Fanfic: El sabor de la venganza... Portiñón, AyD. | Tema: Anahí e Dulce.

Ela me beijou! Uma emoção extremamente forte repousou em meu peito ao sentir os lábios quentes e macios de Dulce Maria em minha bochecha... O meu coração parecia que tinha parado por uns segundos, juntamente com o mundo para sentir a doçura do seu beijo...

Fico parada em minha porta por uns minutos, com a mão sobre a bochecha e olhando o caminho em que ela partiu, achando que estou em um sonho hollywoodiano em que finalmente a patinha feia é percebida pelo seu grande amor. Sei que estou romantizando demais... Mas eu não consigo para de imaginar o futuro... Eu, ela, duas ou mais cópias da gente correndo pelo quintal, e o amor eterno nos brindando.

Ah Anahí... Como você é uma boba sonhadora.

Rio com o meu pensamento, mas não consigo controlar a felicidade genuína que queima o meu peito. Desisto de ficar na porta, e volto para dentro de casa. Mamãe ainda está escutando Elvis Presley, e não tinha percebido que eu estava em casa. Gosto quando ela está animada o suficiente para ouvir música.

A história dos meus pais sempre foi uma grande inspiração para mim. Sei que se papai não tivesse morrido no acidente, eles ainda estariam juntos e felizes. Sempre se amaram com loucura, e minha a infância foi regada de amor, paz e plenitude. Papai sempre chegava em casa com uma rosa solitária para mamãe... E mamãe o recebia com os olhos brilhando de ternura. Era uma das minhas cenas preferidas em que eu ficava esperando ansiosamente para o retorno do papai pra ver aquela cena que para mim era extremamente romântica. Foi ali, naquele exato momento que eu soube – mesmo criança – que queria um amor assim.

E eu tinha um bom pressentimento que poderia acontecer com Dulce Maria...

O sorriso não larga os meus lábios, mesmo que a minha perna incomode um pouco. Doeu na hora de suturar, mais do que eu poderia imaginar... Teoricamente, dizem que a dor é psicológica porque é questão de desviar a atenção do cérebro para a dor. Por isto que deixei a vergonha de lado, e cantei na frente de Dulce. Eu não tenho o hábito de cantar na frente dos outros, apesar de que mamãe vive me dizendo que tenho uma voz bonita, mas...

Para tudo se tem uma primeira vez, não?

Ainda estou surpresa pela benevolência de Dulce... Ela não precisava me oferecer carona, e muito menos cuidar de mim. Mas fez, sem esperar nada em troca. Aquela imagem de indiferente que ela tem no colégio só pode ser apenas atuação. Se fosse qualquer outra pessoa do Constatine School que me atropelasse, nem iria fazer questão de saber se eu sobrevivi, mas a Dulce não... Ela se importou, se importou! Nunca fiquei tão feliz por um acidente ter acontecido. Algo tão por acaso fez com que a Dulce Maria se aproximasse de mim. O universo devia está conspirando...

Será que amanhã, ela vai falar comigo no colégio?

Não sei, talvez, ignore a minha existência. Mas estou tão feliz que o amanhã não me importa nem um pouco. O hoje está espetacular. Voltei para a cozinha, e olhei para a caixinha amassada do cupcake. Abri a mesma e soltei um suspiro meio resignado. Estavam praticamente destruídos. Mas eu daria um jeito...

Depois de uns minutos, salvei um. Não está aquela beleza gritante, mas não tenho mais dinheiro para comprar outro e nem materiais para fazer um bolo. Terá que ser esse. Coloco uma pequena vela rosinha, a acendo e vou para o quarto de mamãe. Estico a cabeça no batente da porta, e mamãe estava na cama, meio sonolenta e com o micro system no criado-mudo. Assim que me viu, desligou o micro e sorriu. Iniciei a cantiga de parabéns... Mamãe ficou surpresa ao ver o cupcake na minha mão, os seus olhos brilharam... Ela ignorou o fato do bolinho está amassado e que a cobertura parecia mais uma aglomeração.

Não teceu nenhum comentário desagradável ou deixou de sorrir, exalou apenas felicidade e carinho. Algo que eu também compartilho dentro do meu peito.

A imagem de mamãe é muito abatida. Ela está muito pálida, chegava a ser translúcida. Profundas olheiras estão presentes, a pele tem algumas manchas arroxeadas. A quimioterapia fez com que os cabelos de mamãe caíssem, não restou nada... Nem sobrancelhas, nem cabelos, nem pelos. Mas o sorriso estava presente, a tornando a mulher mais linda de todas para mim, porque ela sorria com a alma.

 “Parabéns, mãezinha.” Desejei ao me aproximar dela. “Agora faz um pedido...”.

Mamãe encarou o cupcake. Não soube decifrar o que passou em seus olhos, mas depois de um tempo, ela fechou os olhos e assoprou a velinha que se apagou de pronto. A abraço com todo amor que tenho dentro do meu peito, sentindo-me acolhida por estar no calor que tanto amo, o cheirinho tão bom e familiar me deixando em paz. Mamãe beijou a minha testa, e retribuiu o meu abraço com carinho.

“Obrigada minha princesinha”. Mamãe disse com a sua voz doce e suave, acariciando os meus cabelos com uma das mãos.

