Fanfic: À procura de alguém (Vondy) | Tema: Vondy
Dulce observou o novo cliente tirar o paletó e se sentar na poltrona elegante, cor de ameixa. Ele deu uma olhada ao redor da sala, prestando atenção nas linhas clean e na decoração zen. Maite, encarregada de decorar a Kinnections, tinha escolhido tons que estimulam o chacra do coração e encorajam a abertura e a conexão. Eram basicamente tons de roxo forte e violeta, com toques de prata e estanho, em tecidos e texturas luxuosos. A sala de aconselhamento tinha poltronas e sofás com almofadas cinza, vasos com bambus e uma pequena fonte relaxante, coberta de pedras. A mesa de trabalho era pequena e ficava no canto da sala quadrada. O objetivo da sessão era estabelecer uma ligação com o cliente, descobrir gostos e preferências e, finalmente, traçar um plano de encontros.
Ela não conseguia acreditar que Christopher tivesse mesmo aparecido. A profunda desconfiança que corroía os ossos dela poderia tornar difícil o trabalho com ele. Era preciso um tanto de honestidade e outro tanto de vulnerabilidade para que Dulce identificasse o que ele realmente queria e pudesse guiá-lo na direção certa. Em vez disso, duas emoções brigavam para dominá-la. Desconfiança.
E desejo.
Ela sentiu pena dos clientes dele. O homem era todo musculoso e altíssimo, mais de um metro e noventa, com certeza. Tinha o peito definido, o que dava para ver claramente através da camisa branca. Ele não caminhava , desfilava. Seus cachos acobreados eram um emaranhado de ondas desalinhadas que fazia os dedos dela coçarem de vontade de tocá-los. Os olhos castanhos pareciam ser capazes de jogar qualquer mulher na parede, para fazer coisas bem safadas com ela. Os aros dourados dos óculos só acentuavam seu olhar. Provocante, quente, que penetrava sem pedir licença. Ele deveria ser letal nos tribunais, capaz de hipnotizar o júri e dominar o juiz. Conhecer mulheres não era o problema ali. Nem levá-las para a cama. Dulce podia apostar que ele era do tipo que desaparecia assim que o sol começasse a despontar, sem dar chance para segunda rodada de manhã.
De alguma forma, ele a fazia se lembrar do papel de Matthew McConaughey em Minhas adoráveis ex-namoradas, uma comédia romântica de que ela gostava secretamente. O rosto longo de feições marcadas tinha como função inspirar as mulheres a tirar a roupa, e sua presença poderosa iluminava qualquer ambiente. Mas havia uma certa arrogância que o envolvia, como se ele estivesse acima do amor, das emoções e do descontrole. Acima dos pobres humanos com quem tinha que conviver.
Era isso que a deixava tão irritada.
Dulce jurou que conseguiria quebrar aquela armadura, quando conseguisse encontrar um amor para ele. Daí ele estaria pronto.
"Esse seu olhar está me deixando apavorado."
Ele cruzou as pernas, apoiando confortavelmente o tornozelo no joelho. Os mocassins italianos de couro e as meias de cashmere revelam que ele tinha dinheiro e sabia como gastá-lo. Mas os instintos de Dulce diziam que ali dentro havia certa impetuosidade indomada, desesperada para aflorar. Ela rabiscou uma anotação no caderno para se lembrar mais tarde, quando estivesse procurando um par para ele. "Que olhar?"
Christopher inclinou a cabeça e entortou o lábio. Ela lutou para impedir seu olhar de se fixar naquela boca sensual ou naquele lábio carnudo. "Como se você estivesse prestes a mergulhar de cabeça num projeto e se entregar."
A expressão "se entregar" ecoou no ouvido dela e esquentou o vão entre as coxas. Nossa, ela tinha ficado molhada? Contraiu as pernas e pensou em países devastados pela guerra. Crianças famintas. Filhotinhos engaiolados em canis. Ufa, resolvido. Dulce deciciu que só havia uma maneira de seguir em frente sem perder a cabeça. Mostar a ele quem mandava. Ela franziu a testa e falou, no tom mais profissional que pôde: " Vamos começar pelas regras básicas, pode ser? Você tem que ser honesto comigo ao responder as perguntas. Meu papel aqui é te ajudar a encontrar a mulher que mais se ajusta às suas necessidades. Se me enrolar vai estar desperdiçando o meu tempo e o seu. Não existe qualquer constrangimento ou julgamento. Já ouvi muitos pedidos e nunca me deixei pertubar, não importa o que os clientes digam."
"Nunca?"
Ela bateu com a caneta banhada a ouro no caderno. "Nunca."
"Interessante."
Dulce ignorou o comentário dele e continuou. "Precisamos estabelecer um certo nível de confiança e respeito. Se você achar que eu não estou atendendo aos seus desejos, temos que conversar abertamente sobre isso. Comunicação é a chave. Também posso pedir que faça coisas que vão te tirar da zona de conforto. Mais uma vez, vamos conversar sobre os seus limites, mas aviso que você pode ter que experimentar algo que em geral não faria. Às vezes as pessoas ficam presas a certos hábitos....Empurrá-las para além destas barreiras acaba sendo um enorme avanço. Este é um processo orgânico, que vai tentar satisfazer as necessidades de sua vida e do seu coração.
Dulce abriu a garrafa de água e deu um gole. Até então, tudo corria bem. Ele coçou a cabeça, pensativo, e pareceu estar avaliando cuidadosamente as palavras dela. "Você já foi para a cama com algum cliente?"
