Fanfic: El sabor de la venganza... Portiñón, AyD. | Tema: Anahí e Dulce.

Por Anahí

O caminho do quarto de Dulce para o quarto de Niko foi o mais longo de toda a minha vida, ou talvez, da minha existência. O meu corpo parecia que estava sendo envolvido por uma letargia, enquanto, as lágrimas borravam o meu caminho.

A dor cavava um túnel em meu peito, deixando um enorme buraco que nunca mais seria preenchido. Aquele lugar tinha a Dulce guardado dentro dele. Agora não se tem mais nada. Ela não me quer mais. Eu sabia que isso um dia iria acontecer. Ela me deixou uma vez, e me deixou novamente. A diferença era que ninguém estava no nosso meio, além, de mim mesma.

Perdi o grande amor da minha vida por não conseguir me livrar do rancor. Por não conseguir me livrar do passado, e por não conseguir perdoar. A memória da minha mãe já estava sendo manchada quando o amor que sinto por Dulce ainda habita dentro de mim. Eu não posso perdoar a Dulce, porque se eu fizer isso, estarei quebrando a promessa que fiz a mamãe em seu tumulo.

Mas, Cristo! Dói tanto. Não deveria ser tão esmagadora assim. Entrei em uma luta que eu sabia que não poderia ganhar... Não se pode escolher entre a memória de sua mãe e o grande amor da sua vida. A minha devoção e o amor eterno pela minha mãe jamais permitiria uma traição dessas, mesmo que isso significasse que eu viverei eternamente infeliz por não ter a Dulce ao meu lado.

Durante o caminho, alguns funcionários me abordaram, oferecendo ajuda, achando que eu estava mal... Oh, se eles soubessem que nenhum remédio poderia curar a dor da perda do seu grande amor.

Durante esses dois dias, praticamente morei no hospital. A Maite trazia roupas limpas, enquanto, eu passava a maior parte do tempo com o Niko, quando ele adormecia, eu ia até o quarto de Dulce que ainda estava inconsciente.

O Niko acordou no mesmo dia em que eu estava na capela com o Padre Simon. E desde, então, tem mostrado uma grande melhora á ponto de surpreender eu, e a equipe médica. Ele só não podia fazer esforço, e estava restrito a uma dieta que ele estava detestando, mas fora isso... Era o mesmo Niko de antes.

Dulce que demorou a acordar, e eu já estava surtando com a sua letargia. Mas durante essa madrugada, ela despertou. Eu não estava lá, mas me avisaram. Por isso, que essa manhã fiquei lá no seu quarto, esperando-a acordar. Só Deus sabe o alivio e o peso que saiu das minhas costas quando vir os seus olhos... Só não sabia que ficaria arrasada com a minha expulsão da sua vida.

Limpo os meus olhos e abafo tudo que dentro de mim que quer explodir. Engulo a dor, e ensaio um sorriso para adentrar no quarto do meu filho que surpreendentemente está arrumado, enquanto, a Clara conversava com ele.

– Mamãe, adivinha! – Niko falou animado. – Ganhei alta! Vou poder ir para casa!

Corro até o meu filho e o abraço suavemente, as lágrimas voltam a cair, um misto de felicidade por sua liberação e tristeza por conta de Dulce.

– Isso é ótimo, meu amor. Estou tão feliz! – Murmuro com o rosto perdido entre seus cabelos.

– Eu também. Finalmente, vou me livrar dessa comida de hospital, eca! – Niko graceja.

Eu e Clara rimos. O médico aparece apenas para as recomendações e os medicamentos que o Niko deveria tomar. E assim, formos para a minha cobertura. Já que a mansão pertencia a Sol.

Sobre Soledade... Eu já tinha um plano para ela. Não apenas para ela, mais também para a Camila. As duas iriam pagar pelo o que fez.

Acomodei o Niko no quarto que depois de almoçar e tomar o remédio, queixou-se de sono. O deixei no quarto, dormindo e voltei para a sala. Clara estava sentada no sofá com uma taça de champanhe na mão, mudava descontroladamente o canal da televisão.

– Mamma? – Chamei e ela me olhou. – Você quer alguma coisa?

Clara repousou a taça de champanhe no centro e largou o controle remoto, então, bateu em seu colo.

– Venha cá, mia figlia. – Chamou carinhosamente.

Ela sempre fazia isso quando sabia que eu estava mal o suficiente, mas que não queria desabafar sobre. Antes de chegar no colo dela, estava desabando de chorar. Deito no sofá e apoio a minha cabeça no colo dela, aos prantos. Ela apenas acaricia os meus cabelos, me reconfortando. Agarro os seus quadris, e sem me importar em estragar o seu vestido caríssimo, deixo que as lágrimas e a minha dor flua.

Eu perdi a Dulce, meu Deus! Perdi a única mulher que verdadeiramente amei...

– Esse vestido vai ficar maravilhoso em você. Já posso imaginá-la entrando no altar com ele. Todos irão admirá-la, será a nova mais linda do mundo.

