Fanfics Brasil - Capítulo-01 Candidata A Noiva AyA

Fanfic: Candidata A Noiva AyA | Tema: Ponny Adaptação


Capítulo: Capítulo-01

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"Mãe desesperada procura por boa moça, bem-sucedida, inteligente, não precisa ser necessa­riamente atraente, 20 a 35 anos, para participar de um jantar em sua casa. Encontro familiar."


 


Anahi Portilla deixou a xícara de café de lado, e pegou o pote chinês no meio da mesa da cozinha. De um lado do pote, havia um buquê de flores artificiais azuis. Quando o colocou ali, achou que combinava com o papel de parede creme e azul, entretanto, naquele momento, as flores estavam dividindo o espaço com um mon­te de canetas e lápis que estragavam sua beleza.


Anny não prestava atenção àqueles detalhes, mas Justin havia comentado uma vez, ou duas, que um pote cheio de canetas não era esteticamente bonito. Sempre que ele vinha visitá-la, procurava esconder o pote perto da janela.


— Preciso de caneta quando estou na mesa da cozinha — explicara Anny quando Justin reclamara. — Se eu tiver de sair a procura de uma caneta, esquecerei minhas ideias.


— Nenhuma delas funciona — retrucou, referindo-se às canetas, não às ideias. — Não esquece as ideias quando tenta descobrir qual delas ainda possui tinta?


Anny refletiu que ele tinha certa razão. As duas primeiras canetas que encontrou estavam sem tinta, e o lápis, sem ponta. Ela deveria ao menos deixar no pote as canetas que funcionassem, como dissera Justin, e jogar as outras no lixo. No entanto, ela nunca tinha tempo para isso. O pro­blema era que achava que as canetas poderiam ser muito úteis, mesmo que não tivessem tinta. Mas decidiu que co­meçaria a se organizar naquele dia.


Depois de quatro tentativas, Anny conseguiu encontrar uma caneta com um resto de tinta vermelha, e circulou um anúncio do jornal. Distraída, recolocou as canetas e o lápis de volta no pote, recostou-se na cadeira, pegou a xícara de café, e pensativa, releu o anúncio.


Anny estava acostumada a escrever histórias extravagan­tes sobre problemas pessoais em sua coluna na revista, e não demorou a decidir que valia a pena investigar aquele anúncio. Se fosse apenas uma mulher tentando casar o filho solteirão, ainda assim Anny não se intimidaria, afinal era uma moça solteira e atraente, de vinte e cinco anos, e poderia lidar com a situação. A mãe se descrevia como "desespera­da", portanto, era possível que houvesse sofrido muitas de­cepções. Sendo assim, uma a mais não a magoaria tanto.


Era uma bela manhã de outono, e Justin chegaria a qual­quer momento, mas ela precisaria apenas escrever algumas palavras. Anny foi até a escrivaninha e procurou por um papel que sabia estar em alguma parte, mas só encontrou um pequeno bloco. Pegou também um envelope e voltou para a mesa da cozinha.


Encontrou a caneta vermelha no pote, e escreveu:


"Querida mãe desesperada, vi seu anúncio. Adoro jantares domésticos. Ligue para mim. Anny.", e acrescentou o número do telefone. A tinta da caneta estava falhando, mas o número estava legível, se olhasse com atenção. Quando puxou a folha do bloco, um canto rasgou-se, mas só levou parte do "querida". Anny estava muito atrasada para reescrevê-lo, então, colocou o bilhete no envelope, selou e es­creveu a caixa postal e o endereço do jornal.


A campainha da porta soou alta e longa. Era uma das poucas atitudes de Justin que a irritava, tocar a campainha com tanta força.


Deixando o jornal sobre a cadeira, Anny caminhou até o interfone, pensando que não se importaria tanto se a cam­painha tocasse um som agradável, em vez daquele barulho irritante que acabava com seus nervos, em especial naquela hora da manhã. Um dia teria uma nova campainha, e Justin lhe prometera que caso o novo apartamento não tivesse, ele se encarregaria de comprar e instalar. Entretanto, se estivesse morando com Justin, ele não teria razão para tocar a campainha, com força ou não. Mesmo assim, era gentileza dele se preocupar com aquilo, e sendo um homem gentil e atencioso, Anny achava que o amava.


