Por Dulce...

 Depois de três dias vivendo no luxo, ter que voltar era triste. Depois de ter provado tudo de bom que o dinheiro podia me comprar, não me satisfaço com menos e se antes, uma pequena duvida de se era realmente isso que eu queria, eu não tinha mais.

 Nasci pra ser rica.

 A volta era apenas para ir ao baile de formatura e buscar os documentos que faltavam. Eu não vou mais morar com os meus pais. Minha vida não pertence mais esse lugar, mas tive que voltar para pegar o que é meu.

 Entrei sorrateiramente, já que os meus pais estavam na oficina. Peguei tudo que eu queria, os meus documentos e a minha jaqueta favorita. Nada mais nesse quarto me pertence mais, esse quarto era de uma antiga Dulce. Tive a breve ilusão de que sairia sem ser vista, mas, os meus pais estavam na sala e se surpreenderam ao me ver.

 “Dulce você voltou”. Papai disse.

 “Filha, pelo amor de Deus. Você não sabe como eu estava preocupada com você, não faça mais isso”. Mamãe pediu com o semblante choroso.

 Reviro os olhos.

 “Bom. Não era pra vocês me verem, mas aproveitando que estão aqui, tenho algo a dizer... Estou saindo de casa, indo embora para nunca mais voltar”. Digo com tanta felicidade que parece que vou explodir.

 “O quê?”. Mamãe fica estática.

 “Que loucura é essa, Dulce? Como assim você está indo embora de casa? Você não tem para onde ir!”. Papai grita.

 “Aí que você se enganam”. Caminho até a porta e aponto para um carro brindado com um motorista. “Está vendo aquele carro? Está me esperando para me levar para a minha nova vida. Uma vida que não tenho que conviver com vocês!”.

 “Como pode dizer isso, Dulce? Logo a nós que lhe enchemos de amor e carinho? Nunca deixamos faltar nada para você”. Papai pergunta triste.

 “Uma vida de pobreza, isso sim. Vocês nunca enxergaram que eu sou uma pessoa predestinada ao luxo, a riqueza, me tratavam como uma de vocês. Nunca souberam o meu valor!”. Cuspo as palavras, sem me importar em magoar.

 “E essa pessoa que você está indo morar lhe valoriza? Aliás, quem é essa pessoa?”. Mamãe questiona.

 “Quem é, não interessa. O importante é que ela me valoriza. E vai fazer tudo aquilo que vocês não fizeram: Me encher de riqueza e me tirar da pobreza”.

 “Não adianta ser rica de bens matérias e pobre de espírito, Dulce”. Mamãe argumenta, papai estava tão chocado que tinha sentado e me olhava atônito. “Nunca tivemos dinheiro, isso é verdade, mas somos grandes como seres humanos, somos grandes ao olhos de Deus”.

 “Ok. Então, na próxima vez que vocês tiverem algum problema financeiro ou faltar alguma comida na mesa, pede a Deus que Ele coloca na sua mesa ou na sua mão”. Pisco pra mamãe que arregala os olhos.

 “Como pode dizer isso?”. Mamãe grita com lágrimas nos olhos.

 “Sabe de uma coisa? Cansei! Estou partindo, e se vocês tiverem um pingo de vergonha na cara, não venham atrás de mim. Esqueçam da minha existência, esqueçam que eu existo, simplesmente me apaguem da memória como eu estou fazendo com vocês”. Digo com desprezo.

 “Dulce, somos os seus pais!”. Papai grita vermelho, ficando em pé. Mamãe já tinha caído no pranto.

 “Para mim, vocês são apenas as pessoas que me colocaram no mundo e se me criaram até o dado momento, não fizeram mais que obrigação”. Digo saindo. “Até nunca mais”.

 Escuto os gritos de minha mãe e do meu pai, ao longe, vejo a Eliana. Sorrio cinicamente para ela, enquanto, o motorista abre a porta traseira para mim. Entro no conforto do carro, sentindo-me poderosa, a vizinhava me olha com surpresa. Pobres! Felizmente, nunca mais verei nenhum.

 Nunca vou esquecer a saída do meu bairro. Quando o carro pegou a alto estrada, senti que o meu passado tinha se apagado completamente e o que me importa é o que vai acontecer daqui para frente... Fui bem recebida na casa de Sol pelos empregados. Serena e Klaus estavam viajando, foram para Marrocos.

 Sol estava no quarto com Jane e Lola, se arrumando para o baile. Eu fico atoa, até que Rubi aparece, meio desconfiada de si mesmo.

