival de auto-piedade. Ela estava cheia. Se fosse a mais um encontro decepcionante, era capaz de não se recuperar. Que se dane o amor. Ela compraria um livro novo, voltaria para casa e para Robert e se enfiaria debaixo de um cobertor.
Dulce parou em frente à loja de livros usados. Era hora de mudar. Nada de encontros. Nada de perseguir o amor. Ela se concentraria na empresa, nos amigos e em fazer coisas que a deixassem feliz.
De cabeça erguida e firme na nova resolução, entrou na loja. O sensor de presença tocou. Imediatamente, se viu cercada por perfumes familiares e maravilhosos. Couro. Papel.Naftalina. Perfeição.
Atravessou o tapete gasto e parou em frente ao balcão antigo. "Tem alguma coisa para mim, Hector?"
O garoto atrás da mesa era magricelo, com o rosto cheio de espinhas e os cabelos arrepiados pintados de roxo. Hector balançou a cabeça e sorriu. "Estava esperando por você, Dulce. Tem uma caixa fechada de livros usados nos fundos. Mas ainda não tive tempo de separar, então pode ser que você não ache nada."
Ela se arrepiou com a possibilidade que o desconhecido oferecia. Será que algum dia enjoaria de abrir caixas de livros e vasculhar tesouros? "Sem problemas. Vou lá atrás olhar, se você não se incomodar."
O menino fez um gesto na direção dos fundos da loja. "Pode ficar à vontade. Vai me poupar trabalho."
"Obrigada". Dulce atravessou o corredor deserto e entrou no depósito. O cômodo lotado tinha uma infinidade de caixas, arquivos e papéis, completamente desorganizados. O novo carregamento, entretanto, estava sinalizado. Puxou a caixa e abriu-a com as próprias mãos, dispensando o estilete. Nunca havia sido mesmo capaz de manter as unhas feitas.
Dulce se sentou com as pernas cruzadas no chão de concreto frio e foi tirando os livros, um a um. Romance, biografia. Alguns de dieta. Separou de um lado os que queria olhar e logo achou um ótimo, sobre sinais e gestos, mas que parecia já um tantinho ultrapassado. Afinal, tendências dos anos 80 vivem voltando. Quem sabe não poderia ser útil? Juntou-o à pilha que crescia. Um livro interessante sobre como os homens se relacionam com os cães. Definitivamente era um que ela não poderia deixar passar. E então...
Seus dedos tocaram uma capa coberta de tecido. Ela puxou o livro de dentro da caixa, e o roxo forte ofuscou seus olhos. O livro dos feitiços. Título simples. Edição pequena, formato quadrado. Não era um romance. Talvez fosse um guia. Forçou um pouco a lombada para abri-lo e passou os olhos pela primeira página
Com a ponta dos dedos, sentiu uma vibração discreta. Sua barriga deu uma cambalhota, como se tivesse acabado de ver um cara interessante em vez de um simples livro. A vibração foi ficando mais forte conforme ela virava as páginas. Reparou em um antigo feitiço de amor e em um cântico de louvor à Mãe Terra. Fascinante. Nunca havia visto nada parecido; não trazia sequer o nome do autor. Como era possóvel?
Não havia dúvida, aquele iria para casa som ela. Talvez fosse uma boa distração para os clientes.
Dulce pôs o livro na pilha.
Uma descarga de eletricidade percorreu seu corpo como se tivesse enfiado um fio molhado na tomada. Deu um grito e caiu para trás, olhando fixamente para a capa roxa. Que diabos era aquilo? Talvez o tecido tenha provocado algum tipo de estática. Mas, droga, doeu.
"Precisa de uma ajuda aí atrás?"
A voz de Hector ecoou pela loja. Balançando a cabeça, ela ficou em pé e colocou a caixa de volta no lugar. Com cuidado para não tocar no livro roxo, levantou sua pilha de tesouros do chão e foi andando de volta para a frente da loja.
"Já peguei o que queria. Hector, vou ficar com seis livros. Põe na minha conta, por favor!"
"Pode deixar. Boa noite pra você"
Sentindo-se um pouco melhor depois das compras, Dulce se dirigiu ao carro para mais uma típica noite de sábado, com livros e a companhia do seu cachorro.
Adeus, número cem. Aquele encontro merecia um lugar no livro de recordes de piores desastres.
Ainda levaria um bom tempo até que encontrasse forças para começar a pensar no centésimo primeiro.
Autor(a): minhavidavondy
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 97
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tahhvondy Postado em 27/10/2017 - 23:02:31
amei que final lindo
minhavidavondy Postado em 30/10/2017 - 09:37:42
Lindo, né!!
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beatris Postado em 23/10/2017 - 17:28:47
ai q final lindo amei o fato de ter sido no pontto de vista do robert e as palavras finais realmente nos instiga a refletir parabéns essa fic foii demais
minhavidavondy Postado em 24/10/2017 - 09:07:05
Tb achei interessante ao ler. Foi de uma importância muito legal o Robert mostrar como se sentia. Afinal ele foi uns dos personagens mais ativos kkk
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beatris Postado em 22/10/2017 - 00:34:36
meu deus me arrepiei c essa parada do feiitiço coitada da dul se meteu na maior increnca quero ver como vai sai....
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btrutte Postado em 21/10/2017 - 11:59:14
Ca-ce-te. Christopher realmente tá com medo assim? Gente, o casamento dele deve ter terminado muito, muito mal pra ele fugir desse jeito. Até a Jane sacou que rola um climão entre ele e Dulce. Onde clica pra esses dois se resolverem? Que dó da Dulce, meu Deus!!!
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mimila Postado em 21/10/2017 - 10:54:31
O Ucker é um idiota ou oq? Ele tem q ver q nem todos os relacionamentos são como os que ele resolve e nem como foi o dele e se ele ama a Dul e ela o ama eles tem q tentar pra ver oq dá. Pois como diz quatro frase que li um dia desse q: "Porque o futuro pertence a Deus, e ele só revela em circunstâncias extraordinárias." "O futuro a Deus Pertence." "O amanhã Pertence a Deus." "Viva o Hoje e o Resto Você Vive Conforme For Acontecendo." Então é isso, ele tem q pensar nessas frases e ser feliz com a Dul... Posta maissssss
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tainara_vondy Postado em 21/10/2017 - 01:08:51
Posta mais ***
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mimila Postado em 19/10/2017 - 16:12:00
Quero mais e quero que a Dul e o Ucker parem com esse chove não molha veem que ambos são perfeitos um pro outro, posta maissssssssssssssss
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tahhvondy Postado em 18/10/2017 - 17:57:22
continua
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tainara_vondy Postado em 17/10/2017 - 18:35:19
Continua....
minhavidavondy Postado em 18/10/2017 - 08:39:54
Pode deixar kkkk
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btrutte Postado em 17/10/2017 - 13:12:55
Meu Deus, ela vai procurar o Chris. Por que eu tenho a sensação de que ele vai ficar apavorado? Nossa, me dá agonia só de pensar nele dando um fora na coitada da Dulce. O cara não consegue raciocinar direito quando se trata dela.
minhavidavondy Postado em 18/10/2017 - 08:39:31
Obrigada pelos comentários