De fato, ela gostaria de ter certeza de seus sentimentos, em vez de temer o futuro. Ela já dissera a Justin que detestava a campainha sendo tocada tão alto, mas ele jamais reduzira a força e a intensidade de seu toque, não percebendo a ligação do comentário dela e suas próprias atitudes. Talvez a culpa fosse dela por não haver falado sobre o problema diretamente. Ele era um homem sen­sível, algumas vezes.


— Olá, Justin! — Anny segurou o interfone. — Estou quase pronta. Você quer subir?


— Esperarei no carro — respondeu Justin.


Anny fez uma careta, sentindo-se culpada. Deveria ter se arrumado ao invés de ficar lendo o jornal. Ainda precisava se maquiar, e Justin ficaria sentado dentro do carro, con­tando os segundos até que ela aparecesse. Ele detestava improvisos e atrasos. Na universidade, Justin nunca per­mitia que os alunos entrassem atrasados em suas aulas, e Anny sabia que sua tendência para esquecer horários o in­comodava. Ela tentava se corrigir, mas várias vezes acabava decepcionando-o. O problema era que o mundo sempre lhe mostrava coisas interessantes, no mesmo instante em que deveria estar em outro lugar. O mesmo acontecera com o anúncio do jornal.


— Estarei pronta em um minuto — prometeu, desejando que ele subisse e tomasse uma xícara de café, pois ela se sentiria menos culpada.


Anny entrou no banheiro, pegou a escova e passou-a nos cabelos ondulados. Colocou uma faixa azul que combinava com a camisa de algodão da mesma cor, e prendeu-a atrás das orelhas. Os cabelos Loíros caíram em uma cascata natural de cachos em suas costas. Não teria tempo para prendê-los naquele momento, se bem que teria feito um coque se não houvesse perdido tanto tempo com a leitura do jornal.


Justin adorava os cabelos de Anny, e dizia que desde o princípio ficara atraído por sua sensualidade selvagem. Por aquela razão, preferia que Anny prendesse os cabelos em um coque: queria toda a sensualidade selvagem dos cachos negros só para ele.


Anny passou sombra nas pálpebras e rímel nos cílios. Ain­da estava com a pele bronzeada e não teria tempo para passar base. Apenas passou um pouco de blush e batom. Estava pronta em menos de cinco minutos. Poderia até dizer que se atrasara esperando pelo elevador.


Anny colocou a jaqueta, pegou a bolsa, as chaves, acionou o alarme, abriu a porta e saiu. Estava quase fechando a porta quando viu a carta sobre a mesa, ao lado da xícara de café. Automaticamente, abriu a porta, correu pela sala e entrou na cozinha.


O alarme disparou com um barulho ensurdecedor. Anny correu para o dispositivo de alarme, digitando seu código. O alarme continuou a tocar. Era evidente que ela não de­veria ter entrado na casa após ter acionado o alarme. Seu código não funcionaria mais após algum intruso ter entrado na casa. Quando o telefone tocou, Anny atendeu, aliviada.


— Qual é o código? — gritou. — Estou com pressa!


— Acredito que sim — retrucou uma voz masculina. Anny reconheceu a voz do editor que a contratara como temporária.


— Phil! — exclamou. — Desculpe-me, mas eu lhe telefono mais tarde. O pessoal da companhia de alarme já deve estar chamando os policiais.


Sem esperar pela resposta, desligou o aparelho. De ime­diato ele tocou outra vez.


— Aqui é da Ace Sistemas de Alarme... — anunciou a voz masculina.


— Sim, sim! — interrompeu-o. Ela estava demorando demais, e Justin devia estar espumando de raiva. — Ativei o alarme por engano! Hospício! Pode me dar o número, por favor? Essa campainha irá acordar até os mortos!


E ninguém no prédio ficaria agradecido. As oito e meia, na manhã de sábado, não era uma boa hora para se acordar ou ser acordado. Especialmente naquele edifício onde a maioria dos moradores era formada por artistas, atores, desempregados e bêbados.