 “Muda essa cara. Já sei que foi você que contou as coisas para a Sol”. Reviro os olhos. “Não estou chateada, só achei mancada ter falado sobre o vídeo de Anahí”.

 “Eu achei que ela sabia de tudo, e estava me testando”. Rubi diz ao se sentar no meu lado. “Fiquei com receio de não contar tudo e ela não me passa o vídeo do Poncho. O que não deu em nada”.

 “Maite não se importou?”. Pergunto curiosa.

 “Ela disse que não ficaria comigo porque eu sou baixa e me chamou de sem caráter. Mereço uma coisa dessas?”.

 “Claro que não. Um absurdo isso”.

 Eu e Rubi nos entreolhamos e caímos na gargalhada.

 “Somos farinha do mesmo saco”. Rubi comenta.

 “Oh...”. Olho para o alto da escada e não vejo ninguém. Então, olho em volta até que olho para Rubi. “Sabe de Anahí?”.

 “A última vez que a vir foi com Maite. Ela tinha foi na casa da Maite, estava bem abatida e parecia desesperada”. Rubi fala.

 “Deve ser por causa da mãe dela...”. Mordo o lábio inferior.

 “Você está preocupada?”. Rubi pergunta me olhando.

 Quero dizer que sim, que saber e ver a Anahí sofrendo não me causa uma sensação boa, mas apenas balanço a cabeça em negativo. Tive que bloquear a Anahí para que ela parece de mandar mensagens e me telefonar. Desde que Sol me aceitou do jeito que eu sou, que eu tento enterrar a Anahí bem fundo no meu coração.

 “Eu vou me arrumar. A gente se ver no colégio?”. Pergunto a Rubi que concorda...

 Umas horas depois estávamos no salão do colégio ricamente decorado. Cada aluno exibia a sua melhor roupa e tirava fotos. Uma banda tocava, e alguns casais se arriscavam na pista de dança. Felizmente, como a maioria tinham dezoito anos, o colégio liberou espumantes. Os garçons transitavam oferecendo o liquido para os convidados. Pego uma taça e fico olhando a Sol de longe, ela está muito bonita, usando um vestido longo de chiffon da cor vermelha de costas nuas. Os cabelos estão soltos em cachos feitos e seu rosto muito bem maquiado. Olhando-a assim, não parecia ser muito difícil de conviver com ela. A realidade é que nesses três dias, a Sol tinha se mostrado uma garota muito agradável.

 Porém, todos os meus pensamentos e certezas caem por terra quando a vejo entrando... Anahí está simples, porém, linda e elegante. O rosto tinha uma maquiagem mínima, apenas um gloss, e os cabelos estavam presos em um coque mal feito, deixando umas madeixas caídas emoldurarem o seu rosto. Parecia mais a cinderela... Não consigo desviar os meus olhos dela... Percebo o quão mentirosa estou sendo para mim mesma, e como estou com saudade de Anahí. Saudade do seu perfume suave de morango...

 “Amiga... Acho melhor disfarçar, Sol está olhando para você como se tivesse um bicho de sete cabeças em seu rosto”. Rubi diz, surgindo do nada, usando um vestido de seda, branco.

 “Eu...”. Abro a boca para responder, mas as palavras me somem. Anahí me viu e os seus olhos se abriram um pouco mais. Sinto-me nervosa e viro o rosto em busca de Sol, mas ela não estava mais em seu lugar.

 Anahí avança em minha direção, sei que tenho que sair e ignorá-la, porém, não consigo me mover, minha vontade de falar com ela e de senti-la é maior do que a minha razão.

 “Dulce...”. Escuto ela dizer.

 Então, a banda para de tocar e nos monitores, a imagem de Anahí nua, surge. Arrancando um “ah” de todos os presentes. O rosto de Anahí se contrai ao ver o vídeo rolando, uma luz paira nela, a focando para que todos a vejam. Ela olha de um lado para o outro, com o rosto todo embaraçado de vergonha, podia ver em seus olhos o quão ela estava exposta e senti-me culpada, e raiva por ter dado esse vídeo para a Sol.

 “Me ama... Por favor... Preciso de você...”. Anahí implorava no vídeo, deitada de pernas abertas, os olhos queimando de prazer.

