Fanfics Brasil - Capítulo 13 - Parte 02 À procura de alguém (Vondy)

Fanfic: À procura de alguém (Vondy) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 13 - Parte 02

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     "A sua casa é linda, Jane. E você também está ótima."



    Christopher observou a irmã mais nova com uma pontada de dor. Ela estava diferente. Sim, ainda era doce por dentro, um pouco tímida, mas caminhava com uma segurança que nunca havia visto antes. Ele tinha se ferrado. Tudo o que queria era que ela conseguisse se virar sozinha, mas agora ele se sentia como se ela não precisasse mais dele.



      Jane sorriu e empurrou na direção dele os chips de milho e o molho, que eram o ponto fraco dele. O lugar era pequeno, mas alegremente cheio de livros, papéis e revistas espalhadas sobre a mesas antigas, um sofá largo em L e um pequeno canto para o café da manhã, com duas portas que se abriam para um pátio. A primavera perfumava o ar com um frescor provocante, e ele imaginou-a do lado de fora, plantando o jardim. Ela sempre tivera dedos verdes, mas não podia usá-los de verdade na casa deles, na cidade. Graças às cerâmicas ecléticas e às aquarelas, ele finalmente estava conhecendo o verdadeiro gosto de Jane.



        "Obrigada, meu irmão. Eu disse que ia ficar bem. Verily é o lugar perfeito pra mim. Eu vou até fazer uma aula de cerâmica no fim de semana, e o Brian vai dar um workshop de poesia que eu não quero perder."



        O trabalho dela sempre se sobrepusera às outras atividades, e ela costumava ter medo de botar abaixo suas barreiras sociais. Agora, ela parecia confortável nos jeans bem cortados, os tênis da Coach e a camiseta preta de paetês. O cabelo estava mais bem cuidado e, preso para trás, acentuava as linhas fortes do rosto dela. Os óculos modernos acrescentavam um quê de confiança que nunca estivera ali antes.



         Christopher encheu a mão com chips. "Então, me fala deste Brian."



         Ela, gata escaldada, olhou brava para ele. "Não começa."



         Ele riu e levantou as mãos no ar. "Não vou começar, eu prometo. Só quero mesmo saber mais sobre ele. Não tenho qualquer intenção de me meter na sua vida pessoal."



        Jane franziu o nariz. "Por quê?"



         "Porque você parece estar feliz e saudável." A voz dele saiu carregada de emoção. "E isso era tudo o que eu queria."



       Ela abrandou a expressão no rosto e segurou as mãos dele, apertando-as rapidamente. "Obrigado por dizer isso. O Brian é ótimo. A Dulce falou que a gente estava indo rápido demais, mas acho que acabou confiando no meu julgamento. Nos damos muito bem, temos interesses parecidos e decidimos assumir o relacionamento. Monogâmico."



        "Hum, mas tem só duas semanas, né?"



         "Christopher."



         "Eu sei, desculpa. É o costume. Só escute o seu coração. Se achar que ele está indo rápido demais, você diminui o passo. Você tem este controle."



         "Tá bom. Mas por enquanto, eu estou indo com a maré. E curtindo cada momento."



          Não conseguiu evitar uma pontinha de preocupação. Dulce estava realmente de olho na sua irmã, principalmente se tinha feito aquele comentário. Talvez fosse melhor ele conversar rapidamente com ela sobre o Brian. Não para causar nenhum problema, mas para certificar-se de que Dulce estava ciente das consequências, se o cara não fosse legal. Quantas vezes os homens não mergulhavam em um relacionamento, para depois se apavorarem com a perspectiva de longo prazo? Era uma fraqueza do gênero masculino que ele conhecia muito bem. Christopher deu uma olhada no relógio. Talvez pudesse ir até a casa dela saber de Robert e fazer algumas perguntas inocentes.



          Passou a hora seguinte petiscando e se pondo em dia com  as novidades da irmã, antes de se mandar. Será que era melhor ligar antes? E se ela dissesse que era para ele não ir? Desde aquela manhã, era como se eles tivessem concordado em se manter longe um do outro. Anahí já tinha marcado um encontro para ele na sexta à noite, e não havia nenhum motivo real para ele procurar Dulce. De qualquer jeito, ele estava na área e realmente tinha ficado pouco preocupado com Jane.