— Qual é o código, por favor? — A voz do jovem surgiu firme e perseverante.


— Hospício! Acabei de lhe dizer! Hospício!


— Está bem! Eu não tinha entendido... Sim, esse é o código correto. Está na frente do dispositivo de alarme?


Ele parecia estar lendo instruções de como proceder, e iria seguir o ritual completo. Anny arregalou os olhos, re­signada com o inevitável.


— Sim, estou em frente ao alarme — afirmou.


— Ótimo. Agora fornecerei uma sequência de números que devem ser digitados no aparelho do alarme. Por favor, digite enquanto eu falo. A senhora entendeu as instruções?


O alarme continuava sem parar.


— Sim, entendi. Vá em frente.


— Está em posição e pronta para receber a sequência de números do código?


Ela iria contratar outra empresa de alarmes na segun­da-feira pela manhã. Um funcionário obstinado a seguir regras não era o que precisava naquele momento quando o alarme soava, deixando-a quase surda.


— Apenas me diga o código, está bem?


— Está pronta para...


— Sim, estou pronta para receber a sequência de núme­ros! — afirmou, irritada. — Pode me dizer agora?


— Claro, senhora. Aperte zero, um, seis...


— Anny ? Você está aí? — A voz foi acompanhada por uma batida firme na porta. — Anny ?


— ...cinco, três, três...


— Um segundo por favor! — gritou para a porta, digitando os números rapidamente.


— Quer que eu pare a sequência de números?


— Não, você não! Há uma vizinha na porta! Oh, droga! Apertei o número três ou o dois? Espere um segundo, eu me perdi. — Anny esticou o fio do telefone e foi abrir a porta. — Oi, Maite! Desculpe-me por essa confusão! Estou recebendo o código para desligar o alarme. Sim, o senhor pode começar de novo?


— Não posso começar de novo com o mesmo código se você já digitou alguns dígitos. Você já tinha digitado?


— Sim, sim, digitei alguns números. Eu me perdi no terceiro ou quarto número.


Maite fez uma careta pelo barulho do alarme, entrou e fechou a porta. A moça vestia um robe cor-de-rosa e estava sem sapatos, os cabelos despenteados. Parecia uma adolescente mal alimen­tada. Em uma das mãos trazia uma faca de cozinha.


— Nesse caso, começarei de novo com um código diferente. Está pronta?


Anny arregalou os olhos ao ver a faca, mas não disse nada com medo de perturbar a informação do código.


— Sim, estou pronta.


— Obrigado. Por favor, aperte zero, zero, um, cinco, um, seis...


A sequência tinha mais de vinte e cinco dígitos, prova­velmente devia ser um tipo de proteção para que ninguém fosse capaz de memorizá-la e então assaltasse as residências que possuíam alarmes da Ace Sistemas de Alarmes, concluiu Anny. Por fim, o barulho cessou assim que digitou o último número. Com um suspiro de alívio, agradeceu ao homem, desligou o telefone e se virou para Maite.


— O que está fazendo com essa faca?


Maite trabalhava como modelo. Era pequena, assustada e vulnerável. Possuía olhos grandes e um corpo franzino. Anny ficou surpresa ao pensar que a moça fosse capaz de enfrentar um intruso com a faca.


— Não sei — respondeu, rindo. — Talvez quisesse as­sustar alguém. Pensei que estivesse aqui com um ladrão.


— Oh, Maite! — Anny não sabia o que dizer. — Obrigada. Muito obrigada.


— Está tudo bem. Afinal, para que servem os vizinhos? Anny gostava daquele reconfortante ditado. As pessoas da cidade grande não costumavam pensar mais assim, ou pelo menos, não com a mesma ênfase de Maite.


— Depende da generosidade do vizinho. Entretanto, se houvesse mesmo um ladrão aqui, seria melhor você não se arriscar e chamar a polícia. — Mesmo assim, Anny ficou aliviada ao saber que, se houvesse mesmo um intruso, po­deria contar com a ajuda de Maite, em vez de ter um vizinho que preferiria não se envolver.


Maite encolheu os ombros e colocou a faca na estante de Anny.


— Estou sentindo cheiro de café? Você já está saindo?