Um vestido de noiva de cauda longa foi posto na minha frente. Era incrivelmente lindo. Tão branco e imaculado. Toquei a renda sentindo o prazer do tecido em minha mão. Ele tinha mangas de tule longa, mas em compensação, as costas eram nuas. O que mais prendia atenção era os detalhes, pequenos bordados á mão em formato de rosas deixava o vestido mais elegante. A cauda era simplesmente espetacular com suas rosas maiores.

– Uau. É de tirar o fôlego! – Exclamo encantada sem conseguir desviar o olhar do vestido. – Mas, espere... Eu não vou me casar, deve haver algum equívoco.

– Você sempre teimosa, minha filha. – O vestido é tirado da minha frente e pendurado no cabide com cuidado. – Claro que você vai se casar, não é hoje, nem amanhã, mas brevemente. Eu pressinto isso.

A mulher se virou para me encarar e todo o ar dos meus pulmões foram drenados ao ver que era a mamãe na minha frente. Olho para os lados, assustada. Não era possível... Ela não podia estar na minha frente. Ela... Ela está morta!

Mamãe estava linda. Os seus cabelos longos, lisos e pretos deslizando pelos seus ombros e pairando na sua cintura. Os seus olhos estavam joviais, mais azuis, enquanto, o seu rosto bem corado. Diferente da mulher que vir pela última vez...

Percebo pela primeira vez que está tocando Elvis Presley, reconheço a música... Suspicious Minds, mamãe me entrega uma xícara de chá e depois se serve de uma também, senta-se na poltrona a minha frente e me encara firmemente.

– Estou muito preocupada com você, Anahí. Você passou o limite do saudável. – Deu um gole no seu chá e fez uma caretinha por estar muito quente. – Passou a muito tempo, desde que começou essa loucura de vingança.

– Loucura? Mas eu fiz tudo por você, mãezinha! – Exclamo indignada. – Ou a senhora acha que eu iria ficar parada, enquanto, elas iriam viver as suas vidas como se não tivesse destruído as nossas?

Mamãe coloca a xícara no pires em cima do centro e suspira longamente antes de segurar as minhas mãos firmemente. O seu toque era tão real e quente!

– Anahí... Eu iria morrer de qualquer jeito...

– Não! – Digo com a garganta pesada. – Você teria chances com o tratamento experimental e...

– Anahí, preciso que você me escute... Você poderia fazer isso? – Mamãe pergunta serenamente.

– Sim. – Respondo com um soluço.

– Eu iria morrer de qualquer forma. Com ou sem o tratamento experimental, estava com os dias contados. Só vivemos na terra o tempo estipulado para nós, nem um dia menos nem um dia a mais. Não tinha nada para ser feito, minha querida. Serena e Sol foram cruéis, foram... Mas isso não significa que você tinha que ser também. Você era diferente delas, minha filha. Ainda é, ainda tem um fiozinho dentro de você que as diferenciam delas. Você já se corrompeu tanto, não faça mais nenhum mal...

– Mas, mas e a senhora vai ficar impune?

– Ninguém fica impune nessa vida. Se não paga na terra, paga no plano celestial. Sol e Serena seriam castigadas de qualquer forma com ou sem a sua intervenção. A maior vingança para pessoas sem índole é o perdão, porque quando perdoamos, deixamos de nos importar e aquela pessoa não nos atinge mais. Se torna indiferente.

Absolvo as palavras de mamãe.

– Você tem que parar. – Mamãe me olha pesadamente. – Se você quer ter redenção na sua vida, você tem que parar com essa história de vingança, Anahí. Tem que parar antes que seja tarde demais e sua alma se perca no enegrecimento do rancor. Tem que parar antes que perca tudo, principalmente o seu amor.

– Mas eu já perdi ela. Dulce não me quer mais...

– Dulce sempre lhe quis. Nessa e em outras tantas vidas. Ela sempre vai lhe querer, como você sempre vai querer ela. Mas em cada reencarnação parece que vocês tem tendência a serem dramáticas. – Mamãe suspira. E eu não entendo nada do que ela está dizendo. – Você precisa perdoar a todos aqueles que lhe fizeram mal, Anahí, porque eu já perdoei a todos... Você tem que perdoar a Dulce. O único erro dela foi ter sido gananciosa demais, mas não a responsabilize por erros cometidos por terceiros. Você tem que dá uma chance a si mesma, a Dulce e ao amor de vocês. Eu preciso descansar em paz, e isso só acontecerá se vocês se acertarem.

– Mamãe, eu...

– Seja feliz, minha filha. Você tem tudo ao seu redor para ter uma vida sublime. Não estrague isso por conta de sentimentos mesquinhos como ódio, rancor, vingança. Se o mundo lhe oferecer dor, ofereça amor... Deixe aquela Anahí de coração puro e olhos inocentes que acreditava no amor fazer parte de você novamente, e você saberá novamente o que é felicidade. Permita-se Anahí. Eu te amo, e estarei torcendo por você... Só, se permita!

Abro os meus olhos de repente, e percebo que já é de noite. Ainda estou deitada no colo de Clara, e ela me abraça protetoramente. O sonho vem em minha mente, tão real e vivido que me deixa arrepiada. Pela primeira vez em oito anos, sinto uma sensação tão forte no meu peito que pode ser considerado... Paz.

Quebrando a rotina e postando hoje...

Até segunda, girls!