Fanfic: El sabor de la venganza... Portiñón, AyD. | Tema: Anahí e Dulce.

Por Anahí

– Encerramos por hoje, Anahí. Até a próxima sessão. – Minha terapeuta anuncia com um sorriso.

Agradeço-a, e retiro-me do consultório. Fazia duas semanas que eu estava frequentando a terapia, e apesar de apenas duas consultas, sentia a pressão no meu peito diminuindo. Era como os meus olhos estivessem enxergando a vida com outras perspectivas. Estava colocando os pingos nos devidos í’s.

Claro que ter sonhado com a mamãe estava me ajudando muito nesse processo. Principalmente por saber que ela não estava querendo a minha vingança, e também queria que eu perdoasse a Dulce. A ciência poderia dizer que o meu sonho foi produzido a partir do meu inconsciente por desejar muito aquilo... Mas, eu me sentia sensitiva. Eu sabia que mamãe tinha vindo me visitar em meu sonho.

E eu não podia me sentir mais grata a ela por isso.

Quando eu pensava em Dulce, não sentia mais aquela culpa torturante em meu peito ou aquele rancor enlouquecido. Eu sentia apenas... Amor, paixão, querer... E um pouquinho de mágoa que minha terapeuta explicou que era normal, já que passei muitos anos cultivando sentimentos negativos em relação a Dulce, e que algumas feridas não cicatrizavam de um dia para a noite.

Era isso que me impedia de não me aproximar de Dulce, porque eu sabia que não estava pronta para ela. Mas, estava cheia de orgulho ao saber de suas mudanças. Nunca imaginaria que ela voltaria a morar no bairro em que nasceu. Fernando estava embasbacado com isso. Eu também. Acho que todo mundo que conhecia a Dulce... Também, estava muito feliz por ela ter arranjado um emprego sem ter ninguém para interceder por ela.

Dulce estava mostrando que não era mais aquela mulher volúvel, finalmente, o seu caráter desabrochou e ela estava se dando, e impondo respeito.

Essa nova versão de Dulce me deixava derretida, e eu me sentia uma idiota apaixonada.

Com a terapia, aprendi a ter compaixão... Por Serena. Tinha até ido visitá-la no manicômio, senti-me mal por vê-la tão desiquilibrada. Ela não me reconheceu. O psiquiatra me contou que além da esquizofrenia, a Serena tinha desenvolvido Alzheimer. Era uma mulher digna de compaixão mesmo. Não dizia coisa com coisa e quando dizia, era chamando por Klaus.

Serena tinha tido o seu castigo.

Agora a Sol era um caso à parte. Eu não conseguia perdoá-la por suas maldades. E também não quis me aprofundar nos planos de vingança que eu tinha preparado para ela. Não posso deixar mais que a vingança seja maior do que a minha vontade de viver. A vingança estava me consumindo, me tirando tudo que eu mais amava, e não estou disposta a perder mais nada por algo que claramente não vale a pena, que só satisfaz o ego.

Vou deixar que a justiça do homem sentencie a Sol.

– Anahí! – Uma mão segurou o meu pulso, me assustando.

Volto para a pessoa que me segurou, e puxo o meu braço. Ela cedeu e soltou o meu pulso, enquanto, franzo o cenho para ela.

– O que você quer, Camila?

– Eu queria tanto falar com você. – Camila disse, os seus olhos estavam apagados e ela parecia tão triste. – Queria que você me desculpasse por ter sido uma traidora com você.

Em outro momento, ficaria extremamente furiosa e a humilharia. Mas essa Anahí, é a Anahí que criei para a minha vingança e demonstrar poder. Não condiz com a verdadeira Anahí.

– Camila... Eu achei muito errado o que você fez, sim. Você jogou fora anos de confiança pela janela e eu nem sei muito bem o porquê. Mas no final das contas, você me fez um grande favor. Estar naquela mansão, dirigindo aquele teatro estava apenas me fazendo mal. Então, eu não tenho nada para desculpar.

Camila piscou surpresa, mas mesmo assim, a culpa estava em seus olhos.

– Eu achei que com as suas palavras, me sentiria melhor. Mas... Eu ainda sinto o meu peito pesado. – Camila confessou com angustia.

– Isso se chama remorso e culpa, Camila. Escute... – Coloquei a mão no ombro dela. – Você é uma boa moça, sempre foi. Apenas desviou-se do seu caminho, é fácil se corromper quando estamos impulsionadas a algo... – Falo, e lembro de mim mesma. – Você vai ficar bem, só precisa perdoar a si mesma antes de tudo.

– Obrigada Anahí... – Camila agradeceu cabisbaixa.

Apenas meneei a cabeça, e lhe dei as costas. Camila tinha que exorcizar os seus próprios demônios. O meu motorista me esperava, e me levou para um lugar que eu estava protelando á dias.

– Espere-me no carro, não demorarei.

– Sim, senhora.