— Justin e eu iremos olhar alguns apartamentos hoje, mas ainda tenho alguns minutos — mentiu. — O café está fresco. Acabei de fazer.


— Tem certeza? Sei que ele odeia ficar esperando. — Anny não mandaria Maite embora sem lhe oferecer um café, principalmente depois de ela ter vindo socorrê-la com uma faca de cozinha. Justin entenderia. De qualquer forma, já era quase nove horas da manhã, e ele poderia escutar as notícias pelo rádio do carro. Aquilo o distrairia, desviando-lhe a atenção de seu atraso.


— Eu demoraria muito mais se um ladrão houvesse en­trado aqui, e se você não houvesse vindo me salvar.


Anny caminhou até a cozinha, deixando a jaqueta, a bolsa e a carta sobre o sofá. A jarra de café ainda estava quente. Ela esquecera de desligar a cafeteira elétrica! Anny serviu duas xícaras, e entregou uma a Maite.


— Há algo errado com a lógica disso, Anny — comentou Maite, acompanhando Anny até a sala, e sentando-se na poltrona. — Entretanto, está muito cedo para pensarmos sobre o assunto.


— Quem se importa com a lógica? É verdade. Quer creme? Açúcar?


— Essa semana não. — Fez uma careta. — Engordei um quilo desde terça-feira. Terei de correr muitos quilômetros hoje para compensar. Café preto está ótimo.


Anny também gostava de manter-se magra, porém, estava feliz de não ter a obrigação de manter-se com um determi­nado peso. Como poderia evitar de se transformar em uma neurótica por comida, se houvesse de pensar a todo instante no que poderia comer? De alguma forma, Maite conseguia obedecer ao rigores de sua profissão, mas Anny achava que não seria capaz de fazer o mesmo. O tipo de privação a qual Maite se submetia teria levado Anny a acordar no meio da noite, faminta.


— Você e Justin irão procurar um apartamento? Vocês dois vão mesmo morar juntos?


— Bem, ainda não falamos claramente sobre o assunto. Ele quer ter sua própria casa, e disse que não escolherá nada que eu não aprove.


Justin era um homem cauteloso. Gostava de dar um passo por vez, testando o local onde pisava. Anny sabia que ele estava quase convencido a pedir que fossem morar juntos. Inclusive decidira comprar um apartamento para aquela finalidade, mas era de seu feitio pensar demais sobre qual­quer assunto. Anny não se importava. Adoraria morar com Justin ou se casar com ele. Construiriam um lar para os dois. No entanto, queria que ele tivesse certeza daquele passo. Ela também gostaria de ter certeza.


Esperava que pudessem encontrar um apartamento que agradasse a ambos. Anny era muito condescendente, mas não gostava do estilo da casa atual de Justin, a qual a mãe dele, uma decoradora famosa, havia decorado. Algumas ve­zes, ela mostrava a casa a clientes potenciais, pois adorava seu trabalho e considerava a casa do filho como uma ver­dadeira assinatura. Na opinião de Anny, era muito difícil viver em uma assinatura.


O efeito da decoração era destruído pelo menor sinal de vida normal naquele ambiente. Um dia, Anny estava no apar­tamento de Justin enquanto a mãe dele mostrava o apar­tamento a alguns clientes. Verônica entrara primeiro para fazer uma vistoria preliminar. Anny estava sentada no sofá desconfortável, lendo o jornal na manhã de domingo, quando sentiu o papel ser retirado de suas mãos.


— Devolverei depois que eles forem embora — avisou Verônica, enrugando ligeiramente o nariz antes de desapa­recer com o jornal debaixo do braço.


Anny detestaria viver em um apartamento como aquele, e Justin garantiu-lhe que também não gostava. Afirmou que morava ali para agradar a mãe e que, quando comprasse seu próprio lugar, seria completamente diferente.


A primeira visita estava marcada para às nove horas, e Justin fez questão de lembrar a Anny assim que ela entrou no carro, atrasada.


— Desculpe-me, desculpe-me, desculpe-me! Hoje o dia está um caos!


— É sempre um caos — comentou com tolerância. — É uma das coisas que amo em você.