           Christopher foi traçando seu caminho por dentro da cidade. Multidões cobriam as calçadas, passeando com cães, tomando café nas mesinhas ao ar livre. O rio já tinha voltado a correr, agora que o gelo se partira, e a ponte brilhava com o céu parcialmente nublado. Era engraçado, ele estava mesmo começando a gostar daquela cidadezinha. Um pouco eclética, com artistas de cabelo roxo, piercings e tatuagens à vontade, mas ao mesmo tempo com um clima de inclusão e energia positiva naquelas ruas tortas. Passou em frente a um cartaz que anunciava aulas de hot ioga e arrepiou-se.



          O fusion dela estava parado na entrada da garagem quando ele encostou. Ele segurou a vontade de esfregar as palmas das mãos na calça jeans e perguntou-se o que havia de errado com ele. Não tinha motivo para ficar nervoso, era só um rápida passada para falar da irmã.



         Ele tocou a campainha e aguardou.



         Ela o deixava sem fôlego.



         Cabelo amarrado em um rabo de cavalo, cara lavada, ela vestia calça preta de ioga, tênis Reebok e uma camiseta amarela bem larga. Ela arregalou os olhos quando o viu. A presença dela acordava o corpo dele, e ele abafou o desejo de avançar porta adentro, levantá-la em seus braços e beijá-la sem pudor. Ela era tão linda e real.



        "O que você veio fazer aqui?"



       "Estou vindo da casa da Jane. Queria saber do Robert."



       Claro, quase duas semanas depois, ele não tinha dúvidas de que a infeccção já tinha passado. A sombrancelha dela arqueou-se, como se suspeitasse da péssima desculpa dele, mas ela abriu a porta mesmo assim. "Entra. Robert, o Christopher está aqui.!"



         O som das patas arranhando o chão ecoou pelo ar. O cachorro correu até ele e entregou-se aos seus braços abertos. Christopher riu, alisando-o, e depois se abaixou para encostar a testa na cabeça dele. "Ei, amigão. Eu estava com saudades. Está tudo bem?"



          Ele latiu uma vez.



         "Vou tomar isto como um sim. Você ainda tem o coelhinho?"



        Robert virou-se, desapareceu sala adentro e voltou com o brinquedo mordido e encharcado pendurado na boca. Christopher se encheu de orgulho ao saber que ele tinha gostado mesmo do presente.



          Dulce balançou a cabeça e sorriu. "É a coisa que ele mais ama no mundo. Outro dia eu cismei que tinha que lavá-lo, e ele esperou em frente à secadora por meia hora."



        Christopher sentiu um aperto na garganta. "Fico contente." Levantou-se e olhou bem para ela, faminto. As bochechas dela estavam vermelhas, mas ele imaginou que ela devia estar fazendo exercício. Achar que seria por causa dele doeria demais. "Estou atrapalhando?"



      Ela inquietou-se. "Eu estava saindo pra levar o Robert ao parque, pra deixar ele correr um pouco."



      "Ah." Ele olhou para ela feito um adolescente bobalhão. "Será que eu posso ir junto? Quero conversar com você sobre um assunto."



       Dulce hesitou e puxou o lábio inferior com os dentes. O olhar dele se concentrou naquela sensual boca rosada e ele sentiu que daria tudo para que ela estivesse chupando outra coisa. "Acho que sim."



         A relutância dela o fez dar um sorriso amarelo. Sempre tentando livrar-se dele, desde o começo. "Ótimo. Vamos lá."



        Ele pegou a prótese com rodinhas, chamou Robert e habilmente afivelou as correias. Ela pegou duas garrafas de água, um boné do NY Mets e saiu pela porta. Com passos longos, foram vencendo a calçada no caminho para a cidade, enquanto mas rodinhas de Robert chiavam.



        "Você gosta de beisebol?" Ele apontou para o boné metido na cabeça dela. Caramba, ela estava uma graça com o rabo de cavalo balançando. Dulce riu.



         "Nada. A Alexa, irmã da Gen, é muito fã do Mets. Ela sempre dá presentes de aniversário e Natal com a marca do time."



        "Espero  que o marido dela não seja torcedor dos Yankees."



         "Bom, melhor nem comentar. E você? Gosta de esportes?"



