Fanfic: El sabor de la venganza... Portiñón, AyD. | Tema: Anahí e Dulce.

Uma pilha de livros encontrou o chão. O baque foi barulhento o suficiente para quem transitava pelo corredor olhar em minha direção e soltar algumas risadas.

“Presta atenção por onde anda esquisita”. A voz irritantemente fina ordenou, arrancando mais risadas dos alunos e do seu trio inseparável.

Engoli á seco, um ato automático. Era a terceira vez que isso acontecia em menos de duas horas. Não sei o que Sol de La Riva tem contra mim, mas de certeza, essa implicância cerrada deveria ter algum motivo... Ou, era apenas futilidade, o que não seria nada estranho vindo dela. Enfim. Mas o que quero deixar em pauta neste momento é o meu azar em sempre encontrá-la no corredor onde inocentemente os meus livros vão parar no chão.

Ignorando as risadas e achando que o showzinho tinha acabado, fiz menção de recolher os meus livros, mas Sol de La Riva me empurrou contra a lataria do armário como se eu fosse um lixo qualquer e seguiu o seu caminho, mas antes, fez questão de pisotear com os seus saltos agulhas nos livros e numa folha do meu exercício de química que gastei horas na biblioteca o fazendo. Suspirei ao ver o solado marcado. Sol se retirou rebolando em cima dos seus saltos com as suas seguidoras fiéis Jane e Lola atrás. Elas riam. Muito.

Sem esperar mais tempo, recolhi as minhas folhas e os meus livros antes que alguém tivesse a brilhante ideia de pisoteá-las também, já que tudo que a Sol fazia virava febre e dava espaço para os outros fazerem também. Não consigo compreender porque razão o bullying é tão atraente e jocoso aos olhos dos telespectadores e do autor, quando claramente não existe nenhuma graça para a vítima.

Ergui-me com as pilhas em meus braços, disposta a esquecer de vez a Sol. Não tenho tempo á perder com pensamentos que não me acrescentavam em nada. Caminho pelo corredor com um sorriso no rosto ao me lembrar que hoje é o aniversário da minha mãezinha. Meu coração se aquece como se tivesse em uma fornalha de amor, pensar na minha mãe me enche de felicidade e ternura. Tenho a pretensão de passar na sua padaria favorita e comprar um cupcake. Quero fazer uma pequena surpresa, singela, já que não tenho dinheiro o suficiente para comprar um presente.

Provenho de uma família humilde, classe média baixa. A situação econômica tinha sido melhor quando o meu paizinho estava vivo. Mas depois de sua morte á dois anos atrás em um acidente de carro, as coisas complicaram. Durante esse tempo, mãezinha sustentou a casa com as suas costuras, mas ultimamente estava tão fragilizada que costurar parecia uma tarefa muito árdua. Então, para ajudar – e sob protesto dela – arranjei um trabalho de meio período na lavanderia local. Não era muito, mas dava para suprir as nossas necessidades básicas.

Ainda bem que sempre fui uma excelente aluna com notas altíssimas. Estudo no CC através de uma bolsa integral que prezo muito para mantê-la. Estudar no Constatine School é a garantia de uma boa faculdade e um excelente futuro. Claro que precisava de bastante dedicação. CC tem uma bela reputação já que quase todos os seus alunos tiveram um futuro bastante promissor. Bem. 95% dos alunos eram ricos e com futuros garantidos por suas fortunas, mas isso não influenciava no excelente ensino da instituição.

Guardei os meus livros no meu armário e rumei para o ginásio onde estava tendo as exposições das faculdades. Particularmente, eu sei que faculdade quero, mas sempre era bom ter uma segunda opção caso ás coisas não dessem certo.

“Você demorou!”. Maite resmungou, de braços cruzados, parecia mal humorada.

“Desculpa”. Suspirei.  “Tive um pequeno contratempo”.

“Já até imagino com quem. Por que você nunca toma uma atitude, Any?”. Ela me questionou, irritada. “Ela sempre implica com você gratuitamente e você não faz absolutamente nada! Você tem quase o dobro do tamanho daquele tamborete”.

Apertei os meus olhos algumas vezes antes de responder:

“Porque eu não quero problemas, principalmente aqui no colégio, você sabe que eu sou bolsista e tenho que andar na linha”. Dei de ombros. “Não quero perder a minha bolsa por conta das besteiras de Sol e sem contar que sou contra á violência”.

Maite suspirou meio contrariada e lançou um olhar enfezado para a Sol que estava do outro lado do pátio, pegando sem nenhum interesse os folhetos das universidades. Atrás dela, estavam as suas seguidoras, como sempre, sendo apenas sombras.   

“Maite, não faça isso”. Pedi rapidamente, querendo evitar uma briga desnecessária.

“O que?”. Maite voltou a olhar pra mim, mais irritada ainda.

“Você está encarando e daqui á pouco Sol vem aqui fazer barraco”. Falei rápido, estranhando a irritação suprema dela.

“Ótimo. Que venha! Ela vai encontrar o meu punho na cara dela”. Maite retrucou.

“Continuo achando uma péssima ideia”. Olho em volta. “Onde está o Poncho?”.

