Fanfic: À procura de alguém (Vondy) | Tema: Vondy
"Não! Meu carro está parado na sua casa e eu vou precisar dele."
Ele entrou na ponte Tappan Zee e acelerou na escuridão, concentrado em sua missão. "Você bebeu. Não sei que tipo de homem você pensou que eu fosse, mas eu não deixo uma mulher dirigir a esta hora, sozinha, quando ela está meio altinha. Eu dou um jeito de te mandar o carro amanhã cedo."
Ela abriu a boca e em seguida fechou-a. "Mas é fora do seu caminho. Você não sabe onde eu moro."
"Claro que sei. Perto da Kinnections em Verily."
Ela estrilou de indignação. "Pare de fuçar na minha vida, doutor. Você não tinha nada que saber estas coisas."
Ele baixou a voz. "Eu discordo. E pretendo terminar a noite sabendo de muito mais."
Ela estremeceu, passou os braços em volta do corpo e virou-se para a janela. Christopher segurou o sorriso.
Foram até a casa dela em silêncio absoluto. Ele tinha feito o dever de casa, e não teve qualquer dificuldade para cruzar as ruas sinuosas de Verily, até chegar ao extremo da cidade, junto da água. A casinha de telhado inclinado combinava com ela, com sua pintura amarela alegre e o microjardim dominado por um salgueiro-chorão que tomava toda a frente do terreno. Mesmo no escuro, revelava certa estranheza e força, características que ele também reconhecia nela.
Não viu outro carro estacionado quando se aproximou da entrada, mas a luzes da varanda e da sala estavam acesas. "Aqui estamos. Sãos e salvos."
Ela saiu do carro como uma bala, se atirando na calçada numa confusão de membros. "Obrigada pela carona, a gente se fala amanhã." Subiu apressada o caminho até a porta, sem olhar para trás.
Christopher sorriu. Fechou a porta, trancou o carro e foi subindo calmamente atrás dela.
Ela virou a cabeça para trás. "O que você está fazendo?"
"Te acompanhando até a porta. Posso usar o banheiro, por favor?"
Ela apertou os olhos. Ele imaginou como ficariam aqueles olhos castanhos durante o orgasmo. "Tem um posto de gasolina virando a esquina."
Ele levantou a sobrancelha. "Você está me dizendo que eu não posso entrar na sua casa pra ir ao banheiro, mesmo depois de te trazer até aqui? Eu estou com sede, também."
"Eles vendem garrafinhas de água."
"Dulce." O nome dela saiu dos lábios dele como um afago, embora ele tivesse a intenção de fazê-lo soar como um aviso. "Não me faça implorar."
Os dedos dela apertaram a chave com força e ele ouviu um xingamento discreto. "Tá bom, banheiro, água, e depois você vai embora. Eu estou exausta."
"Obrigado."
Ela abriu a porta e ele entrou.
Christopher se preparou para encontrar um homem irritado, mal-humorado, com mil perguntas. A adrenalina subiu, preparando-o para o confronto. Disposto a finalmente obter algumas respostas a respeito da mulher que estava começando a causar sérios danos à sanidade dele. Mas ninguém os recebeu. Pelo menos, ninguém humano.
Ele viu um borrão de pelos rolando até eles e ouviu um latido contente. Dulce se ajoelhou, estendeu as mãos e envolveu a criatura em um abraço. Afagou suas orelhas, murmurou sons caninos e finalmente encostou a testa na cabeça do cachorro, como se os dois compartilhassem um segredo, um código mental velado.
Robert.
Filho da mãe.
A raiva inicial rapidamente deu lugar ao alívio. Não havia ninguém mais esperando por ela. O último obstáculo tinha desaparecido e só o deixara com uma conclusão que não seria negada.
Christopher queria possuí-la.