A água ficou presa em sua garganta e desceu pelo caminho errado. Ela se engasgou e se esforçou para recuperar o fôlego. Ele ficou sentado pacientemente, esperando que ela terminasse de tossir. Pegou um lenço da caixa sobre a mesa e entregou a ela. Dulce secou os olhos lacrimejantes. "Que tipo de pergunta é essa?"
Ele levantou os ombros. "Bom, você está prestes a revirar minha vida toda. Acho que, se vamos confiar um no outro, eu tenho o direito de saber algumas coisas sobre você. Faz sentido. Você é um tipo de terapeuta, e os laços se formam naturalmente. Eu só quero saber."
"Não vou para a cama com clientes. Nunca."
" É uma política da empresa ou um código de ética pessoal?"
Dulce foi ficando mais irritada. Ele era como um predador; cercava a vítima e planejava o melhor trajeto, a fim de impedir uma fuga. "Ambos. Quando aceito um cliente, passa a haver uma relação de confiança que não pode ser quebrada. Se tiver intenções pessoais envolvidas, não vou ser capaz de fazer meu trabalho. E, claro, se o relacionamento não der certo, isso poderia prejudicar a Kinnections. Não é um risco que eu correria."
"Pena."
Ela se ajeitou na cadeira e o estudou. Ah, sim, ele sabia exatamente o que estava fazendo. Tirando-a do chão. Deixando-a desconfortável. Trazendo o sexo à tona, para que pudesse habilmente retomar as rédeas e guiar a conversa na direção que quisesse. Uma risada alegre quis brotar em seu peito, mas ela conseguiu segurá-la a tempo. Ele não fazia ideia de como ela era boa naquele trabalho. "Vejo que você não tem o mesmo cuidado com as suas clientes."
"Como?"
Dulce fingiu estar surpresa. "As suas clientes. Você é um advogado de divórcio, e tenho certeza de que está a par dos laços que surgem quando aconselha uma mulher furiosa, de coração partido. Você se restringe a dormir com elas ou já teve uma ligação a longo prazo?"
Ele deu um pulo na poltrona. "Nunca dormi com nenhuma cliente."
"Ah. Política da empresa ou ética pessoal?"
Ele apertou os olhos ao ouvir a pergunta, feita em tom tão doce. "Bela cortada."
Autor(a): minhavidavondy
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"Obrigada. Agora, em vez de ficarmos trocando farpas até o fim da sessão, vamos ver quais são as suas exigências básicas." Passou os olhos na pilha de papéis, embora já tivesse memorizado a maioria das respostas dele. "Inteligência é fundamental. Uma mulher que se saia bem numa ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 97
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tahhvondy Postado em 27/10/2017 - 23:02:31
amei que final lindo
minhavidavondy Postado em 30/10/2017 - 09:37:42
Lindo, né!!
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beatris Postado em 23/10/2017 - 17:28:47
ai q final lindo amei o fato de ter sido no pontto de vista do robert e as palavras finais realmente nos instiga a refletir parabéns essa fic foii demais
minhavidavondy Postado em 24/10/2017 - 09:07:05
Tb achei interessante ao ler. Foi de uma importância muito legal o Robert mostrar como se sentia. Afinal ele foi uns dos personagens mais ativos kkk
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beatris Postado em 22/10/2017 - 00:34:36
meu deus me arrepiei c essa parada do feiitiço coitada da dul se meteu na maior increnca quero ver como vai sai....
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btrutte Postado em 21/10/2017 - 11:59:14
Ca-ce-te. Christopher realmente tá com medo assim? Gente, o casamento dele deve ter terminado muito, muito mal pra ele fugir desse jeito. Até a Jane sacou que rola um climão entre ele e Dulce. Onde clica pra esses dois se resolverem? Que dó da Dulce, meu Deus!!!
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mimila Postado em 21/10/2017 - 10:54:31
O Ucker é um idiota ou oq? Ele tem q ver q nem todos os relacionamentos são como os que ele resolve e nem como foi o dele e se ele ama a Dul e ela o ama eles tem q tentar pra ver oq dá. Pois como diz quatro frase que li um dia desse q: "Porque o futuro pertence a Deus, e ele só revela em circunstâncias extraordinárias." "O futuro a Deus Pertence." "O amanhã Pertence a Deus." "Viva o Hoje e o Resto Você Vive Conforme For Acontecendo." Então é isso, ele tem q pensar nessas frases e ser feliz com a Dul... Posta maissssss
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tainara_vondy Postado em 21/10/2017 - 01:08:51
Posta mais ***
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mimila Postado em 19/10/2017 - 16:12:00
Quero mais e quero que a Dul e o Ucker parem com esse chove não molha veem que ambos são perfeitos um pro outro, posta maissssssssssssssss
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tahhvondy Postado em 18/10/2017 - 17:57:22
continua
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tainara_vondy Postado em 17/10/2017 - 18:35:19
Continua....
minhavidavondy Postado em 18/10/2017 - 08:39:54
Pode deixar kkkk
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btrutte Postado em 17/10/2017 - 13:12:55
Meu Deus, ela vai procurar o Chris. Por que eu tenho a sensação de que ele vai ficar apavorado? Nossa, me dá agonia só de pensar nele dando um fora na coitada da Dulce. O cara não consegue raciocinar direito quando se trata dela.
minhavidavondy Postado em 18/10/2017 - 08:39:31
Obrigada pelos comentários