         "Não tenho tempo. Mas assisto aos jogos olímpicos."



        "Ah, sim, muito sério."



        O parque não estava cheio, mas reunia uma boa variedade de raças. Dulce abriu o portão, que dava acesso a um gramado amplo, diversos brinquedos e grandes bebedouros com água. Depois de cumprimentarem os outros donos, encostaram-se no portão e assistiram a Robert correr com suas rodinhas, dando voltas me mais voltas com as orelhas esticadas para trás e a língua pendurada em êxtase. Christopher relaxou, rindo com os prazeres simples, tal como dar um passeio em uma bela tarde de início de primavera. Normalmente ele estaria no escritório botando o trabalho em dia, na academia, ou tentando fazer algo mais ou menos produtivo.



                                       



        "Sobre o que você queria conversar?"



        Ah. Claro. De volta ao objetivo real da visita. "Jane. Eu vim da casa dela."



       Dulce deu um suspiro. "Você sabe que eu não posso falar sobre a situação dela, certo?"



        "Não, eu sei., mas isto é diferente. Ela me disse que está saindo com o tal Brian, um professor de poesia, e que as coisas estão ficando mais sérias. Disse que você comentou que ela estava andando rápido demais. O que você quis dizer com isso?"



          Ela observou Robert correndo, enquanto parecia processar a resposta. "Não posso falar muita coisa sem quebrar o acordo de confidencialidade. Mas eu sempre aconselho meus clientes a não se jogarem de cabeça, só por via das dúvidas. Costumo defender a tática 'devagar e sempre' porque parece funcionar melhor e resultar em relacionamentos bem-sucedidos."



           Ele batucou no portão com os dedos. "Você acha que ela corre perigo?"



           Dulce balançou a cabeça. "A Jane me parece perfeitamente capaz de lidar com a situação. Isso é tudo o que posse dizer por enquanto, e provavelmente já foi demais."



           Ele assentiu. "Tudo bem, foi o suficiente."



          "Então é assim?" , ela provocou. "Você confia em mim agora? Não acha mais que eu vou aumentar os preços e fazer a Jane hipotecar o apartamento?"



           Ele estudou o rosto dela, o sorriso delicado, os olhos brilhantes, e se perguntou se algum dia se fartaria dela. "Eu confio em você, Dulce."



         As palavras voaram junto com a brisa suave. Ela ficou mais tensa; percebeu o significado que havia por trás daquela declaração e chegou mais perto. O tempo parou. A energia sexual aumentou e atraiu um para o outro. Incapaz de resistir a um encanto tão sedutor quanto a primavera, ele baixou a cabeça e encostou os lábios nos dela.



          O beijo foi suave. Despretensioso. Um leve toque, um sopro levíssimo e uma dose de adrenalina tão poderosa quanto a de um bungee jump. Os olhos dela se escureceram. Ele sentiu o aroma da excitação dela, e suas narinas se agitaram com o desejo de tomar, possuir, reclamar.



           Mas em vez disso, engoliu um palavrão e afastou-se. Não se desculpou, e ela não esperou que o fizesse. Entreolharam-se por um instante até o latido de Robert romper a bolha que os cercava e trazê-los para a realidade.



        "Quer ir até a padaria de cachorro?", Dulce perguntou.



         Robert latiu duas vezes.



        "Por alguma razão, eu não acho que isso tenha sido um não", falou Christopher. "Vamos la´, amigão."



        Eles foram passeando pela cidade. Pararam na padaria de cães e compraram uma rosquinha orgânica coberta com manteiga de amendoin e um enroladinho de pepperoni para mais tarde. A confeitaria Swan era logo ao lado; Christopher arrastou-a para dentro e comprou um saco de biscotti, de mel com amêndoas, de chocolate duplo e de limão. Eles foram comendo e ziguezagueando entre os pedestres, admirando as vitrines, e passaram quase uma hora no sebo. O cheiro de couro e papel tomava conta do ar, que ele inspirou como se fosse uma droga. Comprou uma biografia do presidente Roosevelt e deu para ela A história do pit bull, que exibia uma fotografia brilhante de um cão bem parecido com Robert. Depois de se daem por satisfeitos com um almoço na carrocinha de cachorro-quente, eles tomaram cafés mocha com chocolate e voltaram. O vento estava ficando mais frio e o sol já desaparecera, assinalando o fim de um dia idílico. Quando ele parou em frente à casa dela, sentiu uma pontada de amargura. Queria entrar, aconchegar-se na velha poltrona e assistir ao pôr do sol. Ele queria...