“Ali, babando pela Olivia palito”. Respondeu em cólera, apontando próximo á arquibancada.

Olhei na direção. A cena era bem... Simples. Poncho estava conversando com a presidente do grêmio estudantil. A distância estava respeitável e ambos estavam sérios demais para cogitar que aquela conversa era apenas trivialidade. Mas da forma que Maite fuzilava os dois, pareciam que estavam se agarrando! O ciúme estava exalando pelos poros de Maite e era algo bem tóxico. Ela jura que não gosta do Poncho, não como garoto. Poncho jura que não gosta de Maite, não como garota. Eles têm a audácia de dizer que se amam como irmãos. O que seria um enorme incesto diante das probabilidades. A questão x é que são loucamente apaixonados um pelo outro, só que não fazem absolutamente nada.

Até tentei bancar a cúpida uma vez, mas não deu muito certo. São orgulhosos demais para admitirem que se gostam, preferem ficar assim, um morrendo pelo o outro. Gostaria muito que um dia se acertassem. São os meus melhores amigos, e únicos. Eu os amo. Eles combinam direitinho... Sem contar que são lindos. A amizade de ambos estava predestinada desde a maternidade, além de vizinhos, os seus pais são melhores amigos também.

Eles foram os únicos que me acolheram quando cheguei á Constatine School. Aqui existe um preconceito muito grande com os bolsistas, os ricaços nos olham como se fossemos uma praga. Os únicos que me olharam com bons olhos foram Maite e Poncho, que apesar de ricos, são humildes. Excelentes pessoas. Somos inseparáveis.

“Acho que estão conversando sobre o grêmio ou alguma atividade escolar”. Disse pra amenizar a raiva da minha amiga.

Maite ignorou, claro.

“Depois do término das aulas, vamos passear no shopping?”. Maite propôs, fingindo se esquecer do assunto anterior.

“Não posso, hoje é aniversário da minha mãe e...”. Minha voz se calou na metade da frase quando os meus olhos se fixaram em um ponto, embasbacada.

Ah, Dulce Maria... Ela estava entrando no ginásio como a luz que clareava os meus olhos. Sorrir timidamente ao olhá-la, mesmo sabendo que não chamaria a sua atenção. O meu coração diminuiu algumas batidas, derretendo-se com a imagem á minha frente... Ela estava linda, como sempre, á cada dia parece que sua beleza aflora um pouco mais. Dulce tinha um semblante meio emburrado, o que a tornava mais adorável. Nunca vou esquecer quando a vi pela primeira vez entrando na sala e sentando-se á minha frente, me presenteando com um aroma agradável do seu perfume, foi o primeiro de muitos suspiros que soltei por ela... Dulce parou ao lado de Sol e a cumprimentou com um beijo na bochecha quase próximo á boca, deixando a outra extremamente feliz. Uma parte de mim murchou, Dulce não sabia de minha existência e eu tenho uma pequena suspeita que ela se relaciona com a Sol.

Que chance eu tenho?

“Planeta terra chamando Anahí”. Maite estralou os dedos na frente do meu rosto, me trazendo novamente á mi.

Olhei para ela com o cenho franzido sem entender, até que ela me olhou com impaciência, recordei-me que estava falando antes de babar por Dulce Maria.

“Ah, como eu estava dizendo, hoje é aniversário da minha mãe e vou passar á tarde com ela, até troquei a minha folga de sábado para hoje! Assim vou ter mais tempo com ela”. Contei sentindo a felicidade me invadir novamente e me fazer vibrar.

“Tudo bem! Manda um beijo para tia Tisha e diga que depois vou fazer uma pequena visitinha para ela, e parabéns também! Tá?”. Maite disse.

“Obrigada!”. Respondi com um sorriso. “Hoje é um dia muito feliz, demais.”.

“Eu sei que é amiga e fico muito feliz por vocês”. Falou com sinceridade.

“Oi meninas”. Poncho cumprimentou ao se aproximar. “O que estão fazendo?”. Perguntou olhando diretamente para Maite.

“Você eu não sei, mas eu e Anahí vamos dá uma voltinha”. Maite respondeu séria, já me puxando pelo braço.

“Eu vou com vocês”. Poncho propôs vindo atrás de nós.

“Você não!”. Maite gritou me assustando e também o Poncho. Ela o olhou com frieza. “Você pode ir pra junto da Olivia ou qualquer outra, eu e Anahí não queremos companhia, não é Any?”.

Os dois me olharam com insistência, engoli á seco e fiquei vermelha. Não sei lidar com a pressão. Abri a boca pra responder, mas saiu um som bem esquisito que ninguém entendeu absolutamente nada. Poncho me olhou confuso e Maite arqueou a sobrancelha, desacreditada.

“Isso foi um sim. Bye Alfonso”. Maite soltou e voltou a me puxar com pressa.

Sai tombando com os meus próprios os pés, deixando-me ser arrastada. Ainda olhei pra o Poncho parado desolado no mesmo lugar, lancei um “desculpa” e depois prestei atenção para não cair. Em menos de um minuto, estávamos no meio dos alunos até que Maite parou na frente de uma mesa e um rapaz logo tratou de vir falar com a gente...

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