 O borbulho era alto, as pessoas falavam ao mesmo tempo e apontava para Anahí. Ela me olha com o rosto coberto de lágrimas, e eu não consigo me mover do lugar. Sol surge do meu lado e segura a minha mão. Não tenho como escapar disso e seguro a mão de Sol, mas me sinto a pessoa mais mise/rável do mundo, enquanto, a Anahí me olha desse jeito.

 “Por que Dulce?”. Anahí pergunta com a voz rouca de choro.

 “Você ainda não entendeu?”. Sol fala alto, e responde por mim. “Você não passou de cédulas para a Dulce, sempre representou dólares, Dulce queria apenas o seu dinheiro e você tolinha se apaixonou”.  

 Apesar de usar o tom alto, o barulho é maior que a voz de Sol, e quem escutou foi quem estava muito junto de nós. As pessoas estavam mais empolgadas em filmar o rosto de Anahí ou até mesmo o vídeo que a diretora tinha gritado no microfone para desligar.

 “Isso é verdade?”. Anahí não desvia os olhos de mim.

 Não consigo responder, minha voz não sai. Apenas balanço a cabeça em positivo e abaixo o olhar por não suportar mais olhar para Anahí. Algumas lágrimas escapam dos meus olhos.

 “Dulce sempre foi minha”. Sol diz com posse. “Você não é nada e continuará sem ser, volte para a sua mãe moribunda e deixe a minha Dulce em paz!”. Ordena.

 E antes que eu pudesse me mexer, Sol me puxa para um beijo, enquanto, os gemidos de Anahí vão preenchendo o recinto. A cada gemido escutado era como se o meu corpo tivesse rasgando... Ela não merece isso! Quando Sol me largar, a única coisa que vejo é as pessoas abrindo caminho para Anahí que corria para a fora do salão. Faço menção de ir atrás dela, mas Sol segura o meu braço.

 “Se você der mais algum passo, esqueça da minha existência e do meu dinheiro”. Sol ameaça e me solta. “A escolha é sua”.

 O meu coração diz que eu tenho que ir atrás de Anahí, mas a minha razão me proíbe, não posso perder tudo o que Sol me oferece... Ela está passando por cima do orgulho dela, está me aceitando mesmo sendo pobre, me bancando. Não posso perder isso. Sol ainda manteve a minha mentira de que sou família rica. Para as pessoas do Constatine, a alta classe, eu sou rica e eles me reconhecem por isso, não posso voltar atrás e deixar que todo mundo saiba que sou pobre, não quero que as pessoas me deem as costas, não quero retroceder!

 Então, me viro para a Sol e sorrio, mesmo que minha vontade fosse de chorar.

 Anahí iria sobreviver a isso... Ela é mais forte do que aparenta.

 Ela vai sobreviver.

 “Boa escolha”. Sol diz.

 Finalmente a diretora consegue parar o vídeo e a banda recomeça a tocar como se nada tivesse acontecido. Rubi me olha e levanta a taça, oferecendo um brinde, apenas meneio a cabeça e vou junto com a Sol para tirar algumas fotos, ignorando os comentários maldosos que estão fazendo em relação a Anahí. Minha vontade de dizer era que Anahí tinha inocência e um coração puro, coisas que eles não tinham. Mas nada fiz. Apenas sorrir para as fotos.

 Ela vai sobreviver... Digo diversas vezes para mim mesma...

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 Preparadas para os últimos capítulos?

Será babado. Haha.

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 Luh_Perronita: Estoy triste pero estoy de piel. Senti um leve cheiro de ameaça! As sapatões que se aquetem porque se jogarem qualquer coisa na minha casa, a fanfic é suspendida. Eu sou assim, não sei brincar. Hahaha. Talvez, a segunda fase façam com que vocês comecem a odiar a Anahí. Hahaha.

 Mariposa: Sério, bitch. Eu gosto assim. Fazer pra doer até na alma. Fo*de mais que tá pouco! Hahaha. Você está bem queimada na vingança mesmo, toda cheia de sangue nos olhos, fico apenas observando. Hahaha. MAS A DONA DA PORRA TODA VEM AÍ! Xinga mais mana que tá pouco. Hahaha. I love.

 KIKI: Tá empatado né? Mas o nojo pela Dulce predomina, ela diz que ama a garota, pow, e fica fazendo isso. Eliana ainda vai surgir, pode ser que não agora, mas vai! Sol humilhou novamente a Anahí. Haha. Ah... Estilo Secret, é? Aquela Anahí era muito má! Hahaha. PS: Foi pensando em A culpa das estrelas mesmo. Ufa, fico aliviada. rs