Pego o envelope amarelo no banco e saio do carro. Rumo em direção a delegacia...

Quando adentro o meu apartamento sou invadia por um cheiro delicioso de massa. Logo soube que Clara estava preparando o seu maravilhoso espaguete. No canto da sala, as suas malas estavam arrumadas e bem alinhadas. Ela iria embora hoje, infelizmente.

– Mamma... – A cumprimento com um beijo na bochecha. – Você tem certeza que quer ir embora, hoje?

– Absoluta. Você sabe como detesto Estados Unidos. E tenho muitos problemas burocráticos para resolver na Itália. Não posso me ausentar por muitos dias, principalmente por ter saído ás pressas. – Clara responde com um sorriso de lado. – O Niko está praticamente bem, e você também. Estou satisfeita pelo o que presenciei essas semanas.

– Ah... Eu tinha esquecido de como ter o título de Condessa é uma eterna dor de cabeça. – Comento, servindo duas taças de vinho branco para nós. – Onde está o Niko?

– Ele está tomando banho. E sobre o título, não sei do que está reclamando, quase toda responsabilidade fica para mim. – Clara dá um gole em seu vinho. – Você só quer saber de ficar aqui nessa américa sem graça.

– Lugar onde eu nasci, ô!

– Como se você fosse lá muito patriota. – Clara debochou. – Então, como foi na delegacia?

Suspiro longamente, e viro a minha taça de vinho, enchendo em seguida.

– Melhor do que imaginei... Entreguei as provas, e eles me questionaram o porque eu não tinha feito antes, e logicamente eu menti dizendo que só tinham caído na minha mão recentemente. Eles vão atrás dela...

– Ao menos, saberemos o fim que a Sol de La Riva terá: Cadeia. E pelo crime que ela cometeu, ficará até os últimos dias de vida.

– Mesmo assim sinto que ainda não é suficiente, sabe? Dentro de mim ainda tenho esse ódio contido. Ela quase matou o Niko, e será apenas julgada pelo assassinato do Klaus, eu queria que ela pagasse pelo o que fez ao meu filho, a minha mãe...

– Anahí. – Clara segurou a minha mão com força. – Você tem que conversar com a sua terapeuta sobre isso. Enquanto, você tiver esse sentimento dentro de você, não poderá ser feliz, jamais. Compreendo a sensação de injustiça por Tisha e o Niko, mas a Sol vai ser julgada por algo que vai mantê-la atrás das grades e destruir a vida dela. Você a conhece, sabe como ela é uma mimada. Acha mesmo que ela passará um dia na cadeia sem sofrer?

– É... Ela vai comer o pão que o diabo amassou... – Concordo. – Vai ser o inferno na terra para ela.

– Justamente. Isso não é o suficiente para você? – Clara pergunta e solta a minha mão.

Fico pensativa, e em silêncio. Era o suficiente para mim? Não. Parecia que nada que acontecesse com a Sol seria o suficiente para mim. Mas, decido não canalizar as minhas energias nela. Ela não é mais da minha conta, e sim dos policiais. De alguma forma, a justiça será feita. Como minha terapeuta dizia desde o início do tratamento, não posso deixar que a minha vida seja em torno de Sol, de alguém que me fez tão mal. Eu tenho que seguir em frente, e eu vou seguir em frente... Mas, só me sentirei realmente satisfação quando a vê-la atrás das grades!

– Tô com fome! – Niko gritou, aparecendo na cozinha, assustando não apenas a mim, mas como também a Clara.

– Ah, é? – Clara o pegou no colo e o colocou em cima da bancada. – Então, vamos comer... Não podemos deixar o pequeno lorde com fome...

Niko sorriu satisfeito. Passei por ele, e o beijei na testa. Ele me abraçou, estava adorando ser mimado. Já que todo mundo estava fazendo isso.

– Ajude-me a arrumar a mesa. – Peço a ele, o colocando no chão.

Depois de arrumamos a mesa, jantamos em um clima agradável, e também saudoso. Já estávamos com saudades de Clara. Niko até insistiu para que ela ficasse um pouco mais, mas Clara declinou, ela realmente tinha as suas obrigações na Itália. Mas já avisou que queríamos na Itália na férias de verão do Niko, algo que concordamos.

Levamos Clara até o aeroporto. A despedida foi triste até porque era muito bom tê-la presente, ter o seu apoio. Ela me abraçou firmemente, e pediu para que eu me cuidasse. Depois de encher o Niko de beijos, ela partiu...

– O que acha de sorvete? – Pergunto ao meu filho que estava com um bico amuado desde que Clara embarcou.

Ele me olhou por uns segundos, e abriu um sorrisão:

– De morango?

– Do que você quiser!

Ele segurou a minha mão e fomos atrás do sorvete. Estranhamente, vinha uma sensação de que alguma coisa importante iria acontecer. O me sexto sentido ficou apurado. O que seria?