Justin não queria demonstrar, mas Anny sabia que estava irritado. Ele não estava ouvindo ao rádio e ficara apenas sentado, em silêncio, martirizando-se por ter de esperar. Ele tinha um modo especial de enfrentar a vida. Se tinha de esperar, cuidava para sofrer o máximo possível. Possuía uma certa vocação para mártir.


— Acionei o alarme por engano, e Maite apareceu para me salvar, trazendo uma faca de cozinha na mão, pensando que havia um intruso na minha casa.


— Que tolice! — Ligou o carro e fez o retorno. — Esse tipo de atitude pode acabar machucando alguém. Nunca é boa ideia enfrentar um intruso.


— Ela pensou que alguém estava me atacando.


— Se alguém estivesse atacando você, ela ainda teria fornecido uma arma para ele — retrucou.


Anny não discutiu e sorriu. Justin parecia viver fora da realidade. Ela supunha que aquilo era consequência de ele ter crescido com muito dinheiro, e achava o modo aristo­crático atraente, na maioria das vezes. Ele estava sempre acima das preocupações normais do dia-a-dia. Descendia de uma família tradicional de intelectuais, e lecionava inglês e história da literatura canadense na Universidade de To­ronto, como seu pai. Ele também escrevera um pequeno romance que fez sucesso entre a elite da sociedade, recebendo uma boa crítica.


Justin era um homem alto, magro, feições nobres, cabelos fartos e negros e parecia um aristocrata. Até mesmo usando camiseta calça jeans, ele parecia rico e sofisticado. As pessoas sempre o tratavam como se soubessem que seus sapatos cus­tavam duzentos dólares. Algumas vezes, Anny ficava nervosa, pois não tinha condições de acompanhar o estilo de Justin, e nem se sentia à vontade no apartamento dele. Ele, no entanto, parecia não se incomodar e sempre dizia que ela tinha um corpo maravilhoso e que qualquer roupa ficava-lhe muito bem.


O primeiro apartamento que visitaram ficava na parte alta da cidade, em uma rua elegante. Anny nem perguntou o preço, pois sabia que seria exorbitante. Então, mordeu a língua e seguiu a corretora pelos quartos e salas, sorrindo enquanto Justin e a moça comentavam sobre o teto rebaixado, ou sobre a suíte do quarto de hóspedes, ou sobre manutenção do apar­tamento que ocupava o espaço de um quarteirão.


Anny jamais imaginara que Justin estaria interessado em um lugar como aquele. Era um dúplex e uma bonita escada unia os dois andares, levando a uma sala de jantar no piso superior. Havia um escritório, um estúdio, uma suíte para empregada, dois quartos para hóspedes, quarto para crian­ças, e a suíte principal pareceu-lhe uma quadra de tênis.


Pelo preço que o apartamento custaria, Anny preferia com­prar uma casa. Um lugar onde realmente pudessem cons­truir um lar. Contudo, Justin ponderara que para comprar uma casa teriam que morar mais longe, e ele queria morar próximo à universidade.


— E agora... — anunciou a corretora, sorrindo maliciosa­mente enquanto olhava para Justin, parados na sala de jantar, próximos à cozinha que parecia uma nave espacial. — Guardei o melhor para o final! Você com certeza irá adorar! — Con­duziu-os por portas de vidro até um terraço maravilhoso.


Realmente era encantador. O apartamento era na cober­tura, ocupava o último andar inteiro, e metade do andar de baixo. A outra metade era reservada para o terraço, cuja vista da cidade era apenas parcialmente comprometida por um hotel ao sul. O sol das dez horas da manhã batia em um canto do terraço, e a corretora tomou o cuidado de levá-los direto para lá.


— É uma delícia sentir o sol da manhã! — afirmou a corretora, balançando a cabeça como se estivesse se deli­ciando com o calor, consciente de que a luz deixava seus cabelos mais brilhantes.


— O apartamento recebe sol em outras horas do dia? — perguntou Anny inocentemente.


A mulher a olhou, inteligente o suficiente para saber que a pergunta direta visava voltar a atenção para o aparta­mento. Talvez Justin percebesse o que acontecia entre as duas mulheres.