Ele analisou o abraço humano-canino e notou que as patas traseiras de Robert não se moviam. A corrida até a dona só tinha sido possível com o impulso da barriga e as patas traseiras se arrastando no chão. Metade pit bull, metade alguma mistura esquisita. Marrom, malhado, com uma orelha quebrada, cara amistosa e uma variedade de cicatrizes feias, incluindo uma pelada bem no peito. A pele exposta parecia recente, embora pudesse apostar que já tinha cicatrizado da melhor maneira possível. Briga de canil? Carro? Rinha de cães? As possibilidades eram infinitas.
Ele sempre tivera inclinação por cães, mas nunca tinha tido tempo para desenvolver o interesse. Este deveria dar um trabalho dos diabos, especialmente para uma mulher solteira e empresária. Dava para imaginá-la com um labrador clássico que a acompanharia nas corridas, não com um cachorro tão cheio de necessidades especiais.
Uma emoção estranha apertou seu peito enquanto ele observava o amor estampado no rosto dela. Ela era sempre tão fechada quando estava perto dele. Ele queria ser o homem para quem ela olharia daquele jeito. Agora, de onde veio este pensamento?
"Me desculpa, meu amor", cochichou ela no ouvido dele. "Será que você vai conseguir fazer xixi? Ou eu demorei muito? Mamãe se atrasou e ficou muito tempo fora. Eu devia ter pedido à Shelly pra vir te ver." Com movimentos delicados e experientes, passou as mãos na barriga dele e apalpou sua bexiga. "Vamos tentar, acho que dá. Quer sair?"
Robert latiu uma vez.
"O.k., vamos lá". Pegou uma geringonça que parecia um carrinho e rapidamente afivelou as correias no corpo dele. Robert aguardou com dignidade, olhando para ele com a desconfiança que Christopher esperou encontrar no namorado humano dela.
Dulce se levantou e olhou séria para ele. "Christopher, este é o Robert. Tenho que sair com ele. O banheiro é no corredor, à direita."
Estupefato, assistiu ao cachorro deslizar sobre o carrinho em direção ao jardim, as rodas girando loucamente no lugar das patas traseiras. Ele não fazia ideia de que uma coisa daquela existia, e nem sonhava em ver um cachorro usando uma.
Christopher foi rapidamente ao banheiro e depois saiu pela varanda para encontrá-los. Robert parecia ter conseguido fazer suas necessidades debaixo da árvore, e depois começou a trotar, dando voltas ao redor do tronco. A risada de Dulce eccou com o vento frio.
"O que aconteceu com ele?", perguntou.
Ela enrijeceu os ombros. " Ele estava quase morto, na beira da estrada. Foi jogado de um carro. O veterinário acha que ele conseguiu sair da vala e voltou pra estrada, e foi aí que acabou sendo atropelado de novo, então as patas traseiras foram esmagadas."
"E você o salvou?"
Ela levantou o rosto. O luar cobriu sua pele, que ganhou um tom de pérola com aquela iluminação. Os lábios rosados se curvaram, como no eterno símbolo do beijo. "Não. Nós nos salvamos um ao outro. Eu só dei a ele tratamento que ele precisava para viver. Ele merecia alguém que acreditasse nele."
Ele observou a inclinação teimosa do queixo dela e se perguntou quais segredos teria. Por que uma mulher vibrante e bonita como ela precisava ser salva? Havia algo escondido ali, e ele precisava desvendar. O advogado dentro dele gritava pelo desafio de investigar mais profundamente. "Por quê? Ele não era seu, certo? O veterinário não sugeriu que você o sacrificasse, por causa das lesões graves?"