              Interrompeu o pensamento e forçou as palavras. "Eu tenho um encontro hoje à noite."



           Ela ficou tensa. Depois assentiu. "Que bom. Com quem?"



          "Tammy. Falei com ela no telefone algumas vezes. Parece legal. Diferente das outras...Um pouco mais velha, parece ter filosofias de vida parecidas."



            Christopher torceu para que ela olhasse para ele, mas ela abaixou a cabeça e concentrou-se em procurar as chaves. "A Any sabe o que faz. Espero que dê certo. Obrigada por me fazer companhia hoje."



           "Obrigado por conversar comigo sobre a Jane."



           "De nada." A chave escorregou na fechadura e ela abriu a porta. "A gente se vê."



            Christopher fez um carinho de despedida na cabeça de Robert e observou os dois se afastarem. A luz acendeu-se na sala de estar, e logo o som da televisão fez-se ouvir através da janela semiaberta. Ele ficou parado na calçada por um tempo, observando a casa, antes de finalmente ir embora. Desta vez, ele não olhou para trás.




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Autor(a): minhavidavondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 97



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  • tahhvondy Postado em 27/10/2017 - 23:02:31

    amei que final lindo

    • minhavidavondy Postado em 30/10/2017 - 09:37:42

      Lindo, né!!

  • beatris Postado em 23/10/2017 - 17:28:47

    ai q final lindo amei o fato de ter sido no pontto de vista do robert e as palavras finais realmente nos instiga a refletir parabéns essa fic foii demais

    • minhavidavondy Postado em 24/10/2017 - 09:07:05

      Tb achei interessante ao ler. Foi de uma importância muito legal o Robert mostrar como se sentia. Afinal ele foi uns dos personagens mais ativos kkk

  • beatris Postado em 22/10/2017 - 00:34:36

    meu deus me arrepiei c essa parada do feiitiço coitada da dul se meteu na maior increnca quero ver como vai sai....

  • btrutte Postado em 21/10/2017 - 11:59:14

    Ca-ce-te. Christopher realmente tá com medo assim? Gente, o casamento dele deve ter terminado muito, muito mal pra ele fugir desse jeito. Até a Jane sacou que rola um climão entre ele e Dulce. Onde clica pra esses dois se resolverem? Que dó da Dulce, meu Deus!!!

  • mimila Postado em 21/10/2017 - 10:54:31

    O Ucker é um idiota ou oq? Ele tem q ver q nem todos os relacionamentos são como os que ele resolve e nem como foi o dele e se ele ama a Dul e ela o ama eles tem q tentar pra ver oq dá. Pois como diz quatro frase que li um dia desse q: "Porque o futuro pertence a Deus, e ele só revela em circunstâncias extraordinárias." "O futuro a Deus Pertence." "O amanhã Pertence a Deus." "Viva o Hoje e o Resto Você Vive Conforme For Acontecendo." Então é isso, ele tem q pensar nessas frases e ser feliz com a Dul... Posta maissssss

  • tainara_vondy Postado em 21/10/2017 - 01:08:51

    Posta mais ***

  • mimila Postado em 19/10/2017 - 16:12:00

    Quero mais e quero que a Dul e o Ucker parem com esse chove não molha veem que ambos são perfeitos um pro outro, posta maissssssssssssssss

  • tahhvondy Postado em 18/10/2017 - 17:57:22

    continua

  • tainara_vondy Postado em 17/10/2017 - 18:35:19

    Continua....

    • minhavidavondy Postado em 18/10/2017 - 08:39:54

      Pode deixar kkkk

  • btrutte Postado em 17/10/2017 - 13:12:55

    Meu Deus, ela vai procurar o Chris. Por que eu tenho a sensação de que ele vai ficar apavorado? Nossa, me dá agonia só de pensar nele dando um fora na coitada da Dulce. O cara não consegue raciocinar direito quando se trata dela.

    • minhavidavondy Postado em 18/10/2017 - 08:39:31

      Obrigada pelos comentários


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