Fanfic: El sabor de la venganza... Portiñón, AyD. | Tema: Anahí e Dulce.

Por Dulce...

– Você me ama? – Ela pergunta com um sorriso adocicado e os olhos brilhando tanto que parecem duas safiras.

– Claro que amo você. – Respondo com um sorriso escancarado e o coração flutuando de tanto amor.

Ela se aproxima de mim, arteira, os seus olhos me prendem. Suas delicadas mãos passeiam pelos os meus braços, me proporcionando um prazer indescritível, o seu calor me aquece. Suas mãos param em meus ombros, e ela se inclina sobre mim, acho que vai me beijar, então, cerro os olhos e espero...

– Se me ama tanto como diz, por que me matou? – Pergunta com a voz mudada, ríspida, dura.

Abro os meus olhos e encontro os seus olhos sem vida, de vidro, igual á uma boneca sombria.

Não!

Batidas violentas na porta me despertou. Minha cabeça toda gira, solto um gemido de pura agonia e viro o meu corpo para o lado. Mais um pesadelo. Quando isso vai parar? Não aguento mais essa penitência! Bufo e sinto alguém se mexer. Ao meu lado, encontra-se Megan que desperta com facilidade e parece não sofrer do mesmo drama da ressaca que eu. Tranquilamente, ignorando a pressa da outra pessoa do lado da porta, ela se levanta, exibindo o seu corpo nu e veste um hobby de seda.

Sinto-me um pouco perdida. Minhas lembranças estão uma bagunça. Uma hora, me lembro que estava no Cassino Fantasy bebendo e jogando, então... Megan me arrasta e tudo se perde na escuridão do meu inconsciente. Estou nua e meu corpo se acomoda deliciosamente no lençol de seda. Reconheço essa cama e esse lençol... Estamos no Staybridge, no meu quarto cativo.

– Onde está ela? – Uma voz extremamente conhecida grita, adentrando o quarto furiosamente.

Sento-me no impulso, surpresa por encontrar a Sol aqui. O seu rosto está transtornando e sua respiração é tão rápida que deixava as suas bochechas avermelhadas. Os seus olhos também estavam vermelhos de ódio, e algo á mais.

– Bom te ver também, Soledade. – Megan solta com um sorriso matreiro.

Sol a olha com cólera, mas não responde, avança para o quarto, para na minha frente como um furacão. Sinto a raiva dela exalando pelos poros. Está vestida de preto, um vestido comportado, porém, elegante. Seu cabelo está preso para trás, meio solto, meio amarrado. Ela balança a cabeça em negativo ao me ver, na cama.

O ressentimento contrai o seu rosto.

– Como pode, Dulce? – Sol grita, magoada.

– Qual é a surpresa? – Pergunto com desdém, quase não aguentando manter a minha cabeça em cima do pescoço de tanta dor. – Você sempre soube dos meus casos. Principalmente da Megan. O acordo não é esse? – Procuro minha carteira de cigarros em cima do criado-mudo. – Posso ter quem eu quiser, mas no final sempre tenho que voltar para você. Não seja dramática agora.

Sol abre a boca para dizer algo, os seus olhos brilham de lágrimas. Ela se arrepende do que vai dizer quando a Megan se deita ao meu lado na cama, esparramando-se e ignorando a presença de Sol. Isso parece que a enlouquece mais de raiva, mas ela não faz escândalo, que é de costume. Simplesmente engole as lágrimas.

– Incrível. Você é incrível. – Sol diz – Eu passei uma noite infernal, precisando de apoio, de companheirismo e você aqui... Se esbaldando com essa pu*ta... Gastando o meu dinheiro! – A voz dela estremece.

– Não me cansa, Sol. – Dou de ombros.

– É apenas isso que você tem a me dizer? – Sol grita, dando um passo á frente como se a qualquer momento fosse me esganar. – O seu discurso nunca muda?

– Mulher, pare. Estou ficando com uma enorme dor de cabeça com essa sua gritaria. – Megan se queixa com uma careta. – Sempre a mesma ladainha, Dulce gasta dinheiro comigo, sim. Pare de chorar o leito derramado, você tem dinheiro para bancar. Aliás, tem amor comprado quem pode.

– Não se meta nisso, Megan. Se eu escutar a sua voz mais uma vez, sou capaz de matá-la. – Sol berra ríspida. – Já basta que tenho que suportá-la dividindo a cama com a minha mulher, não tente bancar a engraçadinha para cima de mim!

Megan dá um sorriso sarcástico. A verdade é que desde que iniciei um caso com a Megan, á nove anos atrás, rapidamente foi do conhecimento de Sol. Ela fez de tudo para acabar com o meu romance, porém, quanto mais Sol fazia, mais eu ficava com a Megan, para testar o poder e seu limite. Até que Sol percebeu que não era capaz de nos afastar. Pelo simples fato de eu não querer. Mas, vez ou outra, Sol aparece aqui no Staybridge fazendo barraco...