As barreiras se dissiparam quando a raiva se reacendeu. Ela se inclinou e seu cabelo vermelho parecia um halo diabólico em volta da cabeça. "Sacrificá-lo seria a saída mais fácil, certo? Menos contas pra pagar, nenhuma responsabilidade, nenhum problema. Mas talvez as pessoas mereçam mais do que o que é fácil. Talvez haja muita gente imperfeita por aí, com dificuldades e problemas que nenhum indivíduo normal e são gostaria de assumir." Os olhos dela brilhavam e sua pele pálida estava vermelha. A voz tremia com a profundidade das emoções. "Talvez merecêssemos uma chance. Quando eu olhei dentro dos olhos do Robert, eu vi mais do que um cachorro deficiente. Eu vi uma alma linda, que precisava de álguem que lhe desse uma chance, que havia sido ferida tantas vezes, mas que ainda tinha coragem de tentar mais uma vez comigo. Ele estava disposto a tentar mais uma vez e confiar em mim." Ela piscou, como se estivesse segurando as lágrimas. "Não pensei no dinheiro, nem no tempo, nem no sacrifício. Porque o que eu recebi de volta foi muito mais. Você não precisa ser jogado fora, se está meio quebrado. O Robert me fez acreditar de novo, e eu não me importo se você acha tudo isso uma tremenda bobeira."
Christopher bloqueou o impulso de agarrá-la em seus braços e beijá-la, por mais que ele queimasse seu corpo. Mais uma vez sentir o calor da pele dela, a suavidade de sua boca e seu perfume almiscarado. Ele estava comovido pelo tanto que ela havia dado, sem saber. Outra camada se movia e se encaixava de novo, revelando mais um pouco de quem ela realmente era. Aquela mulher lutava pelo que, ou por quem, acreditava. Era uma leoa que protegia seu cão e confiava na pureza da alma. Sua grandeza o surpreendera, mas ela precisava de tempo para processar o que acabara de admitir. E ele precisava de tempo para recobrar o equilibrio.
"Não acho que seja boba", disse ele, gentilmente. "Acho que a grande bênção da vida de Robert foi encontrar você. Acho que ele teve uma tremenda sorte."
Uma fagulha de surpresa brilhou nos olhos dela. Fez uma pausa antes de falar. "Na verdade, uma sorte do cão, né?"
"Engraçadinha." Puxou, brincando, uma mecha solta do cabelo dela. "Posso agora tomar aquela água, ou você vai me botar pra correr?"
Ela sorriu enviesado. "Uma garrafa."
As rodas rangeram conforme Robert os seguiu até a casa. Dulce tirou o carrinho, trocou a água dele e se virou. "Bacon ou manteiga de amendoin?"
Robert latiu duas vezes.
"Ah, mudou hoje. Boa escolha." Ela pescou um biscoito canino de manteiga de amendoin de dentro do saco e deu a ele. Com um movimento delicado, como se estivesse lidando com um bebê, Robert cerrou os dentes em volta do petisco e saiu arrastando as patas até se acomodar no tapete felpudo.
"Ele te entende mesmo?", perguntou Christopher.
"Claro. Eu faço perguntas o tempo todo. Temos um código, um ou dois latidos". Ela abriu a geladeira e entregou a Christopher uma garrafa gelada de Poland Spring. "O caminho de volta é longo."
Ele deu um gole grande, enxugou a boca e sorriu. "Eu sei, se importa se eu sentar um pouco? Estou cansado. Não quero correr o risco de dormir no volante."
Ela bufou. "Você é bom nisso. Quem sabe, se usar o famoso charme com a Hannah, você não termina arrumando um relacionamento sério? Apaixonado e Feliz."
"Talvez. No carro, você disse que eu era gostoso. Agora, está admitindo que eu tenho charme, é?"
Ela suspirou, pegou uma garrafa de água para si própria e se dirigiu à sala de estar. Christopher foi atrás e notou que a decoração do lado de dentro seguia o clima do exterior. A sala era pequena, com um sofá alegremente amarelo, uma poltrona gasta, um superhome theater e tapetes de crochê jogados sobre o piso de madeira de cerejeira. As cortinas eram de renda delicada, e quadros coloridos enfeitavam as paredes. Uma grande estante ocupava toda uma parede, do chão até o teto. Pilhas de livros disputavam espaço com porta-retratos, estranhos vasos de cerêmica e uma coleção de pequenos Budas de barriga redonda.