”Desculpe-me não comprar nenhum presente”. Pedi com sinceridade e me afastei um pouquinho para encará-la.

“O meu maior presente está aqui; diante de mim.”. Mamãe segurou o meu rosto com as duas mãos, e eu sorrir abertamente. “Eu não preciso de mais nada, meu bem”.

“Eu te amo, mãezinha!”. Declarei, e voltei a abraça-la.

Mamãe beijou o alto da minha cabeça.

“Eu te amo muito, muito, minha filha. Você é o meu tudo”.

A voz de mamãe soou um pouco rouca. Levanto a cabeça, e vejo que os seus olhos estão marejados, o que me dá uma imensa vontade de chorar. Antes que isso acontecesse, ela balançou a cabeça em negativo e apertou a ponta do meu nariz, era como se me dissesse que não fizesse isso. Ela não gosta quando choro, não gosta quando a tristeza tenta ganhar espaço entre nós. Então, fiz o que ela me pediu silenciosamente.

“Trouxe bolo”.  Voltei a mostrar o cupcake destruído. “É o seu sabor favorito”.

Mamãe olhou para o cupcake.

“Hum... Parece delicioso!” Eu e ela rimos. “Deite aqui do meu lado para saboreamos, e você aproveita e conta sobre o teu dia”.

Sentei na cama e coloquei as minhas pernas para cima, depois escorreguei até as minhas costas tocarem a cabeceira da cama. Mamãe pegou o cupcake e deu uma mordidinha, fazendo uma carinha de satisfação com o sabor, e depois me deu pra experimentar. Dei uma pequena mordidinha, e suspirei. Muito bom!

“O que foi isso em sua perna, querida?”. Mamãe perguntou, preocupada, tocando levemente a minha perna.

“Ah, nada demais. Apenas cai”. Disse sem dá muito importância para não preocupa-la mais, só que eu era uma péssima mentirosa e sempre tinha um tique nervoso no olho quando fazia, ele começava a piscar loucamente.

“Anahí...” Mamãe me olhou com firmeza. “Não minta para mim. O que realmente aconteceu?”.

“Nada, mãezinha...”, Sorrir para disfarçar, mas o tique ainda estava lá.

“Você sabe que está mentindo, e o seu olho não me nega, mocinha”.

Bufei não chateada, apenas fiz por fazê-lo.

“Fui atropelada”. Contei e o rosto de mamãe ficou mais pálido. “Não, não se preocupe, não foi nada grave... Eu atravessei a rua distraída e o sinal estava aberto, uma moto bateu em mim, mas como pode ver, não foi nada grave e eu estou bem”.

“Meu Deus, Anahí!”. Mamãe exclamou “Você não é mais criança, minha filha... Não pode atravessar sem olhar para os lados. Graças a Deus que não foi nada grave, mas se tivesse sido? Eu não iria suportar perder você”.

“Desculpa mamãe”. Pedi meio amuada, sentindo-me extremamente culpada.

“Oh, meu bem... Claro que eu desculpo você, mas tem que me prometer que nunca mais vai atravessar sem olhar para os lados, está bem?” Pediu carinhosa, e eu balancei a cabeça em positivo. “O corte está ponteado, você foi ao hospital e não me ligou avisando?”.

“Não, não... Fiz aqui em casa mesmo...”. Mamãe me olhou confusa, então, contei tudo á ela... Que tinha sido Dulce Maria que me trouxe para casa, e que cuidou de mim. Não pude deixar de sorrir e corar com a palavrar “cuidou”. Se mamãe percebeu isso, não disse nada, apenas escutou. Então, me lembrei de algo que me fez franzi o cenho.

“O que foi?”. Mamãe quis saber.

“Ela usou um lenço de seda muito bonito para estancar o sangramento, mas o sujou todo e receio que estragou. Ela foi muito elegante em dizer que não se importava, mas eu vi nos olhos dela que não era totalmente verdade.”. Suspirei.

“E onde está esse lenço?”

“Lá embaixo, descartado”.

“Mas não vai ficar mais.” Mamãe jogou as pernas para fora da cama, e levantou-se com um pouco de dificuldade, o que me deixou alarmada, prevendo o que eu ia fazer, ela disse: “Não se preocupe meu bem, foi apenas uma tontura. Vamos descer e deixar esse lenço novinho em folha, e amanhã você entrega a ela”.

“Você acha que conseguiremos?”. Perguntei já ao lado de mamãe e oferecendo o braço a ela.

“Claro que sim. O que Tisha e Anahí Portilla não conseguem? Amanhã a sua amiga vai pular de felicidade ao ver o que faremos com ele”. Mamãe afirmou com um sorriso.

Sorrir animada. Mamãe era uma excelente costureira e sabia de truques para eliminar algumas machas de tecidos. Voltei a corar com a palavra “amiga”, ela não tinha falado com nenhuma segunda intenção, mas não pude controlar as minhas bochechas.

“Uma dupla imbatível, certo?”. Perguntei a ela.

“Uma dupla imbatível”. Mamãe confirmou.

E rindo, formos para o andar de baixo... O cupcake acabou sendo esquecido na cama. Nenhuma das duas se importou de voltar para buscá-lo. Eram os raros momentos em que mamãe conseguia ficar de pé e andar sem nenhuma intercorrência. Estávamos felizes. A vida é muito boa por nos proporcionar esses momentos...

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