— Evidente que no inverno não há sol. Aquelas árvores foram plantadas pelo antigo proprietário — apressou-se em dizer. — Estão incluídas no preço.


Justin já chamava a corretora pelo primeiro nome. Deborah riu exageradamente, agindo como uma criança que quer cha­mar a atenção dos adultos e, a seguir, virou-se para Justin.


— Justin, você é esperto o bastante para saber que essa oportunidade não durará para sempre. Sei que não preciso nem lhe dizer isso.


Anny se controlou e não disse mais nada.


— O mercado está em recessão, mas não para os ricos. Somos corretores exclusivos deste prédio, e não há nenhuma oferta no momento para esse apartamento, mas posso afirmar que ele logo será vendido. — Sorriu outra vez. — Mas, se estiver realmente interessado posso reservá-lo para você. Faça uma oferta. — Olhava-o de modo sedutor. — Não diga que eu não o avisei. Tenho certeza de que você gostou desse lugar. Eu adoro esse apartamento. E ele também gostou de você.


— E não foi só o apartamento — murmurou Anny, cansada de ver a moça fazer charme para Justin.


— Gostaria de unir você e esse apartamento — insistiu a moça. — Acho que foram feitos um para o outro.


— Aposto que só diz isso com sinceridade — alfinetou Anny.


Justin olhava a paisagem, fingindo não estar impressio­nado, porém, Anny percebia um interesse genuíno.


— Sim, pensarei a respeito.


Homens não resistiam a ser cortejados por uma bela mu­lher. Aceitavam tudo que lhes era oferecido, sem raciocinar. Anny imaginou se deveria estar com ciúme, no entanto, res­peitava Justin e não achava que ele iria além de apreciar alguns momentos de massagem em seu ego. A sedução nas vendas devia funcionar na maior parte das vezes, ou então, ainda não estariam usando aquela técnica.


Enquanto estavam no elevador, a moça garantiu que não telefonaria para Justin nem o pressionaria, mas esperava receber uma proposta nos próximos dias, pois sabia que Justin era um homem que gostava de tomar decisões bem pensadas e que ele era capaz de apreciar a classe e o bom gosto do apartamento.


Anny não simpatizou com a corretora desde o princípio, mas sabia que a moça precisava vender para ganhar a vida e achou injusto que seu namorado estivesse dando a im­pressão de que realmente pretendia comprar.


Por fim, a corretora os deixou a sós. A moça prometeu ligar para Justin se encontrasse outro apartamento que pu­desse interessá-lo.


Ao chegarem à rua, Anny respirou fundo.


— Não aguentava mais.


— O que disse? — Justin estava distraído, olhando a fa­chada do prédio. — Um pouco requintado, mas poderia viver aqui. O apartamento tem um tamanho excelente. O que achou?


— Ficaria feliz se eu fosse o embaixador da Arábia.


— Querida, do que está falando? Quero saber se gostou.


— O que quer dizer?


— Ela exagerou em algumas coisas, mas acho que o apar­tamento será vendido logo. Vou pedir para Verônica conhe­cer o apartamento ainda hoje.


— Justin, está realmente pensando em comprar um apar­tamento com o quarto do tamanho de uma quadra de tênis? — perguntou, incrédula.


— Querida, você está exagerando. E o terraço? Não é maravilhoso?


— O terraço é maravilhoso, Justin, mas por que precisa de tanto espaço? Quer impressionar as pessoas?


— Não seja infantil, querida. Não estou preocupado com isso. Acho que seria uma ótima área de lazer.


Anny achava aquilo tão absurdo que começou a rir.


— Sim, se quiser convidar todos os súditos do príncipe Edward de uma só vez! Não posso acreditar que esteja fa­lando sério.


— Penso em termos de investimento. Deborah está certa, o mercado está melhorando. E apartamentos como esse sem­pre serão fáceis de vender. Há muita gente com dinheiro no mundo — afirmou satisfeito.


 


 


 


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Autor(a): ponnyayalove

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Comentários da Fanfic 1



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  • ponnyyvida Postado em 16/04/2018 - 20:01:15

    Aaaa nem começou e eu já tô amando <3 Continuaaaa


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