Christopher disfarçou o interesse na estante, mas passou os olhos pelos livros, intrigado com o gosto dela. Caramba, a coleção de DVDS era respeitável, com várias comédias que normalmente agradavam mais aos homens e algumas boas séries de história da HBO. "Eu gosto da sua casa."
Ela continuava de pé, mantendo uma boa distância dele. "Obrigada. Serve bem à gente. Por que você ainda está aqui?"
Ele inclinou a cabeça. "Por que você está sempre querendo se livrar de mim?"
Autor(a): minhavidavondy
Este autor(a) escreve mais 3 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Dulce pareceu escolher as palavras com cuidado."Porque eu não quero te dar impressões erradas. Sobre a gente. Meu trabalho é encontrar para você um relacionamento feliz com outra pessoa. Não quero que você perca este objetivo de vista." Ele deu um passo adiante. "E se eu ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 97
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
tahhvondy Postado em 27/10/2017 - 23:02:31
amei que final lindo
minhavidavondy Postado em 30/10/2017 - 09:37:42
Lindo, né!!
-
beatris Postado em 23/10/2017 - 17:28:47
ai q final lindo amei o fato de ter sido no pontto de vista do robert e as palavras finais realmente nos instiga a refletir parabéns essa fic foii demais
minhavidavondy Postado em 24/10/2017 - 09:07:05
Tb achei interessante ao ler. Foi de uma importância muito legal o Robert mostrar como se sentia. Afinal ele foi uns dos personagens mais ativos kkk
-
beatris Postado em 22/10/2017 - 00:34:36
meu deus me arrepiei c essa parada do feiitiço coitada da dul se meteu na maior increnca quero ver como vai sai....
-
btrutte Postado em 21/10/2017 - 11:59:14
Ca-ce-te. Christopher realmente tá com medo assim? Gente, o casamento dele deve ter terminado muito, muito mal pra ele fugir desse jeito. Até a Jane sacou que rola um climão entre ele e Dulce. Onde clica pra esses dois se resolverem? Que dó da Dulce, meu Deus!!!
-
mimila Postado em 21/10/2017 - 10:54:31
O Ucker é um idiota ou oq? Ele tem q ver q nem todos os relacionamentos são como os que ele resolve e nem como foi o dele e se ele ama a Dul e ela o ama eles tem q tentar pra ver oq dá. Pois como diz quatro frase que li um dia desse q: "Porque o futuro pertence a Deus, e ele só revela em circunstâncias extraordinárias." "O futuro a Deus Pertence." "O amanhã Pertence a Deus." "Viva o Hoje e o Resto Você Vive Conforme For Acontecendo." Então é isso, ele tem q pensar nessas frases e ser feliz com a Dul... Posta maissssss
-
tainara_vondy Postado em 21/10/2017 - 01:08:51
Posta mais ***
-
mimila Postado em 19/10/2017 - 16:12:00
Quero mais e quero que a Dul e o Ucker parem com esse chove não molha veem que ambos são perfeitos um pro outro, posta maissssssssssssssss
-
tahhvondy Postado em 18/10/2017 - 17:57:22
continua
-
tainara_vondy Postado em 17/10/2017 - 18:35:19
Continua....
minhavidavondy Postado em 18/10/2017 - 08:39:54
Pode deixar kkkk
-
btrutte Postado em 17/10/2017 - 13:12:55
Meu Deus, ela vai procurar o Chris. Por que eu tenho a sensação de que ele vai ficar apavorado? Nossa, me dá agonia só de pensar nele dando um fora na coitada da Dulce. O cara não consegue raciocinar direito quando se trata dela.
minhavidavondy Postado em 18/10/2017 - 08:39:31
Obrigada pelos comentários