– Não aguento a sua voz. – Resmungo, me levantando e arrastando o lençol para cobrir o meu corpo. – O que você quer? O que faz aqui? Sabe muito bem que não gosto que me procure ou venha me buscar. Aliás, por que está toda de preto? Alguém morreu?

Sol não me responde. Caminha até o centro e pega o controle remoto. Liga a televisão que está em um canal de noticiário. A notícia é clara: Morre em um acidente trágico o pioneiro da medicina Klaus de La Riva. O jornalista dizia palavras de pesar, enquanto, imagens no canto da tela ia passando... Um carro e um caminhão totalmente carbonizados. Em seguida, a imagem da Catedral de Nuestra Señora de Guadalupe, onde o corpo de Klaus será velado. Várias pessoas curiosas se mantinham na frente da Catedral. A imprensa não tinha acesso ao interior da mesma. A câmera focava os socialites vestidos a rigor descendo dos seus carros importados para prestar a homenagem e dá o último adeus para o Klaus.

Estou de boca aberta. A medida que a notícia ia passando, a Sol ia ficando pálida. Percebendo a gravidade do momento, Megan se levanta e vai ao banheiro, a fim de se vestir. Quando volta, apenas nos olha e vai embora sem dizer nada.

Fico parada, inerte, apenas olhando para a tela que é desligada para Sol. Ela me olha recriminadora.

– Eu deveria estar na Catedral para receber o corpo do meu pai. Porém, estou aqui para buscá-la mais de uma de suas aventuras. – Diz com amargura. – A noite mais difícil de minha vida em que precisei de você... Você não estava lá. Por que me despreza tanto, Dulce? – Me surpreende ao começar a chorar. – Por que me odeia? Eu sei que sou melhor que a Megan e lhe dou tudo, lhe dou o meu mundo e meu coração, mas você não reconhece como mulher, como pessoa. Por que, Dulce?

Olha-a seriamente. Depois de tantos anos, essas perguntas parece que não fazem mais sentido. Até por que no fundo, Sol sabe de todas as respostas. Solto o lençol, fazendo uma nota mental de que preciso de uma aspirina e uma dose de uísque ou conhaque, o que for mais acessível. Abro o closet, retiro uma roupa preta e visto rapidamente. Um vestido colante de mangas compridas.

Como o quarto é meu cativo, sempre tenho peças de roupas e calçados.

Ignoro o sofrimento de Sol que ainda me olha em busca de resposta.

Procuro os meus sapatos de salto, também negros. O tempo de Seattle está ameno. O que será menos mal. Acho-os e os calços quando meu corpo vira de vez num impulso de Sol que quase me desequilibra. Ela me encara, os olhos mergulhados em lágrimas, os olhos verdes escuros.

– Eu estou falando com você! – Ela grita, afundando os dedos em meu braço. – Estou cansada de ser ignorada por ti. Eu fiz uma pergunta e quero respostas, agora!

– Não enche, Sol! Que inferno de vida! – Grito de volta, aumentando mais a minha dor de cabeça. Tento puxar meu braço, mas ela segura mais firme, quase me machucando. – Me solte!

– Quero respostas! – Sol ordena em prantos. – Por que me odeia? Por que me despreza tanto?

– Por que é culpa sua! – Grito, explodindo de vez, puxo o meu braço com mais força, fazendo-a ceder e me soltar. Olho-a bem dentro dos olhos. – A minha vida é uma mer*da, e a culpa é toda sua porque você a tirou de mim! Você a levou para longe em um lugar inalcançável em que eu não posso alcança-la nunca. Você matou a Anahí! – Quando percebo, estou chorando. – Você a tirou de mim... A tirou.

Sol anda para trás como se tivesse recebido uma bofetada e me olha com descrença. Trêmula, limpa as lágrimas que escorrem do seu rosto. Não para nenhum momento de me olhar.

– Se existe alguma culpada da morte daquela pulguenta, é você. O seu joguinho que a levou á morte. Eu não a tirei de você, ela que preferiu ficar sem você. Ela escolheu se suicidar porque era uma fraca e pessoas fracas não merecem um lugar aqui na terra. – Ela funga e ergue o queixo. – E sabe de uma coisa? Todos os dias agradeço por ela estar morta! Por que se eu não posso ser feliz com você... Você também não pode ser feliz nem comigo nem com ninguém já que você morreu junto com ela. – Sol dá um passo à frente e segura meu queixo. – Não vou ser a única a ter desamor nessa história. – Solta meu queixo. – Termine de se arrumar, estou a esperando no carro.

O meu corpo treme de ódio, vendo ás costas de Sol se afastar de mim, a única coisa que penso é em matá-la... Maldita seja! Antes de descer, ligo para a recepção e peço uma garrafa de conhaque.

Que vida de mer*da!

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